Definitivamente eu iria matar Luke. Ele me mandara uma mensagem para encontrá-lo há exatos quarenta minutos em frente ao colégio, e até agora nada! Me pergunto por quanto tempo vou ficar plantada aqui, esperando ele aparecer, sendo que poderia estar trancada no meu quarto com a camiseta do Nirvana que Percy me deu, ouvindo as minhas musicas preferidas, comendo porcarias e lendo meus livros favoritos, afinal, é pra isso que serve um domingo!!! Mais vinte minutos e eu não iria agüentar. Suspirei, cansada. Meus pés estavam doendo, e a sapatilha vermelha não ajudava muito, já tinha acabado com muitos pacotes de band-aid por causa dela. Esfreguei meus braços, com frio. Estava tarde, mais ou menos umas onze e quarenta da noite, porque sim, eu considero isso tarde, e eu não fazia nem mesmo idéia do que Luke queria comigo. De repente, um flash pegou meus olhos de surpreso, me fazendo esfregá-los e piscar várias vezes seguidas. Gargalhadas e risos altos começaram a vir de um grupo de pessoas as quais eu ainda não sabia quem eram, e olhei na direção das vozes. Calipso.

— Se perdeu no caminho pra casa Annabel? — Naquele momento eu tive certeza que Percy não sabia sobre o comportamento bipolar da sua namoradinha perfeita. Ela sempre fora tão doce, mas agora se parecia com qualquer outra garota mimada. Ao seu lado estavam Silena, Clarisse e Rachel. Antes que eu pudesse responder, fui interrompida por Silena.

— Annie, o que acha de ir com a gente pra casa da Calispo? — Sorri tímida, e respondi me segurando para não gaguejar.

— Não, obrigada, mas estou esperando Luke e... — a garota bipolar com nome de musica caribenha (o nome dela não é muito decorável okay?) me interrompeu.

— O namoradinho te deixou esperando é? Cuidado Anabel, talvez ele esteja se divertindo mais do que você agora. — Ela deu um sorriso malicioso que nunca pensei em receber dela.

— Hãn, Annabeth, acabamos de sair de uma festa, e... Bom... — Rachel, uma das amigas de Percy (ela parecia ser legal, mas eu nunca trocava mais de dez palavras com ela.) começou a falar. — Ér... Luke estava lá com a gente. — Mordi os lábios e olhei para baixo, desconfortável.

— Primeiro Percy, e agora Luke, você está definitivamente ferrada. Deve ter algo de muito irritante em você para as pessoas te deixarem sempre sozinha não é mesmo? — Calipso disse, soltando uma gargalhada exagerada em seguida, atraindo a atenção das pessoas na rua. Silena murmurou algo que não consegui ouvir, mas pelo movimento de seus lábios eu consegui entender a palavra ‘bêbada’.

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Luke não apareceu na aula no dia seguinte. Pelo menos não nos primeiros três horários, e nem ao menos respondera minha mensagem ou atendera minha ligação, o que me fez pensar em todas as piores possibilidades do mundo. Era segunda-feira-feira, a última semana de provas, e eu estava acabando de fazer a prova de biologia quando o Sr.D entrou na sala de aula, atraindo a atenção de todos os alunos.

— Annabeth Chase, a espero na minha sala assim que terminar a prova. — Congelei no momento exato que aquelas palavras saíram de sua boca. Eu não tinha uma boa impressão sobre aquilo. Respondi as duas últimas questões, conferi e entreguei a prova ao professor.

Fui a sala do Sr.D com as pernas tremendo, querendo vacilar a qualquer hora, e assim que cheguei a sala, hesitando, bati na porta, recebendo um “entre” em seguida. Girei a maçaneta, entrando com as mãos suadas e com os nervos a flor da pele.

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Eu nunca fui medrosa, nem na minha infância eu tivera medo de escuro, ou coisas assim. Mas andar sozinha depois da meia noite eu um bairro com histórico de roubo, assassinato, violência e estupro não era a minha atividade favorita. Apesar da claridade que vinha da luz dos postes, estava bem escuro, não havia ninguém na rua além de mim e eu apertava a jaqueta verde no meu corpo sempre que sentia a brisa passando pelo meu pescoço; Eu sabia que deveria ter pego um cachecol. Tinha ido fazer compras no centro pois Piper, Thalia e Percy tinham acabado com a minha comida, depois acabei ficando entretida em uma livraria (típico), o que resultou nisso. Que nunca mais me deixem sair na rua sozinha, porque eu realmente estava com medo, e meu coração parou por um instante ao sentir uma presença atrás de mim; Pela primeira vez na minha vida fiquei receosa quanto a olhar para trás. Continuei andando, agora um pouco mais rápido, faltavam apenas três quarteirões para chegar ao meu apartamento, mas de repente isso pareceu tempo demais, principalmente quando senti uma mão quente cobrindo minha boca e outra me segurando pela cintura. Não gritei nem nada, o medo se foi sendo substituído por uma raiva imensa ao sentir um perfume de maresia e água salgada, e quando vi a pulseira de couro com a pedra azul esverdeada e brilhante quase bati em Percy por me dar um susto como aquele. EU QUSE TIVE UM ATAQUE CARDÍACO. O babaca me virou de frente para ele, se segurando pra não rir já que nossos vizinhos acordavam com facilidade e ninguém na face da Terra fica de bom humor nessas horas da noite, ou seja, se eu o matasse agora, ele não poderia gritar. Ao ver minha expressão sádica, Percy parou de “quase rir” imediatamente.

— Você é idiota? Retardado mental? Quer morrer por acaso seu babaca? — disparei insultos bem piores que babaca enquanto ele revirava os olhos e tirava seu casaco enorme e felpudo, colocando em meus ombros antes que eu pudesse piscar os olhos.

— Fiquei preocupado porque você estava demorando pra chegar, presumi que você tinha visto uma biblioteca, porém quando deu meia noite eu decidi te procurar. Aliás, aluguei uns filmes. — ele disse tranquilamente, andando reto pela rua.

— Quais filmes? Por favor, me diga que você não alugou Invocação do Mal ou qualquer outro de terror! — ele sorriu malicioso. — Você não... American Pie? Procurando Nemo?

— O.k., ou você acha que eu sou um sádico, um pervertido ou uma criança. — ele riu. — Gosta de Friends, Senhor dos Anéis e Piratas do Caribe? — suspirei aliviada.

— Friends? Aquela série com a Jennifer Aniston? Não tem muitas temporadas?

— Nem são tantas, e eu só aluguei a terceira. Eu estava em dúvida entre Friends e The Big Bang Theory, mas acabei pegando Friends porque me disseram que a Rachel e o Ross terminam. Também pensei em The Walking Dead, porém você não gosta de zumbis porque eles desafiam a lógica, e como eu sei que você tem um precipício pelo Aragorn eu peguei Senhor dos anéis, e Piratas do Caribe porque você ama o Johnny Depp que eu sei. — corei.

— Quem não ama Johnny Depp? — sussurrei. — Ainda me pergunto por que você nunca gostou do Ross. — ele sorriu, enquanto andávamos devagar, parecendo duas lesmas.

— Você não é a única que tem direito a ter quedas por personagens. Ainda acho que a Rachel faz um par melhor comigo do que com o Ross. — Perseu Jackson e sua obsessão por Jennifer Aniston; Uma história de amor melhor que Crepúsculo.

— Você deveria casar com sigo mesmo, se é que suportaria a si próprio por vinte e quatro horas. — ele quase gargalhou, porém deve ter se lembrado dos nossos queridos e amigáveis vizinhos.

— Não, Annie. Eu vou me casar com você e teremos trigêmeos, dois garotos e uma garota, todos parecidos comigo, com meus olhos e com seu cabelo, eles serão todos muito muito muito mimados até não quererem mais. Vamos morar em uma casa de vidro em frente à praia e adotaremos um cachorro chamado Cerberus e uma cadela chamada Sra. O’Leary.

— Não se esqueça da nossa banda na garagem! — ele sorriu fofamente. — E teremos uma banda na garagem. Um dia nos mudaremos pra Londres por causa da sua faculdade de arquitetura e da minha de biologia marinha, deixaremos as crianças na casa da Silena e do Beckendorf, que também morarão lá, e elas brincarão com os filhos deles até ficarem cansados demais pra levantar. Quando formos buscá-los, nós os encontraremos dormindo no tapete com as crianças do Beckendorf, e vamos ficar admirando nossos filhos por longos minutos. — Percy tinha o olhar perdido, as íris verde mar brilhando e um leve sorriso no canto dos lábios. Sorri juntamente, pensando que se um dia aquilo acontecesse com certeza eu seria feliz.

— Você nem citou nossa Lua de Mel, nem o casamento. — ele gargalhou não se contendo dessa vez.

— Nos casaremos na praia, e faremos nossa Lua de Mel em um cruzeiro. Você vai ficar me batendo de cinco em cinco minutos porque acha que eu fico olhando pras mulheres de biquíni, e um cara vai dar em cima de você na minha frente. Vamos discutir no nosso quarto, e quando você for sair pela porta eu vou te puxar pelo braço e te beijar, e acabará tudo bem. — E ficamos assim, andando devagar e em silêncio, ambos sorrindo e provavelmente pensando nas possibilidades de isso acontecer.

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— Finalmente, pensei que tinham parado num beco qualquer pra ficarem se agarrando. — Assim que vi Rachel, Nico, Jason, o garoto elfo amigo de Piper e mais uma garota que provavelmente também era amiga dela, tive certeza que deveria ter comprado mais comida. Eu tinha um bando de gente na minha sala, implorando por comida como cachorros.

— Annie, essa é... — Piper começou, se referindo a garota de olhos tão negros como obsidianas, porém foi interrompida por Leo.

— Reyna, mas também pode chamá-la de RA RA ou futura senhora Valdez. — ele disse convencido, colocando um dos braços envolta da cintura de Reyna, e soltando logo em seguida ao ver o olhar ameaçador da mesma. Gostei dela.

— Annabeth, ou Annie se preferir. — sorri gentilmente por três segundos, e depois gritei para Thalia. — FOI VOCÊ QUE DEIXOU ESSE BANDO DE GENTE ENTRAR NA MINHA CASA, NÃO É MESMO PROJETO MAL SUCEDIDO DE LABORATÓRIO? — ouvi gargalhadas dela vindas da cozinha. Cretina.

— Hey Annie. — Nico me chamou. — Depois que Percy saiu atrás de você Thalia ligou nos chamando pra cá, e Piper quis trazer os coleguinhas de escola. — Leo e Jason fizeram careta. — E então pedimos pizza e compramos chocolate e sorvete, ah, e também alugamos alguns filmes, nada de terror.

— Vocês vão pagar tudo. — foi a única coisa que eu disse antes de colocar um dos filmes no DVD, sem nem olhar o nome.

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Acabou que eu e Thalia dormimos no meu quarto, Piper e Reyna no sofá cama, Jason e Leo no quarto de hóspedes, atualmente de Piper, (que, aliás, trancou todas as gavetas, pelo que eu entendi Leo gostava de remexer em roupas e outras coisas íntimas de garotas) Nico e Rachel em um colchão inflável que eu nem lembrava que tinha, e Perseu... Bom, ele se contentou com um colchão velho, porém confortável no chão ao lado de Jason e Leo. E não exatamente dormimos, entramos em coma, tínhamos ido deitar ás cinco da manhã por causa dos filmes. Foi até legal, eu admito, Thalia e Percy brigando, Nico quieto dando alguns raros risos ás vezes em Friends, Rachel quase dormindo no colo dele, eu e Piper babando no Aragorn, Reyna batendo no Leo por chamá-la de Mi dulzura, Mi Reina e até mesmo Ice Queen e Jason já dormindo. Pipocas pra todo lado, caixas de Pizza e latas de refrigerante. Decidi não obrigar ninguém a limpar nada até o dia seguinte.

Piper e Leo de certa forma me lembravam Silena e Travis, Reyna era praticamente uma Clarisse e Jason... Claro, Luke. Era como uma parte da minha adolescência sendo devolvida á mim. Eu, Thalia e Silena fazíamos aquilo direto nos finais de semana na casa de praia de Percy; alugávamos o máximo de filmes possível e comíamos porcarias os assistindo até de madrugada, depois nos amontoávamos nos cantos na casa tentando encontrar um lugar para dormir. Era uma das coisas que mais faziam falta pra mim. E foi pensando nisso, que tomei a decisão definitiva de escrever o melhor livro que fosse possível escrever em apenas vinte dias. Eu iria conseguir.