O Príncipe Cinza escrita por Micaela Salvya


Capítulo 15
Vicente Chevalier




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Olhei meu reflexo no espelho. Uma linha preta acompanhava minha coluna até embaixo.

Como uma espécie de tatuagem passando pela nuca e que ia descendo pela coluna vertebral, a marca dançava com palavras minúsculas que formavam um desenho estranho parecido com a fumaça inebriante e tóxica que sai de uma casa em chamas.

Palavras que pareciam se mexer.

A marca se mexia mais perceptivelmente em noites sem lua. Irônico pensar que era justamente em noites sem lua que as Sombras da Lua se fortaleciam. Não que muitas pessoas, como as idiotas das Caçadoras, saberiam disso. Uma mera espiã se apoderara de algumas informações e já achavam que tinham a guerra ganha.

Aquele era só o pico do Iceberg.

Porque quem ganharia a guerra seria o que pensasse mais a frente. E advinha qual lado possuía mais aliados, mais informações, e mais espiões? Não era a Coroa Corina, ou mesmo a Profenciana e muito menos a Academia Arco.

Eram os vilões.

Os malvados vestidos de preto, dispostos a abrirem mão de tudo para ganhar.

Fumus intercludat.

Fumaça sufoca.

–--

– Você agora sabe de toda verdade, ninguém pode suspeitar que você é mais do que isso. Mais do que o filho ilegítimo de uma rica senhora.

– Mas agora eu finalmente sei quem meu pai é. Ele era muito mais do que minha mãe deu credito.

– Eu sei, eu sei. Mas nós dois sabemos que há muitas coisas que merecem serem mantidas em segredo, pelo menos por agora. Podemos usar esta informação em nosso favor.

– Porque não matamos a menina de uma vez por todas? perguntei irritado.

– Porque quem deve derrotá-la é o príncipe cinza. disse o encapuzado sentado ao meu lado. Ele estendia um jornal entre nós casualmente.

– Tudo bem. Eu fico de bico fechado, não irei atrás da garota. Por agora.olhei de soslaio sua silhueta. Sua Fumaça ficava exatamente no centro da palma de suas mãos. Quase imperceptível.

– Ótimo, tudo está finalmente entrando nos eixos.

Levantei do banco e não olhei para trás. Paciência não era uma virtude minha. Eu queria agir, encontrar a menina e mata-la de uma vez. Queria que o mundo soubesse do que o meu verdadeiro pai era capaz. Queria que minha mãe pagasse por esconder a verdade de mim todos esses anos. Ela era uma covarde que correra ao mero sinal de perigo. Eu não faria isso.

Eu não tinha um Protetor, mas estava disposto a encontrar um. Ou melhor, a forjar um e enfrentar um duelo pelo direito ao que era meu.

E eu mataria todos em meu caminho se necessário.


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