A mulher se aproximou da árvore.

Você vem, você vem
Para a árvore

Fitou longamente um galho mais alto. Quem olhasse de fora pensaria que tinha a mesma curiosidade das outras pessoas que de longe imaginavam o que ocorrera realmente ali.

Onde eles enforcaram um homem que dizem matou três.
Coisas estranhas aconteceram aqui
Não mais estranho seria
Se nos encontrássemos à meia-noite na árvore-forca.

Fechou os olhos com força e se lembrou de momentos que deveria e queria esquecer.

Você vem, você vem

Para a árvore

Onde o homem morto clamou para que seu amor fugisse.

E o seu amor fugira. E se salvara. E o vira morrer.

A mulher desconhecida, ainda fitando a árvore, desenrolou do braço uma comprida corda.

Coisas estranhas aconteceram aqui

Não mais estranho seria

Se nos encontrássemos na árvore-forca.

Andou a passos suaves e dançantes até a árvore. Os olhos eram desvairados, cansados. Inchados e maltratados estavam de tantas lágrimas silenciosas que não poderiam ser compartilhadas.

Seu amor roubara um pão para saciar sua fome. Pacificadores mataram seu amor.

Você vem, você vem

Para a árvore

Onde eu mandei você fugir para nós dois ficarmos livres. 

Correra por ordem dele, e agora escalava a árvore e amarrava a ponta da corda em um galho, ainda com uma expressão de suave loucura, de suave devastação.

Coisas estranhas aconteceram aqui

Não mais estranho seria

Se nos encontrássemos à meia-noite na árvore-forca.

Delicadamente, passou a outra ponta da corda pelo pescoço e deu dois nós firmes, para não ter perigo da corda se desamarrar.

Você vem, você vem

Para a árvore

Usar um colar de corda, e ficar ao meu lado

Sorrindo para o vento, se desenroscou do galho em que se firmara e pulou para o infinito.

Se debateu por uns segundos, e morreu com o sorriso que não era visto há muito tempo no rosto.

Coisas estranhas aconteceram aqui

Não mais estranho seria

Se nos encontrássemos à meia-noite na árvore-forca.

Se tivesse um relógio, descobriria que acabara de dar meia-noite.