Meu Anjo escrita por Mari May


Capítulo 8
A descoberta




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        Passou-se um segundo. Dois. Três. Ainda podia sentir uma luz intensa sobre mim.

        Mas por que eu ainda estava consciente??? A morte é tão rápida assim que nem percebi que já estava no além???

        Abri os olhos devagar. E o que vi à minha frente era inacreditável.

- Graças a Deus... Deu tempo... – ela falou, de costas para mim.

         Tudo à nossa volta parecia ter congelado no tempo. Nada se movia.

- Você não “congelou”... Né, Sasuke-kun? – prosseguiu, sem se virar.

         Fiquei imóvel e boquiaberto perante a garota que se encontrava à minha frente. Uma garota com grandes e reluzentes asas brancas nas costas.

        Sakura era um anjo???

- Vai pra calçada. – a figura celeste me ordenou.

- Q-quê? – gaguejei, ainda tentando assimilar o que estava vendo.

- Anda, Sasuke-kun! Se mexa! Vai pra calçada!

         Me levantei, meio sem equilíbrio por causa da confusão em que minha mente se encontrava, e fiz o que ela dissera.

         Sakura também foi até a calçada e, quando suas asas desapareceram e ela parou de brilhar, ergueu a mão e tudo voltou a se mover. O tempo, literalmente, voltou a fluir.

- C-como o motorista continuou dirigindo normalmente como se quase não tivesse matado??? – indaguei, confuso e indignado ao mesmo tempo.

- As memórias das pessoas são alteradas quando uso esse poder. – ela me fitou, séria – Mas só é possível fazer isso com aquelas que “congelam”.

         Engoli em seco.

- Mas... Por que eu...?

- Não sei. – interrompeu-me – Há casos de humanos que não são afetados, mas isso é raro...

- Estou com medo de mim mesmo.

         Senti que estava sendo observado. Era por Sakura. Olhei-a, e seu semblante demonstrava angústia.

- Que cara é essa?

- Se você tem medo de si mesmo... O que dirá de mim?

- Não estou com medo de você. – ela me olhou desconfiada e admiti – Tá, só um pouco assustado... Mas tenho certeza que isso vai passar depois que você me der boas explicações.

- Eu... – ela abaixou a cabeça, hesitante.

- “Você” o quê?

         Ela andou até o banco da praça que tinha ali perto e se sentou. Sentei-me ao seu lado.

         Ainda cabisbaixa, disse:

- E-eu... Não... Não quero te perder, Sasuke-kun... – ela começou a chorar – Pra você pouco importa, m-mas... E-eu te considero um dos melhores amigos q-que já tive... – dizia, entre soluços - E s-sou muito grata pelas vezes em que m-me ajudou... E-eu... Não quero... Q-que fique me olhando c-como se eu fosse algo estranho, a-algo pra se temer, nada disso...

- Sakura... Primeiro que você não é “algo”, é “alguém”. Segundo que, se eu estivesse com tanto medo assim, já teria corrido assim que tive chance, e tive. Mas não fugi.

         Ela chorou mais ainda com o que eu falei, tapando o rosto com as mãos.

         Suspirei, tentando achar um meio de lidar com a situação.

- Se eu disser que não vou me afastar de você esse choro acaba?

- Q-quem garante que você n-não vai se afastar??? – respondeu, ainda tapando o rosto.

- Hunf... Você não vai me fazer admitir isso, né?!

- Hã? – ela me encarou, confusa, com as lágrimas ainda caindo.

- Não vou me afastar de você porque... Eu... – naquele momento, engoli todo meu orgulho – Porque eu não quero. – ela arregalou os olhos, surpresa com minha confissão – O que eu quero é... Que você me explique melhor as coisas. Só isso. Pode ser?

         Emocionada, ela me abraçou sem sequer pedir permissão. Hesitei, mas acabei retribuindo aquele abraço. Não na mesma intensidade, não com tanta força, mas retribuí.


         E assim ficamos até Sakura conseguir se acalmar e parar de chorar.

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         Na casa dela, fomos até seu quarto e, sentados na cama, ela começou a me contar sua história:

- Como pôde ver, sou um anjo. E sei disso desde pequena. Meus pais vieram para a Terra trabalhar como Anjos da Guarda e, ao mesmo tempo, tentar levar uma vida humana normal. Meu pai é professor de matemática, e minha mãe é pedagoga. Eu vinha protegendo animais e crianças vez ou outra, sem ser um “trabalho oficial de Anjo da Guarda”, até que, pouco antes de fazer dezesseis anos, fui incumbida de ser o Anjo da Guarda oficial de... – ela me encarou – Sasuke Uchiha.

         Arregalei os olhos. Ela prosseguiu:

- Para proteger algo ou alguém, fazemos o tempo “congelar” e, por conseqüência, tudo ao nosso redor também. Tudo fica parado. Então, sem risco de sermos vistos pelos humanos, tiramos esse algo ou alguém em questão do perigo e modificamos suas lembranças, e também de todos que presenciariam o acidente ou o que quer que fosse acontecer de perigoso. Assim, ninguém vai estranhar o fato de nada ter acontecido quando o tempo voltar a fluir. Mas... Há casos raros de humanos que são imunes a essa “paralisação” e acabam vendo tudo. Então, não dá para alterar suas memórias. Porém, é tão raro que não chegamos a nos preocupar, pois ninguém acreditaria no que essa pessoa relatasse, e ela correria o risco de parar no hospício. – Sakura suspirou para finalizar – Pronto. Foi isso que escondi. Não podia contar nada porque temos que manter sigilo sobre nossa “profissão”, mas eu nunca ia imaginar que você fazia parte do grupo raro que não é afetado por esses poderes. E eu tinha medo de você fazer parte desse grupo e deixar de falar comigo... Mas há poderes que atingem qualquer um: o de adormecer e o de cura. E eu não podia deixar de te curar. Escolhi o risco de você nunca mais falar comigo, já que suas lembranças poderiam não ser alteradas, pra te curar.

         Desviei meu olhar, que estava sobre ela, para o teto. Fiquei em silêncio por alguns segundos, processando as informações.

- Então... – comecei, voltando a fitá-la – Você era meu Anjo da Guarda esse tempo todo?

- Sim.

- Você pode congelar o tempo, fazer os outros caírem em sono profundo, curar suas feridas e alterar suas memórias?

- Sim.

- E, ao ver que eu lembrava de tudo, você logo percebeu que eu era esse tipo raro de humano?

- Exatamente.

- E você mudou a memória do Naruto sobre o que falei da minha briga com Kiba, pois assim ele não estranharia o sumiço repentino dos meus ferimentos?

- Isso.

- Por algum motivo desconhecido, há humanos que não são afetados pelo congelamento do tempo nem pela alteração de memórias... E... Eu sou um deles...

- Pois é...

- Mas então por que não usou seu poder de paralisar em Kiba no dia do chiclete?

- Porque não podemos usar nossos poderes a nosso favor. Além da energia física, há um gasto de nossa própria energia vital, principalmente com o poder de cura, e temos o dever de proteger os outros, ou alguém específico, que chamamos de “protegido oficial”. Ou seja, nossa prioridade não é nos “auto-proteger”. Ser Anjo da Guarda é correr riscos como um ser humano qualquer até que precisem da gente. É uma das regras.

- E vocês têm seus próprios Anjos da Guarda?

- Não.

- Nossa...

- Hehe... Mas nascemos pra isso: proteger os outros com nossos poderes, e... Nos proteger na medida do possível, assim como os humanos.

- E... O que acontece se vocês usarem seus poderes a favor de si mesmos?

- Somos automaticamente teletransportados para o Céu e perdemos o cargo de Anjo da Guarda, passando a exercer alguma outra função.

- Caramba...

- Sasuke-kun, há mais Anjos da Guarda espalhados por aí do que você imagina. Quase sempre haverá algum por perto pra ajudar seu “colega de profissão”. E os que têm “protegidos oficiais” não têm que se restringir a proteger somente uma pessoa ou algo, podem ajudar os Anjos da Guarda se for preciso. Naquele dia, infelizmente, não havia nenhum por perto... Acontece... – ela riu – Ironicamente, naquele dia... VOCÊ foi meu Anjo da Guarda.

         Eu a encarava, cada vez mais admirado com suas explicações.

- Mas... Tem algo que não entendo... Você não fica me seguindo. Então, como pode saber que estou em perigo?

- Sasuke-kun, muitos mitos foram criados a nosso respeito. E isso de que vivemos atrás de nossos protegidos que nem os papparazzi ficam atrás de celebridades é um desses mitos. Quando somos incumbidos de proteger alguém ou algo, ganhamos um selo no pescoço, e nossos protegidos também. Esses selos só são visíveis aos olhos dos anjos (e dos humanos que não paralisam) em sua forma angelical (agora estou na minha forma humana), e são como impressões digitais: cada dupla tem um diferente. Quando você ficar em perigo e eu não estiver por perto, automaticamente serei avisada na minha mente, e aí vou me teletransportar pra onde você estiver. Claro, corremos o risco disso acontecer enquanto dormimos, mas no momento em que nos teletransportamos o tempo congela, ou seja, não precisamos nos preocupar em congelar o tempo. No caso, só temos que alterar as memórias (e curar os feridos, caso tenha). Ah, e tem mais uma coisa: se possível, é bom se aproximar de quem devemos proteger, pois as chances de você estar por perto quando a pessoa ficar em perigo são maiores, nem que seja um pouco... Pois pode acontecer problemas na hora de se teletransportar e tal, como alguma coisa me impedir de me teletransportar logo... Aí...

- ...você se transferiu pro Colégio Konoha só por minha causa?

- Exato.

- Então... Você... Só se aproximou de mim por “obrigação”, e não por realmente querer?

         O que eu estava perguntando?! E por que nesse tom de voz tão... Magoado?!

- Como???

- Ah... Esquece...

         “Tsc... Falei demais...”, pensei.

- Hum... Acho que entendi... Olha, no começo, sim, mas depois... Eu... – ela ruborizou – Até esquecia que tinha que proteger você... Porque... Passei mesmo a gostar da sua companhia, Sasuke-kun... Te considero, acima de um protegido, um... Amigo. – ela sorriu, com as bochechas vermelhas.

         Não sei por quê, mas aquela resposta me deixou aliviado.

- Hum... Por um momento, pensei que a impressão que tive de você havia sido errada...

- Q-que impressão?

- Que você era diferente das outras garotas. Elas ou não se aproximam de mim por medo, ou se aproximam por interesse. Por pouco, já ia incluir você na lista de “interesseiras” por só ter se aproximado de mim porque achava que devia, não porque queria mesmo... Ah, deixa pra lá... Nem sei por que estou falando isso...

         Senti minhas próprias bochechas queimando agora. O que deu em mim???

- Hihihi... Entendi! – disse ela, sorrindo alegremente.

- Entendeu o quê, criatura???

- Mesmo se eu dissesse, você é tão orgulhoso que não admitiria. Já admitiu coisas demais hoje...

- Hunf! – desviei o olhar, cruzando os braços.

- Tá, não agüento, vou falar: você tinha se decepcionado por achar que eu podia não ser a “garota diferente”, e ficou aliviado ao ver que eu era mesmo!

- ...

         Continuei sem encará-la. E senti meu rosto queimar mais. Meu próprio corpo me entregando! Que raiva!

- Mas... – ela voltou a dizer, e seu tom de voz mudou de alegre para preocupado – O que tem a me dizer depois de tudo o que contei? – perguntou, visivelmente receosa.

- Que não tinha necessidade de ficar com tanto medo de me contar.

- Q-quê?!

- Você sendo um anjo, ou uma fada, ou uma vampira, ou até mesmo o chupa-cabra...!

- Ei!!! Chupa-cabra o escambau!!!

- Hehe... – sorri sarcasticamente, e depois voltei a ficar sério – Pra mim, não importa o que você é ou deixou de ser. O que importa é a Sakura, a menina que conheci há pouco tempo. Tanto faz que você seja humana ou não. – voltei a sorrir – Você não deixa de ser irritante.

         Ela entendeu perfeitamente o que eu quis dizer. Seus olhos encheram d’água.

- O... Obri... Obrigada... – agradeceu, levando as mãos ao rosto enquanto chorava.

- Você é tão frágil, sensível e chorona como qualquer mulher na TPM. Engana qualquer um assim. – brinquei.

- COMO É QUE É??? – gritou, indignada.

- Hehe... Facinho te provocar...

- Hunf! Pelo menos não tive crises existenciais nem a síndrome do “só-eu-que-sofro-nesse-mundo-injusto” quando me sortearam pra atuar num papel que eu não queria fazer numa peça! – ela sorriu sadicamente, sabendo que essa ia me atingir.

- Hunf! Garota problemática!

- Shikamaru vai te processar por plágio, hein...

- Cala essa boca!

         E ela começou a gargalhar

         Incrível como consegue me deixar com pena e no segundo seguinte me tirar do sério. Sakura realiza tal proeza. Hunf... Definitivamente, ela é MUITO irritante.

         Sendo ou não um ser celestial.

 

 

 

 

Capítulo BEM esclarecedor, né? ^^

Tudo o que é dito aí sobre anjos é fruto da minha imaginação fértil, não fiquei pesquisando sobre anjos nem lendo/vendo/ouvindo (?) coisas relacionadas a isso, é tudo 100% Mari May! /o/  - Exceto pela parte de ter um selo no pescoço, tirei isso de "Vampire Knight". E também que me inspirei a escrever com a temática sobrenatural depois de ler "Crepúsculo" e "Lua Nova" (já terminei de ler os quatro livros, mas na época eu só tinha lido dois), mas, como podem ver, de semelhante com "Crepúsculo" é só o fato de ter coisa sobrenatural mesmo. E antes de eu inserir coisas sobrenaturais, a FanFic já era sob o POV do Sasuke, então isso também não foi tirado de "Crepúsculo", onde o POV é da Bella. o/

Enfim... Sobrevivi aos ataques homicidas das Sasuketes! :D

O que achou, Pime-chan? Gostou das explicações? :3

Porém, ainda restam algumas dúvidas... Por que será que o Sasuke é um dos humanos raros que são imunes? :O

HUHUHU, um dia isso será mostrado! ;D

Nos vemos no próximo capítulo! Obrigada a TODOS que estão acompanhando essa doideira! X3


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