Blackout {hiatus} escrita por Santana


Capítulo 2
Contato Direto


Notas iniciais do capítulo

Tá aí o prímeiro capítulo
^-^



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Dylan tinha uma pele tão pálida que chegava a ser quase doentia.

Já me peguei pensando várias vezes se seria capaz de enxergar através dele se eu me concentrasse bastante, mas cheguei a conclusão de que isso não seria possível, afinal eu nuca me concentrava, tipo agora.

Eu estava mordiscando o bocal da minha caneta quando o professor acabou a aula. Mas eu estava tão afim de levantar quanto queria parar de olhar para as costas do Dylan.

Tínhamos algumas matérias juntas já que o cara cursava Relações Públicas e eu Jornalismo, de modo que eu poderia me dar ao luxo de ficar tentando descobrir se era realmente possível enxergar através dele.

– Acho que alguém precisa de um balde.

– Ronald, não enche, por favor. – rolei os olhos, me encolhendo ainda mais na carteira.

– A aula acabou, a gente tem meia hora e você vai desperdiçar aí, largada na carteira olhando...

– Que saco, Ronald, pega a minha bolsa, vai – o interrompi.

Ronald era um dos meus melhores amigos.

‘Tá ok. Um dos meus únicos dois melhores amigos.

Eu costumava não ser um tipo de pessoa a se fazer amizade pelos cantos da Universidade, porque a maioria delas eram erradas e fúteis. Ronald me pareceu a única forma de vida orgânica parecida comigo o suficiente para me acompanhar pelo campus e falar mal das pessoas e, é claro, me ouvir falar sobre a minha super-discreta-relação com Dylan Thorne. É sério, quando uso o termo “super-discreta-relação” não é ironia.

Ronald carregou minha bolsa e seguiu sala a fora, me fazendo o acompanhar com meu caminhar desengonçado para o refeitório da universidade. Não que algum de nós dois estivesse com fome, mas era lá que a massa universitária se reunia quando não tinham absolutamente nada para fazer a não ser esperar a próxima aula.

Foi então que esbarrei contra a muralha da China e quase fui lançada para trás. Quase porque a pessoa me segurou pelos ombros, me impedindo de pagar o maior mico do século.

– Julia, você não pode andar por aí pensando na morte da bezerra.

O som daquela voz chegando aos meus ouvidos foi o bastante para fazer com que eu me afastasse rapidamente. “Não quero nenhum contato direto com ele.” Pensei.

– Desculpe – pedi sem olha-lo pronta para voltar a seguir Ronald, já o perdendo de vista. As mãos de Dylan me seguraram novamente pelo ombro impedindo minha fuga.

– O que você tem? – ele perguntou – Está me evitando há uma semana. Eu sei que você está me ignorando, tá legal?

Ainda sem encara-lo permaneci muda. Ótimo. Se ele sabia que eu estava o ignorando porque não me deixava em paz?

– Dá pra você olhar pra mim? – ele pediu baixo – Não é como se eu fosse te agarrar aqui no corredor, ok?

– Ok. – respondi, agora mirando os seus olhos castanhos. – Dylan... eu...

Parei de falar instintivamente quando encontrei o véu de confusão que forrava o seu olhar. Os cabelos negros de Dylan estavam cobertos pela touca, de modo que apenas alguns fios ficassem para fora do pano caindo na testa. A bochecha rosada se destacava no seu rosto pálido de aparência quase doentia, quase me permiti toca-las para ver se estavam quentes, mas me concentrei em meu pensamento.

Nenhum contato direto.

– Você poderia me soltar?

Ele comprimiu os lábios em um linha fina por alguns poucos segundos antes de me soltar, em compensação deu dois passos para frente quase colando nossos corpos me causando um choque térmico por seu corpo estar irradiando um ar tão quente e o meu, mesmo por trás das roupas, tão gelado.

De nervoso.

– É que tipo, não precisa trancar a porta do seu quarto, tá legal? Não é como se eu fosse um maníaco sexual há vários dias sem transar louco por sexo, eu só...

Dylan pareceu ainda mais adorável com as mãos dentro do casaco jeans e as íris castanhas fugindo das minhas azuis. Segurei um riso maroto vendo a sua confusão, mas era necessário que não tivéssemos contato direto.

Era perigoso demais para a nossa sanidade.

– Eu achei melhor que parássemos – confessei – não é saudável.

O garoto virou as íris para mim com o olhar ainda mais confuso e desolado. A indignação transparecendo em suas feições.

Ele pareceu querer falar alguma coisa mas engoliu as palavras. Se afastou de mim parecendo angustiado e me falou com o que se parecia um pouco com dor em sua voz:

– Ótimo. Manterei distância.

– Ótimo.

Dylan me deu as costas marchando no sentindo contrário.

Dessa vez, não perdi tempo encarando as suas costas.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram?
beijo