Dilema Platônico escrita por Metal_Will


Capítulo 24
Capítulo 24 - Ideia




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/35573/chapter/24

    E o despertador toca novamente. "Aaahh..mas já", reclama Miguel em seus pensamentos. Sempre era assim. Acordar era a pior parte. Algum tempo depois o sono passava, mas acordar e levantar sempre foi a pior parte. A noite anterior foi bem agitada, virtualmente falando. E não é que Miguel encontrou com a tal "Pink_Daymina" no jogo mesmo? De fato, Sandra era uma jogadora ativa! No meio de batalhas épicas na tela do computador, Miguel não teve muito tempo de conversar calmamente com ela. Mesmo porque, também não poderia dar muita bandeira: afinal, seu amigo Leandro, que também estava online, ainda não sabia da correlação entre a Daymina e Sandra. Seria mais divertido fazer surpresa. Naquele dia, Miguel entrou no jogo e foi apresentado (tudo isso virtualmente) a Pink_Daymina por Leandro. E não é que o melhor amigo de Miguel estava bem familiarizado com ela? Bem, Leandro realmente era o tipo de pessoa que atira para todo lado, mas que cara ele faria quando descobrisse que seu alvo está mais próximo do que imagina? E a Sandra nunca chamou muito a atenção do rapaz em sala, pelo menos não que Miguel tenha percebido.
    Miguel enfim se levanta e se prepara para mais um dia de aula. Incrível como tanta coisa aconteceu em apenas quatro dias da semana. Era o ponto de sentir até tonto de passar por tantas situações novas e estranhas em tão pouco tempo. "Minha prima está morando comigo, descobri que não tenho a menor chance com a menina que gosto por ela ser infinitamente superior a mim. Sem contar que ela tem uma amiga que me odeia e ao mesmo tempo uma outra amiga que é viciada em jogos online. Tenho um novo professor de filosofia e o cara mais idiota da minha sala está dando em cima da minha prima. Aaahhh...é muita coisa pra minha cabeça!", pensava Miguel enquanto saía do quarto para o banheiro. No corredor, encontrou Camila. Tinha acabado de sair do banho e estava enrolada na toalha.
    - Opa. Bom dia - diz a garota de bom humor.
    - Ah...bom dia - responde Miguel, não muito à vontade. Da última vez ele a tinha visto saindo do banheiro só de calcinha e camiseta, e agora ela estava ali só de toalha. Tudo bem que eles eram primos e amigos de longa data, mas o tímido Miguel ainda não estava nem um pouco acostumado com esse tipo de intimidade.
    - Hoje foi você que levantou mais tarde. Ficou acordado até tarde ontem a noite, não é?
    - Um pouquinho
    - Um pouquinho? Que horas você foi dormir?
    - Sei lá...acho que umas duas e meia da manhã, por aí - o garoto responde rápido, louco para sair logo dali.
    - Duas e meia? Caraca! Você vai ficar doente desse jeito!
    - Escuta. Você pode me dar bronca depois de se trocar, por favor?
    Camila percebe que realmente não era uma das melhores horas para uma conversa longa.
    - Tá bom - diz a mocinha - Vai logo...não quero chegar atrasada!
    - Tô indo
    Enquanto lavava o rosto, a imagem de Camila no corredor vem à sua mente. Aquele cabelo molhado, aquele perfume doce de shampoo misturado com o cheiro do corpo de uma menina que acaba de sair do banho. Realmente era muito bonita. Muito mesmo. E ela estava ali vestindo uma toalha e só uma toalha. Só uma...nisso, ele volta a si. O que estava acontecendo? Ela não era a Camila Pinheiros Aristid, sua prima e amiga de infância? Não devia estar pensando nessas coisas. Mas era difícil não pensar. Querendo ou não, estava morando com uma garota de sua idade e ainda por cima linda de morrer! Provavelmente, não, certamente um monte de caras da escola estavam morrendo de inveja dele naquele instante. Mesmo assim, era sua prima! Tudo bem, ele pode ter tido sorte de ter uma prima bonita e que se relacionasse bem com ele. Ou melhor, Camila foi a única garota que ele conseguiu ter algum tipo de relação mais próxima. Mas daí sentir algum tipo de atração por ela. Absurdo! Isso seria trair seus sentimentos por Danieli! Muito embora sua atração por Danieli fosse de uma natureza totalmente diferente. Tentou imaginar Danieli em alguma pose mais ousada ou com alguma roupa mais provocante, mas não conseguiu. De alguma forma, seu subconsciente o censurava a pensar Danieli dessa forma. Seus pensamentos com Camila conseguiam ir um pouco mais longe, mas os laços de família também eram um motivo para que seu subconsciente o censurasse. "Sou mesmo uma pessoa desprezível", pensou.
      Depois de tomarem café, Miguel e Camila seguem juntos para a escola. Agora, nem Camila estava falando muito. Miguel, para variar, estava com o pensamento longe, até o momento que não consegue segurar um bocejo.
     - Com sono, né? Também, foi dormir às duas e meia da madrugada! Quer o quê? - diz Camila, mostrando seu lado "mãe" para o primo.
     - Tá, tá bom. Prometo não ficar até tarde hoje, tudo bem? - responde Miguel, coçando os olhos.
     - E a tia não fala nada de você ficar tanto tempo no computador?
     - Acho que ela já acostumou
     - Mas é sério! Isso não é muito saudável!
     Miguel odiava esse tipo de papo. Algumas pessoas fumam, outras bebem. Ele não fazia nada disso, mas ficava no computador. Tinha algum problema com isso?
     - E posso saber o que você ficou fazendo tanto tempo na Net?
     - Estava jogando
     - Só jogando é?
     - Claro. Faria mais o que?
     - Não sei - diz Camila, meio maliciosa - Você fica ali sozinho naquele quarto...vai saber o que você anda acessando!
     - Ô, peraí! - responde o rapaz - É essa a ideia que você tem de mim?
     - Hahaha. Tô brincando! Calma!
      Miguel fica meio incomodado. Realmente, ele foi dormir tarde, mas só estava jogando. Mesmo.
     - Mas vai dizer que você nunca sente umas vontades estranhas
     - Vai, para...não gosto quando você fala assim! - diz o garoto, querendo a todo custo mudar de assunto.
     - Hahaa. Desculpa, desculpa. Vamos mudar de assunto
      "Vontades estranhas", pensa Miguel olhando para o perfil da loirinha, "Se você soubesse..."
      - Concordo...mudando de assunto...e o seu treino de handebol ontem? - pergunta Miguel - Muito puxado?
      - Mais ou menos. Como eu estava lá mais para aprender, não me forçaram muito.
      - Mas você está gostando?
      - Claro. Vou continuar treinando
      - Hmm. Legal
      - Sabe. Acho que é isso que falta em você
      - O quê? Jogar handebol?
      - Não. Não exatamente handebol. Mas fazer alguma coisa diferente. Não é legal ficar no computador o dia todo
      "Ai, lá vem", pensa Miguel consigo mesmo. "Já pensei nisso algumas vezes, mas não tem nada em especial que me empolgue. No fim, sou só um vagabundo mesmo"
       - É? E o que você sugere? - pergunta Miguel
       - Por que não tenta..hmm..teatro? - diz a prima, com um sorriso maroto
       - Teatro? - responde Miguel espantado - E eu tenho cara de quem se apresentaria lá na frente de todo mundo?
       - Por isso mesmo. Fazer teatro pode te ajudar a se soltar mais
       - Sei - diz Miguel, com um certo deboche. Teatro? Ele não sabia fazer muita coisa e atuar com certeza não era uma delas.
       - E você sabe por que estou sugerindo teatro também, não é?
       - Por que? - pergunta Miguel, fingindo não saber o que era
       - Por que? Caramba, Miguel. Quem você conheceu essa semana que faz teatro?   
       - Ah, claro..isso - responde o rapaz encabulado. De fato, Danieli fazia teatro, embora não fosse uma pessoa muito falante fora do palco parecia gostar bastante de atuar. Bastante o suficiente para cursar Artes Cênicas.
       - Então...por que você não pergunta sobre o curso que ela faz? Você faria algo diferente e ainda se aproximaria dela? Não seria demais?
       - É...eu poderia ficar mais tempo com ela, mas...   
         - Mas?
       - Mas isso também seria péssimo. Quanto mais tempo eu ficar perto dela, mas eu vou sofrer por saber que não tenho chance nenhuma!
       Camila suspira
       - Ai, Miguel. Você ainda tá com essa ideia na cabeça?
       - Mas é verdade. E além disso...nós nem poderíamos cair na mesma turma. Ela já faz isso há algum tempo e...
       - Olha só como você é. Você nem perguntou nada pra ela ainda!
       - Eu sei, mas...esquece. Isso não vai dar certo!
       - Mesmo assim eu vou perguntar pra ela. Também acho que seria legal fazer teatro
       - Você também quer fazer?
       - Por que não? Você acha que eu não levo jeito para atriz?
       - Não, não é isso.
       - Então está decidido. Hoje mesmo vou perguntar para a Dani sobre esse curso de teatro
       "Teatro", pensa o rapaz, "O que mais falta acontecer?"
       Nesse momento, os dois chegam na escola. Logo na entrada do pátio, encontram Leandro no banco, praticamente jogado ali tirando o maior cochilo. O pátio da escola era bem amplo e não faltavam banquinhos ao ar livre espalhados.
       - Acorda, vagabundo! - grita Camila, com uma bela pancada de caderno no peito dele.
       - Aaaaaii!! - acorda o pobre Leandro - Sua louca! O que você pensa que tá fazendo? - responde o garoto (com o corte dos palavrões)
       - Hahaha. Dormindo aqui no meio do pátio? O que você andou fazendo ontem à noite?
       - Só joguei um pouquinho...o Miguel também estava on, não é?
       Miguel concorda com a cabeça
       - E eu não sei? Já dei uma bronca nesse cara hoje! - diz Camila
       - Ai, ai. Se fosse num fim de semana. Estudar de manhã é uma droga!
       - Mas deixa essa preguiça de lado. A gente tem algo para te propor - diz a loirinha super animada.
       - Quê? Vai chamar ele também?
       - Claro, ué? Quanto mais gente melhor!
       - Fala aí. O que é? Tão querendo aprontar o que?
       - Teatro - diz Camila - Quer começar a fazer aulas de Teatro com a gente?
       Leandro começa a rir. Teatro? Como assim?
       - Teatro? Eu? - diz ele - De onde vocês tiraram essa ideia?
       - Assim como o Miguel, você também é um vagabundo que não faz nada o dia inteiro. Por que não tentar alguma coisa diferente?
       - Bah, eu tô fora. Não é minha praia - responde Leandro
       - Foi o que eu disse pra ela - complementa Miguel - Teatro não tem nada a ver comigo!
       - Vocês são uns bobos mesmo!
       É aí que Camila olha para o horizonte e vê uma certa garota ruiva se aproximando. Danieli havia chegado. O momento era aquele
       - h. Vamos ver se pelo menos o Miguel não muda de ideia. Daniiii!!! Chega aqui! - Camila grita e acena para a ruivinha.
       "Oh, droga", pensa o rapaz. "O que essa doida vai falar pra ela?"


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Dilema Platônico" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.