What If escrita por Olivia Hathaway, Maria Salles


Capítulo 9
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Oi dhampiradaaaa ♥ tudo bem com vocês?

Yeah, estou aqui postando mais um capítulo! Eu sei, ele estava escrito há um tempinho haha mas é que essa semana foi super corrida com a matrícula e a procura de apartamentos. Quando eu chegava no hotel, já eram mais de 23h e eu estava muito cansada! Ah, agora oficialmente sou acadêmica de medicina *o*

Mas enfim, aí está o novo capítulo!

Espero que gostem e nos vemos lá embaixo ;)

PS: gente, não mandei spoiler por MP porque o nyah classificou como spam =( avisei quando respondi os comentários

PS²: alguém aí é fã de Chicagoland Vampires????? É que encontrei uma oneshot que escrevi com a Laradith em 2011 e postei ela aqui: http://fanfiction.com.br/historia/377721/Night_Bites/



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/357650/chapter/9

Algumas semanas depois...

Avery estava prestes a dormir a qualquer momento.

Eu nem sei como Lissa tinha conseguido convencê-la a assistir a missa, já que Avery não era o tipo de garota que gostava disso. Eu suspeitava que apesar de tudo, a missa ainda seria menos tediosa que a companhia do seu irmão e guardião.

Não que eu fosse um exemplo. Até um tempo atrás eu raramente ia a missa, já que eu dormia na maior parte do tempo. E quando ia, era para acompanhar Lissa e me socializar com os outros estudantes. Dificilmente eu me concentrava no que o padre dizia, mesmo que eu acreditasse em Deus.

Entretanto, eu tinha passado a gostar de estar ali. Porque além de ver Dimitri, que estava sempre sentado sozinho em um dos últimos bancos e imerso em seus próprios pensamentos, era uma forma de estar mais perto de Lissa.

"Nesses momentos que devemos estar unidos, ajudando um ao outro. Emprestando suas forças. Assim como Vladimir emprestou as dele para afastar os delírios e as angústias de Anna"

Eu levantei meu olhar para onde o padre estava. Saber mais sobre os efeitos do espírito era o outro motivo que me fizera frequentar mais a capela. Algumas vezes, como hoje, o padre mencionava alguma coisa de Vladimir e Anna. Os dois eram ligados, assim como Lissa e eu. Foi com a história deles que consegui entender mais sobre o Espírito. Assim como os efeitos da escuridão. Anna tinha enlouquecido com a escuridão provocada pelo espírito, se suicidando logo depois.

E eu estava seguindo o mesmo caminho dela.

Por mais que uma parte minha negasse dizendo que eu não iria ficar louca porque Dimitri não iria deixar acontecer de novo, eu sabia que um dia iria acontecer. As memórias ainda estavam frescas na minha cabeça. Todas aquelas emoções sombrias se apossando de mim, intensificando minha raiva, fazendo-me querer destruir tudo e lutar contra Dimitri... A escuridão tinha me transformado em uma marionete. Se ela já conseguiu isso, o que a impediria de fazer eu me matar na próxima vez?

Eu teria que continuar a absorver a escuridão de Lissa para que ela não enlouquecesse. Não deixaria ela ficar louca como a Srta. Karp, que acabou perdendo a cabeça a ponto de virar um Strigoi. Seria sempre assim. Eu continuaria rodeada cada vez mais pela escuridão pelo resto da minha vida, e cada vez mais próxima da insanidade.

Mas se é para ser assim, o que o padre quis dizer sobre Vladimir ter aparentemente tirado a escuridão de Anna? Ele não podia puxar de volta para si, até onde eu sabia. Sempre acabaria passando para Anna.

Quando a missa acabou, eu disse a Lissa e aos outros que os encontraria mais tarde. Christian apenas me observou, como se adivinhasse que eu não ficaria mais tempo para rezar.

Esperei a igreja esvaziar e caminhei até o altar, onde o padre Andrew estava terminando de tirar a túnica que ele tinha usado. Ele me viu, e deu um pequeno aceno dizendo que falaria comigo mais tarde. Eu o vi então caminhar até duas garotas Moroi mais novas que eu, que pareciam tristes.

O cheiro de loção pós-barba indicou a presença de Dimitri. Ele ficou ao meu lado, e eu aproveitei para dar uma olhada. Como sempre, ele estava lindo. Usava seu sobretudo de couro, com um suéter azul marinho por baixo. Seu cabelo estava solto, o que era uma raridade naqueles momentos.

"Você está aqui para se confessar com o padre?"

Um fantasma de um sorriso apareceu em suas feições. Ele se aproximou mais. "Não. Na verdade, eu queria ouvir o que você iria perguntar a ele”

Eu o encarei, surpresa. “Então você também estava prestando atenção?”

Ele assentiu. “Sim. Se soubermos como Vladimir fez isso, teremos mais chances de impedir que a escuridão te afete de novo”

“Mas não vai adiantar nada se ele tiver usado apenas palavras para acalmá-la, certo?” Nossos olhares se encontraram, e eu tive que desviar o meu para que ele não visse o meu medo. Mas Dimitri tinha entendido a mensagem: E se você não estiver por perto quando acontecer de novo?

Eu só tinha conseguido escapar da insanidade por causa de Dimitri. Ele esteve lá por mim, me emprestando sua força, fé e amor. Eu lembrava da sua voz desesperada dizendo que aquilo não era eu. Foi somente assim que consegui reunir todas as minhas forças e lutar contra aquela raiva e emoções ruins que me dominaram. Dimitri tinha me prometido que sempre estaria lá por mim. Era uma promessa perigosa, e complicada. E se ele não estiver lá da próxima vez que a escuridão me dominar, eu provavelmente sucumbiria de uma vez.

Sua mão tocou a minha, e eu levantei meu rosto para encontrar seus olhos. Novamente, eu me surpreendi ao ver uma chama de emoções poderosas neles. Havia determinação neles, como se ele me dissesse que jamais desistiria. E que ele estava pronto para a próxima. Eu me surpreendi com aquilo, e com o tamanho do seu amor por mim.

Eu engoli em seco. “Você sabe que você não precisa fazer isso, camarada. Eu posso lidar com isso sozinha”

“E eu te disse que estaria sempre lá para você. Não vou deixar nada acontecer com você, Roza.” Sua mão afrouxou o aperto, mas ele não a retirou. “Portanto, não pense que se livrará de mim tão cedo”

Livrar-me de Dimitri era a última coisa que eu queria no momento.

Uma mecha do seu cabelo castanho caiu no seu rosto, e eu reprimi o impulso de retirá-la. O fato de estarmos em um local público, cercado de gente, era o que me impedia. Eu sabia que Dimitri também queria demonstrar seu afeto, mas não podíamos. Não se não quiséssemos nos meter em problemas seríssimos.

O padre voltou logo em seguida, dissipando toda aquela tensão. Ele parecia um pouco surpreso ao ver Dimitri ali comigo.

“Em que posso ajudá-los?” perguntou.

“É sobre o que você disse mais cedo. Sobre St. Vladimir e Anna” falei.

“Ah” ele sorriu “eu deveria imaginar que você me perguntaria isso”

“Nós gostaríamos de saber mais sobre como ele acalmou Anna. Se houve alguma possibilidade de ele ter usado o seu dom nela” Dimitri obviamente tinha decidido assumir a liderança. Eu sinceramente não me importei, já que não saberia como explicar porque queríamos saber sobre a maneira que Vladimir ajudou Anna sem mencionar o Espírito e sem demonstrar que aquilo poderia ser a única salvação para a minha sanidade.

O padre ficou pensativo por um instante. “Os livros não dizem muito. E suas anotações são um tanto confusas. Ele mencionou que tinha conseguido acalmá-la com orações e com sua presença. Bem, qualquer pessoa em seu estado mais avançado de desespero se acalmava apenas com a presença dele.”

Eu segurei um suspiro de derrota. “Mas” acrescentou ele. “Pode ser que tenha mais informações no diário dele, e —"

Esperança me inundou. “Você tem esse diário?”

Ele não pareceu chateado com a minha interrupção. “Claro! Está lá no depósito, eu posso pegar para vocês se quiserem”

“Adoraríamos” Dimitri e eu dissemos juntos. Novamente, o padre parecia alheio ao nosso desespero. Ele parecia feliz em ajudar. Acho que isso devia ser da sua natureza de padre, ou porque eram raras as vezes que alguém pedia ajuda dele para algo que não estivesse diretamente relacionado a Deus.

“Venham comigo então” Ele nos levou até o andar de cima, onde ficava o sótão. Ou como eu gostava de chamar: o ninho de amor de Lissa e Christian. Dimitri e eu tínhamos limpado aquele lugar algumas semanas atrás quando eu peguei serviço comunitário. E eu fiquei surpresa ao ver o tanto de poeira que já tinha acumulado novamente. Era como se aquele lugar não fosse limpo tão frequentemente.

O padre se abaixou perto de uma pilha de caixas e começou a procurar. “Esse diário estava junto com aqueles outros livros que eu tinha falado naquele dia, lembra?”

Assenti. Eu lembrava vagamente. Eram livros que ele tinha conseguido com um amigo, e eu tinha recusado por causa da experiência de campo. Se eu mal tinha tempo para mim mesma, imagine para esses livros. Mas agora, era diferente. Minha vida estava em jogo, e a resposta para os meus problemas poderiam estar nesses livros.

O padre nos entregou dois livros grandes e um pequeno. E pelo estado surrado do último, eu presumia que era o diário que ele tinha falado. Eu estava certa.

“Este aqui é o diário” disse o padre tirando o elástico que prendia a capa. Havia algumas folhas soltas e rasgadas. “Vocês terão que tomar um pouco de cuidado, pois algumas páginas estão soltas e outras um tanto danificadas.” Eu não duvidava. St. Vladimir e Anna tinham vivido mais de trezentos anos atrás.

De repente, a expressão do padre se tornou triste. “Eu tinha me esquecido... Acho que vocês terão um pouco de dificuldade em entender, pois está escrito em russo”

“Isso não será um problema” Dimitri disse.

O padre sorriu. “Eu quase tinha me esquecido que essa era a sua língua nativa, Guardião Belikov”

Nós descemos, Dimitri carregando os dois livros e eu o diário.

“Espero que vocês consigam encontrar o que querem” o padre disse enquanto trancava a porta do sótão. Mal ele sabia que Lissa e Christian sabiam destrancá-la facilmente. “Eu fico feliz em ajudar. Embora eu não tenha como agradecer vocês por terem nos protegido contra aquele ataque”

Eu apertei o diário contra o meu peito e sorri. “Não precisa agradecer. Nós fizemos apenas o nosso dever”

Havia gratidão no seu olhar. “Não. Foi muito mais do que isso”

O padre nos acompanhou até as portas e nos desejou um bom dia. Eu olhei ao redor, respirando o ar gelado da noite de Montana. Não havia ninguém por ali a não ser Dimitri e eu. A maioria dos estudantes estava aproveitando o domingo para descansar e se divertir. E a ausência do Sol só nos dava mais um motivo para aproveitarmos a chance de estar próximo um do outro sem ninguém nos ver.

"Você realmente está falando sério sobre me ajudar?"

Dimitri bufou. "Eu já não disse isso?" sua voz soava um tanto magoada.

"Não, não é que eu não queira que você me ajude. É que eu só achei que você teria compromissos mais importantes. Tipo reuniões de guardiões, planejamento das últimas atividades do campo e tal. Já que você é vice-capitão agora"

Ele riu suavemente e jogou os dois livros para apenas um braço. "Eu sei onde você está querendo chegar, Roza. Eu pensei em fazermos isso durante minhas noites de folga, começando amanhã." um meio sorriso apareceu em seus lábios quando ele notou minha surpresa.

"Tanto faz. Não é como se você fosse o único que soubesse ler e escrever em russo"

Ele arqueou a sobrancelha. "Você conhece alguém próximo o suficiente para fazer isso?"

Eu estava prestes a fazer uma piadinha sobre traduzir tudo aquilo pelo meu computador quando me lembrei. "E se alguém nos pegar?"

"Não vão. Alberta vai deixar assim que eu contar que é sobre o Espírito" seu tom de voz era confiante.

Olhar que ele me lançou me fez perceber que ele já tinha tudo planejado. "Eu tenho um lugar em mente"

"Sabe, às vezes eu acho que você tinha que ser o chefe dos guardiões na Corte, e não aqui. Aposto que Tatiana ficaria boquiaberta com sua rapidez de formular um plano" aquilo arrancou outro sorriso dele. Eu girei para encará-lo. "Mas, falando sério agora, camarada. Isso tem algo a ver com o que aconteceu na caverna? Com os fantasmas?"

O sorriso morreu. "Rose"

"Não me venha com essa!" exclamei. "Você sabe que eu os vi, e que eles atacaram os Strigoi"

"Eu li os relatórios. Acredito em você agora" havia impaciência na voz dele. Não por eu tê-lo cortado, mas sim porque ele queria agir logo. "Mas não é esse o ponto. Eu vi que você desmaiou, e achei que se conseguirmos te tirar dessa escuridão do espírito, você iria parar de vê-los"

Foi aí que percebi que ele tinha seguido a mesma linha de raciocínio que Adrian seguiu no começo. Eu abri um sorriso triste. "Quem me dera se isso fosse possível, camarada. Eu não vejo os fantasmas por causa da loucura que estou pegando de Lissa. Eu os vejo porque sou uma shadow-kissed. Quanto mais eu mato, mais próxima eu fico do mundo dos mortos. Os fantasmas, a náusea que sinto quando estou próxima de um Strigoi... está tudo ligado com esse mundo."

Eu quase dei um encontrão nele. Nem sequer tinha percebi que ele tinha parado e virado para que pudéssemos ficar cara a cara. Ele levantou meu queixo, e me vi encarando seus profundos olhos castanhos que estavam divididos entre surpresa e determinação.

"Nós vamos arrumar um jeito de afastá-los" ele disse ferozmente. Eu queria acreditar em suas palavras, mas não tinha como. Ele percebeu isso. "Confie em mim. Vamos procurar uma solução para isso também. Já sabemos os efeitos do espírito e que você absorve a escuridão vinda dele. Se Lissa parar de usá-lo, você não vai mais absorver essa escuridão."

"Eu ainda não estou muito confiante sobre isso. Mas vamos tentar"

Um meio sorriso surgiu em seus lábios. "É exatamente por isso que vou começar a pesquisar e a traduzir aquele diário. Nós temos uma chance de consertar, Roza. E não podemos desperdiçá-la. "

De repente eu comecei a pegar o otimismo de Dimitri. Era contagiante. E eu queria beijá-lo por isso. Mas como estávamos em um local público, eu apenas coloquei minha mão em cima da dele. Sua pele era quente e macia contra meus dedos. Eu encontrei seu olhar. "Sim, não podemos desperdiçá-la"

***

Lissa soltou um bocejo. Ela tinha olheiras, coisa que eu não tinha notado antes. O que era estranho, porque ela não esteve com Christian ontem a noite.

"Onde você esteve ontem a noite?" perguntei, controlando a minha voz para que ela não soasse como um interrogatório.

Avery e ela trocaram um rápido olhar. Ela baixou os olhos para o iogurte que ela tomava. "Em nenhum lugar. Eu estava terminando um trabalho para a Sra. Carmack"

A ligação me dizia que ela estava mentindo pra mim. Havia um certo medo e desconforto lá, como se ela não quisesse que eu soubesse. E também arrependimento. Ela não queria falar sobre aquilo.

Mas eu queria.

"Você não é de ficar acordada até tarde fazendo um trabalho. Muito menos de fazer em cima da hora"

Seus olhos verde jade se encontraram com os meus. "Não é nada com o que você tenha que se preocupar"

Ela tentou me bloquear quando vasculhei sua mente atrás de uma explicação. Flashes de música, bebidas e Moroi da realeza se divertindo apareceram de repente antes de tudo ficar branco. Senti meu rosto ficando sério.

"Não me diga que você esteve numa festa ontem a noite" acusei, me sentindo furiosa de repente.

Antes de fugirmos de St. Vladimir, Lissa e eu vivíamos nas festas selvagens que os alunos organizavam. Fazíamos parte do círculo da elite, então sempre estávamos nas melhores festas e no meio dos populares - nós éramos populares. Não vou mentir, eu amava essas festas. Especialmente por causa da bebida e dos garotos. Eu me divertia, e dançava. E é claro, porque eu tinha prazer em quebrar as regras do colégio e ver Kirova prestes a arrancar os cabelos quando eu era mandada para sua sala.

Mas agora, eu as achava perda de tempo e errado. Eu não podia me distrair com festas porque seria a guardiã de Lissa. Precisava ser totalmente responsável e estar sempre atenta. Lissa também tinha parado de frequentar essas festas, mas era mais porque ela tinha desistido de se socializar com a realeza Moroi. Eles eram todos uns idiotas e gananciosos, que só queriam amizade para obterem algum status e poder, podendo apunhalar ela pelas costas a qualquer momento. Especialmente pelo fato de ela ser a última Dragomir. E é claro, porque Christian emprestou um pouco do seu lado antissocial para ela.

Lissa estava prestes a responder quando Avery veio em seu socorro. "Rose, não fique brava. Foi eu quem chamou ela. Eu estava me sentindo sozinha e queria um pouco de diversão..."

Lancei um olhar feio para Avery. "Não importa. Você sabia que ela não podia."

Lissa me olhou. "Claro que eu podia! Eu sou livre para fazer minhas escolhas" Eu a encarei, surpresa por ela ter falado desse jeito comigo. Lissa raramente levantava a voz para alguém, especialmente quando ela estava errada.

"Sim, você é. Mas você pensou o que aconteceria se você fosse pega? E o que aconteceria com Eddie, que estava dormindo quando vocês decidiram fazer essa façanha? Aliás, como o Eddie não ouviu vocês saindo?"

Eu não precisava da resposta dela. O laço novamente a entregou. Ela tinha usado compulsão quando Eddie acordou e tentou impedir que ela saísse. Lissa o fez dormir e saiu com Avery, que tinha ido buscá-la. Compelir Eddie tinha sido fácil para ela, já que usuários de Espírito tinham a compulsão mais poderosa de todos os elementos.

Senti meu rosto ficar sombrio. Aquilo a desesperou. "Olha, Rose. Eu juro que nunca mais vou fazer isso. Eu só não queria deixar Avery sozinha, já que ela ainda não conhece muita gente aqui" havia arrependimento verdadeiro na sua voz. Eu sabia que ela apenas queria agradar a Avery, assim como todos os outros. Fazia parte da sua natureza tranquila e gentil. Compaixão era uma das melhores qualidades dela, mas em momentos como esses ela se tornava uma das piores.

Mas mesmo assim, ela não deveria ter feito aquilo. Ainda mais com Eddie envolvido. Se os guardiões tivessem encontrado ela naquela festa, as consequências seriam feias. Eddie provavelmente seria reprovado na experiência por não ter tomado conta do seu Moroi direito ou ganharia uma nota bem baixa. Ambas as consequências poderiam tirar dele a chance de guardar um Moroi importante.

Gritos empolgados fizeram encerrar o assunto. Do outro lado do refeitório, um grupo de curiosos aumentava cada vez mais. Eu subi na cadeira para ver o motivo de tanto tumulto e avistei Shane, um dos meus colegas de classe, tentando desviar de Yuri, um dos guardiões.

Foi quando a ficha caiu: os guardiões voltaram com os ataques surpresas. E pela hora e o lugar, eles realmente estavam cumprindo a promessa de que pegariam pesado. E cara, Shane estava levando uma surra bonita. Ele provavelmente ficaria com um olho roxo depois do soco de Yuri.

A maioria dos dhampirs estavam tão ansiosos e animados com a luta que não viram outros três guardiões aparecendo silenciosamente para fazer anotações. Eu sabia que eles ganhariam uma advertência por terem se distraído e deixado seus Moroi desprotegidos. Mas eu não era um deles.

A prova viva disso foi que pelo canto do meu olho, eu percebi alguém se aproximando. Era Stan. E não, ele não tinha um bloco de anotações em mãos. Eu pulei rapidamente pro chão e entrei em modo de ataque.

Eddie, que estava prestes a sentar conosco junto com Christian, também já estava preparado para Stan. Eu o empurrei para o lado, para que ele guardasse nossos Moroi.

Trocamos um rápido olhar, e ele entendeu a mensagem: Stan era meu.

Eu estava aguardando esse momento desde o dia em que ele me humilhou por causa de Mason. E pelo olhar de Stan, ele também pensava o mesmo. Ele avançou com tudo, tentando me socar. Eu consegui desviar de seus golpes, e o acertei no ombro, fazendo-o se contrair um pouco.

Senti os olhares se redirecionando para nós, mas não me importei. Só uma coisa importava naquele momento: chutar o traseiro de Stan, junto com seu orgulho. Nós rodeamos novamente, e eu avancei com uma sequência de socos e chutes. Acertei a maioria, assim como um belo soco no seu nariz, mas ele me deu uma rasteira que me fez cambalear. Eu rapidamente me levantei, mas ele estava muito perto. Eu precisava ir para trás para ganhar espaço e atacá-lo, mas era impossível. Minhas costas bateram em uma das mesas.

Eu segurei um palavrão.

Era impossível recuar. Eu estava praticamente presa e Stan obviamente percebeu isso, pois seu sorriso só ampliou. Ele começou a avançar, mas eu fui mais rápida. Uma das minhas melhores qualidades é que eu era muito boa em improvisar, especialmente quando se tratava de usar qualquer objeto como arma. E é claro, eu também tinha uma ótima mira.

Agarrei um prato cheio de comida e atirei em Stan, acertando em cheio seu rosto. O prato não era nem de vidro nem porcelana, o que não me deixaria em problemas mais tarde. Mas cara, aquilo o surpreendeu. Eu nem mesmo pude aproveitar sua reação porque não queria arruinar o elemento surpresa. Pulei em cima dele e o derrubei no chão. Ele tentou me socar no braço para tentar derrubar a estaca que eu tinha acabado de tirar, mas não conseguiu. Ao invés disso, ele tinha me dado a abertura perfeita para que eu o empalasse.

Eu o estaqueei, terminando a prova.

"Creio que aquele F precisará ser substituído por um A" falei dando a ele um dos meus melhores sorrisos vitoriosos. Aquilo o deixou mais vermelho de raiva.

"Não, Hathaway. Você não passou no teste" meu queixo caiu. Ele tirou uma batata que tinha grudado no seu casaco depois de ter se levantado. "Sua sede de vingança e seu orgulho ferido te fizeram trapacear"

Ah, então era isso. Eu sabia que Stan se sentia humilhado pela derrota, mas não esperava que ele agisse como um completo filho da puta. "Isso não é justo. Não tinha nenhuma regra que me impedisse de improvisar. A ordem dada foi para que tratássemos todos vocês como Strigoi!"

"A Srta. Hathaway está certa"

Nós dois olhamos para Alberta, que estava parada a poucos metros de onde estávamos. Só aí que notei que todos olhavam para nós. Alguns dos estudantes me olhavam com aprovação, felizes por eu ter chutado o traseiro de Stan. Outros, ainda estavam absorvendo tudo aquilo.

"Isso não está certo" ele apontou para mim. "Ela fez isso por vingança outra vez!"

Eu comecei a dizer a ele que tinha feito aquilo porque não tinha escolha - aquilo era verdade, felizmente. Mas Alberta me cortou.

"Nós assistimos a prova. A Srta. não atirou o prato como uma forma de se vingar, mas sim em uma tentativa de te distrair a tempo de te empalar." ela disse lançando a ele um olhar seco. "Guardiões fazem isso o tempo todo quando estão encurralados. Se não fosse pelo elemento surpresa, estaríamos todos mortos"

Eu juro que uma veia pulsou na cabeça de Stan. E não vou mentir: eu queria zoá-lo depois dessa. Esfregar na cara dele que eu tinha chutado a sua bunda e arregaçado com seu orgulho. Tinha certeza que essa minha proeza seria lembrada pelos próximos anos como muitas outras que eu fazia antes de fugir. Ainda mais porque foi com Stan Alto, o professor que todos temiam.

"Tanto faz" ele resmungou. Eu pude ver em seus olhos que ele queria continuar brigando com Alberta, mas o protocolo dos guardiões e o bom senso o proibiram. Ele não queria causar uma cena. "Conversaremos sobre isso mais tarde. Ainda discordo da sua decisão"

"Não há nada a conversar" devolveu Alberta. Seus olhos então caíram em mim. Aquela frieza que ela usou com Stan desapareceu, substituída por orgulho e aprovação. "Fez muito bem, Rose. A jogada com o prato foi muito inteligente, e a maioria dos seus colegas não saberia como escapar dessa situação"

Ela então se virou para nossos espectadores e mandou que todos voltassem aos seus lugares. Logo depois, ela e os outros guardiões partiram, deixando um refeitório super animado.

Eu voltei para minha mesa, onde um prato com dois cachorros quente me esperavam.

"Acho que vou buscar mais um pra você só por causa daquela pratada na cara do Stan" provocou Eddie, com um sorriso.

Mas antes que eu pudesse respondê-lo, a dupla que eu mais odiava de toda a escola se aproximou de nós. Ralf estava na frente, com um sorriso idiota no rosto. E suas próximas palavras foram mais idiotas ainda.

"Falaram que você pediu para o Padre Andrew te casar com o Guardião Belikov"

Eu quase cuspi o cachorro quente. "Eu juro que a cada dia vocês dois me surpreendem com suas imaginações!"

"Mas é verdade, não é?" questionou Jesse, agora olhando meu rosto. "Katie nunca mentiu. Vocês dois se casaram!"

Ah, então essa era uma das duas Moroi de ontem, na capela. Eu rapidamente relacionei seu nome. Era Katie Voda, irmã mais nova de Ralf. Farinha do mesmo saco.

"As únicas pessoas que irão se casar aqui serão vocês dois, e com a morte. Tenho certeza que ela não irá se importar com bigamia"

A mão de Jesse tremeu. Ao contrário do seu amigo, Ralf parecia se sentir seguro de que eu não começaria uma cena aqui, já que os guardiões estavam nos avaliando. Mas ainda assim ele estava se arriscando demais. Os guardiões podiam estar por ali, mas nada me impediria de saltar da minha mesa e afundar meu punho no seu presunçoso rosto gorducho.

E olhando para Christian, ele estava considerando fazer a mesma coisa. Mas ao invés de fazer isso, ele apenas sorriu. Havia um brilho de malícia em seus olhos azuis gelo. "Rose, por que continuar a esconder isso? Eles provavelmente te viram"

Entendi onde ele queria chegar. Eu me encostei na cadeira e olhei para os dois Moroi. "Vocês querem a verdade? Então aqui vai: eu me casei com o Guardião Belikov. Trocamos juras de amor e até alianças de ouro, mas tivemos que esconder para os guardiões não descobrirem. Aliás, vocês querem vê-la? Acho que ainda dá tempo de ir até o dormitório para pegá-las antes do sinal bater..."

Christian colocou a mão no peito. "Eu inclusive cedi meu quarto para eles" eu reprimi o impulso de chutá-lo por baixo da mesa.

"E eu fui o padrinho" falou Adrian, com um sorriso preguiçoso.

Um vislumbre de raiva apareceu nos olhos de Ralf, e eu reprimi um sorriso. Ele abriu a boca para falar, mas eu o cortei. "Não quero ouvir. Porque se eu ouvir," eu usei meu melhor cara ameaçadora. Nem precisei fingir uma, na verdade. "nenhum guardião vai me segurar enquanto eu estiver concentrada em acabar de vez com vocês dois. Ainda mais porque Kirova não está mais aqui para me expulsar" e considerando a cara de bobo que o pai de Avery tinha, ele dificilmente iria fazer isso.

Minha ameaça surtiu o efeito desejado, pois Ralf recuou e empalideceu, assim como Jesse.

"Cavalheiros" Adrian disse diplomaticamente, se inclinando para a frente e encontrando os olhares deles. "Para o bem de suas vidas, vão embora. E parem de falar essas merdas. Porque se o Guardião Belikov descobrir... Bem, eu diria que furioso seria pouco. Agora se mandem e vão fazer algo mais produtivo"

"Você usou compulsão!" exclamei depois que Jesse e Ralf foram embora.

Adrian tomou um gole de uma lata de cerveja. Como ele conseguiu entrar com aquilo e beber tranquilamente na frente de todos os funcionários da Academia certamente estavam ligados com a compulsão. Ele deu uma piscadela. "Eu precisava. Ou você ou Belikov certamente os matariam mais tarde."

Eu lancei um olhar feio para ele. "Ok, eu juro que essa foi a primeira e única vez que fiz isso. Você pode matá-los na próxima"

Lissa fez um barulho de nojo. "Ainda não acredito que eles disseram aquilo sobre você e o Dimitri" choque estampava seu rosto, assim como repúdio. Ela odiava Jesse e Ralf tanto quanto eu.

Novamente, eu me senti mal por estar escondendo dela meus sentimentos sobre Dimitri. Era errado estar enrolando ela daquele jeito. Ela era a minha melhor amiga, e eu sabia que podia confiar nela. Mas eu ainda não estava preparada.

Logo. Eu pensei. Logo eu contarei a ela. Só preciso de um pouco mais de tempo.

***

Como o combinado, eu me encontrei com Dimitri logo após o jantar.

Eu tinha conseguido sair de fininho usando a clássica desculpa de que eu estaria estudando pro teste de matemática de amanhã porque precisava de nota – isso não era mentira. Quase todos acreditaram, menos Christian.

"Rose," ele tinha um de seus clássicos sorrisos zombeteiros no rosto. Tínhamos acabado de sair dos alimentadores. "Se você acha que vou acreditar nessa historinha de que você irá estudar a essa hora, pode ir esquecendo"

"Mas eu estou falando a verdade!" exclamei.

"Sei. Eu tenho uma boa ideia até de como será esse estudo. Provavelmente envolverá uma cama quentinha, champanhe e Belikov"

Revirei os olhos. "Se estudar com livros com mais de trezentos anos ao menos fosse algo excitante..."

Ele parou. "Que livros?"

Merda. Eu e minha boca grande de novo. "Hm... uns livros sobre a vida de St. Vladimir e Anna que Dimitri e eu conseguimos"

Reconhecimento estampou seu rosto. "Aqueles que tiveram o mesmo laço que você e Lissa partilham?"

Assenti. "Dimitri e eu achamos que Vladimir curou um pouco da loucura de Anna" eu vi o que ele estava prestes a fazer. "Não, você não vai contar para ela"

Ele fez uma carranca. "Eu não vou mais carregar seus segredos sujos por mais tempo, Rose. Ela tem o direito de saber."

"Eu não quero deixá-la preocupada antes da hora. Nós nem sabemos se isso realmente aconteceu"

"Eu não me refiro a só isso"

Eu suspirei, de repente me sentindo cansada mentalmente. "Outra vez não"

Christian enfiou as mãos no bolso. "Olha, eu vou guardar o seu segredo. Segredos. Mas eu acho que já está passando da hora de contar pra ela"

“Eu preciso de tempo!” exclamei, me controlando para não dizer isso muito alto. Lissa poderia aparecer a qualquer momento. Eu olhei para ele. “Por favor, me dê um pouco mais de tempo. Preciso organizar minha cabeça e saber como vou contar a ela”

Christian me deu um longo e demorado olhar. “Ok. Mas Rose, não demore mais. Isso pode ser muito pior”

Sim, eu só estava piorando as coisas com essa demora. Lissa ficaria mais furiosa por eu ter enrolado todo esse tempo para contar a ela. Ela acharia que eu não confiava nela.

Eu afastei essa conversa da minha mente e fui até onde Dimitri estava. A árvore ocultava parcialmente seu corpo, mas sua presença era marcante. Como sempre, ele estava usando seu sobretudo de couro, e seu cabelo estava preso. Ele segurava uma bolsa de mantimentos e uma garrafa térmica na outra mão.

"Whoa" eu disse me aproximando mais dele. "Nós vamos para um acampamento ou o quê?"

Eu não consegui enxergar seu rosto naquele momento, mas tive certeza de que havia um daqueles meio sorrisos dele lá. "Não. Mas vamos precisar disso"

Nós então começamos a caminhar, nos afastando cada vez mais do campus. Eu me vi cada vez mais animada com a ideia de estarmos em algum lugar super isolado, sozinhos. "Você ouviu sobre o espetáculo com Stan no almoço?"

"Claro" disse. "Foi impossível ignorar o mau humor de Stan pelo resto do dia. Ele estava tentando convencer Alberta a alterar sua nota. Ele inclusive me procurou, mas eu disse não"

O orgulho na sua voz me animou mais ainda. Eu senti que tinha ganhado asas. "Sério mesmo? Achei que você acharia que eu tinha jogado aquele prato nele de propósito”

Ele riu. "Roza, eu nunca faria uma coisa dessas. Você se defendeu e protegeu seus Moroi, isso que importa. Sobrevivemos às vezes na base do improviso, e você se saiu muito bem. Stan é um de seus menores problemas agora"

Eu estava prestes a retrucá-lo quando eu a vi. Realmente, Stan era um dos meus menores problemas.

Merda, por que eu não tinha notado antes onde seria o nosso local de estudo? Estava tão na cara! Especialmente porque aquele era o lugar ideal para ficarmos sozinhos sem sermos notados. Quer dizer, eu não iria ter problemas em me concentrar porque estaria sozinha com Dimitri.

Eu só teria problemas em me concentrar porque eu estaria sozinha com Dimitri no mesmo lugar onde tínhamos dormido juntos pela primeira vez.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Stan mereceu essas tiradas ou não?

Sim, sou muito má em parar justamente nessa parte muahahaha quero saber o que vocês acham que vai acontecer nessa ~cabana~!

No próximo capítulo, 2 personagens descobrirão sobre Romitri! E como sou gente boa, vou largar as opções:
a) Lissa & pai da Avery
b) Lissa & Alberta
c) Alberta & Stan
d) Avery & Eddie
e) Eddie & Lissa
f) Jesse & Ralf

Me contem a opção de vocês!

E mais uma vez, muito obrigada pelos comentários ♥ ♥ ♥ ♥ Sério mesmo! Tomei um susto quando vi no hotel e tinham mais de 10 comentários em menos de 24h KKKK me senti até mal por não ter postado =( (sim, vocês que me motivam a escrever!!) AMOOOO VOCÊSSSS DEMAISSSSSSS ♥ ♥ ♥

Quem quiser recomendar, sinta-se a vontade ^^ só reze pro Nyah aprovar porque eu acho que está dando problemas pra aprovar elas só na minha fic ¬¬ ainda continua sem aparecer a 4ª recomendação, acreditam??

Espero que tenham gostado! Obrigada por tudo pessoal ♥ ♥ ♥

Aaaaah, mudei a descrição do meu perfil e mudei meu nome agora pra Tania Belov, em homenagem a uma série que eu passei a amar: The Bronze Horseman. A história se passa na Rússia, durante a 2ª Guerra e é um livro que te prende até você termina-lo! O cara me lembrou demais o Dimitri em alguns aspectos =P Tenho certeza de que vocês irão adorar esse livro! *fim da propaganda* haha

Enfim, acho que é isso!

Beijos ;*
— Anita