O Gelo e o Fogo escrita por Sídhe


Capítulo 13
Capítulo 9 - Casa de Praia




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– Eu decidi que vou passar as férias na sua casa de praia - Reyna disse, logo depois tomando uma colherada de seu sorvete. Piper engasgou.

– Um pouco abusado, não acha? - Ela disse, mas sorria. O Johnny's estava meio lotado, no entanto eles conseguiram uma mesa o suficiente para todos. Reyna estava sentada na cabeceira, comendo um grande sundae ao lado de Thalia, que estava sentada próxima de Jason e Piper. Leo ocupava o outro lado vago perto de Reyna, tomando calmamente um copo de refrigerante.

– Já me chamaram que coisas piores - Acenou Leo com a cabeça para a Rainha do Gelo.

Piper pousou seu copo na mesa e olhou para Jason, que tinha um braço passando pelos ombros da garota. Leo tinha quase certeza que o estômago de Reyna estava revirando pela cena e posição romântica, então apenas desviou os olhos e continuou bebendo pelo canudinho.

Thalia disse:

– Reyna não quer ficar longe do Leo - Riu.

– Ah é, eles são melhores amigos– Piper tirou sarro junto da outra, ambas parecendo divertidas.

Reyna bufou, demonstrando aborrecimento.

– Vocês não aliviam.

– Eu admito - Falou Leo, espantando a todos.

Eles olharam para o garoto, assustados.

– Eu fui cachorro dela, esqueceram? - Ele colocou o indicador na bochecha da garota de trança, como fazia para irritá-la - E como minha dona, ela tem que ter a responsabilidade de tomar conta de mim e ter a certeza de que outras pessoas não irão roubar seu amado cachorrinho.

O olhar que ela deu a ele o fez engolir em seco e tirar o dedo lentamente, dando um sorriso amarelo.

– Que foi? - Perguntou ele para Piper, que o olhava incrédula - Tava esperando que eu dissesse o quê?

Ela levantou as sobrancelhas e os ombros numa clara ação de não ligar.

– Não, nada. - No entanto, todos ali sabiam que ela queria dizer algo - Mas eu aceito a proposta. A casa é minha, Drew apenas tem que ir se o Leo for.

– E eu só vou se a Reyna for - Leo balançou a cabeça em afirmação.

– Por que não vamos juntos? - Falou o loiro - Seria mais divertido com todo mundo.

Algo puxou o estômago de Reyna. Bela ideia, pensou, sarcástica. Ela teria de passar dias junto de Drew e do casal. Ao menos haviam Thalia e Leo. Suspirou, pensando que devesse aproveitar a oportunidade para unir os dois. Afinal, ela prometera. Leo já tinha a ajudado no que podia.

– Só resta saber se Drew vai aceitar - Reyna continuou, tentando não desprezar a ideia de Jason.

– Ela já venceu, ela já escolheu. Drew pode muito bem aguentar mais gente. Eu não irei ficar de vela lá - Disse Piper.

Na mente da garota do Conselho, ela era a única vela ali. Ignorou o comentário, o impedindo de sair e dando outra colherada em seu sundae.

– Está certo, definitivamente? - Perguntou Leo.

– Parece que sim.

– Vocês me prometam uma coisa - Começou Thalia, apontando para eles com a colher de Reyna, que pegara para roubar um pouco de sua sobremesa - Se eu pegar raiva com aquela chihuahua, não sou eu que vai levar agulhada.

Leo levantou a mão.

– Nem eu.

Piper bufou.

– Okay, todos estão liberados.

– Nós vamos no jatinho do seu pai? - Perguntou o garoto latino, se apoiando de frente na mesa em disposição, animado. Thalia arregalou um pouco os olhos.

– Não. - Ele murchou quando ela dissera aquilo, mas a garota de cabelos repicados pareceu aliviada e suspirou. - Vamos de trem.

– Qual o problema com seu jatinho? - Jason disse.

– Nenhum, só que eu não quero que a Drew abuse de mim e do meu pai.

– E por isso não vai deixar seus amigos irem? - Leo fez bico - Manda ela ir de trem, a gente vai no jatinho.

Thalia negava lentamente com a cabeça.

– Nada de aviões.

Leo pairou um pouco seu olhar sobre ela, decidindo que teria de ceder.

– Não gosta de altura?

– Tenho um tipo de trauma com isso - Ela estremeceu.

– De trem, então. - Ele concordou. Thalia puxou um dos cantos da boca num meio sorriso em agradecimento.

Pelo menos eles estão no caminho, pensava Reyna, olhando distraída pela janela do restaurante. Deu uma última espiada no resto da mesa, todos conversando e sorrindo. Seria impressão ou não estavam mais se importando com ela e Drew? Ao menos a competição já passara. Mas a aposta... Jason também apostara o mesmo valor, mas, não que ela tivesse algo contra, Leo não tinha como pagar. Ele recusou sua ajuda em agradecimento, lembre-se disso.

Aquele verão iria ser longo.

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Leo acordou suando. Tivera um pesadelo. Não era um do tipo 'oh senhor monstro, não me devore', era mais como 'oh Drew, case comigo'. Era... estranho. Vivia numa casa de cachorro, e haviam filhotinhos que mordiam sua orelha durante a noite. De repente, ela aparecera com sua minissaia e uma cauda, assim como orelhas. Cômico? Para ele, nem um pouco.

– Eu não devia ter comprado aquelas histórias de terror. - Disse para si mesmo, lembrando dos cds que estavam encima de sua mesa. Já era de dia, então ele se levantou, fazendo questão de se espreguiçar bem para ter certeza de não estar sonhando ainda. Tomou um banho e guardou os cds na mochila.

O quarto ainda estava escuro, mas a ligeira brecha na cortina deixava um pouco de luz entrar. No mesmo instante a janela de Reyna se abriu. Ela estava arrumada e com roupas praianas, mas sua expressão era de total tédio.

– Eu tive um pesadelo. - Comentou - Você era um cachorro.

– Acho que tivemos o mesmo - Ele levantou as sobrancelhas - Tem algum nome para isso?

Drew. - Deu uma risada seca - Estou indo para aí.

Ele assentiu enquanto Reyna fechava novamente a janela. Leo pegara sua mochila já pronta e foi para o quarto da mãe. Bateu na porta e entrou sem permissão, pois sabia que ela ainda estava dormindo.

– Hey - A chamou, e ela levantou, totalmente entregue ao sono - Não esqueça de comer direito, nem de lavar seu macacão e não se atrase na hora que for para a oficina. Já estou indo - Beijou sua cabeça.

Ela estava babando, os olhos semicerrados.

Indo...? Para...– Bocejou - ... onde?

Leo deu uma pequena risada.

– Eu já disse, para a boate de strip aqui perto.

Esperanza mal havia notado o que ele dissera.

– Divirta-se. - Sua voz estava embargada e deitou outra vez em sua cama.

Ele fechou a porta e foi para a sala. Reyna estava demorando demais, o que o fez ir para a frente da casa à sua procura.

Quer me fazer o favor de tirar ele de cima de mim?! - Leo ouviu a voz da garota dizer. A cena o fez rir: Havia um galgo branco encima de Reyna, deitada no chão tentando se defender de lambidas em seu rosto.

– Ah, ele gostou de você!

– Não posso... - Desviou a bochecha de uma língua de cachorro super babada - ... Dizer... - Outra lambida - ... O mesmo. Me ajude!

Ele riu novamente com gosto, mas se aproximou e pegou o galgo pela coleira, puxando até que Reyna pudesse se desvencilhar de suas patas. Seu cabelo estava todo bagunçado e as roupas amarrotadas, com a mala caída ali por perto.

Leo olhou o nome no pingente da coleira.

– Aurum? - Não entendeu uma sílaba sequer - O que é isso?

– Significa ouro– Ela falou, passando a mão nos braços e rosto. Um garoto baixinho e loiro agradeceu à Leo e colocou uma guia presa à coleira de Aurum, o levando para longe dali.

Ele lançou um braço por cima do ombro dela depois de Reyna pegar sua mala novamente e seguirem para a estação. Estava cheia de pessoas, com vários trens indo e vindo, e eles procuravam uma patricinha mascando chiclete no meio deles, ou então algum de seus amigos. Leo comprara um chocolate para dividir com ela enquanto esperavam ao andar pelos corredores os procurando.

– Mas sério, tudo bem com a viagem?

Reyna bufou. Deu uma mordida no doce.

– Bom, sim. Penso eu. - Olhou para o lado - Quando ela terminar, você e a Thalia...

Parou de falar. Leo estranhou.

– O que foi? - Ele jogou o papelzinho no lixo. Nem precisou de resposta. - Ah. Isso.

Jason estava carregando Thalia nas costas, como se ele fosse um cavalo a ser montado. A garota estava tentando pegar alguma coisa no teto, com as pernas sobre os ombros dele. Piper estava do lado, de braços cruzados, esperando eles pegarem o que tanto queriam. O loiro usava uma camiseta simples e bermudas jeans, e ambas as garotas com blusas leves e shorts, mas Thalia ainda tinha um leve casaco azul escuro e Piper usava tênis. As pessoas ao redor estranhavam o que eles estavam fazendo.

– Oi. - Piper murmurou.

– Por que ela está...? - Reyna começou, apontando devagar.

– As passagens estão no duto de ventilação.

"Hum", murmurou a outra, a notícia não a surpreendendo. Chegaram lá de que jeito? Leo disse:

– Já pensaram em pedir uma...

– Escada? Faz dez minutos e nada. - Piper confirmou com a cabeça. - E é muito alto para nós.

Thalia praguejava enquanto seu braço tentava inutilmente segurar o engradado do duto.

– Me põe no chão, eu não consigo! - Ela desceu de forma desajeitada, puxando um pouco a camiseta do irmão.

– Você poderia ser mais leve, sabe - Jason brincou, movimentando os ombros. Thalia deu um soco no lugar.

– Ah, vocês chegaram. Jason trouxe os fogos de artifício. - Falou a garota quando viu Leo e Reyna. - A escada ainda não chegou e muito menos a Drew.

– Podemos ir para o trem e esperar lá dentro, vai que ela não nos acha e vai embora. - Apontou Leo com o polegar por cima do ombro.

– Muito tentador. - Murmurou Jason. Ele deu uma olhada em Reyna. - Pode subir? Você é mais alta que a Thalia.

– Primeiro gorda e agora baixa. Obrigada. - O tom da punk tinha sarcasmo.

Reyna pareceu surpresa e sem jeito. Leo deu um leve e brincalhão empurrão nela. Ela se aproximou e Jason ficou de joelhos até a garota subir e ficar sentada sobre seus ombros. Sua mão quase alcançava o duto.

– Quase... - Sussurrava.

Conseguiu.

Jason– Cantarolou uma vozinha irritante. Drew.

Reyna caiu sobre Jason, com a grade do duto e tudo, desencadeando na queda dos outros ali, criando um grande amontoado. Todos gemeram de dor, principalmente Piper, que ficara esmagada por baixo. As passagens equilibradas sobre a cabeça de Thalia.

– Ai, droga - Leo passou a mão na cabeça, onde o metal tinha batido - Por que tinha que ser justo em mim?

Drew continuara parada, olhando aterrorizada para todos os estranhos os observando. Ela deu meia volta e fingiu que não pertencia àquele bando de adolescentes.

– Parada aí - Thalia disse depois de segurar as passagens, fazendo a patricinha abanar o rosto em vergonha.

Drew voltou rebolando na direção deles, com sua grande mala rosa pink, mascando um chiclete e usava óculos de sol com armação dourada. Vestia shorts azuis, as sandálias plataforma delicadas e floridas e uma blusa apertada. O batom rosa perfeitamente delineando sua boca. Enjoativa demais.

– Olha, crianças, eu estou completamente bege com vocês. Tão infantis, mas tudo bem - Deu um risinho - E Piper, vai ou não levar a minha mala?

– Quais as palavras mágicas? - Leo disse.

– Eu odeio mágica, principalmente quando tem aquelas pombas todas - Balançou a mão, pegou uma passagem da mão de Thalia e saiu andando para a plataforma do seu trem correspondente.

Eles pegaram suas coisas e foram atrás. Piper estava soltando fumaça pelos ouvidos.

– Pelo menos não sou eu quem tem cocô de passarinho na cabeça.

O loiro a envolveu pelos ombros, afagando seu braço em conforto. Reyna odiou a cena. Entraram no trem, tendo todos os tickets aceitos e se sentaram juntos em seis cadeiras. Finalmente tirou seus óculos de sol e os colocou em seu gigantesco decote, ao qual Leo tentava ignorar, não muito feliz sentado ao seu lado. Thalia estava na frente dele, com Reyna e Jason em cada lado, e Piper sentada ao lado de Leo.

Drew estremeceu.

– Aqui está tão frio, eles deveriam proibir a entrada de Rainhas do Gelo, não é, Leo? - Se aproximou do garoto, tentando fazê-lo a encarar.

Reyna pisou com força no pé dela, com a expressão de quem nem estivesse notando.

– E de garotas de bordéis baratos, Tanaka.

Os irmãos Grace tentaram segurar o riso, mas Leo sorriu abertamente. Piper deu uma risada em vingança.

– Ei, estamos de férias, não vamos brigar - Jason disse, mas ainda estava se controlando - Piper, o que você vai fazer depois desses dias?

– Trabalhar.

– Vai voltar a ser modelo? - Drew perguntou num tom de asco.

– E você? - Reyna perguntou para Thalia.

Ela marcava nos dedos.

– Softball, Johnny's, softball, Johnny's...

A membro do Conselho tirou um ipod do bolso e, após clicar em alguns botões, colocou um fone no ouvido de Thalia. Leo não entendia porque Thalia arregalou os olhos.

– Eu ouvi... alguém me chamando - Ela tirou o fone de si.

– É de um dos cds do Leo. - Reyna falou.

– Meus?

– Eu peguei algumas coisas deles. - O olhar dela dizia: Eu tenho um plano.

Jason levantou as sobrancelhas.

– Você gosta de histórias de terror?

– Um pouco - Respondeu, hesitante.

A garota de cabelos repicados fez uma careta.

– Eu odeio isso. Já fui numa casa mal assombrada, não foi uma boa experiência ficar com o pé preso na cortina assassina - Thalia disse.

Uma lampadazinha apareceu sobre a cabeça de Leo. Ele e Reyna se entreolharam. Ah, um plano.

Olhem só! Estamos chegando! - Piper disse depois de algumas horas, maravilhada ao olhar pela janela do trem.

A água do mar já podia ser vista dali, com o sol dando um efeito incrível dourado sobre ela. Havia vegetação sobre a ilha, que a deixava mais natural mesmo com algumas ruas para os ônibus e as casas de famosos. Eles passaram por uma no topo, toda trabalhada em madeira. Leo conhecia aquela de algum lugar.

– De quem é essa?

– Acho que de algum cantor. Alex* alguma coisa. - Piper respondeu. A casa de Tristan não era a única ali na ilha, mas Leo tinha certeza que seria a melhor.

O trem parou. Saíram e pegaram suas bagagens, depois de fazer um rápido lanche na estação (Piper sujara a blusa de Drew com katchup acidentalmente) e irem para a parada de um ônibus que era usado para turismo. Eles pararam de frente para uma grande ladeira, sem conseguir ver bem seu destino pelas árvores.

– Daqui para frente temos de ir andando - Falou Piper, feliz por ter vindo de tênis.

– Vai sujar minha sandália toda!

– Suba descalça - Reyna sugeriu, já se pondo a caminhar levando sua mala.

Drew grunhiu.

– Pode ter germes, insetos. Ugh.

– Mais do que no seu cérebro eu tenho certeza que não - Leo piscou passando por ela.

Após a subida, apenas a filha de Tristan não ficara de boca aberta por já conhecer o local. Era incrível. Branca, com as paredes externas todas de vidro. A casa parecia gigante por fora, com vários quartos e uma grande sacada em cada andar. Chegaram até lá e Piper os levou até os fundos, numa grande área a céu aberto, que tinha uma escada levando até a beira do mar, onde a casa ficava.

– Okay, isso é incrível. - Jason disse.

– Vamos ter que fazer uma limpeza, ninguém vem aqui desde o ano passado.

Interessante, Leo pensou. Uma casa suja e não usada há tempos, perfeita para eles assustarem Thalia. Se ela pudesse mesmo ser assustada. Sempre fizera do tipo durona, mas somente por ouvir sons no ipod de Reyna ela já estremecera. Ora, Valdez seria seu grande herói, então.

– Quem liga para limpeza? - Continuou o loiro, indo correndo descer a escadaria para o mar.

– Eu tô nessa - Thalia foi junto.

Drew suspirou.

– Ai ai, eu vou cuidar do meu bronzeado - Pegou um bronzeador dentro de sua frasqueira que carregava. - Pode passar em mim? - Tirou sua blusa, revelando seu biquíni azul.

Reyna puxou Leo pelo braço escada abaixo.

– Vamos logo.

Ele levantou uma sobrancelha.

– Isso foi ciúmes?

A garota parou e piscou algumas vezes.

– Você está se ouvindo? - Ele riu, e decidiu ceder e ir para junto de Thalia na água.

Quando Leo e Reyna chegaram, Jason e Piper já haviam saído e ela estava sentada na areia com ele do lado. Suas mãos estavam se tocando de leve, e ela estava quase implorando em sua mente para ele entrelaçar seus dedos no dela.

Uma pergunta estava presa em sua garganta desde o momento do trem. Vamos, Piper, não pode evitar isso para sempre.

– Você não reclama de eu ser modelo? - A pergunta repentina no assunto o surpreendeu. Jason negou com a cabeça.

– Por quê?

Ela desviou os olhos dos dele, encarando o pôr-do-sol colorir tudo em tons de laranja e rosa.

– Nada... - Suspirou - Nada.


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Notas finais do capítulo

*Alex Turner, vocalista do Arctic Monkeys :3
Review, recomendações ou chute no traseiro?