Esmeralda volta para o laboratório rezando para que ela não fosse o assunto na sala; (bom ela não apenas foi o assunto na sua sala... Mas também na escola inteira).

Bateu na porta e esperou uma autorização do professor para entrar. Com um aceno de cabeça, ela recebeu a autorização e ela caminhou em direção a bancada cujo acidente havia ocorrido minutos atrás. Morrendo de vergonha e olhando fixamente para o chão, Esmeralda se sentou. O professor havia limpado a sujeira, permitindo que a bancada pudesse ser usada novamente para se trabalhar.

Quando ela se acomodou no banco, o professor pediu para que os alunos continuassem os estudos com as orientações que ela havia passado e foi em direção a Esmeralda para conversar e para passar o conteúdo da aula que a mesma havia perdido.

– E então Esmeralda, você esta bem? Achei que não voltaria para aula.

– Ah estou bem professor obrigada. Fique com um pouco de tontura por causa do cheiro forte e ardência nos olhos, mas joguei bastante água no rosto e já não arde mais, estou bem é sério! – Falou divertida tranqüilizando o professor.

– Bom se você se sentir mal me avise sim! Agora vou te passar a aula.

Esmeralda concordou e começou a prestar atenção nas explicações dadas pelo professor. Ao término da explicação o professor se voltou para a garota se lembrando de algo...

– Ei Esmeralda, onde está Ikki? Ele saiu correndo atrás de você, achei que voltariam juntos?!

Nesse momento os alunos pararam para prestar mais atenção no “desfecho” daquela conversa. Teriam ouvido bem?! Ikki foi atrás de uma garota como Esmeralda?!... Muitas idéias passaram pela cabeça de todos, porém Esmeralda voltou sozinha do banheiro, logo, Ikki não poderia ter ido atrás dela, ou melhor, ele até poderia ter ido, eles viram quando ele a seguiu quando ela saiu correndo do laboratório, mas não permaneceu com ela e tão pouco a ajudou, talvez tenha usado isso de desculpa para fugir da aula.

Alguns minutos se passaram, e Ikki retorna para o laboratório o que chamou a atenção não apenas do professor, mas de todos, afinal já que ele havia conseguido escapar, por que voltar para aula?! Havia algo errado no ar, e isso não passou despercebido pelas garotas.

–Entre Ikki e volte para o lugar no qual eu te coloquei no início da aula. – Falou rápido o professor antes que o aluno mudasse de idéia.

Ikki se sentou novamente perto de Esmeralda que permaneceu parada, quase sem respirar.

– Prometo não explodir mais nada dessa vez. – Falou Ikki em tom divertido fazendo Esmeralda abrir um pequeno sorriso no qual Ikki a acompanhou.

A aula seguiu bem até o final. Ikki e Esmeralda eram o centro das atenções. Sem que eles percebessem eram seguidos pelos olhares curiosos dos colegas que assistiam a tudo sem entender nada. Sim Ikki daria algumas explicações mais tarde.

Enquanto isso, Shun e June se davam bem até de mais. Para ele a aula não poderia ter sido melhor, ficou sentado durante uma hora inteira ao lado de June e com total privacidade, já que depois da confusão, todos estavam ocupados prestando atenção no seu irmão.

Correu seus olhos pela loira e guardou todos os detalhes, os longos cabelos e os olhos claros. O perfume que ela tinha o deixava hipnotizado. Durante essa avaliação ele também pode notar que ela juntamente com o resto da sala, também estava perdida com o olhar voltado para Ikki, o que deixou Shun chateado, mas não a ponto de parar com a admiração.

A observou por toda a aula até o momento que o sinal tocou indicando o término da mesma.

Ao fim da aula Ikki se levantou de um pulo e saiu do laboratório com certa pressa sem nem olhar para Esmeralda, e foi seguido por algumas garotas (inclusive June) e por seus colegas.

Shun que também ficou sem sua companhia, andou em direção a Esmeralda para conversar com a amiga e saber se estava realmente tudo bem.

– E então, você esta bem mesmo ou aquilo foi só um disfarce para enganar o professor?

– Não Shun não está nada bem, duas garotas entraram no banheiro enquanto eu estava me limpando e me destruíram por completo. Como ficaram sabendo de tudo tão rápido?!

– Celular gata, esse aparelhos cuidam do serviço de comunicação melhor do que se imagina! – Falou Shun rindo e arrancando risadas da amiga!

– Olha vamos para a aula e no intervalo agente conversa melhor, pode ser?! – Perguntou Shun puxando a amiga para fora do laboratório.

– Tudo bem, o que eu “mais quero” é voltar a falar sobre isso, mas você é meu amigo, vai saber me ouvir e me dar alguns conselhos.

E assim seguiram para a outra aula.

A aula de matemática seguiu bem, assim como a de Educação Física, que como de costume, Ikki juntamente com seus amigos aproveitava o máximo da aula.

Ikki às vezes se sentia o “tiozão” da turma, pois tinha repetido o ano, ficando na mesma turma do irmão, sendo assim ele era o mais velho, motivo do qual os garotos da sua sala o respeitavam e sempre acatavam seus pedidos.

Dentro da quadra durante a aula o professor Rocky, que era o mesmo que aplicava os treinos de futebol, exigia mais esforço de Ikki, Tony, Kanon e Gustavo que atendia pelo apelido de Gustav para que os garotos chegassem no treino que acontecia depois das aulas já sabendo dos exercícios de aquecimento.

O time de futebol levava o nome da escola em que estudavam; Colégio Casimiro de Abreu, e os garotos que faziam parte da “atlética” do colégio tinham bolsa de estudos integral. Os treinos eram obrigatórios, eram eles que garantiam a bolsa de estudos assim como as vitórias. Derrotas aconteciam vez ou outra, mas a necessidade falava mais alto, não poderiam arriscar perder a bolsa por falhas nos treinos ou da equipe, por isso o trabalho era levado muito a sério pelos alunos e pelo professor.

Ikki já fora por várias vezes ameaçado de perder a bolsa devido ao seu comportamento “rebelde”e por já ter repetido de ano, porém seu colégio estava mais preocupado em manter as aparências, e já que Ikki era um excelente jogador, não valia a pena expulsá-lo e colocar em risco os título esportivos que a escola estava acostumada a conquistar nos campeonatos. Ikki era quem garantia as vitórias, o que elevava e muito o nome do colégio o tornando bem conceituado e disputado pelos pais.

Assim como os garotos que jogavam pela escola, as meninas também possuíam atividades nas quais poderiam participar (não apenas atividades esportivas), mas a maioria delas participava da equipe de animação de torcida, apesar de esta ser uma tradição americana, a escola considerava esse tipo de atividade, pois acreditava ser um bom incentivo para aquelas meninas que não desenvolviam gostos por nenhum esporte, e achavam importante a animação para melhorar a auto estima dos jogadores e ajudá-los no desempenho dos jogos levando-os a vitória.

Assim a aula seguiu mais divertida para uns e menos divertida para outros, porém sem danos.

Ao fim da aula, como prometido, Shun foi até Esmeralda para conversarem sobre o ocorrido mais cedo. Sentaram em um banco com seus lanches e começaram a conversar. Esmeralda contou o que aconteceu no banheiro e Shun apenas a ouvia boquiaberto com os absurdos que a amiga contava.

Em outro canto da escola Ikki, era abordado pelos colegas que faziam inúmeras perguntas e por mais que tentasse se esquivar delas, sempre era interrompido por algum curioso, assim, vendo que não havia escapatória, o jeito foi mentir...

– Não cara, eu não sai correndo atrás dela... Quer dizer na hora eu até fui atrás e pensei em ajudar mas, deixei quieto, eu sai fora porque pensei que o professor me daria uma puta bronca pela bagunça que eu fiz e para que ele não me pusesse para limpar tudo. – Disse Ikki rindo e torcendo para que a galera que o cercava acreditasse.

– Agente achou estranho o fato de você sair correndo atrás dela depois da “explosão”, normalmente você seria o primeiro a cair na gargalhada com o que aconteceu. - Disse Shaina desconfiando da versão contada do jogador.

– Bom como eu disse, foi tudo premeditado, “sai pela tangente” para evitar ouvir um sermão do professor! – Todos começaram a rir.

A história dele estava convencendo e então resolveu fantasiar um poço mais.

– Quando eu passei por ela, ela estava toda suja e despenteada hahaha, estava realmente engraçada, na hora fiquei com pena afinal ela ficou assim por minha causa, mas a cara dela tava tão... Tão hilária, que não agüentei me segurar e sai de perto pra rir sossegado. – Ikki dizia em alto e bom som arrancando gargalhadas de todos.

– Bom problema um resolvido. – Pensava Ikki com um sorriso de satisfação no rosto, já que a turma tinha engolido a história contada por ele. – Agora só me resta o problema dois! – Pensava novamente Ikki colocando a mão no bolso da calça do uniforme, onde tinha guardado os óculos de Esmeralda que encontrou no chão do banheiro.

E assim, durante todo o intervalo e durante as aulas, o tema geral era Esmeralda e a aula de Química, Quando esta passava por alguém ou por algum grupo, percebia que riam baixinho e comentavam em sussurros sobre ela. Isso costumava a acontecer, mas desta vez o boato era maior já que envolvia o principal jogador do colégio.

Aquela manhã foi longa e quando o sinal que indicava o fim da última aula tocou Esmeralda sentiu-se como se tivesse saindo de uma guerra. Pegou suas coisas, se despediu de Shun e seguiu para casa.