Os Poderes Perdidos escrita por Erick Griffin


Capítulo 16
Capítulo 16: Atena reúne uma equipe de resgate




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ÓTIMO, AGORA estava desmaiado, por uma fumaça! Covardia da parte de Hades, eu não tinha como lutar contra aquilo, e era exatamente a intenção dele com isso. E, desse jeito, não podia esperar coisa diferente. Sonhos.

         A minha antiga prisão, sob a luz do luar. Cerca de quatro meninos e 6 meninas estavam  sentados, escorados nas cabanas e suados. Mas uma das garotas parecia inquieta, ela andava de um lado para o outro praguejando entre os dentes.

         – Não está errado! Eu tenho certeza de que era aqui! – ela para embaixo da luz de um dos postes inteiros e consigo ver seu rosto. Cabelos extremamente pretos e lisos desciam até o meio de suas costas onde paravam em cima de um desenho em sua armadura de couro. Olhos róseos e orientais e boca da mesma cor que expressavam extremo pavor e desespero. Ela é bonita e encantadora, chego a entristecer com sua frustração como se aquilo me atingisse. – O endereço está certo! Eu tenho certeza!

         – Calma, Nak. Você deve ter se enganado – diz um menino alto e forte de cabelos militares – Ele está bem, está vivo.

         – Não, Jake, ela disse que era aqui! – pondera ela e lagrimas escorrem de seus olhos.

         – Ela pode ter se enganado. Ou eles fugiram.

         – Ei, maninha, está tudo bem – disse um garoto que estava completamente no escuro, impedindo–me de ver seu rosto.

         – E se... Argh! Eu não  quero nem pensar. Onde eles estão? – grita a menina aos céus – Você me disse que estariam aqui! Você mentiu.

         – Eles estavam aqui – a voz calma de Atena assusta a todos que não haviam notado sua presença atrás deles, ou ela simplesmente não estava lá. – Trocaram o acampamento de lugar, saíram daqui. Não sei como, mas eles descobriram que estávamos a caminho.

         – Pra onde eles foram? – interroga Nak – Por favor.

         – Desculpe querida, mas, como sabe, a lei feita por Lord. Zeus designa que os deuses não devem interferir na vida dos demais habitantes do mundo. Já fiz demais lhes dizendo o local que estamos agora, mas não posso ajudar.

         Ela cobre o rosto com o capuz preto e caminha sumindo na noite deixando apenas o eco de seus passos na escuridão.

         – O que faremos agora? Para onde vamos? – disse Jake

         – Eu não sei – respondi Nak – Não tenho nenhum palpite. Quando conseguimos, quando finalmente conseguimos reconstruir o acampamento, quando íamos ter paz ele desaparece, e agora, tem mais de 70% chances de estar morto!

         – Vamos ficar aqui – decide Jake – Vamos esperar qualquer coisa.

         A visão se desfaz e acordo com Selina me puxando pela algema, tentando me arrastar piso a fora. Ela está virada para porta. Cabelos presos em uma trança para a direita e a mesma camiseta vermelha com os jeans azuis claros de ontem. Minha cabeça dói, meus olhos ardem e meu corpo está dividido igualmente entre: músculos rígidos e músculos moles.

         – Wow, dá pra parar com isso – disse a ela. Ela para e se senta ao meu lado dizendo que chegou a pensar que eu estava morto, porque tentou me acordar de todas as maneiras possíveis e eu continuei desacordado.

         Levantei. Me sentei no chão mesmo já que não tinha nada lá  dentro. Olhei em volta, não se parecia com uma cabana, muito menos com uma casa, está aberto em cima, de modo que sei que ninguém deve, de fato, dormir ali.

         – Onde estamos? – perguntei

         – Não sei, você não me deixou ver.

         – Eu tava ocupado demais tendo umas visões – disse

         – Que tipo de visões?

         – Não quero falar sobre isso agora. Onde está Pedro?

         – Não sei, ele não amanheceu aqui. O que é melhor para nós. – ela fez uma breve pausa – Talvez ainda esteja mantendo o disfarce da perna machucada.

         – É, talvez.

         Depois recuperar metade do meu animo e disposição usual, levantei e caminhei até a porta. O que vejo me assusta. Não sei o que eu esperava. Um gramado verde e brilhante, talvez. Ou um campo florido, bosques. Eu esperava de tudo menos a entrada de uma caverna. Olhei para trás, o local onde eu acordei não passava de um tipo de ruína. A caverna é simplesmente enorme, alta excessivamente e larga da mesma maneira. Cheguei a me perguntar o porque de tanto espaço, já que parecia completamente abandonado e vazio.

         – Onde acha que os outros estão? – perguntei

         – Entraram? – sugeriu ela. Resolvemos primeiro olhar em volta. Caminhei em volta da ruína onde estávamos, mas nada me chamou a atenção. Andamos até dar de cara com uma montanha, nenhuma saída, nada alem da caverna. Logo que pus os pés dentro do local já me percorre um calafrio da cabeça aos pés. As paredes úmidas e extremamente escuras. Griffin ecoa uma voz suave e rígida por toda a imensidão do local. Parei de imediato e olhei em volta, procurando a fonte da voz, mas, como imaginei nada aconteceu. Era apenas a morte clamando meu nome. – O que foi?

         – Nada, eu só... deixa pra lá.

         Conforme adentramos na caverna esta se tornava mais escura o que nos fez ter a necessidade de algum tipo de luz. Eu tirei Omega da bainha, ela brilhou em meio a escuridão e pesou mais do que o normal em meu braço ainda rígido e quase imóvel. Selina e eu nos assustamos frequentemente com insetos ou até mesmos alguns morcegos que abato facilmente com minha lamina. Tudo está indo bem até nos depararmos com 2 pessoas correndo, sangue saindo de ferimentos e uma delas chega a mancar. Selina as avista primeiro, o que é bom, já que me impede de esfaqueá-los. Nos aproximamos dizendo que está tudo bem, mas eles hesitam em parar. O primeiro jovem para e puxa o segundo – que descubro ser A segunda – dizendo que está tudo bem.

         – Oh, puxa – Selina exclamou olhando o braço da garota azul que iluminei com Omega. – O que te fez isso?

         – Não sabemos – David tentou explicar – Apenas caminhávamos pela caverna, a única saída que tivemos do canto em que acordamos.

         – Está me dizendo que estamos sendo atacados pela escuridão? – perguntei agradecendo mentalmente por ter Omega comigo.

         – Não tínhamos nenhuma luz – resmungou a garota – Corremos no escuro e fomos atacados.

         – Quanto ao outro azul? – Selina perguntou e David balançou a cabeça em discordância levemente. – Precisamos limpar os ferimentos – ela puxou a manga da garota até a brecha da ombreira de couro. O ferimento era feio, como se tivessem arrancado um pedaço de carne dela. David forneceu um pedaço do tecido azul de sua camiseta para estancar o sangue. Selina amarrou o tecido com força em volta do braço e aconselhou a menina a não mover o braço bruscamente. Ela realizou um tipo de primeiro socorro, mas parecia desconfortável, como sempre, ela tentou manter a postura de corajosa, sem demonstrar fraquezas. Os outros pareceram até acreditar mas para mim, ela estava muito nervosa. – Precisamos de mais luz, sua espada não vai ser o suficiente para quatro pessoas.

         – Tente a sua – disse a ela, afinal, a coruja dela também é mágica, de forma que acredito que possa “brilhar como a minha”, mas a luz produzida pela espada dela não é o suficiente, mas mesmo assim, passamos ela a David que vai ficar com a retaguarda. Eu assumiria esse posto, mas Selina vai ficar na dianteira e não posso me afastar dela. Literalmente.

         Seguimos viagem, em alguns momentos Selina parava de repente e me perguntei se ela estava escutando a mesma voz que ouvi mais cedo, mas preferi acreditar que estava apenas analisando o lugar. O fato de ter David na retaguarda não foi uma boa ideia, já que ele é o mais medroso do grupo que não tira os olhos de nós, e o trabalho dele seria cuidar de qualquer coisa que fosse nos atingir pelas costas. Me aproximei de Selina levemente e quase a matei de susto quando sussurrei:

         – Preciso ir para a retaguarda.

         Ela me olhou e depois olhou para a algema. A ideia de ficar sozinho na retaguarda não me agradou, mas a ideia de ficar desprotegido com o primo medroso – mais uma pessoa da família que deveria proteger – na retaguarda não é nada melhor.

         – Não é uma boa ideia, Erick. Não sabemos o que tem por vir ainda.

         – Se formos para a retaguarda, te conto minha visão.

         – Azuis tomem a dianteira. Sigam em frente até o fim da linha.

         Caminhamos, eu e Selina, um de costas para o outro, revezando nas olhadas para trás. Vou contando pra ela a visão, tudo. Detalhe por detalhe. Quando cheguei na aparição de Atena, senti uma ponta de inveja. Atena reuniu uma equipe de resgate, por mim é que não era. Era por Selina. Ares com sua penca de filhos não mexeu um pauzinho sequer para me salvar.

         – Isso é estranho – ela diz – A menina que você viu provavelmente era Nakamura. Isso se encaixa. Lembra do Dean? O menino da arvore. Ele era namorado dela, ela é filha de Afrodite. Ele era filho de Poseidon. Ela estava procurando por ele. Coitada!

         – E quanto aos outros?

         – Eu não sei, provavelmente eles foram escolhidos por ela para sair pra missão. Geralmente são só 3, no máximo 5 pessoas. mas uma missão importante como essa, que consiste em salvar o Príncipe Mestiço das garras de Hades, ditada pela própria deusa da sabedoria abriria com certeza uma exceção.

         Nos viramos, agora eu estou de costas para os outros enquanto Selina cuida da frente, afastada, mas melhor que David com certeza.

         – É, mas você sabe que Atena não entrou nessa por mim. Ela sequer aparece para mim ou algo assim.

         – Nossa, Príncipe, que egoísmo! Você já tem Lord. Zeus e o deus da guerra, podia deixar Atena pra mim!

         Eu me permiti rir, o que fez David e a Azul virarem para nós com olhares perdidos. Logo depois de não falarmos nada, eles retomaram a posição e seguiram caminho.

         – Isso me incomoda – digo

         – O que? – questionou Selina. Nós viramos ficando ela de costas e eu de frente – A piada?

         – Não, é bom rir um pouco. – umedeci os lábios. Eu não falei sobre isso com ninguém desde que fiquei sabendo. Sequer me permiti pensar sobre o assunto, mas não poderia adiar muito mais que isso. E Selina é uma pessoa que posso confiar. – O negocio de eu ser o príncipe.

         – Por que?

         – Por que? Eu sou perseguido por isso!

         – Todos os mestiços são perseguidos, Griffin. Uns mais outros menos – nós viramos de novo – A vida normal não é uma opção.

         – Mas e depois. Quando isso acabar, posso voltar a ser normal.

         – Você nunca vai voltar a ser normal. Depois que você é um semideus, nada pode trazer sua vida de volta.

         Aquilo me silenciou. Por um momento eu comparei nossas vidas. Meu pai não está nem aí pra mim, a mãe dela também não. Minha mãe junto comigo sempre. O pai dela não. Eu nunca tive um padrasto, ela teve e a mulher morreu por sua causa. Eu vivi a vida inteira no apartamento, ela fugindo de monstros. A ultima frase dela ainda ficou na minha cabeça. Ela é um exemplo vivo. Depois de ser semideusa ela nunca terá de volta sua madrasta, que morreu em função disso.

No inicio, eu estava gostando disso. De ser um mestiço. De poder ter mesmo as aventuras que lia nos livros de mitologia. Mas agora, sei que não é assim. Que é muito pior do que eu pensava.

         – Olhem isso – disse David com a voz tremula. – Para onde vamos?

         Três caminhos. Três tuneis. Grandes. Olhei para cima por acaso e vi as escritas, em grego antigo. Levantei Omega para ver melhor, e até mesmo ler.

         – Aquele que ousa o senhor dos mortos desafiar... – estreito os olhos, mas continua difícil de ler – A morte espera você nos ombros dos aspar... – me interrompo porque ia dizer aspargos.

         – Aquele que o senhor dos mortos desafia, perde a vida aos poucos e a alegria. O ultimo a morrer e o primeiro a gritar, na lava de perda dos amigos sofrerá – Selina fala, como se fosse tudo muito fácil.

         Griffin ecoa em minha cabeça de novo, seguido de uma risada.

         A visão. O aviso. O sussurro. A risada.

         Tudo significa uma coisa: se Hades não me matar hoje, ele vai acabar com todos os outros. 


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