Assim que escureceu, Pedro me levou para casa.

– Boa noite. – Ele disse se aproximando e dando um beijo na minha testa.

– Boa noite... E obrigada pelo dia.

– Eu é que agradeço. – Eu sorri para ele e saí do carro, rumo a minha casa.

Assim que entro, vejo meu pai já dormindo no sofá, subo as escadas com cuidado para não fazer barulho, e após tomar um banho e por pijama, me deito na cama... E penso nele. Involuntariamente, me pego sorrindo.

(...)

Um mês. Trinta e um dias... Um mês desde que as lágrimas se transformaram em sorrisos, desde que tudo mudou, como que da água pro vinho. Desde que eu me sentia feliz como nunca, e completa... Pedro despertou uma parte de mim que eu não conhecia, que estava guardada, talvez para ele. Que ironia, logo o menino que me odiou logo de cara. Mas agora tudo havia mudado. Um mês desde que o ódio se transformou em... Carinho? Bom, eu não sei dizer. Só sei sentir, e é algo muito forte.

Além disso tudo, hoje também é aniversário da Laura. E estávamos eu, Pedro, Yasmin, Bruno e mais algumas pessoas na casa ajudando com os preparativos da festa. Bom, eu pelo menos estava tentando, mas era algo extremamente difícil, já que Pedro estava me envolvendo pela cintura, tentando me desconcentrar... E com sucesso.

– Pedro, para. – Suplico pela terceira vez.

– Qual é, você já ajudou bastante... Fazer isso aí é melhor do que ficar comigo? – Disse e fez uma carinha de tristeza que eu quase não resisti.

– Não, não é melhor... Mas é aniversário da Laura, sabe, quero ajudar.

– Ela não vai ligar, só de você vir na festa ela já vai ficar feliz, pode ter certeza. Por favor... Hoje não é só aniversário dela. Faz um mês que a gente tá junto, lembra?

– Claro que eu lembro... Mas, não pensei que você soubesse.

– Como eu não saberia? O melhor mês da minha vida. – Ele abriu um sorriso largo e apaixonante, e quando pegou minha mão, para nos afastarmos dali, não hesitei.

Ele me levou até uma varanda que eu ainda não conhecia da casa, que dava de frente para uma praça.

– Beatriz... – Ele parece um tanto quanto nervoso. Respirou fundo uma vez e continuou – Eu sei que a gente já tá junto, sério e tal, mas eu queria que fosse oficial. Esse um mês foi o mais feliz da minha vida, eu juro pra você. Você me faz tão bem, e eu quero que todo mundo saiba que você é minha, que com você eu sou feliz, quero que todo mundo saiba que eu tô apaixonado pela menina mais perfeita e incrível que eu já conheci nesse mundo... Quer namorar comigo? – Ok, eu tinha sido pega de surpresa, e a algumas semanas atrás, eu diria que não. Por medo. Um medo incrivelmente grande que me atormentava todos os dias, um medo incondicional de perdê-lo, de sofrer. Mas estando com ele, sofrer não é possível. Ele só sabe me fazer feliz, como ninguém nesse mundo é capaz.

– É tudo que eu mais quero, meu amor. – Finalmente respondo e me aproximo dele, e o beijo. Como sempre, o beijo dele me causa tremor nas pernas, coração acelerado entre outras coisas... Normalmente eu me enjoava fácil dos meninos com que eu ficava, mas é impossível enjoar dele, se a cada toque, cada vez que ele sorri, cada vez que fala, que mexe no cabelo... Causa esses efeitos em mim. É impossível enjoar do melhor beijo que eu posso provar em toda minha vida, eu tenho certeza disso. Parece clichê, mas é ao mesmo tempo a mais pura verdade. Eu nunca vou conhecer alguém como ele, que faz meu coração arder, quase queimar de tanta felicidade. Eu posso conhecer milhares de outras pessoas, mas ninguém vai ser como ele é... Em um mês eu pude ter a certeza de que ele é único, e feito pra mim. E agora, finalmente, eu posso dizer que ele é meu. Por inteiro. Eu queria dizer que o amo, mas não tenho certeza disso... Não ainda. E, apesar de tudo, um medo muito pequeno ainda me atormenta, dizendo que posso sofrer, que amanhã tudo pode acabar.