Suteki da Nee escrita por Yoruki Hiiragizawa


Capítulo 6
Não tenho coragem de revelar meus sentimentos


Notas iniciais do capítulo

Música do capítulo: "Super Duper Love Love Days", parte da OST de Card Captor Sakura.

Boa leitura!



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SUTEKI DA NEE
por Yoruki Hiiragizawa

Capítulo Seis
Não tenho coragem de revelar meus sentimentos

O céu estava azul, apenas uma ou outra nuvem atravessava o firmamento, sendo carregadas pelo vento, que soprava suavemente, balançando as folhas das árvores e refrescando um pouco o dia quente. Sakura e Tomoyo estavam sentadas em uma toalha xadrez, estendida na grama do parque sob a sombra de uma majestosa árvore.

"E o que você queria falar comigo, Tomoyo?" – a jovem de olhos verdes perguntou curiosa para a amiga, que se mostrava um tanto relutante em falar.

"É que eu ainda não tenho certeza, Sakura…" – hesitou, olhando para as mãos que repousavam sobre o chão. Aquelas atitudes estavam deixando Sakura aflita.

"Você está me deixando preocupada desse jeito…" – disse, colocando uma mão sobre o ombro da morena. – "Mas se não quiser falar, eu entendo…" – sorriu, vendo a garota de cabelos negros fazer o mesmo.

"É só que…" – encarou Sakura, respirando profundamente. – “Como você soube que havia se apaixonado pelo Li?” – perguntou, fazendo Sakura ficar vermelha e olhar para o lado.

“E-eu... eu não sei exatamente...” – sorriu levemente, evitando encará-la. – “Eu simplesmente soube...” – ergueu o rosto, observando Tomoyo que parecia desapontada com aquela resposta. Sakura tinha uma ideia do motivo de ela estar perguntando aquilo. – “Eu... sabe... eu, ainda hoje, sinto meu coração acelerar toda vez que ele se aproxima e um arrepio percorre minha espinha a cada sorriso...” – falava devagar, com os olhos fechados e a mão sobre o peito. – “E quando ele fala comigo, olhando diretamente em meus olhos, minhas pernas tremem e eu, subitamente, não sinto mais o chão sob meus pés...” – abriu os olhos, suspirando.

“Você sente tudo isso quando está com ele?” – a morena questionou, maravilhada. Sakura apenas confirmou com a cabeça.

“E também há uma sensação de conforto que me envolve quando eu estou ao lado dele...” – sorriu. – “Eu não preciso medir minhas ações; posso ser simplesmente eu mesma sem me envergonhar ou me sentir desconfortável...” – encarou Tomoyo, arqueando as sobrancelhas. – “Mas por que você me perguntou isso, Tomoyo?” – questionou, fazendo a pele branca da amiga se tornar púrpura. – “Por acaso está gostando de alguém?”.

“Ah, e-eu... quero dizer...” – ergueu a cabeça e arregalou levemente os olhos. – "A-aí es-estão eles!" – exclamou, fazendo Sakura se voltar para trás, sorrindo e acenando aos recém chegados.

"Bom dia, meninas!" – Shaoran as cumprimentou, enquanto Eriol olhava repetidas vezes o relógio.

"O que houve, Eriol?" – Tomoyo perguntou, fitando curiosamente o rapaz.

"Não estamos atrasados, estamos?" – questionou, parecendo incomodado.

"Não!… Chegaram no horário combinado. Eu e Sakura é que viemos um pouco mais cedo para podermos conversar um pouco a sós…" – explicou, vendo-o tranquilizar-se.

"Isso foi uma demonstração da fixação de Eriol com a famosa pontualidade britânica…" – Shaoran cochichou para Sakura, fazendo-a rir baixinho.

"Podemos começar?" – Sakura perguntou, colocando uma cesta grande no centro da toalha.

"Deixe-me ajudá-la!" – Shaoran sorriu, retirando os alimentos da cesta para o piquenique, sob os olhares de seus amigos.

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Após almoçar e passar algum tempo conversando com os amigos, Sakura retirou um caderno de dentro da mochila, pedindo a Shaoran que a ajudasse com alguns exercícios que ela não estava conseguindo resolver. O rapaz concordou, mas não sem antes zombar um pouco da amiga. Sentaram-se lado a lado, com o caderno sobre o colo de Li, deixando Eriol e Tomoyo de lado.

"Eu simplesmente adoro quando eles fazem isso…" – Tomoyo comentou, balançando a cabeça com um sorriso resignado.

"Isso é comum?" – Eriol perguntou em voz baixa, recebendo confirmação da jovem de olhos violáceos.

O inglês encarou o amigo que explicava alguma coisa para Sakura, enquanto ela o observava silenciosamente, com um sorriso no rosto, como se estivesse hipnotizada.

"É difícil aceitar que eles são apenas amigos, não é?" – Tomoyo perguntou, fazendo Eriol voltar-se para ela.

"É difícil acreditar que Shaoran não perceba o que Sakura sente por ele, isso sim…" – sussurrou. – “Ela não é nem um pouco discreta ao tentar esconder...” – completou, rindo e fazendo a garota concordar.

"Já que eles estão tão entretidos, acha que sentirão nossa falta se formos dar uma volta?" – a jovem perguntou, ficando levemente corada ao ver o sorriso que o inglês abriu com a sugestão.

"Não creio que se importarão com nossa ausência..." – sorriu, levantando-se e oferecendo a mão para que a jovem fizesse o mesmo.

Passaram a caminhar lentamente pelo parque e logo se distanciaram dos dois amigos.

Tomoyo não conseguia parar de pensar em como era confusa a relação que aqueles dois possuíam, principalmente da parte de Shaoran.

Havia momentos em que duvidava que o sentimento do rapaz por Sakura fosse apenas amizade, mas em outras ocasiões, conseguia ver apenas um carinho fraternal nas ações dele. ‘Um carinho muito forte, mas ainda assim fraternal...’, a morena pensou, suspirando pesadamente, fato que não passou despercebido pelo jovem inglês.

"Estás pensando em Sakura e Shaoran?" – ele indagou. A jovem balançou a cabeça, confirmando e arrancando um sorriso do rapaz.

Passaram pelo Rei Pinguim e se sentaram nos balanços que havia não muito longe dali. O dia não estava muito movimentado, mas o pouco movimento que podia ser percebido conseguia dar ao local um aspecto de vivacidade e alegria.

Tomoyo começou a pensar nas sensações que Sakura descrevera mais cedo e reconheceu algumas delas a envolvendo. Seu coração estava desesperado e se sentia muito bem perto daquele rapaz. ‘Seria possível?’, perguntou-se, olhando-o de esguelha enquanto pensava em algo para falar.

Permaneceram um pouco em silêncio, apenas observando os arredores. Alguns pardais cantavam empoleirados nos ramos das árvores, alheios a qualquer outra coisa senão sua música polifônica.

"Não é bonito?" – Tomoyo perguntou, suavemente. – "É uma verdadeira sinfonia. Não exatamente um Mozart, mas ainda assim uma bela sinfonia…" – suspirou.

"Gostas de música erudita?" – Eriol perguntou, visivelmente interessado. Tomoyo sorriu e assentiu. – "E de quais compositores tu gostas?".

"Bem, gosto de muitos, mas confesso que tenho certa preferência pelos barrocos. Você sabe, Bach, Vivaldi, Haendel...".

"Sim, são excelentes compositores, mas eu gosto mais do classicismo e do romantismo. Beethoven, Chopin... Tenho uma paixão confessa pelas composições de Chopin. Gosto do tom melancólico que ele dá às suas músicas. Já percebeste como ele abusa das escalas menores?".

Tomoyo sorriu, não eram muitos os rapazes que gostavam daquele tipo de música. Eriol, entretanto, não apenas gostava como também entendia do assunto como poucos. Logo, ambos haviam mergulhado em uma longa conversa sobre o universo da música erudita.

"Sabe..." – ela falou. – "Ultimamente tenho ouvido muita ópera. Gosta de Carmem?".

"Sim, uma das minhas preferidas!" – ele respondeu com entusiasmo. – "Conheces Ofélia?".

Tomoyo balançou a cabeça e sorriu, dizendo que Ofélia fora a primeira ópera que ela escutara.

"A minha também!" – admirou-se Eriol. Tomoyo abriu um largo sorriso.

"Gosta de Carmina Burana?" – ela perguntou, os olhos brilhando de excitação.

"Carl Orff!" – Eriol murmurou. – "Eu simplesmente adoro!"

"É uma das minhas obras favoritas!" – ela exclamou.

"Tens um ótimo gosto musical! Agora entendo porque mostras tanta desenvoltura nas aulas de música...” – disse o inglês. – “Aliás, tu tens uma voz linda, não é à toa que és solista do coral." – completou, fazendo Tomoyo sorrir.

"Creio que, agora, falta-me poder escutá-lo ao piano, não é mesmo? Ouvi seus pais comentando que você toca maravilhosamente bem." – falou a moça. Eriol sorriu.

"Creio que eles exageraram um pouco, sabes como são os pais com esse tipo de coisa, sempre se empolgam demais...” – retrucou, humildemente. – “Mas eu realmente ficaria feliz se pudesse te ouvir cantar junto ao meu piano." – ele falou, galante. Tomoyo não escondeu o sorriso que se formou em seus lábios.

"Seria um prazer." – ela disse.

Alguns minutos mais tarde decidiram voltar até o lugar onde haviam deixado Sakura e Shaoran, mas não tinham pressa. Caminhavam em silêncio, apreciando a melodia agradável do vento que balançava as folhas, pássaros cantando enquanto se banhavam na fonte do parque, risadas infantis que se espalhavam por todos os cantos, alegrando os corações.

"Tomoyo!" – Sakura gritou, correndo até a amiga ao vê-la aproximar-se. – "O que aconteceu?… Aonde vocês foram?" – perguntou parando em frente à jovem de olhos violeta com as mãos na cintura.

"Fomos dar uma volta…" – começou, mas foi interrompida.

"Por que não nos avisaram?" – ela ergueu uma sobrancelha, vendo a morena lançar um olhar divertido para o inglês.

"Porque não quisemos te atrapalhar, já que estavas tão concentrada nos estudos..." – Eriol explicou com um sorriso debochado surgindo em seu rosto, vendo-a abaixar a cabeça levemente corada.

"Não sei por que todo esse escândalo, Sakura. Afinal, o que poderia ter nos acontecido?..." – questionou caminhando até a árvore onde Shaoran os aguardava.

"Bem…" – ficou pensativa um instante, abaixando a cabeça. – "Acho que exagerei um pouquinho, não é?" – disse vermelha.

"Um pouquinho?" – Tomoyo riu. – "Sua preocupação realmente se excedeu…" – disse, fazendo-a ficar ainda mais envergonhada. – “Mas obrigada, mesmo assim...” – sorriu.

Eriol caminhava logo atrás das jovens, mas não ouvia nada do que diziam. Seus olhos estavam fixos na forma como os cabelos negros de Tomoyo vibravam, parecendo mover-se ao som de uma música.

Era incrível como tudo naquela garota o encantava. O sorriso, a voz, o suave perfume de magnólia que exalava de seus cabelos. Sorriu levemente. ‘Ora, ora... poderia ser o que eu estou pensando?’, perguntou-se sem tirar os olhos da garota.

"Está tudo bem, Eriol?" – Shaoran perguntou, colocando a mão no ombro do amigo, fazendo-o despertar.

"Sim, meu caro Shaoran!" – sorriu. – "Na realidade, nunca me senti tão bem…" – disse, sentando-se sobre a toalha, voltando a encarar a bela japonesa de olhos violeta.

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Os quatro amigos caminhavam, aproveitando o final da tarde. Tiveram um dia agradável e divertido. Encontrando-se agora a conversar sobre o que esperavam do futuro.

"E você pretende fazer a faculdade aqui no Japão mesmo, Eriol, ou vai voltar à Inglaterra?" – Sakura perguntou curiosamente, fazendo-o sorrir.

"Devo admitir que gostaria de me graduar em Oxford, Sakura, mas é desejo de meu pai que eu curse a faculdade aqui no Japão…" – disse olhando os orbes verdes da garota. – "E não tenho motivos para dizer que a ideia me é desagradável…" – concluiu e olhou, sorrindo para Tomoyo, que estava entre ele e Sakura.

"O Sr. Hiiragizawa sentiu-se decepcionado por Eriol não ter nascido no Japão, não é mesmo, meu amigo?…" – Shaoran comentou rindo. O inglês apenas confirmou com a cabeça.

"E tu ainda queres fazer administração em Hong Kong, Li?" – Eriol perguntou, observando, com o canto dos olhos, a reação de Sakura. Ela esboçou um triste sorriso, mostrando estar a par desse desejo dele.

O chinês balançou positivamente a cabeça com um sorriso, olhando para a amiga com carinho.

"O que faz deste o seu último ano morando aqui no Japão, não é, Shaoran?" – Tomoyo constatou um pouco triste.

"É, sim, Tomoyo…" – disse, fazendo a jovem de cabelos negros encarar Sakura. – "Mas não quero pensar nisso ainda. Temos pouco mais de meio ano até terminarmos o colegial…" – respirou profundamente, esboçando um sorriso. – "E quais os seus planos, Tomoyo?" – questionou.

"Pretendo ingressar no curso de música da Toudai…" – disse timidamente. Sabia que tinha condições para isso. Participava do coral da escola desde muito cedo, fazia cursos e aulas fora da escola, conhecia história da música como poucos jovens da sua idade e já ganhara um grande número de concursos, apresentações e festivais de música, não apenas dentro do Japão, mas fora também, graças ao auxílio e patrocínio das empresas de sua família.

"Eu ouvi dizer que é difícil ingressar nesta instituição, mas tenho certeza que conseguirás..." – Eriol disse sorrindo.

"Obrigada…" – agradeceu desconcertada. – "E você Sakura, já decidiu o que vai fazer?" – perguntou, fazendo a amiga ficar vermelha e balançar negativamente a cabeça.

"Ainda não sabes o que vais fazer?" – o britânico questionou, incrédulo.

"Bem, é que...” – disse explicando-se. – "Antes de vir para Tomoeda eu tinha como objetivo definido que faria Educação Física…" – foi interrompida por Shaoran.

"Sakura é uma ótima atleta e até o ano passado fazia parte do clube de líderes de torcida, tendo grande destaque…" – disse orgulhosamente. – “Foi inclusive escolhida para se tornar a capitã da equipe...” – foi interrompido por Eriol.

"E por que saíste?" – Hiiragizawa inquiriu, erguendo uma sobrancelha.

“Começou a surgir um boato de que ela estava saindo com o capitão do time de basquete, sendo que ele tinha namorada. Isso criou muita confusão...” – Tomoyo falou, franzindo o cenho. – “E esse boato parece ter se iniciado no próprio clube...”.

“Então, eu decidi sair e ignorar os comentários que faziam...” – Sakura disse fracamente, olhando para o chão enquanto andava. Shaoran passou o braço pelo ombro dela, tratando de mudar de assunto. Eriol apenas encarava Tomoyo, como se esperasse que ela fizesse algum comentário.

"Há motivos para crermos que foi Yamazato quem começou com aquela história. Ela também estava concorrendo à vaga de capitã…" – Tomoyo murmurou ao ouvido do inglês de forma que apenas ele ouvisse, fazendo-o arregalar os olhos, entendendo a situação.

“Ah! Eu já sei! Por que você não experimenta fazer algo relacionado à Literatura?” – Shaoran perguntou animado, chamando atenção dos amigos.

"Shaoran tem razão, Sakura! Tenho certeza que te sairias muito bem como literata …" – Eriol comentou, gentilmente.

"Já comentaram isso, antes…" – disse constrangida. – "É por isso que estou cogitando essa possibilidade…" – abriu um sorriso.

"Pode contar com meu apoio!…" – Shaoran sorriu com entusiasmo.

Ela encarou o amigo com os olhos brilhando de felicidade e concordou com a cabeça. Sentia-se nas nuvens, encarando os belos olhos chocolate do chinês.

Shaoran, por sua vez, sorria por ter conseguido animá-la. Ele realmente detestava quando os olhos esmeralda se tornavam opacos. ‘Eles deveriam sempre brilhar como jóias preciosas’, era o que ele pensava.

A Eriol e Tomoyo restou apenas suspirar, resignados.

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“Você não quer entrar um pouco?” – Sakura perguntou, olhando para Shaoran. Ele a havia acompanhado até em casa, depois de terem se separado de Eriol e Tomoyo.

O chinês a encarou um pouco hesitante. Era verdade que não tinha a mínima vontade de ir para casa, mas será que não estaria sendo inconveniente? Sakura parecia estar bastante cansada depois de toda agitação do dia. Ele respirou profundamente e balançou negativamente a cabeça.

“Não quero incomodá-la...” – disse, vendo-a fazer uma expressão aborrecida.

“E desde quando você faz isso, Shaoran?” – questionou, abrindo um pequeno sorriso. Shaoran fez o mesmo e a seguiu até a entrada da casa. – “Além do mais, o que você iria fazer ao sair daqui?” – ela ergueu uma sobrancelha, vendo-o contrair levemente os ombros.

“Iria para casa assistir TV até ficar entediado e provavelmente dormiria no sofá depois da primeira meia hora...” – deu de ombros, com um sorriso no rosto, fazendo-a balançar negativamente a cabeça.

“Que maneira divertida de terminar seu domingo...” – ironizou, abrindo caminho para que ele entrasse em casa. – “Papai, eu já cheguei!” – anunciou, tirando os sapatos.

“Seja bem vinda, filha...” – respondeu Fujitaka da sala de televisão. Sakura deixou Li tirando seus próprios sapatos e foi até o cômodo onde o pai se encontrava. – “Como foi o dia? Já comeu alguma coisa?” – questionou ao ver a filha parar ao lado da porta, apoiando-se nela.

“Sim, não se preocupe...” – sorriu, levemente. – “Ah... foi muito divertido. Eriol e Tomoyo são excelente companhia...” – disse com um sorriso maroto.

“Mas a minha companhia deve ter sido tediosa...” – Shaoran falou, fazendo-a rir baixinho. – “Boa noite, Sr. Fujitaka. Espero não estar incomodando...” – curvou-se levemente ao cumprimentar o homem.

“Você nunca nos incomoda, Shaoran...” – o homem respondeu, sorridente. – “Você já é de casa, sabe disso...” – disse, fazendo o jovem abrir um sorriso de gratidão.

“Shaoran, venha comigo um instante. Eu quero lhe mostrar algo...” – Sakura o chamou, começando a subir às escadas.

“Com licença...” – o rapaz, pediu seguindo-a. Ao chegarem à porta do quarto da garota, ele a encarou estranhamente. – “‘Eriol e Tomoyo são excelente companhia’?” – questionou, chateado.

“Ah, Shaoran, deixa de besteira...” – sorriu, entrando no quarto e começando a remexer em uma gaveta cheia de cadernos. – “É só que não preciso mais comentar sobre você com meu pai, ele já sabe que eu adoro estar na sua companhia...” – disse segurando um caderno de espirais.

“Sério?” – ele perguntou, erguendo uma sobrancelha, desconfiado.

“É claro...” – olhou-o com cara feia. – “E entre logo...” – puxou-o para dentro, fechando a porta. – “Dê uma olhada nas duas últimas páginas e me diga o que acha... Mas seja sincero...” – entregou o caderno a ele e o observou sentar-se na cama, começando a ler.

Sakura passou a caminhar devagar pelo quarto, olhando-o de esguelha de vez em quando. Encostou-se em sua escrivaninha, recordando o que havia conversado com Tomoyo, antes dos rapazes chegarem. Estava certa de que Tomoyo havia se apaixonado pelo britânico e, pelo modo como o rapaz a encarava, tinha certeza que ele nutria um sentimento especial pela morena. Isso a deixava satisfeita.

Encarou Li à sua frente, vendo-o concentrado no que estava lendo e se aproximou da cama, sentando-se ao seu lado. Sakura começava a se perguntar se algum dia teria coragem de contar a ele. Nunca esperaria que Shaoran retribuísse seus sentimentos e só de pensar em revelá-los, já sentia seu corpo tremer e o coração disparar. Era um nervosismo anormal. Acreditava que nunca conseguiria confessar a ele. Dizer...

“Shaoran...” – Sakura sussurrou despercebida, fazendo-o interromper a leitura e encará-la. – “...E-eu...”.

Ele estranhou o fato de ela estar olhando para frente, de forma distraída. Ergueu uma sobrancelha curiosamente e esperou por longos segundos que ela falasse alguma coisa.

“O que foi?” – ele questionou, sorrindo levemente. Sakura despertou, encarando-o estranhamente.

“O quê?” – perguntou confusa.

“Você chamou meu nome e parecia que ia dizer alguma coisa...” – disse, ficando preocupado ao vê-la enrubescer. – “Você está bem?”.

“Não se preocupe... ahm, eu não ia dizer nada demais...” – desviou o olhar, brevemente. – “Já terminou de ler?” – perguntou, tentando mudar de assunto.

“Estava terminando de ler o último poema...” – disse, encarando-a. – “O que você ia me dizer, Sakura?” – insistiu, contraindo as sobrancelhas.

“Não era nada... Não se preocupe, está bem...” – forçou um sorriso, levantando-se.

De alguma forma, Shaoran sabia que era importante. Talvez pela forma como ela pronunciou seu nome ou pelo fato de ela estar fugindo do assunto.

“Sakura...” – ele começou, mas, para alívio da garota, ouviram batidas na porta.

“Desculpem interrompê-los, garotos...” – Fujitaka disse ao abrir a porta do quarto. – “Eu fiz pudim de chocolate, não gostariam de descer para comer?” – questionou.

“Claro!” – Sakura sorriu, encarando o amigo. – “Venha, Shaoran...” – chamou-o, saindo do quarto logo atrás de Fujitaka.

O garoto ficou observando por um instante o local por onde Sakura havia passado. ‘O que será que ela ia falar?’, perguntava-se sentindo certa inquietação. Deixou o assunto de lado, levantou-se e a seguiu, deixando o caderno aberto sobre a cama, sem ler as últimas linhas do poema que diziam...

"Anata ni tsutaeru yuuki
hontou wa mada nai kuse ni..."

Continua...

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Notas finais do capítulo

Aiya!...

Para quem estava pedindo um pouco mais de Eriol e Tomoyo... aí está! Uma interessante demonstração de entendimento entre esses dois personagens e previsões favoráveis de que algo está por vir... pelo menos entre eles, NE?

É interessante ver como esses dois são diferentes de Shaoran e Sakura em vários sentidos... Puxa... por que a Sakura não terminou aquela frase? Era tudo o que precisava... Uhm... eu não sei se vocês concordam, mas a impressão que eu tenho é a de que ela tem tido cada vez mais dificuldades de manter em segredo o que sente pelo chinês... talvez ela acabe falando demais qualquer dia desses... Espero que sim!!

Os últimos versos do poema são também o subtítulo do capítulo: "Não tenho coragem de revelar meus sentimentos"

Perfeito, não acham? Resume bem toda a situação... Infelizmente!
Beijinhos a todos!

Yoru. (20/10/05, 21:57h. "Por incrível que pareça, ainda é possível piorar...").