Fire With Fire escrita por NKIDDO


Capítulo 3
Amém, comida envenenada.


Notas iniciais do capítulo

Não vieram tantos comentários quanto eu queria, mas os que tiveram foram bons, obrigada a todos.
Tentei pegar uma ideia de cada, mas sempre tem uma pincelada minha!

Lembrem-se de escutar ou ler a tradução da música, é um pouco importante!



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Não sabia ainda se eu ainda o odiava ou não. Ele era a pessoa que fazia com que Cam ficasse irritado, e eu perdia minha oportunidade de passar meu tempo com Cambriel. Mas agora que eu queria Cam sendo pisoteado vivo, talvez eu não o odiasse tanto.

Foi por uns breves segundos, mas eu esbarrei meus ombros com o cotovelo dele, uma vez que ele era muito maior que eu. Seus olhos que estavam fitando adiante se voltaram para mim, e eu senti um arrepio. Ele não estava brabo, mas não parecia calmo, era como se ele tivesse pensado “acho que pisei em alguma coisa”. ORA!

- Desculpe-me – Ele disse prestando mais atenção em mim, como se tivesse reparado que estava me olhando estranho. Provavelmente minha cara entregava tudo.

- Ah, tudo bem – Murmurei um tanto concentrada nele.

Ele ia continuar o caminho dele quando alguém chama Mattriew. Ele se vira, e eu também. A pessoa era a mesma que havia me dado o cartão da Red Star. Rick. Meu corpo fica rígido, e eu dou um meio cumprimento a ele. Ele acena com a cabeça de volta.

- Se conhecem? – Ele pergunta para Matt e eu.

- Não, acabo de esbarrar nela por acidente – Matt já não olhava para mim, e parecia bem entretido na pessoa a nossa frente.

- Estou aqui para a inscrição – Digo – Devo agradecer a você.

- Ah, sem problemas, reconhecer talentos é o meu trabalho – Ele encara Matt – Deveria a ver cantando!

Matt murmurou um “quem sabe em outra oportunidade” e eu me encolhi. Não queria que ele me visse cantando por alguma razão, mas por um lado... Cam odiava Matt, e ele era bom como ator e cantor... Agora eu estava livre para reconhecê-lo.

- Você vai ser um dos jurados do exame musical da semana que vem não? – Ele ri – Eu também vou, então eu espero que você dê o seu melhor...?

- Mizeria. – Digo confiante.

Ele sorri como se estivesse pensando “que interessante”, e eu tive certeza. Meu nome estava perfeito. Despedimos-nos e eu vou ao encontro de Kylari. Mattriew ahm? Eu não sei como ele é, mas me pareceu um tanto intimidador. Não que eu tivesse medo, Mizeria não tinha medo.

Estava pensando em “que tatuagem eu devo fazer” quando encontra Kylari já nos inscrevendo. Eu me desculpo com ela, e depois a ajudo na inscrição. Depois dali, teríamos que procurar os outros membros da banda sem nome.

- Então, onde vamos achar nossos membros? – Kylari disse enquanto caminhava ao meu lado, nossas aparências góticas chamavam a atenção das pessoas da rua.

- Me siga, e verá! – Digo rindo alto.

***

Os sinos bateram, alertando que eram cinco horas da tarde. O céu ainda estava limpo e claro, mas o sol já não ardia na pele, o que era um alívio. Pombas voaram no mesmo instante em que os sinos tocaram, e eu tive que desviar de cacas de pomba, eca.

- Uma igreja. – Kylari disse observando a estrutura antiga.

- Uma igreja – Assinto, com as mãos na cintura e o peito inflado pelo ar e orgulho.

- Nós não viemos procurar um baterista? – Um nó se formava pelo cenho unido. – Não me diga que...

Era tarde, eu já estava arrastando ela para dentro do “solo sagrado”. Passamos pelo meio dos bancos enfileirados e por onde o padre geralmente ficava. Era dia de semana, e as pessoas só iriam ali para rezar – no caso havia umas duas idosas nos bancos da frente fazendo isso – ou para uma bandinha de igreja. Andamos livremente até os fundos da igreja onde encontramos diversos jovens fazendo um lanche. No momento em que entramos, percebo que eles se sentem levemente intimidados pela nossa aparência e ousadia, e eu abusaria disso.

- Qual de vocês sabe tocar bateria? – Maneei a cabeça para a bateria que estava logo atrás de alguns violões e microfones.

- Eu.

Todos que estavam na frente, viraram sua atenção para um garoto de cabelos loiros bagunçados, um brinco de cruz e roupas mais escuras. Ele disse “eu” um tanto distraidamente, como se tivessem fazendo uma chamada de primeiro ano. Aproximo-me dele, com Kylari logo atrás – também fazendo pose de machona – e o encaro, ignorando os olhares acusadores das mulheres do coral e os homens do violão.

- Pode mostrar? – Ergo uma sobrancelha.

- Posso – Ele diz colocando um pouco de comida na boca e limpando as mãos no jeans velho enquanto se levanta.

Uma das garotas do coral se aproxima e tenta impedir, mas ele a afasta sutilmente. Quando ele começa a tocar, todo aquele ar de “bonzinho” some instantaneamente. Ele praticamente vira um metaleiro, fazendo tantos sons em poucos segundos, com um ritmo inigualável. Era incrível como sua personalidade mudava ao tocar a bateria.

Enquanto ele volta ao seu lugar, – mas ficando de pé desta vez – lanço um olhar para Kylari, que concorda. Ele era perfeito.

- Que tal conversarmos um pouco? – Digo, sorrindo maliciosamente.

Ele vem em nossa direção, retribuindo o meu sorriso. Depois que estamos fora da igreja, à verdadeira conversa começa.

***

Ao lado da loja de antiguidades havia uma loja de conveniência discreta, porem tinha de tudo que você poderia imaginar. Estava escolhendo algo para cozinhar essa noite para os Jones como agradecimento. Quando contei que havia esbarrado em Mattriew eles vibraram de emoção.

O nome do garoto era Sting Cross, e ele frequentava a igreja há muito tempo. Aprendeu a tocar com um dos caras mais velhos, que agora estava em missão da igreja. No começo ele não queria entrar na nossa “banda”, mas depois que descobrimos que ele estava se mantendo apenas pela igreja dissemos que se começasse a ser pagos, obviamente daríamos dinheiro. E quem sabe ficar famosos? No final, ele cedeu e acabou aceitando. Ele era uma pessoa bem calma, mas quando tocava bateria parecia um louco. E era isso que eu queria.

Estava na sessão de congelados, sentindo aquele ar gélido em minhas mãos quando avisto a última bandejinha com carne. No momento que coloco minha mão sobre ela, outra mão encosta na minha. Ergo meu rosto, pronta para matar o infeliz e pegar a carne crua com a boca quando percebo que é Matt.

- Pode ficar – Ele diz meio triste.

- Não, não... – Digo confusa, era meio rude da minha parte... – Bem, você Sabe cozinhar? – Falo duvidando. Não fazia sentido ele saber, uma vez que é ocupadíssimo.

- Não posso saber? – Parecia ofendido.

- Acho que não – Falo com sinceridade, ele nem deveria. – Quer dizer, você é ocupado...

- É, eu não sei mesmo – Ele se da por vencido – Mas meu agente está de folga hoje, e eu não estou afim de comer comida de restaurante. Como você soubesse cozinhar – Ele diz claramente duvidando, devido ao meu visual.

- Duvida? – Ergo uma sobrancelha.

- Duvido – Ele diz em classe alguma. ESSAS PESSOAS FAMOSAS!

- Então, por favor, venha à casa que estou hospedada. É aqui ao lado, eu ia fazer um jantar para eles como agradecimento, e acho que eles são fãs seus, poderia passar lá. – Digo com um nervo saltando da testa e um sorriso forçado no canto da boca.

- Vai mata-los para então ficar com a casa? – Provoca, referindo-se a minha comida de presente. AH ENTÃO VOCÊ PROVOCA? Eu também sei.

- Sim, então que você venha morrer junto – Convido.

- Certo. Eu vou.

***

Quanto Matt sorriu e aceitou daquele jeito, eu fiquei surpreso. Ele estava atuando comigo? Porque aquele sorriso fazia uma paisagem repleta de flores?

Assim que chegamos à loja de antiguidades, cruzamos a grande loja e chegamos à sala. Ignoramos e vamos à cozinha. A senhora Jones estava preparando a mesa e um chá, ela gostava muito de chá. Os cabelos cinzentos curtos e um óculo delicado repousado em seu rosto. Ela quase teve um infarto quando viu Matt. Quando o senhor Jones chegou à cozinha para ver porque sua mulher está tendo um troço, ele também começou a ter um troço. Murmuro um pedido de desculpas e ele apenas diz que está acostumado.

- Sabia que você ia conseguir Clarissa! – Diz Amelia. – Ah, desculpe, você me disse para não chama-la assim.

- Então seu nome não é Mizeria – Matt lança um olhar divertido para mim, e eu apenas reviro os olhos.

Estava preparando uma das minhas especialidades, com meus cabelos azuis presos e um avental por cima da roupa e a maquiagem cruel, tirando toda a minha pose.

- Só não conte a ninguém Mattriew – Digo a ele, como se já fossemos íntimos – Preciso ser conhecida por outro nome.

- Tudo bem – Ele da de ombros. – No showbiz quase ninguém usa o nome verdadeiro.

Perguntei se ele tinha algum, mas ele apenas ignora a minha pergunta. Termino de preparar tudo e coloco no balcão. Matt levanta-se da cadeira e me ajuda a carregar os pratos, e eu coro com a sua gentileza; Sacudo o rosto para que ele não veja.

Comemos alegremente, e todos adoraram minha comida. CLARO! Eu tive que aprender a cozinhar direito por causa daquele idiota do Cambriel. Arg! Deixava-me nervosa saber que esse dote era graças a um demônio como ele. Assim que terminamos, digo que vou pegar algo no meu quarto para acompanhar Matt.

- Ei, porque tem um pôster do homem daquela banda nova? – Disse se referindo ao pôster que eu tinha do Cam. – E porque tem dardos fincados?

- Não é lógico? – Ele faz que não – Eu o odeio.

Empurro-o para fora do quarto e nos despedimos de Amélia e Rogério. Já do lado de fora da loja de antiguidades, vejo que são nove horas da noite e está escuro. Matt estava de carro, então o deixo lá.

- Você não vai pra casa? – Indaga como quem queria dizer “você só não ia me levar?”.

- Eu tenho que ir ao clube noturno, preciso terminar de formar uma banda. Treinar as cordas vocais. – Pesquei pela ultima frase.

- Então entre no carro, te levo até lá. – Matt percebe que eu estou dura como pedra, e acaba me empurrando para dentro – Não vou te estuprar.

- Ótimo – Digo voltando ao normal.

O clube não era longe de lá, tanto que foi por isso que eu havia escolhido um lugar próximo para morar. Quando desci do carro, planejava me despedir de Matt e agradecer, mas ele já estava fora do carro, com óculos escuros, um chapéu e por fim vestiu um sobretudo bem encorpado, deixando avista o formato definido de seu corpo. Desvio os olhos, constrangida.

- Matt voc-

- Apenas entre. – Ele me empurrava despreocupadamente. Era engraçado ver uma celebridade agir tão comicamente. Ele não estava nem ai para o que eu queria.

Uma música havia acabado de começar, e eu encontro Kylari e Sting conversando casualmente com as pessoas que tocavam com a gente de vez enquanto. Iríamos testar Sting hoje à noite, e depois que ele aceitou o nosso convite entreguei uma de minhas músicas a ele. Assim que perceberam que era o grande Mattriew, ficaram confusos. De fato, PORQUE RAIOS ELE AINDA ESTAVA AQUI?

- Nós vamos tocar daqui a pouco Matt – Digo a ele – Tem problema você assistir?

- Sim – Ele já estava conversando com o barman intimamente, e eu me afasto.

Novamente nos preparamos. Já faziam tantas noites que repetíamos isso, que já estava mecânico. Eu estava claramente nervosa. Arg, Cam em minha cabeça jamais me atrapalhou, na verdade, me fazia cantar com tudo de mim, mas Matt? Meu coração quase saia caminhando pela boca de tão nervosa. Ele olhava para mim tranquilamente, sorrindo como um bobo, e eu lanço um olhar mortal para ele. AH NÃO VEM NÃO.

Encosto a boca suavemente em meu microfone, sentindo minhas roupas quentes demais. Lancei um ultimo olhar para Matt, e depois encarei a plateia. Fechei os olhos, e os abri com entusiasmo.

Tell me what I want to say

Olho para Matt por algum motivo, deixando a música me subir a cabeça.

Save me for another day

Break me. It's the game you play.

Hate me as I turn away


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Notas finais do capítulo

http://letras.mus.br/the-birthday-massacre/1050410/traducao.html

Essa é a música de hoje!
E aqui vai a minha pergunta.

QUE TATUAGEM ELA DEVERIA FAZER?