Silent Town escrita por Jhay


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Depois de tanto tempo tá aqui postando outra vez o
Espero que gostem, seus lindo!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/355180/chapter/4

09 de julho de 2012. 21h45min

  – Como assim ela levou Leon? – Alyce sem perceber também estava gritando – Quem o levou?

  – Eu sei lá quem foi. Nós estávamos ali deitados, fazendo vocês sabem o que, e ai... E ai... – ela começou a chorar de novo e caiu no chão.

  – Lucy, tente se controlar. Nós precisamos saber o que foi que aconteceu – disse James.

  – E ai... Bem... – ela maçou a manga da blusa no nariz que estava escorrendo – Eu olhei para a p-porta e vi u-uma m-mulher de capuz preto escondendo o rosto. Achei que era v-você Alyce tentando passar medo na g-gente. Aí cutuquei Leon para ver. A mulher que e-eu achara que era v-você correu pra cima da gente. Eu consegui ver o rosto dela. Estava distorcido e demoníaco. Nunca tinha v-visto um rosto aquele. Muito sinistro. Nem sei como descrever. Enfim... Eu gritei, e-ela pegou Leon e saltou pela janela. Ela não a-andou nem correu. Ela só saltou. S-saltou direto pela janela. E ai sumiam. N-não t-tive c-coragem de-de ir atrás. O r-resto v-vocês já s-sabem.

 Era difícil para ela falar sobre aquilo. Alyce a abraçou e ficou passando a mão no cabelo sedoso.

  – Vamos encontrá-lo, Lucy. Nós vamos encontra-lo e vamos embora – Alyce lançou um olhar para James e esperou que ele tivesse entendido. Aquilo era culpa dele.

  – É... – ele sentiu que deveria falar algo – a gente o encontra. E aí vamos embora.

  – Vamos procurar por ele de manhã... – disse Kaio

  – Pela manhã? – Lucy disse em uma voz abafada – Pela manhã ele pode estar morto!

  – Não. Ele pode estar vivo pela manhã – disse Alyce – Eu sei que você está desesperada para tê-lo de volta, mas algo me diz que não deveríamos ir agora. Está anoite e não vamos conseguir muita coisa, e é perigoso lá fora, você sabe disso.

­  – Mas ele está lá fora. Lá fora naquele perigo eminente – ela olhou nos olhos de Alyce.

  – Eu sei... Mas também sei que ele não iria querer que nós quatro corrêssemos perigo por ele, ainda mais não tendo muitas chances de encontra-lo.

  – Alyce...

  – Eu também o amo Lucy. Eu o amo como se ele fosse meu irmão mais velho. Porém não tem jeito. Se sairmos agora vai ser pior. Vamos ficar aqui, todos juntos. Pela manhã nós vamos vasculhar a cidade. Sinto que ele vai estar vivo. E você sabe que minha intuição quase nunca falha.

  – Quase nunca. Você pode estar errada dessa vez.

  – Ou posso estar certa mais uma vez.

 As duas se encararam. Parecia que conversavam sem sequer trocarem uma palavra. Elas sempre faziam isso.

  – Vamos ficar nesse quarto aqui – James apontou para o quarto que tinha ficado – Todos juntos. Se algo acontecer, tipo uma mulher maluca e demoníaca aparecer, eu dou uma surra nela – ele socou a mão direita com a esquerda e deu um sorriso leve para aliviar a tensão.

 Os quatro ficaram juntos no quarto. O silêncio só era interrompido pelos soluços que Lucy dava de tempos em tempos. Alyce ficou pensando no que acontecera antes da confusão toda. Pensou no beijo. Pensou em como se sentiu beijando aqueles lábios que tanto desejara. Olhou para Kaio e percebeu que ele a olhava. Os dois viraram o rosto ao mesmo tempo. Alyce sentiu que estava ficando ruborizada. As pessoas são tão idiotas apaixonadas, sorriu com o pensamento.

 James não conseguia parar de pensar nos gritos e a janela quebrando. Aquilo era surreal demais. Leon foi levado. Levado! Como raios uma pessoa é levada assim, do nada, pensou. Nada daquilo fazia sentido para ele. Era tudo tão estranho, confuso, e principalmente, paranormal.  Tinha visto coisas assim acontecerem em filmes e histórias de terror. Mas eram histórias, e aquilo, aquele negócio, havia acontecido de verdade. Era completamente diferente. Não conseguia pensar em outra coisa, e a cada soluço de Lucy sua consciência pesava.

 Ficaram no quarto por um bom tempo. Quando Alyce percebeu os primeiros raios de sol já estavam começando a se esgueirar pelas rachaduras da janela. Os outros caíram no sono, talvez uma hora atrás. Só ela não conseguia dormir. Ouviu um barulho de algo caindo no andar de baixo. Um choque percorreu todo seu corpo e sentiu suas mãos e pernas tremerem. Algo estava impulsionando-a a ir até lá e ver o que estava acontecendo. Olhou para a irmã deitada em seu colo. Estava com um rosto sereno. Com um cuidado extremo tirou a cabeça de Lucy de suas cochas e colocou em baixo um travesseiro. Ela se contorceu um pouco, mas logo ficou quieta. Alyce atravessou o quarto com o máximo de cuidado possível, tentando não fazer muito barulho, mas era um pouco difícil já que a casa era velha e rangia a cada passo que ela dava. Desceu as escadas rezando para não encontrar alguém com um rosto demoníaco. Outro barulho. Dessa vez conseguiu identificar que fora uma lata caindo. Queria mais do que tudo subir as escadas correndo e ficar aninhada nos braços de Lucy. Mas tinha que ser corajosa. Viu no pé da escada, bem no canto, um pedaço de madeira que identificou sendo do corrimão da escada. Deve ter se soltado e alguém colocou aí, se esquecendo de jogar fora, pensou tentando acalmar a si mesma. Pegou o pedaço de madeira. Se fosse alguém ou alguma força demoníaca ela poderia se defender. Era o que pretendia... Foi até a cozinha da onde havia ouvido o último barulho. Ficou em pé na porta olhando com os olhos arregalados e atentos. Fosse o que fosse iria ficar tudo bem. Deu um passo fazendo o chão gemer. No mesmo instante uma panela caiu, Alyce deu um pulo e colocou a mão na boca para impedir o grito. Um gambá saiu correndo pela porta dos fundos aberta. Ela suspirou aliviada.

  – Era só um gambá idiota – sussurrou. E você pensou que era um ser demoníaco querendo pegar sua alma e colocar em um vidrinho, completou com o pensamento.

 Queria subir as escadas e ir de encontro com os outros para encontrar Leon o mais rápido possível. Virou-se e deu de cara com o rosto de uma mulher. Era branco feito papel, a íris era de um vermelho vivo. Sua boca era negra e os cabelos da cor de Alyce.

  – Você voltou para mim, querida – a criatura sorriu.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!