10 de julho de 2012. 08h30min

  – Então fala! Para com esse suspense garota! – falou Anne.

  – Meu nome é Alyce – disse e não esperou resposta – Bem, é difícil falar... E difícil de acreditar também. Então vocês terão que acreditar em mim.

  – E como podemos saber se nós podemos confiar em você – disse Anne desconfiada.

  – Vocês estão na minha casa, – disse James – Alyce é uma das minhas melhores amigas e, aliás, se vocês não confiarem na gente: "a porta é a serventia da casa".

 Eles não falaram nada, foram até o sofá e se acomodaram. James, Lucy e Kaio se sentaram no chão, próximos a eles. Alyce se sentou na poltrona que ficava de frente ao grupo.

  – Bem... Eu encontrei uma carta... E digamos que lá tinha algumas coisas, tipo comandos e recomendações. Esses comandos e recomendações dizem que a cidade é cheia de seres de outro mundo, tipo fantasmas e, bem... Outras coisas, como as que vocês viram lá fora. A carta diz que isso é por causa do demônio que as pessoas da cidade libertaram sem saber. Temos que ir até o centro da cidade para receber outras instruções para acabar com esse inferno e... – Alyce para de falar olhando para chão.

  – E... – James tentou ajudar.

  – E... – olhou para Lucy – resgatar Leon.

 Lucy olhou para ela com os olhos marejados.

  – Leon está lá? No centro da cidade?

  – Não sei ao certo... Mas parece que se cumprirmos com o que a carta está falando nós teremos Leon de volta.

  – Isso é loucura – disse Allison.

  – É. E o que vocês viram lá fora também é loucura – disse Lucy rispidamente – É loucura, mas vocês viram, é real.

  – Mas... Se nós vamos lá fora... – disse Luke inseguro – Precisamos de alguma coisa pra nos proteger, não acha?

  – É. Essa é outra coisa que me disseram – disse Alyce – Me disseram que encontraremos o que precisamos no porão.

  – E como vamos encontrar isso lá?

  – Não sei. Mas acho que quando nós virmos saberemos.

  – Tudo isso estava escrito na carta? – perguntou Anne.

  – Sim – mentiu Alyce. Eles podem acreditar nisso, mas não acreditariam que eu falei com um fantasma, pensou – Acho melhor irmos agora. Quanto mais cedo sairmos desse lugar melhor.

 Todos concordaram com a cabeça e se levantaram. Pegaram lanternas na mochila e foram até o quintal dos fundos. Viram uma porta no chão, que, deduziram, seria a porta do porão. Estava trancada com correntes enferrujadas e um cadeado velho.

  – Saiam de perto – disse James com um machado na mão.

 Atacou as correntes com vontade e viu, satisfeito, elas caindo para o lado. Abriu a porta e olhou dentro do porão. Era escuro, mas a luz do lado de fora proporcionou uma visão da escada condenada.

  – Tomem cuidado, isso aqui tá velho pra caramba – disse enquanto descia a escada.

 Logo os outros o seguiu. Todos acenderam as lanternas e começaram a procurar por todos os lugares algo que se parecesse com uma arma contra os seres do lado de fora. Alyce não saia de perto de Kaio, estava com medo demais para andar sozinha por ai. Não queria topar com outro fantasma.

 Ficaram ali por um bom tempo. Não conseguiam encontrar nada. Alyce viu uma luzinha fraca vindo de um canto do porão. Ia falar para Kaio, mas decidiu ir sozinha. Chegou perto e olhou por cima. Era uma caixa de madeira. A luz fraca vinha de uma rachadura bem no meio da madeira manchada. Quando ela passou a mão a luz sumiu, fazendo com que ela recuasse. Abriu a caixa e revelou seu conteúdo. Tinha vários potinhos coloridos, saquinhos de seda e facas de tamanhos diferentes.

  – Gente! Gente, eu achei! – ela disse com animação.

 Os outros se aproximaram e olharam. James e Luke pegaram a caixa e a levaram para dentro de casa. Na sala, todos olhavam para os objetos, mas ninguém teve iniciativa de pegar ou falar algo, até que Alyce não aguentou mais. Ajoelhou-se e puxou de dentro da caixa uma folha.

Informações para iniciantes

Esse é um manual para quem não sabe o que fazer com os objetos contidos nessa caixa.

 Os potes coloridos tem diversas utilidades de acordo com suas cores.

  Azul: afastar fantasmas (use nas facas) - fantasmas não morrem, no máximo você vai afastá-los por um tempo.

 Verde: matar criaturas demoníacas (use nas facas).

 Vermelho: invisibilidade para criaturas demoníacas e fantasmas (use nos potinhos menores que se encontram nas bolsinhas de seda)

 Laranja: inibi o cheiro (use nos potinhos menores que se encontram nas bolsinhas de seda)

 Amarelo: pó-bela-adormecida (use para fazer os seres demoníacos “dormirem”). Duração de dez minutos.

 Nota: As facas só funcionam se tiverem o pó, coloque-o no compartimento que tem no cabo (certifique-se de ter pó reserva, eles são como munições, não é infinito. Cada vez que usar vai gastar pó, então maneire no uso).

Nota.2:Para matar os fantasmas mire a faca na garganta. Para matar criaturas demoníacas mire no “coração”.

Nota.3: Eles podem sentir seu cheiro, então não esqueça o pó Laranja.

Se você entendeu o que está escrito aqui e seguiu a risca, então está pronto para agir.

 Alyce leu em voz alta para que todos ouvissem. Ao terminar olhou para o grupo que estava confuso.

  – Então é isso ai... Vamos começar né... – disse.

 Pegou uma das facas médias. Lá estava o compartimento. Pegou um pote de pó azul, abriu e colocou todo o conteúdo no cabo.

  – Para "matar" fantasmas né... – disse mais para si mesma do que para os outros – vou ficar com essa.

 Ninguém disse nada. Colocou pó verde nas três facas maiores e entregou para James, Kaio e Luke. Colocou pó azul na outra faca média e nas outras pequenas. Deu a média para Allison, que parecia ser responsável e forte o bastante para usá-la. Deu as pequenas para Lucy e Anne. Encheu sete potinhos pequenos que tirou das bolsinhas de seda de pó laranja e outros sete de pó vermelho. Eles tinham cordões que davam para colocar no pescoço, e isso facilitava muito. Tinha potinhos um pouco maiores que os das bolsinhas perto da onde as facas estavam, pegou-os e os encheu de pó amarelo. Distribuiu igualmente. Agora todos estavam devidamente armados e protegidos. Era o que ela esperava.