What If escrita por Olivia Hathaway, Maria Salles


Capítulo 13
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!

Vocês estão achando estranho eu postar hoje, mas é que escrevi esse capítulo na terça e na quarta =P estava muito inspirada haha

Bom, ele tem bastante trechos de Blood Promise, especialmente em cenas Lissa/Avery mas com algumas adaptações. Como disse anteriormente, quando comecei a escrever WI eu imaginei como seria se a Avery aprontasse com a Rose por perto, mantendo então alguns acontecimentos do livro. Hoje vocês verão isso!

Seria legal vocês lessem as notas finais... prevejo que vocês irão ficar um tanto revoltados com o final... ou não né.

Enfim, nos vemos lá embaixo! :3

PS: ainda não respondi todos os comentários, mas irei responde-los até amanhã, ok? É que a minha net está caindo toda hora e a casa está um pouco agitada hoje...



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O dia seguinte era Páscoa.

Esta era a primeira vez que eu a passava sozinha. Nos outros anos, eu sempre passara essa data ao lado de Lissa. Quando sua família ainda estava viva, eles nos levavam para passar o feriado em lugares excitantes como Nova York e Los Angeles, onde passávamos tardes inteiras dentro de lojas torrando nossas mesadas. E nos últimos dois anos, tínhamos passado a páscoa no alojamento em que ficamos, mas sem perder o espírito consumista – precisávamos fazer de tudo para ficar longe dos radares dos guardiões e Strigoi.

Agora, estávamos separadas. Enquanto eu estava deitada na minha cama, Lissa estava do outro lado dos EUA, terminando seu encontro com Hans.

Como eles tinham combinado, ela se encontrou com ele para conhecer os dois guardiões que tinham sido selecionados para protegê-la. Um para ser adicionado, e o outro, para me substituir. Era um casal, uma garota só um pouco mais velha que nós duas – seu nome era Serena, e o outro era um cara maduro chamado Grant. Lissa gostou deles, e eu também.

Hans e Tatiana acreditavam que conseguiriam se livrar de mim, mas mal sabiam que a intenção de Lissa era outra. Ela tinha pensado muito no dia anterior, e agora tinha tomado sua decisão: um desses guardiões tomariam o lugar de Dimitri, caso ele realmente decidisse abdicar.

No entanto, eu ainda estava mais surpresa do que feliz. Lissa tinha deixado bem claro que ela não tinha gostado nada da ideia de Dimitri abdicar seu posto como seu guardião para ficar comigo. Não que ela repudiasse a ideia de dois dhampirs juntos, mas por que ambos seríamos seus guardiões quando eu me formasse. Ela não suportava a ideia de perder nós dois, e nem de que eu amasse tanto outra pessoa além dela.

Lissa tinha então ferrado tudo entre nós, sem querer enxergar que eu me importava com ela, que a protegeria com minha vida, e que eu continuaria sendo sua guardiã. Mas agora ela tinha aberto bem os olhos, e percebeu o que Dimitri e eu realmente queríamos fazer. Ou ao menos ela parecia ter aberto eles. Eu vi em sua mente que ela entendeu o que realmente aconteceria se continuássemos guardando ela quando um grupo de Strigoi surgisse e uma de nossas vidas corresse perigo: Dimitri e eu tentaríamos proteger um ao outro ao invés de protege-la. Essa ideia ainda a deixava assustada, e ao mesmo tempo chateada porque agora eu tinha a intenção de proteger outra pessoa. Não adiantava, Lissa sempre sentiria ciúmes. Era parecido com os meus sentimentos em relação a Christian – às vezes eu me irritava com o namoro dos dois porque Lissa me deixava de lado.

Lissa estava entrando no dormitório quando encontrou Avery. Ela praticamente veio correndo na sua direção.

“Estava procurando por você” Avery disse com um sorriso, agarrando a mão de Lissa. “Fred Tarus está fazendo um churrasco e fomos convidadas” ela começou a puxá-la para a porta de entrada quando Lissa disse.

“Espere”

Avery parou e olhou para ela. “O que aconteceu? Você não quer ir? Não acredito que você esteja cansada!”

Lissa se encolheu um pouco diante da provocação de Avery. Ela não queria admitir, mas se sentia incrivelmente cansada. Vasculhando sua mente, descobri que ela e Avery tinham ido em três festas ontem, e a última consumiu mais de noventa por cento da sua noite de sono. Levantar tinha sido praticamente impossível essa manhã, e ela tinha chegado a considerar a hipótese de adiar seu encontro com Hans, Serena e Grant. Mas a responsabilidade tinha falado mais alto, pelo menos naquele momento.

“Você sabe que eu não dormi praticamente nada” um bocejo involuntário escapou dela. “Não tive o mesmo tempo de recuperação que você teve.”

Avery considerou. “Yeah, acho que você tem razão. Apesar de eu achar que você se recuperou daqueles drinks bem mais rápido que eu”

Aquilo arrancou uma risada de Lissa. “Eu não bebi nem a metade do que você bebeu ontem a noite”

“Bem, mas você não fazia isso há um tempo.” Um sorriso apareceu em seus lábios. “E se saiu muito bem. Achei que você tinha um estômago fraco”

“Hey!” Exclamou Lissa, um tanto ofendida. “Eu nunca tive um estômago ruim!” memórias dos anos que antecederam a nossa fuga de St. Vladimir de repente a inundaram, e ela se pegou pensando na minha reação ao descobrir que ela tinha voltado com aquela antiga vida.

O sorriso de Avery morreu, e seu rosto animado tinha se tornado preocupado. “Você está bem?” Isso assustou um pouco Lissa.

“Eu acho. Eu não sei.”

Em particular, Lissa sentia culpa, raiva, e depressão por mim ficando cada vez mais profundas. Ela viu o bastante dos efeitos do espírito no humor dela para reconhecer possíveis sinais de aviso, embora ela não tenha usado ativamente espírito nessa viagem. Independente da causa dos humores, ela ainda continuava a fazer seu melhor para procurar distração e sufocar sua depressão. E as festas que Avery a levava eram a maneira perfeita de controlar isso.

“Não se culpe sobre o que você poderia ter feito ou deveria ter feito. O passado acabou. Prossiga para o futuro.”

O coração de Lissa ainda estava pesado, seu humor mais negro do que tinha estado há muito tempo. Ela conseguir dar um sorriso forçado. “Eu acho que essa foi a coisa mais sábia que você já disse.”

“Eu sei! Você consegui acreditar nisso? Você acha que isso vai impressionar Adrian?” aquele entusiasmo todo voltou para Avery.

Lissa estava prestes a responder quando ela enxergou Christian. Alegria passou pelo laço, mas se transformou em medo quando ela notou a expressão carrancuda dele.

“Hey” ela disse suavemente, se inclinando para beijá-lo. A expressão de Christian se suavizou, mas não muito. Ele ainda continuava irritado.

“Está preparado para um segundo round hoje, Ozera?” perguntou Avery.

Christian virou-se para ela. “Foi exatamente por isso que vim aqui. Não quero mais que você vá a essas festas”

Ultraje preencheu Lissa. “Mas por que?”

“Porque” ele disse com a voz dura. “Vocês já tiveram diversão demais ontem à noite. E olhe pra você! Mal consegue ficar em pé”

Aquilo deixou Lissa mais irritada ainda. A escuridão já não a estava ajudando, e o mau humor por causa do sono só piorava as coisas. Isso sem contar com a raiva que ela estava sentindo de Tatiana quando descobriu que Serena tinha sido designada primeiramente para sua melhor amiga, uma Moroi que infelizmente não era da realeza.

Ela queria discutir com ele, manda-lo parar de se meter na sua vida. Christian percebeu isso, pois pediu para Avery deixá-los a sós por alguns minutos.

“Eu já a devolvo para você.” Ele disse, pegando a mão de Lissa. “Só preciso de alguns minutos”

Ele a levou para um canto mais reservado, onde havia sofás e uma mesa cheia de revistas. Para o alívio deles, não havia ninguém ali para observá-los.

“O que é tudo isso?” perguntou Lissa, cruzando os braços. “Eu não me lembro de você estar reclamando ontem à noite”

“Você quer saber a verdade?” seus olhos azuis brilharam de raiva e frustração. “Eu estava contando cada maldito segundo para ir embora e não colocar fogo naqueles Moroi mimados da Realeza. Só não fiz isso porque decidi manter um olho em você”

“Não preciso de um babá!” exclamou ela, tentando controlar sua voz para que não chamar atenção. “Nem de um namorado achando que eu irei traí-lo em festas.”

Christian deu um passo para mais perto dela. “A última coisa que passou na minha cabeça foi duvidar da sua fidelidade”

Então a pergunta mais esperada escapou de Lissa. “Você não gosta da Avery, é isso?”

Christian considerou a pergunta. “Eu gosto dela, de verdade. Até porque ela me lembra a Rose”

"Avery não substitui a Rose", disse Lissa rapidamente.

"Eu sei. Mas ela me lembra ela."

"O quê? Elas não têm nada em comum"

Christian suspirou e pegou uma mecha do cabelo loiro dela. "Avery é como Rose costumava ser, antes de vocês partirem."

Tanto Lissa quanto eu paramos para refletir sobre isso. Ele estava certo? Antes dos poderes de espírito de Lissa começarem a se mostrar, eu e ela tinha vivíamos uma vida de garota festeira. E sim, metade do tempo era eu que bolava as idéias malucas para se divertir e nos trazer problemas. Mas eu era tão atirada quanto Avery as vezes parecia?

“Mas há uma diferença” ele disse de repente. “Rose era mais responsável, sabendo dos seus limites. Ela também não te empurrava para as bebidas com provocações. É por isso que eu me preocupo com você na companhia de Avery. E, é claro, se você não está voltando atrás pelos motivos errados”

Aquilo foi como um tapa na cara de Lissa. Ouvir meu nome ainda doía nela, mas uma comparação com Avery, a responsável por estar acalmando sua angustia, doía mais ainda. “Você não sabe do que está falando. Avery tem sido muito mais amiga do que Rose. Ela está querendo me ver bem, coisa que você aparentemente não quer enquanto me fala disso!”

“Deixar você bem de verdade é bem diferente de mascarar as dores” rebateu ele. Ela ia abrir a boca para falar, mas Christian continuou. “Rose pode ter errado feio em não te contar sobre ela e Dimitri, mas você procurou entender os motivos dela? Por deus, ela sempre esteve lá por você. Ela sempre trabalhou duro para te proteger, e deixou a vida dela em segundo plano por você. Rose escolheu ficar com Dimitri só agora porque eles descobriram uma maneira de não comprometer o futuro dela como sua guardiã. Você acha justo trata-la desse jeito sem ao menos saber o que realmente estava em jogo?”

“Você é o quê, um advogado agora?” questionou ela, levantando o queixo e fuzilando-o com o olhar. “Pare de me falar dela! Eu não quero mais nada com a Rose!”

O rosto de Christian era uma mistura de todos os tipos de emoções, especialmente descrença, decepção e tristeza. “Eu não sou um advogado, mas acho que você deveria rever seus conceitos. E espero que você faça isso antes de nos encontrarmos novamente”

Então ele se afastou, deixando uma Lissa boquiaberta que lutava contra as lágrimas. Desesperada e com medo de que alguém a visse, ela começou a ir para seu quarto quando Avery se aproximou e a envolveu em um abraço.

“Fique calma” ela disse com uma voz tranquilizadora. “Ele vai voltar atrás. Só estava um pouco nervoso”

Nos braços de Avery, Lissa sentia suas emoções selvagens atormentando ela. Ela odiava o que tinha feito. Ela sentia como se tivesse algo errado com ela. Primeiro ela me alienou, e agora Christian. Porque ela não podia manter seus amigos? O que custava? Ela realmente estava ficando maluca? Ela se sentia descontrolada e desesperada. E ela –

Bam!

De repente, e sem aviso, eu fui empurrada para fora da cabeça de Lissa.

Os pensamentos dela desapareceram completamente. Eu nem sai por escolha própria, nem tinha voltado por causa de algo em meu próprio corpo. Eu estava no quarto sozinha, tendo chego a um impasse enquanto encarava o teto e pensava. Nunca, nunca nada disso tinha acontecido a mim. Isso foi como...bem, como uma força física. Como uma parede de vidro ou um campo de força batendo na minha frente e me empurrando para trás. Tinha sido um poder de fora. Não tinha vindo de mim.

Mas o que era isso? Tinha sido Lissa? Até onde sei, ela nunca foi capaz de me sentir na sua cabeça. Isso tinha mudado? Ela tinha me expulsado? Tinham os sentimentos dela ficado tão fortes que não havia espaço para mim?

Eu não sabia, e eu não gostei. Quando aconteceu, fora a sensação de ser empurrada, eu experimentei outro estranho sentimento. Era como um pássaro, como se alguém tivesse alcançado minha mente e feito cócegas nela. Eu tive um fleche breve de calor e frio, e então tudo parou quando sai da mente dela. Eu tinha sentido invasivo.

E eu também senti...familiar.

***

Como eu não poderia fazer nada, decidi ir à missa.

Grande parte dos estudantes que ficaram na Academia no feriado estava na capela. Não por falta de coisas para fazer, mas porque eles eram ortodoxos. Quando cheguei, as pessoas ainda estavam chegando. Peguei um lugar mais isolado, no canto, ao lado de uma estátua de anjo.

Entretanto, a minha paz foi curta. Minutos depois, alguém se sentou ao meu lado. Olhei para cima, na esperança de encontrar um par de calorosos e profundos olhos castanhos me encarando, mas não. Eram os olhos azuis turquesa de David.

“Não esperava te ver por aqui” ele disse com um sorrisinho. “Caiu da cama, Hathaway?”

Eu me encostei melhor no banco e dei a ele um sorriso. “Se você soubesse... cair da cama é um hábito comum agora para mim”

Seus olhos se arregalaram. “É mesmo? O que acontec-“

O padre Andrew começou a falar, e eu me senti grata por isso. Não queria conversar com David agora e explicar sobre meus problemas com Lissa e o espírito. Ele também não me pressionou, ainda mais porque ele acabara ficando absorto nas palavras do padre. Ele estava dando um sermão, um que eu não estava prestando atenção mas apostava todas as minhas fichas que tinha algo a ver com a ressurreição.

Quando ela acabou, as pessoas começaram a sair. Eu vi algumas trocando ovos decorados de tudo o quanto era estilo. Jennifer, uma garota Moroi que estudava com Lissa, deu alguns para David e eu. Eu me senti mal por não ter nada para ela.

“Achei que você iria na festa do Jared ontem” David disse enquanto brincava com seus novos ovos. “Ficamos te esperando”

Enfiei os meus nos bolsos do meu casaco. “Eu disse a você que não iria. Tinha dever para fazer. Festas selvagens não são mais a minha praia”

Eu passei desesperadamente a vasculhar alguma brecha para escapar de David. Não estava querendo ser sociável com ele hoje.

“Nah” um sorriso misterioso apareceu em seus lábios. “O pique será amanhã. E novamente, você está convidada. Kevin Drozdov conseguiu arrumar um lugar que nem os guardiões irão nos encontrar. Teremos todo o tipo de bebida e diversão, inclusive cerveja-pong”

A antiga Rose rapidamente confirmaria presença porque achava que essa festa realmente tinha potencial. Ela estaria animada para jogar cerveja-pong e ansiosa para ficar bêbada. Mas a nova achava que toda essa diversão não era mais para ela.

Soltei uma risada seca. “Vocês não tem mais nada para fazer mesmo”

“Somos estudantes” ele disse com um sorriso. “E é por isso que somos atraídos por festas do mesmo jeito que abelhas são atraídas pelas flores”

Nós estávamos saindo da capela quando encontramos Dimitri e Yuri parados nas escadas, observando o movimento. Dimitri como sempre estava incrivelmente lindo, naquela sua pose de guardião fodão usando seu sobretudo de couro. Yuri estava ao seu lado, alguns centímetros mais baixo e usando um casaco marrom.

“Sr. Snow, Srta. Hathaway” Yuri nos cumprimentou. “Mas que surpresa encontra-los aqui. Esperava que estivessem dormindo depois da façanha de ontem a noite”

Eu congelei e lancei um olhar questionador para Dimitri. Ele permanecia impassível.

“O zelador encontrou latas de cerveja hoje de manhã” Dimitri disse, mas seu olhar estava em David. Eu rapidamente me senti aliviada. “E a sala estava inteiramente bagunçada”

“Peço desculpas” David disse diplomaticamente. “Mas não faço a mínima ideia do que vocês estão falando”

Um sorriso zombeteiro apareceu no rosto de Yuri. “Não se faça de santo. Nós dois sabemos o que realmente aconteceu ontem à noite”

A expressão de David continuou neutra. “Eu juro que não sei de nada! A única festa em que estive envolvido foi o torneio de bilhar ontem à tarde” ele então passou uma mão pelo ombro, me puxando para mais perto. “O qual foi muito excitante. Hathaway massacrou seus oponentes e voltou ao topo”

Eu reprimi o impulso de socar David por essa. Dimitri nos olhava com uma sobrancelha perfeitamente arqueada, mas não parecia aborrecido. Muito pelo contrário. Ele estava divertido, e... curioso. Não tínhamos discutido sobre o jogo ontem na cabana. “É mesmo? Quantas partidas você venceu, Rose?”

Mordi o lábio, ainda tentando decifrar o real significado da sua pergunta. “Uh...Umas três. Não me lembro muito bem”

David riu. “Pare de ser modesta” ele sorriu amplamente para Dimitri. “Ela está mentindo para você. Ela venceu cinco. Cinco das seis partidas”

Eu vi algo no olhar de Dimitri, mas não consegui decifrar o que era. “Deve ter sido um bom jogo, então”

“E foi. Rose parece ter uma ótima mira” gabou-se David.

Revirei os olhos e tirei seu braço do meu ombro. “Eu diria que foi sorte.”

“Por falar em sorte,” falou Yuri, fazendo aquela tensão sumir. “tente guardar um pouco mais dela. Eu acho que você irá precisar de alguma nessa semana”

“Por que?” perguntei.

Yuri lançou um olhar para Dimitri. “Você não contou a ela?” Dimitri balançou a cabeça.

“Contar o quê?” exigi, colocando as mãos na cintura.

Dimitri me olhou, seu olhar me dizendo para não fazer uma cena, e que ele iria me contar mais tarde sobre isso. “Você foi chamada para ser avaliada. Irei te levar para Billings na terça”

Eu o encarei. “Por que? Que tipo de avaliação é essa?” desde que retornei a St. Vladimir, estive envolvida em uma série de testes para verem se eu ainda era capaz de me formar e de ser boa o suficiente para guardar Lissa. Por causa dos meus treinos extras com Dimitri, da minha ligação e da minha persistência, eu consegui me sair muito bem em todos eles. E é claro, eu tinha passado meus colegas. Fazer um teste já sabendo do meu potencial era uma ofensa – sem querer soar arrogante. ­

“O tipo de avaliação que irá elevar ainda mais o seu status se você for aprovada” respondeu Yuri.

“Yuri tem razão” Dimitri disse. Sua voz se tornou mais suave quando ele viu meu rosto. “Mas não se preocupe. Todos nós sabemos que você irá ser aprovada logo de primeira. Suas notas e seu desempenho no ataque provam isso”

“Enfrentar Boris Metanov será muito mais tranquilo do que enfrentar um trio de Strigoi raivosos” disse Yuri. Senti meu queixo cair.

“O caralho que é!”

Dimitri me lançou um olhar feio, porém simpatizante. Enquanto Yuri apenas limpou a garganta. Mas eu não estava ligando por ter falado um palavrão na frente dos meus professores. Meu choque era grande demais. Eu não seria enviada para um guardião qualquer, mas sim para Boris Metanov. Ele era quase tão foda quanto Arthur Schoenberg, e tinha a reputação de ser rude e exigente. Ele também era o segundo no comando dos guardiões da Corte, sendo mais criterioso que Hans na hora de designar os guardiões para seus respectivos Moroi. Boris analisava atentamente os pontos fracos e fortes de cada guardião. Eu provavelmente seria reduzida a nada nesse teste.

David quebrou o silêncio. “Engraçado, porque nenhum outro novato foi chamado para fazer esse tipo de teste”

“É claro, porque não é todo guardião que terá a honra de proteger a última Dragomir” ele deu um sorriso seco diante da cara de David. “Muito menos um que já matou muito antes de ter se formado”

“Se eles já sabem do estrago que sou capaz de fazer” eu disse, com os dentes trincados. “Por que então me avaliar?”

“Porque a Rainha está interessada em você” Dimitri disse, me deixando mais chocada ainda. Eu poderia dizer que meus olhos estavam prestes a saltar para fora a qualquer momento.

“O que em nome de deus Tatiana quer? Ela já deixou bem claro que estava louca para se livrar de mim”

“Isso foi antes do ataque” falou Dimitri, me lançando aquele olhar para que eu me controlasse e não falasse nenhuma besteira. “Agora ela está interessada. Assim como toda a realeza Moroi” uma nota na voz dele me disse que ele não gostou de toda essa atenção em mim.

“Se me derem licença, preciso checar algumas coisas” Yuri disse. Ele tocou o ombro de David. “E você vem comigo”

Lancei um olhar simpatizante para David enquanto eles se afastavam. Sabia que Yuri iria arrancar dele mais informações sobre a festa de ontem. Mal ele sabia que a próxima festa seria infinitas vezes mais selvagem que essa...

“Venha” Dimitri disse, me trazendo de volta para a realidade. Nos afastamos do bolo de gente, indo em direção a um chafariz que tinha ali perto.

Quando paramos, eu prontamente comecei a falar. “Não acredito que ela está fazendo isso!”

Dimitri como sempre, ficou calmo diante do meu lapso. Eu não entendia como ele conseguia se controlar em momentos como esse. “Ela está curiosa. Apenas isso”

Bufei. “Se fosse apenas isso! Dimitri, ela apresentou a Lissa dois guardiões que irão me substituir. Você acha mesmo que esse teste importa para ela?” eu contei a ele o que tinha visto na cabeça de Lissa hoje de manhã.

Ele me olhou surpreso, e hesitou antes de responder. “Eu acho que ela tem um plano. Se a Rainha ainda não os sancionou, então ela ainda está considerando em te designar para a princesa. Você mesma disse que Hans falou que irá depender das suas notas”

“E se Boris me aprovar, a Rainha desiste dessa ideia maluca?”

Ele assentiu. Alívio me preencheu, até o momento em que me lembrei de outra coisa. “Eu estava na cabeça de Lissa,” eu disse finalmente. Não havia mal em contar isso pra ele. “E.... eu fui expulsa.”

“Expulsa?”

“Yeah... eu estava vendo através dos olhos dela como sempre faço, e então alguma força... eu não sei quem, uma mão invisível me empurrou para fora. Eu nunca senti nada como isso.”

Ele me observou por alguns segundos. “Talvez seja uma nova habilidade do espírito.”

“Talvez. Só que eu estive observando ela com regularidade, e eu nunca vi ela praticar ou sequer considerar nada disso.”

“Mas você uma vez disse que ela conseguia esconder algumas coisas de você” ele disse. “Por que não isso?”

Mordi o lábio. “Yeah, faz sentido.” suspirei. “De qualquer jeito, acho que eu devo ir agora. Você deve estar de serviço”

Ele me lançou um olhar de desculpas. E quando eu estava prestes a me afastar, ele me chamou outra vez.

“Rose?”

Girei bem a tempo de vê-lo tirar dois ovos do bolso do seu casaco. Mas ao contrário dos outros que eu tinha recebido, estes não eram de chocolate. Eram ovos de verdade. Eles estavam pintados, com vários desenhos e em várias cores.

Olhei para Dimitri “Ovos? Sério mesmo?”

Um meio sorriso apareceu em seu rosto. “São de verdade. Fazem parte da tradição”

Ele estendeu a mão, e eu os peguei com cuidado. Nossas mãos se tocaram naquele simples gesto, mas foi o suficiente para aquele toque queimar entre nós. Admirei os detalhes deles, fascinada. “Você que os pintou?” ele assentiu. Segurei o riso. “Você não me parece o tipo artístico, camarada.”

A expressão dele se iluminou e eu vislumbrei algo... ele estava sem jeito? “Bem, eu tentei. Mas se você não gostou –“

Antes que ele pudesse terminar, eu o puxei para um abraço. Só depois que fui notar que estávamos em público, mas não havia muita plateia. E não havia nada demais em abraçar alguém que acabou de te dar um presente. Aquilo era um sinal de educação, mas para nós, aquele abraço significava muito mais. Fui envolvida pelo seu cheiro, e aquela sensação de estar em chamas tomou conta do meu corpo.

Quando eu me afastei, vi que ele tinha sentido a mesma corrente elétrica, aquela mesma conexão que nossas almas partilhavam. Seus olhos brilhavam, e vi seu amor por mim estampados nele. Eu seria a mulher mais feliz do mundo enquanto ele me amasse e me achasse linda.

“Eu amei” falei sorrindo. Ergui um dos ovos que tinha desenhos geométricos. “Amei tanto que me arrependerei de quebra-los para fazer ovo frito”

“Rose, Rose” murmurou, sufocando uma risada. “O que eu vou fazer com você?”

Lancei a ele um dos meus melhores sorrisos. “Eu tenho um monte de ideias em mente.”

***

Lissa e seu grupo tinham retornado da corte real um pouco mais inquietos do que eles tinham chego. Parte do motivo era porque Christian tinha ficado furioso quando descobriu que ela e Avery tinham ido para o churrasco e logo depois, para uma festa. Nessa última, Lissa havia abusado dos Martinis e agora estava sofrendo o que parecia ser uma ressaca. Estar dentro de um avião não ajudava muito.

E é claro, havia Jill. A pobre e jovem Jill. Lissa estava incomodada porque quando Christian decidiu se afastar dela, ele procurou pela companhia de Jill. Lissa não a conhecia muito bem, e as chances de virar amiga dela estavam indo para o ralo. Especialmente porque ela viu o quão bem Christian se dava com Jill. Ele parecia mais à vontade, sem ser antissocial como ele era na maior parte do tempo. Aquele comportamento incomodou Lissa, e ela se viu odiando cada vez mais Jill.

Eu sabia que sentir ciúmes por causa disso era ridículo, porque Christian a amava mais do que qualquer coisa nesse mundo. Mas ele estava precisando respirar e se acalmar, e Lissa parecia não entender isso. Ela também deveria saber que Jill era aluna de Christian, e que não havia nada além de profissionalismo naquela relação.

Quando eles chegaram na Academia, Lissa tentou correr para onde Christian estava, mas Avery a impediu. Lissa lançou um olhar questionador para Avery. Ela apenas balançou a cabeça.

“Não, deixe-o esfriar a cabeça. Se você for atrás, vai ser pior”

Desespero preencheu nossa ligação. “Eu não quero deixa-lo magoado”

“Lazar tem razão” Adrian disse atrás dela. Lissa olhou para ele, e se surpreendeu ao ver que ele segurava uma taça de champanhe cheia. Adrian era o que estava mais bêbado do trio, mas ainda sim muito consciente. Ele apontou para onde Christian e Jill estavam. “Vocês dois estão esquentados. Isso só vai causar mais briga e piorar mais as coisas”

“Eu não quero vê-lo com ela” revelou Lissa, irritada. Adrian soltou uma risada. Lissa se irritou ainda mais. “Isso não teve graça”

“Claro que teve, prima” Adrian ainda sorria e tinha aquele ar divertido. “Porque você está se preocupando com uma coisa besta. O esquentadinho ali só tem olhos para você, e se eu pudesse ler auras nesse momento, te daria um relatório dela. Com certeza ela deve estar brilhando dourado como sempre brilhou quando ele fica perto de você”

Aquela revelação de Adrian melhorou o humor dela, mas nem tanto. Enquanto ela andava pelos corredores de St. Vladimir, ela se perguntava se iria me encontrar por ali. Havia uma guerra de emoções acontecendo dentro dela, tudo por minha causa.

Avery a acompanhou até seu quarto, onde ela ajudou Lissa a colocar sua mala em cima da cama. De repente cansaço pesou em suas costas. “Sinto que vou cair e dormir até descansar totalmente a qualquer momento”

Avery jogou seu cabelo para trás. “Então é melhor você fazer isso agora, porque tenho planos para amanhã”

Lissa se sentou na cama e afofou seu travesseiro. “Hm... amanhã é complicado. Você sabe que eu tenho aula”

O sorriso de Avery sequer vacilou. “Isso são será problema”

“Eu tenho medo do jeito que você fala isso” provocou Lissa com uma risada. “Soa como se você fosse dar um fim nas minhas aulas ou algo do tipo”

Avery lançou um olhar misterioso para ela. “Oh, mas é mais ou menos isso que tenho planejado”

***

Com a programação normal de aulas, eu fiquei longe de Lissa a manhã inteira. Eu estava louca para encontrá-la e dizer que não estava gostando nem um pouco de sua atitude rebelde. E é claro, eu queria ter uma conversa bem séria com Avery, explicando que minha amiga era responsável, não uma Moroi da Realeza que respirava festas e bebidas.

Caminhando para a aula prática, eu acabei me esbarrando em Eddie. Seu rosto se iluminou quando ele me viu.

“Hey, Rose” ele disse com um sorriso. “Como foi seu feriado?”

“Você quer mesmo que eu responda?” perguntei enquanto alongava minhas pernas.

Ele esticou seus braços. “Yeah, acho que você tem razão”

“Agora me responda você” falei, encontrando seu olhar. “Como foi na Corte? E Lissa?”

Ele ficou pensativo por um momento. “Foi bem, mas...” ele me deu um olhar hesitante. “Não sei como vou te dizer isso, mas Rose, acho que Lissa está diferente”

“Indo para todas as festas e bebendo loucamente? Disso eu já sabia”

Havia alívio na expressão de Eddie. Ele estava feliz em saber que não era apenas ele que desaprovava o novo estilo de vida de Lissa. “Mas não é apenas isso, Rose. Ela mais... como posso dizer? Imprudente? Despreocupada? Eu não sei realmente, mas ela não agia assim antes de vocês fugirem. Parece que ela está tentando provar alguma coisa”

“Hathaway! Castile!”

Olhamos para onde Emil estava, e vimos que ele estava irritado por estarmos conversando. Engoli então minha resposta e foquei minha atenção na aula.

Quando o horário do almoço chegou, eu decidi dar uma rápida passada no banheiro para arrumar meu cabelo. Ele estava uma bagunça, e eu tinha perdido meu prendedor em alguma parte do ginásio mais cedo.

E quando entrei no banheiro, eu a vi. Não porque nossa ligação me avisou que ela estava lá antes, mas sim porque seu cabelo loiro prata era fácil de identificar em qualquer lugar. Seu olhos verde jade congelaram quando ela me notou, choque, tristeza e saudades se passaram pela ligação. Nos encaramos. Um impasse.

Então eu quebrei o contato visual e caminhei casualmente até o espelho, que ficava alguns metros de onde ela estava, e comecei a arrumar o meu cabelo. Lissa ainda me encarava, e parecia cada vez mais chocada e na expectativa. Ela achava que eu iria brigar com ela, repreendê-la pelo que ela fez na Corte. Milhões de pensamentos sobre o meu pior passaram em sua mente.

“Então, como foi seu feriado?” perguntei tentando manter minha voz neutra e amigável. Mas Lissa rapidamente captou onde eu queria chegar. “Aposto que diversão de todos os níveis foi o que não faltou, huh? As pessoas devem estar fascinadas com a resistência da princesa Dragomir nas bebidas”

Seu pânico foi sendo substituídos aos poucos pela raiva – que eu notei que vinha da escuridão. Entretanto, sua resposta não veio porque Camille decidiu entrar bem nesse momento no banheiro.

“Oh!” seu rosto estava surpreso, e embaraçado. “Desculpa! Eu não sabia que vocês estavam aqui conversando...”

Sorri. “Não tem problema. Eu já estava de saída mesmo” lancei um último e significativo olhar para Lissa e saí, prontamente bloqueando seus sentimentos. Eu não queria saber deles.

Passei as outras aulas na companhia de David, Jared e Rodney. Lissa estava do outro lado da sala, sentada ao lado de Brenda Tarus e Samantha Szelsky. Ela folheava um livro sobre a história dos EUA, mas seu interesse não estava nem naquelas folhas nem no que Samantha e Brenda conversavam. Ele estava em mim, e ela tinha medo de me encarar diretamente. Pelo laço, eu senti que ela tinha cada vez mais vontade de conversar comigo, mas o medo de que eu a desprezasse a impediam. Isso a estava consumindo, e aumentando sua depressão.

Ficamos travadas nessa o restante do dia, eu comecei a me sentir desgastada. Não apenas por causa dos meus sentimentos, mas também pelos delas e por aquela escuridão que eles produziam.

E para piorar mais as coisas, Dimitri cancelou nosso treino porque precisava ir a uma reunião. Senti como se meu oxigênio tivesse sido cortado. Estar com ele era a única maneira de esquecer todos os meus problemas por pelo menos algumas horas – mesmo que estivéssemos treinando pesado. Não importava se fosse com palavras e gestos reconfortantes, e até mesmo olhares. Só a presença dele ali, parado a pouco metros de mim, já me acalmava.

Sem opções, acabei por ficar no quarto. Se vagasse pelo campus, seria bombardeada com os olhares curiosos dos estudantes que se perguntavam o porquê de eu não estar mais andando com Lissa. Eu não estava com saco para lidar com isso.

Entretanto, isso não significava que eu não manteria um olho nela. Entrei em sua cabeça, e me arrependi amargamente por ter feito isso.

Porque ela estava em outra festa junto com Avery.

“Observe” avisou Avery com um olhar divertido.

“Observar o que?” perguntou Lissa, olhando ao redor. O lugar em que elas estavam estava cheio de luzes piscantes e som alto. E uma grande massa, não só composta por Moroi da realeza- mas também por dhampirs e Moroi comuns, enchia o lugar. Deveria ser um dos prédios antigos e abandonados da Academia para comportar tanta gente, ou o anfitrião conseguiu permissão para realizar essa festa, o que era impossível.

O barulho de água, porém, denunciou o local: Era a cobertura onde a piscina ficava. E isso não era comparado a próxima revelação: o anfitrião era Kevin Drozdov. David não estava mentido quando disse que essa festa iria ser a festa.

Mas... como os guardiões não descobriram? O barulho era ensurdecedor, especialmente porque um cara Moroi tinha uma guitarra e estava tentando impressionar as garotas com suas habilidades musicais – que não existiam. Na verdade, a música dele era tão horrível que ele pode ter descoberto um novo jeito de matar Strigoi. Mas ele era fofo o bastante para suas admiradoras não parecerem se importar com o jeito que ele tocava.

“Isso,” disse Avery apontando para o Martini de Lissa. “Você está contando quantos deles está tomando?”

“Não”

Aquilo arrancou uma risada de Adrian. Ele estava esticado numa cadeira ali perto, um drink em sua própria mão. “Vá com calma, prima.” Ele disse. “Você ainda tem uma semana inteira pela frente”

Lissa se sentia um pouco amadora comparada a eles. Enquanto Avery ainda era sua selvagem flertadora, ela não tinha o ar louco ou idiota de alguém completamente acabado. Lissa não sabia o quanto as outras garotas tinham bebido, mas era presumivelmente muito já que Avery sempre tinha um drink na mão. Igualmente, Adrian nunca parecia estar sem bebida, os efeitos dos quais na maior parte o suavizavam. Lissa supôs que eles tinham muito mais experiência que ela. Ela ficou mole com o passar dos anos.

“Estou bem,” mentiu Lissa, que estava vendo seus arredores girarem um pouco e estava seriamente contemplando umas garotas dançando em uma mesa que plástico que tinham jogado dentro da piscina.

Os lábios de Avery se torceram num sorriso, embora os olhos dela tenham mostrado um pouco de preocupação. “Claro. Só não fique enjoada nem nada assim. Esse tipo de coisa se espalha, e a última coisa que nós precisamos é todo mundo saber que a garota Dragomir não aguenta beber. Sua família tem uma poderosa reputação para manter.”

Lissa bebeu mais. “De alguma forma, eu duvido que consumo de álcool seja parte da família dos meus ilustres antepassados.”

“Isso não importa” Adrian disse, lançando um olhar penetrante para ela. “Mas se quiser saber o que eu penso disso tudo, eu vou dizer: acho que você deveria parar aí. Seu organismo já está saturado de bebidas por hoje”

“Adrian, essa não é a hora para bancar o papai” Avery disse, empurrando-o e sentando-se ao seu lado. Ela lançou um sorriso sarcástico para Lissa. “A não ser é claro, que você queira perder todo o controle e apagar”

Lissa encarou seu copo, pensativa. Ela deveria parar? Uma parte dela, a responsável, estava dizendo a ela que ela deveria parar. Enquanto a outra mandava ela continuar porque perder o controle seria a solução para seus problemas, e também provar para Avery e Adrian quem tinha estômago fraco ali.

“Fico com a segunda opção” ela disse, tomando metade do copo. Avery apenas sorria, orgulhosa de sua pupila.

Eu imediatamente voltei para a minha cabeça e praticamente marchei até minha porta. Meu autocontrole tinha evaporado, e cara, eu estava furiosa. O que Lissa tinha na cabeça? Aquilo não era ela, e eu estava indo lá para tirá-la daquele estado e evitar que ela acabasse se metendo em confusão. E é claro, eu ia ensinar a Avery Lazar o verdadeiro significado de apagar.

Eu estava tão furiosa que nem prestei atenção em nada e esbarrei em um Moroi que caminhava na direção contrária a minha. Fiquei surpresa ao ver que era Christian.

“O que você está fazendo aqui?” perguntei, minha voz saindo grossa e exigente. Aquilo rendeu um brilho em seus olhos azuis.

“Estava voltando da aula prática com Jill. Nós tivemos que mudar de cômodo” explicou, cruzando os braços na defensiva. “E você, onde está indo?”

“Acabar com a farra de alguns” eu nem precisei abrir a boca para dizer a ele que Lissa estava lá e que era ela o motivo da minha ira. Minha expressão entregou isso.

“Vou com você” ele disse bruscamente. Lancei a ele um olhar de aviso.

“Não importa o que acontecer, guarde os sermões para mais tarde. Nós precisamos tirá-la de lá”

Ele bufou, acelerando o passo para me acompanhar. “Eu sei Rose. O que te faz pensar que vou causar uma cena?”

Limitei um olhar. “Simples, porque você é Christian Ozera”

Nós chegamos no prédio alguns minutos depois, e me surpreendi ao não ouvir nada. Era estranho, porque quando estive na cabeça de Lissa o barulho era demais. Passamos por dois estudantes que estavam perto da porta – vigiando- a caso os guardiões aparecessem. Em seguida, passamos por um curto corredor e encontramos uma porta dupla. Novamente, havia novatos guardando as portas. Isso me lembrou seguranças controlando o fluxo de pessoas que entravam e saiam das danceterias.

Eles ficaram surpresos com a nossa chegada, mas não falaram nada. E quando as portas se abriram, fomos envolvidos por todo aquele barulho e cheiro de suor e bebidas. Pelo canto do outro, encontrei quatro barris de cerveja, com um Moroi servindo alguns dos convidados. Do outro lado, reconheci David e Rodney. Os dois estavam em uma partida apertada de cerveja-pong.

A expressão de David rapidamente se iluminou quando me viu ali. Ele correu até onde estávamos “Rose! Você veio!”

Gesticulei ao redor. “O que realmente está acontecendo aqui? Por que não conseguimos ouvir o barulho lá fora? Vocês ao menos se perguntaram o que os guardiões vão fazer se-“

“Eles não vão nos encontrar aqui” havia um sorriso misterioso em seu rosto. Eu não gostei. “Kevin usou magia para... como eu posso dizer? Acho que a explicação mais próxima seria um feitiço que fez as paredes barrarem o som”

“Como isso é possível?”

“Me diga você, Rose” um Moroi quase se esbarrou nele. Ele já estava muito bêbado. “Magia ofensiva e truques podem ser proibidos. Mas ninguém tirou os antigos livros que ensinavam esse tipo de mágica. Eles ainda estão na biblioteca”

“Jesus Cristo” murmurei, colocando a mão na testa. “Vocês definitivamente passaram dos limites!”

David me encarou como se eu tivesse três cabeças. “Por que você diz isso? Que eu me lembre, você amava toda essa animação”

“É, ela amava” intrometeu Christian, se colocando na minha frente. “Até perceber que isso é irresponsável. E se nos der licença, temos um serviço para acabar”

Nos afastamos, ignorando os pedidos insistentes de David para que ficássemos lá.

“Eles estão do outro lado do salão” falei para Christian.

Ele assentiu. “Yeah, eu sei. Eu meio que acabei de ver Adrian dançando agarradinho com umas garotas”

Nós atravessamos a multidão, tomando cuidado para não se esbarrar nas pessoas. Mas era impossível. Uma música eletrônica enchia o salão, e todos estavam dançando da melhor maneira que conseguiam. Sem querer, eu acabei derrubando um copo de bebida de um cara dhampir – que desistiu de brigar comigo depois que viu minha expressão. Uma Moroi tinha acabado de vomitar bem ao lado de Christian, acertando um pouco daquilo em seus sapatos.

Lissa estava na beira da piscina, tirando seus saltos – não precisava ler a mente dela para saber suas intenções. As garotas que dançavam em cima da mesa a olhavam em expectativa.

“Eu se fosse você nem pensaria em fazer isso” avisei, parando bem atrás dela.

As mãos de Lissa congelaram, e senti seus olhos se arregalarem. Devagar, ela girou para nos encarar. Seu rosto estava pálido, e se tornou mais ainda quando ela viu Christian parado do meu lado. O álcool podia entorpecer seus sentidos e o laço, mas eu consegui sentir seu medo aumentando cada vez mais, porque agora ela tinha certeza que Christian estava mais aborrecido com ela do que antes. Eu não fiquei com pena, porque sabia que ele tinha bons motivos para agir assim. Eu também estava brava com ela.

“O que vocês estão fazendo aqui?” perguntou ela, com as mãos agarradas no sapato que ela acabara de tirar.

Dei dois passos para frente e agarrei seu braço. “Estamos aqui para levar você de volta antes que você invente de fazer mais coisas estúpidas”

Seus olhos faiscaram em raiva e ultraje. Ela tentou se soltar. “Não estou fazendo nada estúpido!”

“Na verdade, você está sim” Christian disse, apontando para a piscina. Ele não se preocupou em esconder seu nojo e desaprovação. “E estava prestes a fazer algo mais estúpido ainda”

Aquilo foi como um balde de água fria jogado na cara dela. E apenas a irritou mais ainda. “Quem vocês pensam que são para me forçarem a sair daqui? Eu já não disse que não preciso de nenhuma maldita babá?” ela praticamente gritou as últimas palavras.

Atirei um dos meus olhares mais feios para ela, para deixar claro que aquela birra só estava piorando as coisas. E que eu não iria ceder. “Do jeito que você está se comportando, daqui a pouco você terá mais do que duas babás no seu pé”

Ela estava prestes a me responder quando Avery apareceu em seu socorro. Ela tinha aquele sorriso ridículo estampado em seu rosto, mas havia preocupação em seus olhos. “Christian! Rose! Mas que ótimo vocês estarem aqui para se juntarem conosco!”

Ela era cega por não perceber que a minha cara e a de Christian não demonstravam nenhuma intensão de se juntar a eles? O álcool a tinha deixado mais retardada do que o usual?

Ela abriu a boca para continuar falando, e ergui a mão livre. “Não, melhor nem terminar o convite. Nós estamos de saída, então acho melhor você dar meia volta e voltar a flertar com aqueles caras Moroi”

Aquilo aborreceu Avery. “Você não acha que ela tem o direito de estar aqui? Não pode arrastá-la de volta contra a sua vontade!”

Eu abri um sorriso sarcástico. “Sou a guardiã dela. Meu dever é evitar que ela corra perigo e faça alguma besteira”

“E desde quando se divertir é algo ruim?”

Aquela garota estava testando meu limite? Minha paciência estava acabando, e a escuridão estava apenas aumentando cada vez mais. Se ela continuasse me provocando, eu poderia acabar fazendo algo que faria o pai dela me expulsar da escola.

“Avery tem razão!” exclamou Lissa do meu lado. Seu olhar caiu em mim. “Desde quando se divertir é crime?”

“Está vendo?” disse Avery satisfeita. Eu queria socar seu rosto.

Soltei o braço de Lissa. “Ótimo. Quem sabe se eu não te jogar dentro daquela piscina você não volta recobrar seu juízo” isso é, se ela tivesse algum.

“Rose!”

Um lampejo de medo apareceu nos olhos de Avery. Ela estava prestes a falar quando escutamos os gritos. Eu congelei, e vi caras vestidos de preto entrando. Guardiões.

Merda.

Era o que faltava para completar a noite! Meu corpo entrou em modo alerta e comecei desesperadamente a procurar uma saída. Nem morta que iria deixar eles nos pegarem aqui.

“Saia da frente!” Exclamei, empurrando Avery para o lado e puxando Lissa comigo. Ela cambaleou, mas logo seus passos ficaram firmes. Eu sabia que ela estava quase tão desesperada quanto eu para sair dali.

“Tem uma porta bem ali!” Christian fez sinal para que o seguíssemos. Apressei o passo, e estava prestes a dar um suspiro de alívio quando a porta se abriu. Três guardiões estavam parados na entrada, suas expressões furiosas. Mas não foi isso que acabou me paralisando. Foi a figura mais alta que estava no meio.

Era Dimitri.

#### EDIT ####

É, eu disse que não escreveria mais fanfic depois de WI, BUT estou sendo Co de uma com a LittleR!

Ela será narrada apenas no POV do Dimitri. E por ser bem complexo, nós decidimos postar uma prévia dela! Para quem quiser ler, abaixo tem o link! Será um final alternativo de Spirit Bound!

Espero que gostem! E se puderem, contem pra gente o que acharam! Precisamos saber se estamos conseguindo escrever no POV dele, mantendo sua personalidade! 

Link: http://fanfiction.com.br/historia/389142/The_Broken_Soul/


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Notas finais do capítulo

Er.... sei que não deveria ter parado aí. Mas tem que ter um suspense de vez em quando, certo?

Vocês perceberam que esse capítulo foi mais focado na Lissa (que está bem bipolar por sinal...) e na Avery, né? É que como já estamos no final, eu tinha que focar nelas e preparar o golpe final da Avery. A Rose já está vendo quem a Avery realmente é, e o Adrian será o próximo.

Vocês agora devem estar pensando se eu irei f**** com Romitri, se a Avery está envolvida nisso, e se a Lissa trairá o Christian. Meu comentário sobre isso: vocês não sabem de nada e eu estou amando saber disso hahaha *risada maligna*.

Eu ficaria MUITO feliz se vocês pudessem me contar o que acharam desse capítulo! Sei que vocês não gostaram muito por causa da Avery e da Lissa (acreditem, eu também odeio as duas), mas por favor me contem! Aceito sugestão e adoraria saber o que vocês acham que vai acontecer!

E por falar em comentários, eu queria novamente agradecer vocês por tudo! Sério, eu fico tão feliz quando leio os comentários de vocês!! Saber se vocês estão gostando ou não e suas teorias me animam!! ♥ ♥ Vocês também são tão fofos com os apelidos que tem dias que chego a lagrimar aqui quando leio *------* ♥ ♥ Sentirei MUITA falta disso quando a fic acabar =( sério mesmo gente!!

É, essa é a má noticia... terminei o cronograma essa semana, decidindo que a fanfic irá até o capítulo 13 e terá um epílogo. Ou seja, mais três capítulos e a fanfic que mais amei escrever acaba =( Não quero nem comentar a sensação de vazio que já está me tomando... deixarei isso para o epílogo (sim, eu ODEIO pensar em coisas tristes ughhh)

Se mais alguém quiser recomendar a fic, acho que essa é a hora (se estivermos merecendo, é claro! Sem pressão gente!)! O mesmo se aplica para aqueles fantasminhas que leem mas não falam nada :3 vou repetir o que disse anteriormente: eu não mordo! E podem apostar que vou amar saber da opinião de vocês também ;)

Bom, acho que é isso! Eu postaria spoiler do próximo, mas eu nem comecei a escrevê-lo hahahaha sorry guys!

Obrigada por tudo pessoa!!! ♥ ♥

Beijos ;*

— Anita H.