Suzi foi embora tarde, conversamos, rimos e aceitei passar o sábado fazendo compras com ela.

A sexta-feira se arrastou até às 18h, estava ventando e escuro quando saí da lanchonete, sorri ao ver Dick apoiado no carro.

–Oi Dick!

–Oi Lis, não teve aula na faculdade porque todo mundo está planejando o acampamento, então pensei em vim ver você. – Ele sorriu

–Isso é ótimo!

–Quer ir à algum lugar? Pensei em comida chinesa...

–Perfeito, podemos pedir por telefone e comer em casa.

–Ótimo.

...]

Pedimos a comida chinesa eles não demoraram a chegar. Quando saí do banho, já havia chegado. Nos sentamos no chão e espalhamos as coisas em cima da mesinha de centro. Era bom ver como Dick se sentia à vontade em minha casa, mesmo sendo apenas a segunda vez que entrava nela. Quando terminamos, peguei os pratos e levei em direção à cozinha enquanto ele falava:

–Lis, eu quero que você vá jantar em minha casa. – Ele me seguiu com o resto da louça

–Vamos oficializar alguma coisa ou você vai me pedir em casamento? – Ele riu com a minha pergunta

–Você precisa conhecer Bruce e... Bem, você é a minha garota, precisa conhecer a minha casa. – Coloquei toda a louça na pia e voltamos à sala

–Sua garota?

–Sim Alícia Amell, você é a minha garota. – Ele falou agarrando a minha cintura – Que tal sábado?

–Vou passar o dia com Suzi.

–Então no próximo.

–Combinado.

Ele sorriu e me beijou. Enrolei meus braços em seu pescoço e os beijos calmos e carinhosos de Dick, deram lugar a beijos urgentes e intensos. Ele passou a mão por de baixo da minha camisa larga tocando a minha pele. Com uma mão, segurei sua nuca, com a outra, o seu braço forte. Cambaleamos até a porta do meu quarto, eu a abri sem parar um instante de beijá-lo e entramos juntos, Dick fechou a porta.

...]

Acordei aos poucos, eu estava deitada no peito de Dick e ele ainda dormia. Notei que eu usava a camisa azul dele que havia ficado bem grande em mim.

–Bom dia. – Ele sussurrou sorrindo

Me estiquei e o beijei. Ele pegou o celular em cima do criado mudo.

–Está tarde, preciso ir.

–Que horas são?

–10h30

–Eu nunca durmo até essa hora.

Ele nos virou ficando em cima de mim e me beijou mais uma vez, depois se levantou. Levantei e fui em direção ao meu banheiro.

–Vai precisar da sua camisa.

–Ela fica muito bem em você. – Ele sorriu vendo que eu usava sua camisa muito mal abotoada

Saí o banheiro usando as minhas roupas. Logo, Dick se foi e duas horas depois, Suzi chegou. Fui com ela até o centro da cidade ouvindo-a falar freneticamente sobre o meu namoro. Suzi e eu estávamos caminhando de loja em loja, sem parar.

–Ele vai levar você à casa da família dele, é um bom sinal! – Falou ela chacoalhando as mãos no ar

–Ainda não é nada sério, Suzi...

–Ainda não, só depois do sábado que vem!

–... O pior é que você tem razão.

–Eu sempre tenho! Espera, “pior”? Por que pior?

–Eu não... Não quero me envolver... Mais.

–Ah não vem com esse papinho! Você sempre foge dos caras quando eles querem algo sério! Parece até o Mike! Ele gosta de você e você gosta dele, não gosta?

–Eu acho que sim... – Murmurei como se fosse algo ruim, talvez fosse mesmo algo ruim.

–Então chega! Você está envolvida até o pescoço, não adianta fugir. Pronto! Próximo! – Ela falou rápido e alto

–Psiu! Nem todo mundo precisa saber! – Falei e ela revirou os olhos

–Até o Mike está dando certo com a Mayra, por que você não pode dar certo com alguém? – Ignorei a pergunta e segui para a próxima loja cara

...]

Passei o dia assim, experimentando roupas caras e sofisticadas. Depois de andar muito, voltamos para a casa dos Lane. Fiquei o resto do dia lá, assistindo à um filme comédia-romântica com Suzi, Lucy e Mike.

Quando finalmente voltei para casa, vi uma flechinha no centro da mesa, caminhei até ela e a arranquei da mesa, havia um papel preso nela com um endereço e um horário... Barton! O horário era 22h e o endereço, muito próximo da minha casa, apenas algumas ruas de distância, não era bem o melhor lugar da cidade, um lugar sempre escuro que eu nem sempre frequentava, apenas como Anjo Negro. Olhei para o relógio na parede: 21h40

Revirei os olhos. Troquei de roupas rápido e saí de casa vestida de Black Angel, saí pela janela, como de costume, subi até a cobertura e fui rápido para o lugar.

Era um prédio enorme e aparente abandonado, uma das maiores construções da cidade. Entrei.

–Que garota pontual! – Falou Clint quando passei pela porta quase toda quebrada e fechada com tábuas.

–A Lucy discorda – Murmurei

–O quê?

–Nada.

Olhei bem o lugar, claramente abandonado e muito vandalizado. Paredes escuras e pichadas, tábuas tampavam as antigas janelas deixando apenas que pouca luz entrasse no lugar e mais uma porta no salão, a coisa mais inteira que devia ter ali.

–Esse é o seu QG?

–Não, é o meu transporte para ele! A SHIELD fica à cima desse prédio, mas invisível, é claro! – Continuei a encará-lo – Esse é só o teletransporte, é onde ficam os tubos zeta de testes. – Ele parou de falar

–Vai explicar ou vou ter que adivinhar?

–São os projetos de teletransporte, eu entro ali e saio lá na base da SHIELD!

Tentei não exclamar “Uau!” enquanto ele explicava mais sobre os tubos zeta.

–Não tem algum jeito para que eu possa conhecer a SHIELD?

–Ninguém entra ou sai de lá sem que eles saibam... Só se você entrasse como Black Angel, mas aí eles iriam começar interrogatórios... Muitos interrogatórios! Eles, com certeza, vão contratar você. Suas habilidades são indispensáveis!

–Obrigada... Sua flecha deixou a minha mesa marcada.

–Eu vou reembolsar... – Clint se distanciou um pouco falando no rádio – Certo, estou à caminho.

–Qual o problema?

–Estão atacando próximo à sua casa. Eu sou o agente mais próximo do lugar. – Ele falou caminhando rápido, pegou o arco e aljava, eu o segui para fora.

–Eu também estou aqui. São eles?

–Sim.

Corremos para o local, era exatamente ao lado do meu prédio, na rua escura que eu evitava sempre. Entrei em casa e peguei o meu arco. Saí pela janela, ficando em cima da escada de incêndio, já na rua onde cinco Homens da Noite atacavam um grupo de jovens.

Atirei uma flecha em um deles fazendo os outros olharem para mim e os jovens correrem desesperadamente.

–Imaginei que conseguiríamos a sua atenção Black Angel... – Falou um deles e de todos os lados surgiram mais e mais homens, me senti cercada por eles.

–Conseguiram. – Falou Gavião do outro lado com o arco próximo ao rosto

Gavião começou a atirar flechas não afiadas e diferentes – pareciam ter algum tipo de química, muitos homens ficaram tontos e caíram.

Não seria uma luta nada fácil, mas não eram os melhores agentes que eu já havia enfrentado, mesmo assim, tive que ter muita cautela com os homens – e mulheres – que estavam perto de mim. Acabei ganhando um belo corte no braço.

A luta começava a ficar mais complicada, alguns dos agentes conseguiram subir até a escada de incêndio tentando me encurralar, olhei para Clint, ele parecia ocupado com alguns homens. Voltei à minha batalha. O homem que estava à minha frente conseguiu atirar o meu arco para longe. Peguei uma flecha afiada do meu aljava e enfiei com força em suas costas quando ele virava para me atingir. Ele caiu de dor me dando tempo para roubar sua espada. A luta se tornava mais difícil e o corte no braço me impedia de fazer certos movimentos.

–Chega, já conseguimos o que queríamos! – Berrou uma mulher vestida de preto e mascarada que até então, eu não havia notado.

Todos os homens se afastaram e desapareceram nas sombras. Sentei ali mesmo na escada de emergência e pressionei o corte. A espada que havia me ferido, estava no chão.

–Você está bem?

–Sim. Droga! Obrigada.

–Acho melhor levar você à um hospital...

–Não precisa.

–Alícia, está sangrando muito. – Gavião falou rápido e atendeu ao rádio – Nick? Sim, eles alguns foram neutralizados, outros fugiram... Sim, tive a ajuda de Black Angel... Não, ela já se foi... Não... Agora?... Certo.

–Está tudo bem?

–Sim, mas não posso leva-la ao hospital, a SHIELD está vindo para buscar os agentes deles.

–Eu já disse que não preciso ir ao hospital!

–Por favor, Anji. Eu não posso ir com você, mas me prometa que vai? Prometa!

–Tá legal, eu vou. – Revirei os olhos

–Certo, agora vai, eles estão vindo.

Levantei e entrei em casa, fechei a janela para não correr o risco de ser vista pela SHIELD. Tomei um longo banho e fui dormir, adiando a promessa para o dia seguinte.

...]

–Garota, como foi que você fez isso? – Perguntou a enfermeira que fazia o curativo no meu braço, resolvi ir de manha para acabar logo com aquilo.

–Eu caí. – Falei rápido

–Onde?

–Num beco... Com... Vidro, estilhaços de algo quebrado.

–Eram muitos pedaços mesmo!

–Sim, eram... Obrigada. – Agradeci quando acabou

–Não foi nada, querida, cuidado com esse braço! – Ela sorriu gentil

Voltei para casa e passei o resto do domingo mudando as coisas dentro de casa, mexendo nos móveis, tentando deixar o lugar mais apresentável. Mesmo que eu tenha conseguido me distrair assim, não deixei de pensar naquela batalha sem motivo e na mulher de preto, com roupas extremamente coladas, negras e com uma máscara!