O Coração da Areia escrita por LadySchiffer


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Essa é a visão da Sakura sobre o Capitulo 1 o/



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Tenho passado horas trabalhando no hospital de Konoha para ver se assim penso menos no Sasuke-kun, mas o plano não está dando certo. Sinto-me infeliz e não consigo sorrir como antes, só me surge um vislumbre de felicidade quando estou perto do Naruto, e mesmo assim ainda me obrigo a sorrir para que ele não se sinta culpado por não cumprir a promessa que me fez de nos trazer nosso amigo traidor.

– Sakura. - escutei Shizune falar bem de frente a minha face.

– Desculpe-me Shizune, estava pensando e não ouvi você antes. - respondi um pouco intimidade com aquele olhar penoso.

– Tsunade-sama está te chamando na sala dela. - ela disse ainda me fitando como quem olha um cãozinho perdido na chuva.

– Já estou indo. - murmurei para que não precisasse mais ser encarada por ela.

Caminhei sem animo algum até a porta da Shisou. Eu sabia que há dias ela queria me mandar sair em missão, ela não entende que quero esperar meu Sasuke-kun voltar. Entrei sem pedir permissão já que teoricamente ela está me esperando, mesmo que a outra parte de mim ache que estou sendo mal educada.
O Naruto estava na sala com a Shisou, o que só me deu a certeza que ela realmente nos mandaria em uma missão diferente do resgate do Sasuke-kun. E de uma maneira ou outra eu seria obrigada a interagir para não magoar meu amigo loiro, assim como aqui que o olhei e logo me pus a sorrir.

– Essa pupila já está andando muito com o Naruto, nem bate mais na porta. - resmungou Tsunade-sama quando me prostrei de frente a ela.

– Mas vovó... - começou o loiro que não parecia ter noção de que a morte estava perto dele já que a veia de Tsunade começou a se acentuar em sua testa.

– Por que me chamou Shisou? - resolvi interromper a provável briga.

Tsunade me olhou e depois sorriu. O que significava um péssimo sinal para mim, ela deve ter conseguido uma missão qualquer para que eu fique distraída e longe de Konoha.

– Você e Naruto vão a Suna resolver uns assuntos com o Kazekage e os conselheiros. Nada muito grave, apenas assuntos burocráticos... - ela dizia quando a interrompi bruscamente.

– Então por que o Naruto não vai só? Eu queria ter ido na missão para resgatar o Sasuke-kun. Ele era nosso amigo, precisamos ajuda-lo também. - eu quase gritei, provavelmente já ficando vermelha.

– Vocês só iriam atrapalhar a missão. Ele não é mais seu amigo, ele é assunto de Konoha. Você vai para essa missão com Naruto e está encerrada a conversa. - Shisou estava furiosa, mas ainda manteve o mesmo tom de antes.

– Desculpe Shisou, eu irei para Suna. - decidi aceitar.

Tsunade suspirou e pude sentir que ela estava aliviada com minha decisão. Eu sei a preocupação que tenho causado a ela, não posso descontar minhas frustrações em quem me ama e tanto tenta me ajudar. Anos atrás eu continuaria a discutir, mas atualmente tenho mais auto-controle e sei exatamente como me portar diante das pessoas. Então irei resolver esses assuntos e voltar o quanto antes a Konoha para receber o Sasuke-kun.

Olhei para Naruto que estava de cabeça baixa, e não havia mais se prenunciado na conversa. Provavelmente estivesse se sentindo culpado, com raiva, triste e toda mistura de sentimentos que ele emanava quando o assunto eram amigos. Uma culpa imensa se apoderou de mim por faze-lo sentir sentimentos tão ruins, apenas porque meu disfarce foi ao chão nessa conversa.

– Shisou.. - eu comecei, e como ela me olhava eu continuei - Gostaria que nos mantivesse informados sobre a missão do Sasuke.

– Tudo bem. Vocês dois já podem partir. - ela respondeu olhando para o loiro.

Naruto e eu voltamos as nossas casas rindo sobre como a veia da Shisou queria pular e me agarrar. Ele com certeza era a única pessoa na vila que conseguia arrancar risos sinceros, se não fosse por ele como será que eu estaria?
Ele me convidou para comer lamen antes de ir, eu disse que já iria arrumar as coisas para partirmos, mas era uma mentira para esconder que eu passaria pelo banco onde "ele" me deixou.

Cheguei ao banco que estava solitário e frio - assim como eu, deitei nele que já se tornou pequeno demais para mim, e comecei a chorar como em todas as vezes que venho. Sasuke-kun faz tanta falta na minha vida que eu não consigo me imaginar passar o resto da minha vida sem poder saber se ele está bem.

Depois de lágrimas derramadas vou até a minha casa para pegar meus equipamentos de viagem que sempre mantenho arrumados. Choro novamente, mas lembro do sorriso do Naruto e de como não posso deixa-lo triste, pois o sofrimento que o Sasuke nos deixou já basta para a infelicidade.

– Sakura-chan! Já está pronta? Sakura-chan! Vamos! Sakura-chan! - Naruto já havia começado a berrar na porta de casa.

– Já estou indo, idiota. - gritei em resposta.

Naruto me agrada, me irrita e isso de um jeito ou de outro o torna insubstituível na minha vida.

Começamos a viagem bem rápido, cada um de nós com motivos diferentes, mas que nos envolviam de tal modo que agora estamos bem adiantados para chegar em Sunagakure. Foi tudo muito calmo até Naruto começar uma conversa sobre ter namorados, como se fosse possível eu amar alguém que não fosse o Sasuke-kun.

Quando chegamos a Suna, Temari-chan já estava esperando na entrada da vila para nos recepcionar e nos levar a casa dela onde ficaríamos hospedados. Passando pelas ruas pude perceber como as pessoas estão felizes, Gaara parece estar fazendo um ótimo trabalho como kage.

Assim que chegamos a mansão dos Sabaku, o Naruto começou a procurar pelo Gaara-sama. E durante a conversa deles percebi que a Temari está preocupada com o irmão caçula, como médica irei identificar sinais na saúde dele.

A voz dele quando nos mandou entrar no escritório fez com que eu me arrepiasse, não foi por medo, mas eu não soube identificar claramente o sentimento. Assim que entramos eu pude logo notar o quão cansado o ruivo parecia estar, e por isso não permiti que o loiro escandaloso o perturbasse com seus gritos.

Durante a confusão que Naruto causou por um simples soco, a Temari começou a ir e Gaara se manteve impassivelmente sério.

Enquanto eles voltaram a conversar, eu decidi analisar um pouco mais o meu secreto paciente. Ele havia crescido e já passava bastante da minha altura, a pele alva com o kanji vermelho gravado permanentemente em sua testa, os cabelos rubros e desgrenhados, o olhar cor de água penetrante, o nariz afilado e bem talhado, a boca em uma linha suave, a mandíbula bem destacada, o pescoço claro e longo, ombros largos e o excesso de roupa não permitiu a análise do restante do corpo.

Despertei da minha "consulta" quando escutei a voz do meu amigo pedindo sua comida favorita. O milagre do lámen. Impossível não sorrir com sua inocência.

Fomos os quatro para a sala de jantar, os rapazes a frente, e Temari e eu atrás. Eu estava com os olhos bem focados no ruivo, tudo nele parecia tão igual ao passado e ao mesmo tempo tão diferente, se completando e criando uma obra de arte.

– Sakura? Está me ouvindo. - virei a cabeça e pela primeira vez desde o escritório escutei a voz de Temari.

– Desculpe, eu não estava prestando atenção. O que dizia? - perguntei agora de fato a observando.

– Você estava bem concentrada na outra conversa. - eu me sentia suar com seu olhar - Em todo caso, perguntei como estão todos por lá e... direto ao ponto, como está o Shikamaru? Ele está namorando aquela Ino?

– Com a Ino? - comecei a gargalhar exageradamente apenas em imaginar o quão impossível era o que ela havia me perguntado - Ele está bem e não está namorando ninguém. Saudades dele?

Temari soltou um suspiro e sorriu, e eu levei a atitude como um sim.

Enquanto Temari conversava com Naruto, e Gaara os escutava, eu tentei ao máximo aprender a utilidade de todas aqueles itens na mesa. Começou a me incomodar aquela sensação de estar sendo observada, fitei Gaara que parecia captar todos os meus movimentos, fiquei constrangida porque provavelmente ele acostumado a usar todas aquelas coisas deveria estar pensando que eu era uma boba por não saber usa-los. Mesmo constrangida, o encarei também, mas ele não desviou os olhos, e aqueles olhos verde-opacos pareciam ler a minha alma o que tornou quase sufocante que eu mantivesse meu olhar firme no seu. Desisti de encara-lo e observei Naruto que com sua inocência infantil comia exatamente igual a quando estávamos sozinhos, usando apenas os hashis não importando qual fosse a comida.

Fiquei mais confortável e passei a comer com o que eu sabia usar, e por isso o almoço se tornou mais agradável. Exceto quando o loiro por vez ou outra insistia que eu deveria ter um namorado, sempre ganhando a ajuda de Temari para sustentar seus argumentos não importando o quanto eu negasse.

Depois do almoço eu subi com Temari e os outros dois saíram até o prédio de kage. Deitadas no quarto, Temari começou outra conversa envolvendo "konoha".

– Sakura-chan, por que a hokage mandou você e o Naruto sozinhos para cá? - ela começou assim que eu me deitei.

– Assuntos burocráticos, não precisam de tantas pessoas assim... e além do mas, o Shikamaru está em missão. - dei a resposta que ela queria saber, o que fez com que ela risse.

– Quer sair e conhecer a vila? - a loira perguntou parecendo animada.

– Claro. Deve ter umas coisas lindas para observar. - eu respondi animada.

Saímos e começamos a passear pelas ruas da vila, e eu tentava aprender a me localizar no meio de toda aquela areia. Aproveitei para comprar alguns presentes para meus amigos e também uma shuriken especial, ela era realmente linda com detalhes em vermelho - a cor do sharingan, foi o que pensei. Esse era o presente do Sasuke-kun e Temari soube disso assim que viu meu olhar se tornar perdido enquanto eu sussurrava o nome dele. Sasuke-kun onde você está?

Chegamos a tempo de preparar o jantar. Kankuro chegou logo depois e comeu conosco, Temari disse que Gaara não viria ainda e que provavelmente jantaria por lá, isso se jantasse. Nosso jantar foi bem harmônico, riamos e conversávamos de coisas banais.

Depois do jantar Kankuro ficou na sala e nós subimos para tomar banho e deitarmos - eu estava em um colchão no chão do quarto dela, por opção nossa já que a casa tem outros quartos disponíveis - e conversamos novamente.

Ela caiu no sono, e eu em estado de latência entre o estar acordada e estar dormindo vi Gaara e os traços tão característicos dele, a minha grande vontade era passar meus dedos por seu rosto e sentir a textura que teria.


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