Capítulo 2 – Família

-Temos que contar a Caroline – afirmei, sentando-me no meio da sua cama, sentindo-me diferente mais eu mesma ao mesmo tempo.

-Sim, temos – Elijah suspirou alto e veio sentar-se ao meu lado. – Como estás?

-Bem – respondi e sorri. – Sinto-me… feliz. Isto é normal?

-Como vampira jovem, as tuas emoções ficam mais intensas. Se estás feliz, entras em êxtase, se estás triste, entras numa depressão profunda. E isto pode acontecer ao longo de um dia inteiro.

-Parecem-me sintomas de bipolaridade.

Elijah acenou, um pouco triste.

-O que foi? – peguei no seu rosto delicadamente e até senti que a suavidade da sua pele era diferente. Eu queria tirar aquela tristeza dele a todo o custo. Senti-me um pouco frustrada por não conseguir colocar um sorriso no seu rosto.

-Eu não queria que nada disto acontecesse – os seus olhos adquiriam o brilho característico de alguém que ia começar a chorar.

-Elijah, por favor, não chores! – pedi, também eu com lágrimas nos olhos. – Não te quero ver chorar! Tu disseste que íamos resolver isto e é isso que vamos fazer!

Ele acenou e um soluço involuntário escapou da sua garganta. Abraçou-me com força e eu descansei a minha cabeça no seu peito.

-Desculpa. Desculpa.

-Não há motivos para pedires desculpa. Não te esqueças que quem te convenceu a trocarmos sangue fui eu. Tu só colocaste a ideia no ar.

-Eu seduzi-te com essa ideia. Ficaste encantada com ela e…

-Eu quis isto, Elijah. E também, se eu não tivesse o teu sangue no meu organismo estaria morta nesta altura. Ficarias mais feliz com isso?

-Nenhuma das opções é plausível – disse ele e eu beijei a sua face. Fiquei lá com os lábios, aspirando o seu perfume.

-Ao menos estou aqui e agora, contigo.

-Ao menos isso – Elijah suspirou, apertando ainda mais o abraço.

-Se eu fosse humana, já estaria com alguma costela partida, de certeza – ri.

Ele acompanhou o meu riso, embora um pouco mais melancólico.

-Sempre gostei de ti como humana. E vou amar-te muito mais ainda como vampira.

Encostei a minha cabeça no seu peito, fechando os olhos por alguns momentos.

-Nós vamos conseguir a Cura, não vamos? – murmurei.

-Sim, vamos. Não vou descansar até a encontrar.

-Eu também não. Mas agora há outras coisas que precisamos de fazer.

-Como por exemplo?

-Contar à tua prima e á tua tia o que aconteceu. Não podes entrar em casa delas a não ser que a Lizz diga que sim.

-Oh, eu não tinha pensado nisso.

-Agora já pensaste.

Desfiz o nosso abraço e comecei a arrumar as minhas coisas. Os meus gestos estavam mais fluídos, mas eram muito rápidos, surpreendendo-me passados alguns momentos.

-Tens que começar a controlar os teus movimentos – afirmou Elijah, aproximando-se de mim. – Agora és mais rápida que o normal, mas precisas de continuar a agir como humana, ou as pessoas vão desconfiar.

Acenei com a cabeça, engolindo em seco.

-Isto é mais complicado do que pensei.

-Exige só um pouco de prática – explicou, fechando a minha mochila. – Vamos?

-Sim.

Não me despedi de Rebekah e não vi Klaus quando saímos de casa. Que bom para ele, viveria mais um dia para contar a minha terrível história.

Elijah guiou com calma pelas ruas já escuras de Mystic Falls. Estacionou perto da minha casa e caminhámos até á porta de mãos dadas. Eu estava muito nervosa. Toquei à campainha e ainda demorou alguns minutos para Tia Lizz abrir-nos a porta, com um roupão azul-escuro.

-Jo? Não tens chave? – os seus olhos mostravam que ela ainda estava meio ensonada.

-Aconteceu uma coisa, Lizz – informou Elijah. – Podemos entrar?

-Claro – Elijah deixou-me passar primeiro e fechou a porta logo atrás de si. – O que aconteceu?

-É um assunto delicado – disse ele. – É melhor sentarmo-nos.

Tia Lizz olhou-nos desconfiada, mas caminhou para a sala de estar. Sentou-se no sofá e cruzou a perna, apertando com mais força o roupão com as mãos.

-Estão a deixar-me assustada.

Engoli em seco e procurei no olhar de Elijah algo que me desse coragem para explicar a situação. Ele olhou para mim e sorriu levemente, largando a minha mão e deixando-me sentar ao lado da Tia Lizz.

-Tia… hoje aconteceu uma coisa. K-K-Klaus zangou-se comigo – ela arregalou os olhos e eu forcei-me a dizer as palavras seguintes. – Ele matou-me.

-Oh! – Tia Lizz aspirou por ar, com lágrimas nos olhos. – Então… tu és uma vampira?

Acenei com a cabeça e um soluço escapou da minha garganta.

-Eu não queria isto, Tia Lizz! Mas… teve que ser!

-Até porque há mais – Elijah intrometeu-se, colocando uma mão por cima do meu ombro, tentando confortar-me. – Existe uma cura para o vampirismo. E nós vamos atrás dela para Jo.

Tia Lizz olhou para Elijah, acenando com a cabeça. Depois olhou para mim, fazendo um carinho no meu rosto.

-Anda cá, querida – disse ela e puxou-me para os seus braços, onde eu me permiti chorar mais um pouco. – Somos família. Não vamos abandonar-te.

©AnaTheresaC