Capítulo 12 – Pensamentos

A viagem demorou pouco tempo para mim, mas uma eternidade para os meus pensamentos que iam sempre acabar com o seu rosto cravado na minha memória. Parecia que farpas se estavam a espetar dentro de mim, alojando-se nos sítios que mais doíam.

Era uma dor interminável. Não sabia quando é que ia acabar, mas sabia que ia durar muito tempo.

As praias da Califórnia eram conhecidas entre os surfistas e os banhistas como umas das melhores do Mundo. Por isso, não era de admirar que nesta altura estivessem a abarrotar de pessoas, já que o tempo quente começava a chegar.

Eram finais de maio. Em breve, o calor alucinante chegaria e todas as pessoas encontrariam na praia um refúgio para se refrescarem e ficarem com um bronzeado invejável na pele.

O meu telemóvel tocou. Não o meu verdadeiro, porque esse estava desligado, mas sim aquele pré-pago que Elijah me mandou comprar. Não reconheci o número logo de imediato, mas depois percebi que era Caroline. Decidi atender.

-Onde é que tu estás? – ela estava com aquele tom de voz de ordem com um pouco de histeria. – O Baile é hoje!

-Que baile?

-O Baile de final do ano! – gritou ela. – Como é que te pudeste esquecer???

-Caroline, eu nem sequer estou no mesmo ano que tu. Não sou uma finalista.

-Isso não interessa! April precisa de ajuda para contar os votos!

-Eu não vou – afirmei.

-Tu o quê? Joanne Forbes, eu quero-te aqui em Mystic Falls dentro de uma hora! Uma hora, tu ouviste bem?

-Não vou chegar a Mystic Falls a essa hora, mesmo que eu quisesse.

-Jo, tu vais chegar aqui a horas para o Baile!

-Não, não vou! – exclamei, irritada. – E para de me dar ordens, tu não és a minha mãe!

Finalmente, Caroline pareceu recuar um pouco.

-Onde é que estás?

-Na Califórnia – suspirei.

-Está tudo bem?

-Não sei, Caroline. Eu sinceramente não sei.

-Hum, está bem. Sabes quando é que voltas? – agora o seu era preocupado.

-Não sei – disse. – Aconteceu uma coisa… entre eu e Elijah e… eu não me sinto preparada para ir já para Mystic Falls.

-Mas também precisavas de ir para tão longe? E logo para a Califórnia? As tuas memórias daí não são as melhores.

-Eu… eu não sei. Foi o primeiro lugar que me apareceu na cabeça. Desculpa não poder ir ao Baile.

-Tudo bem – murmurou ela. – Mas vais voltar?

-Sim, eu vou voltar. Assim que Elijah e Katherine saírem da cidade.

-Hum, eu acho isso muito pouco provável – comentou ela.

-Como assim? – quis saber.

-Elijah tem a Cura e agora Rebekah e Klaus estão a disputá-la.

-Como é que sabes isso?

-Bem… eu e Klaus agora somos amigos.

Sorri, mas o meu sorriso desapareceu logo.

-Foi ele que raptou a minha irmã.

-Eu sei, eu sei, mas ele está realmente arrependido disso. Ele disse que nunca conseguiria magoar uma criança.

-Não acredito nisso – afirmei.

-Até podes não acreditar, mas eu sim – mudou logo de assunto. – O que vais fazer aí na Califórnia.

-Comer muito gelado e chocolate. Uma das vantagens de ser vampira, lembras-te? Eu posso comer e não engordar.

Caroline riu alto.

-Sim, eu sei! E que mais?

-Depois de a depressão me passar, talvez eu volte para Mystic Falls. Mas nada é garantido.

-Sinto a tua falta. Estás fora de Mystic Falls há muito tempo.

-Eu sei – voltei a suspirar. – Mas eu preciso de uma pausa da movimentada Mystic Falls.

-Imagino – concordou ela. – Porta-te bem e volta depressa, está bem?

-Está bem – acenei com a cabeça. – Adeus, Car.

-Adeus, Jo.

Desliguei o telemóvel e apoiei-me no varandim de metal que estava no paredão. O vento fazia os meus cabelos voarem e eu foquei-me no horizonte. Não sei quanto tempo é que fiquei ali, mas quando notei, já era pôr-do-sol.

-Olá, Jo – aquele tom de voz era reconhecível a mil quilómetros de distância.

-Katherine – falei e virei-me para a encarar.

Ela colocou uma mão no meu pescoço e apertou-mo com força. Tentei debater-me, mas o ar começou logo a falhar.

-Ouvi dizer que partiste o pobre do coração de Elijah. Awn, tadinha, não aguenta com o antigo amor dele?

-K-Kat…

-Mas vamos esclarecer aqui uma coisa nós as duas: tu és tão vadia como eu. Parece que Elijah tem alguma coisa por nós, não é?

-O… que é que… queres?

Ela sorriu demoniacamente.

-Quero a Cura de volta.

©AnaTheresaC