A casa dele ficava um pouco afastada, um pouco mais para o sul da casa de Charlie. Era uma casa simples, de somente um andar, mas parecia bem conservada, tinha um pequeno jardim na frente e um caminho de pedras brancas que levavam até a área.

Igor e Mark foram ajudar a carregar os instrumentos. Audrey ficou no carro do namorado e Kari ouvia seu Ipod ao meu lado. Havia uma enorme garagem ao lado da casa, quase tão grande quanto à do vovô Carlisle.

Fred guardou o Voyage na garagem, talvez para ficar mais fácil levar os instrumentos até ela. Não demorou muito e vi outra movimentação na garagem, eles estavam colocando os instrumentos em um Saveiro Trend prata. [b][ saveiro: http://www.mecanicaonline.com.br/rodando/2007/06/vw/saveiro.jpg ][/b] Atrás do Saveiro pude ver algo como um Jipe, mas não tive certeza até Fred entrar na saveiro e sair com ela. Era um jipe amarelo chamativo [b][ jipe: http://i68.photobucket.com/albums/i27/rslonik/carrocarro/015963439-EX00.jpg ][/b].

Quando Fred já estava quase na rua, Mark rapidamente fechou a garagem e entrou no Saveiro. Eu vi pelo retrovisor Fred fazendo sinal para irmos enquanto Igor entrava no seu carro.

Tentei fazer um caminho que não passasse perto da casa dos meus avôs, mas isso fez ficar longo demais, estava torcendo para não encontrar ninguém, acho que não foram todos viajar, alguém deve ter ficado para me ‘vigiar’.

Tentei sentir cada cheiro e movimentação enquanto me aproximava de casa, tinha certeza meus pais não estavam. Parei o carro do lado oeste da casa – preferi não abrir a garagem, ia ser melhor pra todos -. Desci do carro enquanto Kari estava lá dentro maravilhada com a casa que acabara de ver. Ela deveria estar pensando, “o que uma casa dessa faz dentro da floresta?” e ela tinha toda razão.

Igor e Fred pararam o carro um pouco atrás do meu e não pude deixar de notar na expressão excitada que os dois faziam enquanto se aproximavam e nos cochichos entre Audrey e Kari.

- Para onde devemos levar os instrumentos? – perguntou Igor.

- Para o terraço, tudo bem pra vocês? Temos algumas escadas... – eu queria ajudá-los, mas ficaria meio estranho uma garota mais forte do que três marmanjos, preferi somente abrir a porta e mostrar o caminho.

- Meu Deus, sua casa é realmente linda. – Kari deveria estar guardando isso desde lá de baixo, pela cara que ela fez ao chegar aqui em cima.

Eu somente sorri e balancei a cabeça.

Kari e Drey se sentaram em um dos banquinhos perto das escadas, Igor e Mark estavam montando tudo e Fred pegava algo em sua mochila, era a minha pasta de musicas.

Eu encostei-me ao parapeito e ele se aproximava com os olhos brilhando e um sorriso de lado, não havia percebido, mas a pouca claridade que saia das nuvens deixava seu cabelo loiro num tom dourado quase como cobre envelhecido.

- Ei, eu li suas canções. – ele disse se encostando ao meu lado.

- E ai o que achou? – as borboletas voltaram a se abrigar em meu estomago.

- São demais, depois eu queria conversar com você se você emprestaria alguma delas para a nossa banda.

Oh meu Deus, acho que meu coração ia explodir!

- Mas é claro! – eu tentei não deixar transparecer, mais o brilho em meus olhos e a excitação em minha voz me incriminaram que era tudo o que eu queria na vida, mostrar a todos o que eu sinto, também tenho sonhos – Depois do ensaio a gente conversa.

- Perfeito, nossa Nessie, não sei como dizer, mais você é demais sabia?

Será que ele percebeu que meu rosto agora parecia um pimentão? Como ele podia dizer aquilo numa voz tão firme? Eu fiquei sem foco depois daquilo e fugiram quaisquer palavras que um dia iria dizer, parecia que o sangue somente estava no meu coração, porque ele batia cada vez mais rápido, e nada muito sincronizado.

- Deixa disso! Agora vai lá que eles estão te chamando.

Ele se virou e foi, Kari se levantou tomando seu posto na guitarra e Igor se sentou no banquinho atrás da bateria escolhendo qual baqueta ia usar. Mark se sentou em uma das caixas de som do lado de Kari e estava com um papel na mão que parecia ser a lista das musicas que iriam ensaiar.

O solo da Kari estava maravilhoso, mas uma coisa e acabara de perceber, nunca havia ouvido Fred cantar, aquilo me deixou curiosa, será que sua voz seria respectiva a sua beleza?

A musica parecia ser bem calma, e naquele instante que ele começou a cantar o chão parecia que havia desmoronado, a sua voz calma me parecia como um canto angelical, sinos em uma sintonia perfeita. Deixei a musica me levar enquanto Audrey abria um enorme sorriso do banco onde estava sentada para o namorado.

Pelo menos uma vez em cada musica Mark os parava para falar ou sobre a bateria que estava fora do ritmo ou Fred que errara a nota no baixo.

- NÃO! Vocês querem que o público vá embora antes da quarta musica? – Igor reclamara umas três vezes da ordem das musicas, mas Fred não ligava – Vamos ter que por ela antes da ultima.

- Que tal tirá-la? – agora era Kari que falava num tom bravo.

Eu queria saber d qual musica estava falando, parecia ser a próxima da lista que se recusavam a ensaiar.

- Então vamos passá-la somente uma vez e depois decidimos se esta boa ou não. – Mark disse e então Fred trocou os papeis e começou estudá-la.

- Já sei, nada melhor do que o público decidir se ela é boa ou não, porque você não diz se gostou ou se ela não presta, em Nessie? – agora foi Fred quem disse, virando os olhos em minha direção com a cabeça ainda abaixada.

- Então vamos ouvi-la, toquem ai! – eu disse chegando um pouco mais perto e sentando em uma das caixas de som perto da bateria.

b34; I stopped tryin' to write the things I don't like
And I started goin' back to where I'd been before
She said "I don't blame you I'd do the same"
Opportunity knocks knocks knocks open the door
But I think she saw through it
I see through myself
Another chance gone, won't get many more

But I'm not the only guy I know that
I'm not the only guy I know that
You never notice
The only guy I know, well I'm not the only guy I know
That you never notice b34;

OBS: o nome dessa musica é Notice – Gomez. Link para o youtube: http://www.youtube.com/watch?v=q1S5WDIADbg

Eu tive que me beliscar para saber se estava viva quando ele acabou de cantar.

Aquela voz do jeito que entrou em meus ouvidos, não quis mais sair, agora ela estava no meu coração, era tão linda, ainda mais cantada por ele, eu queria aplaudir, mas tinha que me controlar, então esperei alguns segundos para não falar besteira.

- É linda – tentei parecer natural, mas não acho que estava os convencendo – com certeza devem colocá-lo no repertório.

- Ela que decide, e vocês ouviram – ele jogou a cabeça de lado se virando para mim mostrando todos seus dentes num enorme sorriso. – vamos continuar.

Duas horas passam tão rápido quando você esta ouvindo ele cantar, só fui sair dessa transe quando Igor pediu licença para retirar a caixa de som onde eu estava sentada.

Eu os observava guardar todas as coisas, e de repente Mark tocou no meu ombro.

- Nossa, não sei quantas vezes nos já agradecemos a você, mas queria dizer ‘oficialmente’ – ele fez aspas no ar – que você nos ajudou pra caramba hoje, não sei como te agradecer.

- Eu já disse que não foi nada, mais também vou dizer ‘oficialmente’ – imitei o gesto – pode contar sempre comigo.

Ele ia se virando pára continuar a ajudar seus amigos e eu o chamei novamente.

- Ei Mark. – ele se virou.

- Diga.

- O que exatamente você faz na banda?

- Eu sou o “produtor” – esse gesto de aspas no ar já havia me irritado. – e também componho algumas musicas.

- Ai que legal!

Ele sorriu e se virou novamente.

- Ei Mark – ele se virou e sorriu – quem escreveu aquela musica que você pediram para mim opinar?

- Ah, aquela foi o Fred.

Ele se virou, mas agora eu o deixei ir. Meu coração começou a bater descoordenado, não sabia que emoção havia me atingido agora, mas era algo bom, nunca havia sentido o mesmo.

Comecei a lembrar da letra daquela musica, era tão linda, nunca havia pensado nesse lado dele, sentimental. Eu já estava ansiosa para o show de sexta-feira.

Eu e as meninas estávamos sentadas no sofá enquanto os garotos desciam pra lá e pra cá com caixas e instrumentos e muitos, muitos fios.

- Ei Nessie – era somente um sussurro que vinha da porta, mas a voz me congelou no mesmo instante, era Frederik. – vem aqui um segundinho.

Levantei-me do sofá e deixei as duas conversando.

- Oi?

- É... – ele parecia não saber como dizer algo – eu não quero que o pessoal saiba que vou ficar aqui depois para conversarmos sobre as musicas, então eu vou levar Mark embora num segundo e no outro já estarei aqui.

Não parecia uma idéia muito boa, pois meu pai estaria aqui dentro de algumas horas, mas ficar sozinha com ele não parecia uma tão má idéia assim, até me deixava com uma sensação boa. Então resolvi concordar.

- Tudo bem, eu te espero aqui – é claro que ele sabia que eu estaria esperando.

Me despedi de todos, Fred e eu soltamos uma leve risada quando fomos nos despedir, rindo de nossa piada particular.

Os carros tinham acabado de fazer a curva e sumir na estrada quando minhas pernas começaram a tremer. Ele estaria aqui daqui a alguns minutos, será que daria tempo de mim tomar me banho? Resolvi não pensar muito e corri escada acima, em um segundo já estava com a toalha na mão entrando no um banheiro.

Tentei relaxar debaixo daquela água fervendo mas meu coração batia forte ao tentar imaginar qual musica ele escolheria.

Sai do banheiro dentro do meu roupão azul com detalhes em rosa já tentando imaginar qual roupa iria vestir. O closet inteiro passou pela minha cabeça, mas parecia que nenhuma me agradava, não queria parecer muito ousada, e nem muito desleixada. Então peguei um short jeans – não muito curto – com detalhes em rosa e uma regata branca, no pé calcei uma sandália baixa estilo gladiador. Meu cabelo estava solto e nas pontas caia cachos, coloquei uma tiara rosa e fiquei me olhando no espelho por alguns minutos até ouvir a campainha.

- Estou indo!

Queria pular daqui de cima até a porta, mas me acalmei e desci degrau por degrau aumentando o meu nervosismo, eu nem sabia o que estava assim.

- Olá! – disse abrindo a porta – novamente.

- Oi – ele pulou para dentro e me deu um beijo na bochecha.

- Senta ai no sofá – apontei – quer tomar algo? – eu sabia que não era muitas as escolhas que poderia lhe dar, mas já vi vários humanos dizendo isso quando recebem visitas de outros humanos, era educado.

- Não, obrigado.

Ele abriu a mochila que carregava sempre com ele e tirou de dentro uma pasta de capa preta com vários “Renesmee” e “Nessie” escritos por fora – até uma assinatura de Jacob Black, em sua caligrafia que era mais um garrancho.

- Eu queria só te perguntar, se você tem mesmo o interesse de nos emprestar algumas de suas canções.

- É claro. Com todo prazer.

- Ah então, o que você me diz dessas musicas? – ele retirou da pasta três folhas, e continuou a procurar a quarta enquanto eu sentava ao seu lado e olhava as que ele havia escolhido.

As três primeiras eram as minhas prediletas, uma delas eu havia cantado no pátio hoje pela manhã, quando não pude entrar na aula de Biologia. A outra folha que ele retirara, a quarta canção, era uma folha rosa, de fichário, os corações atrás não me deixavam esquecer qual era a canção que estava lá. Era a musica que havia tocado para Jacob no dia anterior, ele havia desenhado corações atrás da folha com um lápis de cor vinho e com sua péssima caligrafia escrevera Nessie e Jake dentro do coração maior.