A Rosa Que Sangra escrita por Wondernautas


Capítulo 15
Ascensão


Notas iniciais do capítulo

Perdoem meus possíveis erros, eu me estressei tanto hoje que na hora de postar o cap já escrito(terminei de escreve-lo hj de tarde), tive alguns problemas. Mas enfim, perdão pela demora recorde ! Espero q se agradem com a leitura!



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Se eu pudesse, admito que fugiria daqui. E o mais depressa possível! Usar a velocidade da luz seria uma alternativa. Mas afinal... não posso. Nem tudo deve ser do nosso jeito, não é?

Ao redor de duas mesas juntas, estão meus amigos Shion, Dohko, Asmita, Dégel, Kardia, além do Manigold e, obviamente, eu. Um pouco mais a frente, está a mesa na qual Yuzuriha, Tenma, Yato, Sasha, seu irmão e a namorada do mesmo rodeiam. Um total aproximado de 12 mesas com diversos convidados, nesse salão de festas.

– Parece não estar gostando muito da festa, Alba... - comenta Mani, olhando para mim, ao meu lado.

– Adivinhou. - falo, devolvendo-lhe um olhar e um sorriso sincero, sincero por ele e para ele - Eu não queria estar aqui...

– Albáfica, você tem algum tipo de problema pessoal com o Minos? - pergunta Dohko, curioso.

– Diria que é mais ou menos por ai, Dohko... - respondo, olhando-o sério - Não percebe o jeito que ele me olha?

Assim que termino de falar, sinto Manigold estremecer. Tenho certeza de que ele já havia notado os olhares de Minos sobre mim, não só no dia de hoje em questão, mas em todo o momento que o aniversariante tem oportunidade. Contudo, talvez ouvir da minha própria boca um comentário a respeito, para o Mani, seja outra coisa.

O local está bem cheio, repleto de sorrisos e risos descontraídos. Bebidas, desde refrescos à álcool, e petiscos variados. Apesar do aniversariante não ser o que chamamos de " rico ", sua casa é um tanto quanto confortável, por assim dizer. E sua festa, bem organizada. Algo fácil de se entender, já que, no passado, a família dele foi muito poderosa. O que não é confortável é ter de aturar os olhares do Minos para mim. Ah, como me dá nos nervos ter de suportar essa babação descarada. E, por falar no sujeito...

– Boa noite, meus amigos. Posso me juntar a vocês? - pergunta ele, caminhando do centro da salão e vindo em direção a nós.

– Claro, meu chapa! - responde Kardia, visivelmente bêbado.

Outra coisa que sinto no dever de admitir é que eu temia a possibilidade do Mani encher a cara. Ou pior: encher a cara do Minos de socos. É bem o estilo dele. Porém, contrariando as minhas más expectativas, ele não bebeu uma gota sequer de álcool desde que chegamos. Além de não ter acertado o " rostinho " do dono da casa. Felizmente... E isso, há mais de uma hora.

– Estão gostando da festa? - pergunta Minos.

– Com certeza, cara! - exclama Kardia, sorrindo para ele.

Na união das duas mesas, em uma ponta estão Shion e Dohko. Na ponta inversa, Dégel e Kardia. Manigold e eu nos encontramos na ponta entre eles. E, no lado contrário a nós, está Asmita. E, agora, Minos, que senta em uma cadeira do lado esquerdo do virginiano.

– Já apresentei meu irmão a vocês? - pergunta, olhando dentro dos meus olhos.

– Ah, o Kazuya? - sorrindo, estampo em meu rosto uma felicidade que não sinto nesse exato momento, pergunto, já ciente de que a resposta é " sim " - Creio que sim, ele é adorável! - fecho os olhos, para ampliar a minha cordialidade.

Kazuya, o irmão de Minos, adorável? Bom... nem tanto. Assim que Manigold e eu chegamos, fomos apresentados a esse garoto loiro de 15 anos, dono de um par de olhos verdes e uma personalidade orgulhosa e autosuficiente. Sim, por incrível que pareça, tudo o que o adolescente de cara emburrada conseguiu nos passar nesse pouco tempo foram más impressões. Diria até más convicções, já que isso é mais um fato do que puro " achismo ". Felizmente, o tempo que o garoto passou me encarando com aquela expressão de superioridade durou pouco e logo ele foi para o interior da casa.

– Ei... mas apesar de tudo... eu não deveria estar me divertindo aqui? Talvez seja uma missão impossível para mim. É difícil até mesmo manter o sorriso nesse teatrinho. Manigold, sem dúvida alguma, percebeu minha inquietação. Ou ele não estaria me olhando discretamente a cada dois minutos, na tentativa de " ler meus pensamentos ". Será que ele tem esse interessante poder?

– Albáfica, e como anda o projeto do seu livro? Já definiu um título? - Minos, outra vez, tentando puxar assunto.

– Anh... Bem... O projeto em si vai muito bem. - respondo, mantendo o sorriso - Mas eu ainda não escolhi o título, pois será a última coisa que farei.
Apoiando ambos os braços sobre a mesa, permanecendo com seu olhar direto ao meu, ele prossegue:

– Fale mais sobre a história...

– No livro, conto a história de um jovem estudante de Ensino Médio que teve seus sonhos interrompidos ao perder todas as pessoas de sua família. Com toda a dor e sofrimento, ele se vê na missão de reconstruir a própria vida, caso deseje de fato ser feliz.

– Mais uma vez, devo dizer que o enredo é bem interessante, Albáfica. - comenta Dégel, olhando-me - Serei o primeiro a comprar o exemplar.

– Fico feliz com isso, Dégel. - respondo, correspondendo-o com um sorriso sincero desta vez.

– Parece uma boa história sim. Claro, para florzinhas... - me é infeliz ter de ouvir a voz do " amável " irmão de Minos, que se aproximou sem que percebéssemos e agora se mantem de pé centímetros atrás do irmão.

– Que modos são esses, Kazuya? - o aniversariante, virando o rosto sério para trás, repreende o irmão.

– Modos de um babaquinha, Minos... - fala Kardia, fitando o garoto com certa ira - Não se mete com meus chapas aqui não, moleque!

– Kardia, lembre-se dos seus modos também. - afirma Dégel, ao lado do escorpiano.

– Oh Degelinho, não tá vendo como esse garoto falou com o Albáfica? - diz, olhando para o namorado, tentando explicar sua reação - É um babaquinha, um babaquinha...

– Não se preocupe, posso me defender sozinho, Kardia. - afirmo, trazendo os olhos dele para mim - Afinal, fiz isso a vida inteira. - ao dizer esta última frase, viro meu rosto em direção a Kazuya, novamente.

– Ah, então a rosinha delicada sabe se defender? Que meigo! - exclama o garoto, irônico.

Pela reação do Minos, noto que ele está prestes a se manifestar. O provável seria que ele irá colocá-lo de castigo dentro de casa pelo restante da festa ou algo do tipo. Contudo, não quero correr o risco de deixar o garoto ir sem que antes eu possa lhe dizer algumas breves palavras:

– Sabe Kazuya... - inicio, com toda a naturalidade do mundo - Eu costumo fazer esse tipo de analogia, comparando as pessoas com várias coisas. Pode ser que eu as compare, de fato, com rosas ou flores muitas vezes. Mas a semelhança entre uma rosa e uma pessoa não se dá somente pela aparência ou jeito de ser. São os sentimentos, meu caro. São esses que nos aproximam das rosas mais do que a qualquer outra coisa. Ao mesmo tempo que nossos sentimentos podem ter belas pétalas, é raro não encontrar os seus espinhos. Nós... como humanos somos, literalmente, nossos próprios sentimentos. Por mais que um jardim tente ocultar suas rosas, nada será capaz de detê-las no instante do seu florescer. Assim como, por mais que as pessoas tentem esconder as pétalas ou os espinhos de seus sentimentos, cedo ou tarde ela fracassará.

– Que belo discurso... - diz ele, ainda sorrindo de maneira irônica - Mas...

Apesar de tudo, até agora o garoto não foi capaz de me irritar profundamente, como aparenta ser seu desejo. Pode ser que, talvez, minha paciência seja maior do que eu esperava...

– Me diz ai, florzinha: entre esse seu namoradinho e você... - sugere Kazuya, apontando seu indicador esquerdo para o Manigold, ao meu lado - Na hora do " vamo ver ", qual de vocês dois que dá o...

Foi interrompido. Pelo quê? Pelo impacto do meu punho direito na sua carinha deslavada e arrogante. E a essa altura, todas as vozes que conversavam e se divertiam até agora se calam. Tenho a impressão de que sou o atual centro das atenções. Contudo, isso não me importa.

– Com que direito você fala uma coisa dessas, garoto!!?? - me imponho, já de pé no meu lugar, enquanto o menino jaz no chão, após receber meu soco.

Não só Manigold, Minos e meus amigos ao meu redor estão extremamente impressionados, mas também todos os convidados dessa festa. Sim. Até mesmo eu me espantei com a minha própria reação: acertar o soco em alguém, aliás, acertar um soco em um garoto de 15 anos. De fato, não é o tipo de atitude que costumo tomar...

– He... pelo visto, acho que já sei qual a resposta. - comenta o irmão de Minos, limpando o sangue do canto esquerdo de sua boca com a mão direita, assentado no chão.

– Kazuya, já chega! Por acaso enlouqueceu? - pergunta Minos, olhando nos olhos do mais novo, irritado.

– Você que enlouqueceu, irmão! Como pode ficar todo caidinho por uma coisinha dessas? - o adolescente, visivelmente alterado, se levanta e defronta o irmão mais velho cara a cara, que também se levanta de sua cadeira para fazê-lo.

– Albáfica... - inicia o aniversariante, mantendo seu olhar firme contra o irmão - Peço perdão pelo constrangimento que está passado nesse instante. Prometo que isso não tornará a se repetir...

Sério, ele pega o irmão pelo braço e se afasta com ele para o interior da casa. A dupla, no trajeto, é acompanhada pelos olhares de todos. Olhares esses que dividem sua atenção com a minha face, de certa maneira, indiferente.

– Senta, Alba... - diz Manigold, ao meu lado.

Ele tem razão. Permanecer de pé dessa forma só atrai esses maus olhares para mim. Então volto a me assentar, mais calmo.

– Garota, você está doida, é?? - escuto uma voz um tanto quanto familiar ecoar pelo salão. O silêncio de todos ajuda para que seu comentário seja ainda mais audível do que o natural.

Logo ao me assentar de volta em minha cadeira, guio meus olhos para a mesa um pouco a frente de nós. O que vejo me espanta: uma mulher ruiva tentando agarrar a Yuzuriha.

– Docinho, não gostou de mim, foi? - pergunta a tal ruiva.

Yato e os outros à mesa, sem reação. Apenas demonstram uma expressão de espanto, tal como a grande maioria presente no salão.

– Asuka?? - conclui Kardia, ao ver a ruiva aliciando Yuzu - Ma... mas o que você tá fazendo aqui???

– Kardia? - Asuka, ao ser empurrada para o chão, cai assentada e passa a olhar para o namorado de Dégel, estando ele a certa distância, nas nossas duas mesas juntas.

– Afz... essa festa não está sendo nada normal. - comenta Dégel, suspirando fundo, entediado.

– Meu bem, vá se tratar, hein? - sugere Yuzuriha, colocando ambas as mãos na cintura, se levantando e encarando Asuka, ainda no chão - Não pode estar lúcida para agarrar alguém que mal conhece dessa maneira... - a loira, impaciente, se assenta outra vez em sua cadeira.

Ao lado direito de Yuzu está Yato. Ao lado, dele, respectivamente, Tenma, Sasha, Alone e a possível namorada do mesmo.

– Quem é ela? Você conhece, Kardia? - pergunta Dohko, curioso, olhando para o rosto surpreso do nosso amigo.

– Você não se lembra dela? - pergunta Shion, para o libriano - É a Asuka, a ex-namorada do Kardia, aquela que...

– Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaah... aquela que correu sem roupa atrás do Manigold no segundo ano. - a afirmação do Dohko sai um tanto quanto " sônica ", bem mais do que deveria. Ou seja, não há uma pessoa sequer que não tenha escutado tal comentário nesse salão.

– Dohko... - susurra o ariano, respirando fundo, tal como Dégel momentos atrás.

– Afinal... por quê o Minos convidou ela? - se pergunta Asmita - E por quê ela fez aquilo com sua amiga, Albáfica? - desta vez, questiona, me olhando a espera da minha resposta.

– Como eu posso saber, Asmita? - falo, mais gentilmente do que a expressão demonstra - Só sei de uma coisa: já da passou da hora de sair daqui. - arredo minha cadeira para trás, me levanto e me viro para trás - Boa noite, amigos. Nos vemos depois. - digo, me despedindo de Shion, Dohko, Dégel, Asmita e Kardia, estando esse último com seu olhar fixo em Asuka.

– Asuka, por falar nela, se levanta do chão. Olhando rapidamente para Yuzuriha, a ruiva pisca com seu olho esquerdo e faz um " bico " com seus lábios, como se mandasse um beijo para a loira. Vejo que Yuzuriha, por ser " vítima " de tal fato, se irrita mais ainda. Contudo, ignora o fato e volta a conversar com seus amigos com normalidade.

– Pobre Minos... - comenta Shion - Ele não merecia ter sua festa arruinada dessa forma. E pior: o pioneiro em tal coisa foi o próprio irmão.

Em poucos segundos, Asuka se aproxima de nós. Com uma alegria lasciva, se posiciona ao lado esquerdo de Kardia, enquanto ele a olha, espantado. É nítido que, agora, quem está a um passo de explodir de ira é nosso amigo Dégel. Não é para menos: a ex-namorada do seu amado, que o fez sofrer tanto, de uma hora para outra aparece em uma festa que deveria ser motivo de alegria e de comemoração. Nem tudo deve ser do nosso jeito, nem como queremos: fato!! Enquanto isso, nós somos o centro das atenções e dos olhares dos demais convidados. Essa situação já passou do limite do tolerável.

– Nem sei o que ainda estou fazendo aqui... - digo, fitando a porta de saída tão desejada para mim.

– Vou indo também. Até mais, galera. - diz o caranguejo, se levantando e vindo ao meu lado - Juízo, Dégel... - comenta, olhando nos olhos dele.

Juntos, caminhamos para a porta de saída. Penso na Yuzuriha. Porém, o " ataque " da Asuka não foi suficiente para traumatizar alguém como ela. Uma pessoa equilibrada e firme como ela. Penso no Kardia e no Dégel. Espero que a inesperada aparição da ruiva não abale a relação dos meus amigos. Penso no Minos e seu irmão atrevido. Bem... é ótimo saber que ele não teve tempo de interceptar a minha saída. Seria falta de educação sair sem me despedir dele? Se pensar pelo lado de que ficar secando pessoas comprometidas sempre quando vê uma chance para tal é desrespeitoso, então, não...

Ah, nada mais importa por enquanto. Devo pensar em mim também. Desde que cheguei, já me sentia mal só por estar lá.

– Se você não tivesse acertado o irmão dele, eu tinha socado a cara do Minos. - diz Mani, rindo, enquanto já estamos da porta de saída, para fora da casa - Ele baba demais por você. Isso me irrita!!

Ele consegue me arrancar uma risada. Breve, mas ainda sim uma risada.

– Sei bem disso. Pois você deveria mesmo ter feito isso... Eu dei um soco em um garoto de 15 anos!

– Qual a diferença entre você socar a carinha do irmão dele e eu socar a carinha dele?

– Quer que eu liste?

– Nem precisa, Alba! - exclama, suspirando profundamente, mas mantendo esse sorriso - Mas eu gostei da sua atitude.

Chegamos no carro. Eu abro a porta com a chave no bolso da minha calça e me assento no banco do motorista, fechando-a em seguida. Ele, por sua vez, dá a volta na frente do veículo e abre a outra porta, fechando-a e se assentando no banco do passageiro, ao meu lado.

– Gostou, é? Nem entendi tudo o que aconteceu... - respondo, me acomodando no banco e colocando minhas duas mãos sobre o volante, olhando para o caminho a minha frente.

– Sim. Ele zombou de você, mas conseguiu manter a calma. Só perdeu a paciência no momento que ele falou de nós. - explica, colocando o cinto de segurança e, seguidamente, fitando-me - Prova que valoriza muito o que temos juntos. Fico feliz por isso.

Permaneço calado. Por mais que seu comentário seja positivo, percebo uma certa angústia reprimida no timbre do Mani. Insegurança? Mas por quê? Segundos depois, ele volta a falar, notando a minha falta de iniciativa para dar a partida ao carro:

– Tudo bem com você, Alba? - pergunta Manigold, voltando a ficar sério - Não prefere que eu dirija?

Sorrindo para ele, suspiro fundo e comento, enquanto finalmente dou a partida e começo a acelerar:

– Não fique preocupado. Estará tudo perfeito no exato instante que voltarmos para casa...

Coloco o meu cinto e acelero. Nos afastamos cada vez mais daquela casa, daquela rua, daquele lugar... Quero apenas aproveitar o aconchego do nosso apartamento, onde nada nem ninguém pode nos atrapalhar.

– A noite está tão bonita hoje, ne? - pergunto, ao olhar rapidamente para o céu estrelado a minha frente.

– Afz, você é muito mais! - exclama ele, cômico.

– Nem acho...

– Não precisa achar nada, pois é a verdade! - exclama, passando a me observar, como se esperasse um outro comentário meu.

– Seja como for... Quero aproveitar o resto dessa noite. - afirmo, dirigindo normalmente.

– Quer outra rodada, safadinho? - sugere, de trejeito lascivo e ousado, levantando parte da camisa com a mão direita e mostrando parte da sua barriga de tanquinho.

– Se sofrermos um acidente, já sabemos de quem é a culpa. - digo, ainda olhando para nosso caminho a frente.

– He, he... se o acidente for na cama, ah... vou adorar me " acidentar " com você!

Nada mais falo. Manigold escuta apenas minhas risadas, vez ou outra, enquanto nos aproximamos mais e mais da minha casa, aliás, da nossa... casa.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Entao me deixem reviews rsrsrs , ate o próximo cap!!