Forever & Ever escrita por soulsbee


Capítulo 35
Algum lugar ao qual eu pertença


Notas iniciais do capítulo

" Mantenha os segredos mais obscuros guardado em um lugar onde ninguém possa encontra-lo, para que a caixa de Pandora não seja aberta mais uma vez, trazendo dor e sofrimento a todos que lhe cercam..."

— Notas finais -



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Toda a realidade que você conhece acaba desaparecendo, como a chuva de primavera, pois ela é uma ideia falsa criada de acordo com os princípios do nosso sistema, descartando qualquer possibilidade sobrenatural ou fora dos padrões... Mas você já parou para pensar que a realidade de um louco talvez seja um lugar sem o véu que separa os mundos e que, no final das contas, os loucos somos nós por vivermos em uma vida ilusória?

Eu sou Hayley Thomas Campbell e esse é meu mundo: Um mundo de loucos, onde toda a física universal não se aplica, onde nem tudo é pré-programado e escolhas de ultima hora geram intensas mudanças no futuro. Eu sou a mais louca por ver monstros e a mais sã por enxergar o mundo como ele é e não como querem que ele seja.

– Hayley se concentre, por favor... - O espirito da garota morena implorava, mas nada que ela dissesse, nada daquelas malditas charadas faziam algum sentido para mim. Naquele momento, eu estava começando a me tornar insana e parecer perder o senso do qual era o caminho que deveria seguir.

Eu estava me perdendo e era como se uma parte de mim estivesse morrendo a cada segundo mais que se passava e eu permanecia ali.

– Nem tudo é o que parece – Debochei a frase que Maddox e ela diziam constantemente. – Assim como nascemos sem saber onde estamos, nós morremos sem a menor chance de corrigir o que se passou – Murmurei o que ela repetia com tanta ênfase, na expectativa de que eu compreendesse e seguisse para o próximo passo para evitar que “o mundo fosse destruído” pela minha irmãzinha. – Violet... Violeta... Quem dá o nome de uma cor a alguém? – Indaguei fitando o nada, sorrindo torto para o vento que ricocheteava em meu rosto.

– Hayley, não chegamos até aqui para tudo se repetir! – Rosnou fuzilando-me com o olhar, tentando por suas mãos espectrais em meus ombros para chamar minha atenção, mas se frustrando ao transpassar meu corpo.

– Mas a vida é assim, não há nada que eu possa fazer para mudar essa realidade – Resmunguei dando de ombros, retribuindo seu olhar.

– Não, essa é a vida programada pelo universo, mas você pode tomar o controle dela e mudar tudo! – Insistiu.

– Como vou saber que minha escolha não irá ser algo programado? Como ter certeza que algo será diferente, quando você pensa em duas possibilidades e descarta a outra por achar que ela irá leva-la para onde o destino quer? – Arqueei uma sobrancelha, lançando um desafio a ela - Talvez, o destino esteja apenas fazendo que você pense isso para que faça o que ele quer. – Conclui com um sorriso vitorioso, entretanto, cedo demais.

– Hayley, o destino te faz dar voltas infinitas até chegar onde você realmente tem que estar, cabe a você decidir se irá molda-lo como deve ser ou deixar a vide decidir em seu lugar.

Essa foi a ultima frase do espirito antes de desaparecer novamente como se jamais houvesse existido e, na verdade, era isso o que os humanos normais imaginavam... Uma simples alucinação, um sonho ou um pesadelo, a mente estressada e lotada de tarefas diárias... Porém, para alguém como eu, sabia que ela voltaria, assim como todos os outros, porque eu era diferente.

Nada fazia o menor sentido, acontecer tudo de novo? Significa então que já vivi isso e estava presa dentro de minha própria mente repetindo essa cena?

Ah... Nada faz sentido e nunca fara...

Levantei-me da cama gélida e dura, esticando meu corpo exausta, respirado profundamente enchendo meus pulmões com o odor de remédios e mofo daquele quarto, sentindo meu estomago reclamar de nojo e alertar-me sobre uma fome que logo me dominaria.

– Você me deve um favor. – Uma voz grave surgiu atrás de mim.

Revirei os olhos, estralei meu pescoço e dedos, virando-me lentamente para o espirito, encarando sua força vital ainda mais fraca e transparente, fitando-me com um olhar sério.

– O que você quer que eu faça? – Indaguei colocando as mãos na nuca, lembrando do dia em que conversamos pela primeira vez.

– Quero que você vá até o tumulo de uma pessoa e leve rosas a ela... – Pediu em baixo tom, totalmente diferente do que presenciei há poucos dias.

– Você só pode estar brincando!

– Eu morri antes de levar até ela... – Prosseguiu o senhor com um olhar cansado e distante. – Acho que é o que me prende aqui... – Completou.

– Não consigo sair daqui!

– Posso te ajudar. – Replicou.

– Você está fraco demais, acho que nem consegue mover um copo. - Observei.

Normalmente, pelo o que havia observado, quanto mais fraco fosse o espectro, menos força ele tinha.

– Faça o que estou te pedindo e você conseguira fugir daqui. – Semicerrou o olhar em uma linha tênue, rosnando baixo, adquirindo uma tonalidade diferente em sua voz que fez meu corpo estremecer e meus pelos se eriçarem de medo. – Hoje, quando as luzes se apagarem e o sino bater pela decima vez, vá. – Deu as instruções se desmaterializando dali e indo para sabe-se lá onde no momento exato em que a porta do quarto se abriu em um pontapé violento.

– Está na hora dos seus remédios, querida. – Robert disse em um tom maléfico, trazendo consigo a maldita injeção que aplicava em mim todas as tardes. – Sabe... – Continuou aproximando-se de mim, puxando meu braço violentamente com sua mão quente. – Demorou, mas finalmente a minha vingança está próxima. – Ele injetou o liquido em meu antebraço e eu o senti queimar dentro de mim conforme se misturava em meu sangue.

– Você não esta bem... – Disse com dificuldades de abrir a boca, sentindo o liquido fazer efeito mais rápido que o normal.

– Você fala com os mortos e eu não estou bem? – Ironizou com um meio sorriso incrédulo. – Aguarde minha garota... – Sussurrou em meu ouvido, levando-me até a cama. – O poder logo voltará ao seu dono supremo... – O resto que ele falou, ou que acreditei por ele estar mexendo a boca, foi incompreensível, pois sua voz se tornou inaudível e em segundos eu havia caído em um sono profundo do qual tinha certeza que não gostaria de sair.

“O destino te faz dar voltas infinitas até chegar onde você realmente tem que estar...”.

Essa frase repetiu-se em minha mente incontáveis vezes com o relógio completando uma volta ao fundo, trazendo até mim imagens obscuras.

E o sino bateu pela primeira vez...·.

E um homem vestido de negro surgiu com uma faca em sua mão

Na segunda badalada...

Ele sussurrava algo em latim

Na seguinte...

Seus olhos se focaram em algo no teto e sua cabeça voltou-se em seus braços, arregaçando suas mangas.

Na quarta e na quinta...

A lamina prateada em seu melhor corte passou sobre seu antebraço esquerdo, cortando sua pele com facilidade, deixando o sangue escorrer aos montes, manchando suas roupas negras e da mesma maneira ele fez com o lado direito.

A sexta foi sombria...

Adorabo ad te Dominus Tenebrarum

E as demais... Não pude ouvir, pois a escuridão envolveu o recinto e um medo tomou conta de mim, forçando-me a sair daquele pesadelo e acordar em um novo pesadelo que era aquele hospício.

O sino batia ali, o que me fez cogitar se ele havia invadido meus pesadelos e criado tudo aquilo, ou se era algo que estava para acontecer em um futuro breve. Talvez Maddox ainda estivesse comigo, mas não conseguisse se manifestar por algum motivo maior.

O sino bateu pela ultima vez e, provavelmente, a decima.

Lembrei-me imediatamente do que o senhor havia dito e, cambaleando e tropeçando em meus pés, guiei-me até a porta do cômodo, abrindo-a o mais sorrateiramente possível, esgueirando-me pelo corredor a minha frente meio agachada, evitando o olhar dos guardas que estavam sentados na sala ao lado, separada pelo típico vidro que ia do teto até a metade da parede.

Aquela era à noite em que algo mudaria para sempre.


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Notas finais do capítulo

Desculpe pela demora, mas uma apresentação na Etec tirou todo meu tempo para escrever, porem aqui estou eu.
Espero que estejam gostando da nova aura sombria da história.
^^ até a próxima



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