Havia estrelas e havia lua, mesmo que não fosse noite. Havia brisa, havia frio, mas também conforto. Havia braços, havia mãos dadas, e não espaço que os separasse. Havia pouco, para eles era muito. Um mundo.

Um mundo preso numa aurora de sensações, num crepúsculo de sinais. Todos incompletos, todos.

Todo seu. Repetia um deles, ou apenas uma mente ansiosa? Não importa. E não mesmo, fosse qual fosse, dois já haviam deixado de ser e um só se tornavam.

Tornavam-se dependentes, temerosos sem razão e apenas pelo receio, se abalavam. E de tão sólidos, não entendiam, apenas se distanciavam e se doíam. Talvez pelo escuro brincassem de cegueira.

Cegueira sua ou minha? Não importa. Ainda havia as sombras, ainda havia braços, ainda havia mãos dadas, mesmo que também houvesse espaço que os separasse, quase um abismo.

Abismo esse que os sugava, e caíam, jogados a escuridão, soltos no meio das sombras. Ali, não havia mais nada.

Nada talvez fosse menos que pouco, mas pouco era muito. Quase um mundo. Um som, ritmado, tímido, um quase tudo. Uma batida de coração.

Coração houve e houve toque. Batia aliviado. Não fui abandonado.

Abandonado? Nunca.

Nunca.

Nunca.