Silent Town escrita por Jhay


Capítulo 2
Capítulo 2




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09 de julho de 2012. 16h40min

– Alyce, vamos! Todo mundo tá esperando! – Lucy gritou no andar de baixo.

– Já estou indo! – Alyce gritou de volta.

Do lado de fora ela ouvia o carro buzinando e os garotos falando alto e soltando gritos.

– Essa hora e eles já estão gritando?! – sussurrou sorrindo.

– Alyce! – Lucy estava completamente sem paciência com ela.

Alyce pegou suas duas malas e já estava fechando o quarto quando sentiu que estava esquecendo algo. Colocou as malas no chão e tateou seu pescoço. Era para seus dedos terem encontrado um colar, mas não estava lá. Foi até o criado-mudo e encontrou o que procurava: um colar de prata com um pingente de pedra vermelha. Ela sempre o usava. Fora Kaio que dera quando ela tinha feito 16 anos. Ele dizia que dava sorte. Colocou o colar, pegou as malas e desceu correndo as escadas.

– Achei que você tivesse morrido lá em cima – disse Lucy enquanto fechava a porta da frente.

Alyce mostrou a língua para a irmã e foi até a camionete. Kaio estava na parte de trás, sentado escutando música enquanto Leon e James conversavam idiotices. Alyce foi até onde Kaio estava.

– Posso ir junto com você? – perguntou meio gritando.

Kaio tirou um dos fones.

– Claro que sim. Será o maior prazer! – sorriu cativante.

Alyce jogou as malas, pulou para perto dele e se sentou. Lucy colocou as malas perto deles e se sentou na parte da frente.

– Ainda sente medo? – perguntou Kaio enquanto James dava a partida.

– Não muito. Mas confesso que tá me dando um friozinho na barriga e uma sensação não muito boa – fez uma careca de enjoo.

– Não se preocupe. Eu vou estar perto de você. Sempre – ele colocou um dos braços envolta dos ombros dela.

– Obrigada. Seu apoio vai ser muito bem-vindo – ficou com um sorriso bobo no rosto.

– Ouça um pouco de música. Isso relaxa – disse e colocou um dos fones no ouvido dela.


A viagem foi longa, cerca de quatro horas de Riverton City. Alyce acabou dormindo encostada em Kaio. Ele a cutucou.


– Ei. A gente tá chegando – ele sussurrou em seu ouvido.

– Hãn... – disse sonolenta e esfregando os olhos.

– Vem! – ele se levantou e ofereceu a mão para que ela segurasse.

 Alyceaceitou a ajuda e ficou em pé se segurando na carroceria. Estavam em uma estrada de terra cercada dos dois lados com árvores e mais árvores. No lado direito viu uma placa.

10 km

Silent Town

Mais a frente viu mais uma placa com os dizeres: Bem-vindo a Silent Town. A placa estava extremamente velha e pichada de spray preto: cuidado! Não entre! E um pouco mais na frente uma placa fincada as pressas: Perigo! Achou estranho, mas resolveu não comentar.

Poucos metros depois eles encontraram a entrada para a cidade. Ela realmente tinha a aparência de uma cidade abandonada há muito tempo. O portão central estava caído e plantas já tomavam conta dele. As casas estavam caindo aos pedaços, podres e cheias de plantas se enroscando nas paredes e teto. Tudo estava completamente calmo e deserto. Só faltaram aquelas bolas de capim seco rolando de um lado para o outro como nos filmes, pensou Alyce.

Pararam em frente a uma casa decadente como todas as outras. As janelas estavam embaçadas pelas camadas de poeira. Todos desceram e James abriu a porta da frente. Estava emperrada, mas depois de dois empurrões ela cedeu com um ranger de protesto que ecoou pela casa. Lá dentro era úmido e escuro. Não havia tomadas e muito menos lâmpadas.

Cada um pegou uma lanterna para iluminar o caminho. Todos os móveis estavam envoltos em plástico. A sala tinha uma poltrona, um sofá, uma mesinha de centro, um tapete gasto e uma lareira. Na cozinha o fogão era a lenha e mesa era de madeira. As escadas pareciam estar prestes a cederem com o mínimo de peso.

– Vamos sair e explorar? – James estava ansioso.

– Acho melhor a gente ficar por aqui mesmo. Amanhã exploramos– disse Lucy.

– Mas por quê?

– Está tarde. Já tá bem escuro lá fora, não dá pra ver nada. Deixa isso pra amanhã mesmo, todo mundo tá cansado da viagem. Vamos sentar aqui e sei lá... Contar histórias.

– Eba! Histórias! – Leon, apesar da idade, às vezes parecia uma criança.

Eles afastaram os móveis, se sentaram e procuraram coisas para comer na mala, enquanto Leon e James pegavam lenha para acender a lareira.

– Achamos essas aqui lá na cozinha. Tem mais para acender o fogão amanhã. Não acredito que aqui é tão antigo a ponto de não ter eletricidade, fala sério! – reclamou Leon.

Acenderam a lareira e começaram a comer.

– Vou contar uma história. E bem... Essa história foi a minha mãe que me contou. É sobre essa cidade – começou James, chamando a atenção do grupo – Uma mulher chamada Amélia deu a luz a uma garotinha nessa mesma casa. Depois de alguns anos sua filha, Anastácia, foi submetida a vários experimentos, ninguém sabia bem o porquê de Amélia fazer aquilo com a filha. Diziam que ela era uma bruxa maligna que usava a própria filha para receber demônios e outras coisas do mundo desconhecido. Com medo de que Anastácia pudesse receber um demônio com sentimentos assassinos, mataram-na em uma noite quando Amélia buscava ervas no quintal de casa. Os habitantes da cidade ficaram aterrorizados com o que Amélia poderia fazer com eles, então a mataram enforcada na floresta que rodeia a cidade. Dizem que Amélia não morreu, voltou para se vingar. As pessoas não conseguiam mais sair da vila. Nada que tentavam poderia ajuda-los a sair. Morreram todos, um por um. Dizem que durou cerca de uma semana, pois a bruxa queria que eles sentissem a dor da perda. Minha mãe me contou que as pessoas tem medo de vir aqui porque quem entra não sai.

James ficou em silêncio observando o rosto de medo de cada um. Alyce sentiu um arrepio na espinha. Sentia que algo ia acontecer. O silêncio foi cortado por um grito forte a agudo vindo da parte de trás da casa. Os cinco de entreolharam com os batimentos cardíacos elevadíssimos. Todos estavam de olhos arregalados de medo e terror. Não tinha ninguém naquela cidade. Eles não viram ninguém. Mas mesmo assim ouviram o grito. Alyce no começo achou que era só a mente dela, mas ai viu que os outros também estavam pálidos que nem papel. Contou. Eram cinco. Ninguém estava lá fora para passar medo neles.

– Pessoal... – Alyce sussurrou muito baixinho, com medo de que se fizesse algum barulho algo de ruim aconteceria – vocês também ouviram isso?

Eles não disseram nada, só afirmaram a cabeça mecanicamente com os rostos pálidos e petrificados.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem. Me mandem reviews please, pra eu saber se você estam gostando e se eu devo continuar.