Forever & Ever escrita por soulsbee


Capítulo 32
Novos Amigos


Notas iniciais do capítulo

"Aceita o conselho dos outros, mas nunca desistas da tua própria opinião."
William Shakespeare
— Notas finais -



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E então, assim como um vento durante uma tarde de outono carrega as folhas secas para longe, aquele espirito desapareceu no ar como se nunca houvesse existido.

Eu tinha tantas perguntas a fazer, tantas questões que precisavam ser esclarecidas... Ou acreditava ter, pois, parecia que nada mais fazia sentido, parecia que eu não queria mais encontrar uma saída para tudo e, conforme os minutos iam passando, ia gostando cada vez mais de estar ali. Poderia ser uma clinica de malucos, mas, por algum motivo, lá me remetia uma paz que nunca senti antes na vida.

– Você consegue nos ver?! – Um outro espirito surgiu à minha direita, voando lentamente em minha direção seguido por um outro.

– Sim. – Respondi com um leve sorriso no rosto, sentindo aquela garoa maravilhosa limpar minha alma aos poucos.

Se fosse algumas semanas ou até mesmo dias atrás, provavelmente eu já teria fugido e me trancado dentro de algum lugar, rezando para que eles desaparecessem, mas ali, naquele momento, não sentia medo deles apenas queria conversar e passar o tempo.

– Finalmente alguém! Você pode nos ajudar?! – Indagou um espirito mais velho, provavelmente de um senhor de 80 anos.

– Como assim?

– Nós estamos presos aqui...

– E como querem que eu os ajude?

– Conversando com nossos familiares, não sei, você nos enxerga, então descubra! – Revirei os olhos com sua grosseria e calei-me.

– Olhe, ignore esse velho – o primeiro espirito, o de um garotinho de 10 anos disse. – Eu só quero que você diga para o meu pai que ele não foi o culpado... – Sussurrou baixo.

– Se vocês querem a minha ajuda... Então conte-me primeiro o que aconteceu. – Pedi cruzando as pernas e esticando meu corpo, fitando-os.

– Nós estávamos jogando basquete na rua e quando eu corri pra pegar a bola um carro me atropelou... Meu pai se sente culpado por não ter ido pega-la em meu lugar... E agora está aqui tomando remédios porque não conseguiu superar essa perda... – Explicou o mais resumidamente possível e podia jurar ter visto uma lagrimas escorrer de seus olhos, mas espíritos não choram então...

– Há quanto tempo isso aconteceu?

– Três anos... Desde então ele está aqui... Por favor, fale com ele – Implorou.

– Leve-me até ele – Pedi levantando-me daquela grama molhada.

O velho nos encarou mortalmente, abriu a boca para dizer algo, mas calou-se e desapareceu assim como aquela garota. Talvez ele aparecesse mais tarde e eu o ajudaria, contanto que ele não me assombrasse.

Segui o garotinho para dentro do refeitório, batendo as mãos em minhas roupas para limpa-las daquelas gotículas de agua e alguns matos que ficaram grudados em mim. Olhei para as pessoas a minha volta, todos com um olhar perdido sentindo um calafrio percorrer pelo meu corpo. Ignorei-os e continuei a seguir o garoto.

Passamos por um corredor meio escuro, parecido com aquele do qual eu havia saído, subimos alguns lances de escada onde alguns seguranças me fitaram constantemente e prontos para agir caso fosse necessário e, por fim, chegamos no segundo andar, onde fui levada até um quarto onde encontrava-se um homem alto, de cabelos castanhos, sentado diante de uma escrivaninha com a cabeça baixa.

– Licença – Pedi dando alguns passos para dentro do quarto, ouvindo o chão de madeira ranger sob os meus pés. – Qual é o nome dele? – Sussurrei para o garoto.

Robert – Senti meu corpo estremecer com sua resposta e meu coração parar por um momento.

Eu queria muito que tudo aquilo fosse mentira, uma ilusão criada por Violet ou por quem quer que seja, pois não conseguia aceitar o fato de Robert ser meu inimigo, não mesmo. Eu deveria acreditar no que via, certo? Mas, ao mesmo tempo que isso era o certo a se fazer, nem tudo o que via era o correto, logo, deveria duvidar disso. Porém, ambas as teorias poderiam estar certas e erradas, não encontrava uma saida para isso se não esperar e ver o que vai acontecer.

– Senhor Robert? – Disse por fim parando logo atrás dele.

Chama-lo pelo nome atraiu sua atenção por alguns instantes. Ele olhou para tras, fitou-me por alguns segundos com seus olhos castanhos e perguntou:

– Como me chamou?

– De Robert... – Sussurrei mais baixo.

– Não me chamam assim há tres anos... – Observou usando o mesmo tom de voz que eu. – Esse é o meu nome do meio... – Completou.

– O senhor pode me achar maluca, mas...

– Pode me chamar de Robert mesmo – Cortou-me – E todos daqui são malucos então... – Sorriu cordialmente. – Pode dizer.

– Tem haver com o seu filho... – E então aquele sorriso que o tornava jovial desapareceu, remetendo-o novamente ao rosto de um homem de quarenta anos de idade, rancoroso e solitario.

– Olha eu não quero falar sobre isso. Estou ocupado – Disse virando-se novamente a sua escrivaninha.

– Me escute, por favor – Pedi colocando minha mao em seu ombro. – Seu filho quer que saiba que você nao foi o culpado! – Disse de uma vez antes que ele me expulsasse do quarto. – É estranho, mas eu posso falar com mortos e a sua culpa vem aprisionando o seu filho aqui – Ok, eu nao levava o menor jeito para falar dessas coisas com ninguem, afinal, só Robert sabia disso e agora eu estava contando isso para outra pessoa.

– Va embora...

– Diga a ele que ele nao tinha como evitar! – O garoto pediu vendo seu pai derramando algumas lagrimas. – Que ele fez de tudo para me salvar, mas era tarde! – Repeti exatamente da maneira como o garoto disse.

Robert colocou as mãos em sua cabeça, balançando-a de um lado para o outro enquanto mais lagrimas corriam pelos seus olhos.

– Ian... – Sussurrou como se sentisse a presença do garoto ao seu lado.

– Você precisa admitir que não foi o culpado... – Disse fazendo-o virar seu rosto para mim – Você nao tinha como prever que aquele jogo iria terminar em tragedia...

– Como você sabe de tudo isso...? – Indagou levantando os olhos para me encarar novamente.

–Ele me contou...

– Ele está aqui, agora? Ele pode me ouvir? – Assenti com a cabeça – Ian... Ian pequeno garoto bagunceiro... Eu sinto a sua falta... – Começou a dizer deixando aquele seu leve sorriso torto transparecer novamente.

– Eu também sinto a sua – Ian disse e eu “traduzi” para Robert.

– Escute, não estou aqui só por tê-lo perdido... Mas por ter perdido Hayley também... – Definitivamente, empalideci na hora ao ouvir meu nome. Ali, naquele meio, pude sentir uma ligação com um passado completamente distante. Tentei me lembrar do que exatamente se tratava, mas nenhum esforço que fiz foi capaz de me trazer as lembranças necessarias.

– Eu sei, mas por favor, tente melhorar, nao posso te ver aqui... – Ian me fitou esperando que eu disesse isso para Robert. Levei alguns segundos até voltar de meus devaneios e repetir o que ele dissera.

– Eu vou tentar... Eu prometo... – Robert disse com um brilho no olhar tão intenso, como se tivesse voltado a vida.

– Diga a ele que o amo... – E então o garotinho desapareceu, sem nenhuma enrolação, ou alguma luz que o viesse buscar. Ele simplesmente desapareceu no ar, deixando para tras a fumaça de seu espectro que logo foi levada pelo leve brisa que invadiu o quarto.

Imaginava que ele fosse subir, voar, ou qualquer coisa do genero, coisas que você só ve em filmes, mas ele simplesmente desapareceu no ar. Foi estranho, mas aquilo despertou um lado em mim que estava apagado a muito tempo. Despertou a esperança.

– Obrigado... – Robert me agradeceu por fim.

– Foi estranho você acreditar em mim tão facil, sem me expulsar ou... Sei lá, me xingar – Observei soltando uma leve risada.

– É, de fato, mas... Você me lembra alguém que eu conheci há muito tempo atrás... E sabe? Ela tinha os mesmos dons que você... – Ele me fitou por longos segundos, tentando encontrar algo em mim que comprovasse que eu fosse ela, mas logo ele balançou a cabeça em negação e encarou o chao. – Ele foi embora?

– Sim... Acho que ele conseguiu se libertar...

– Ótimo... E, mais uma vez, obrigado.

– Por nada... Estou indo embora agora... – Disse indo em direção a porta.

– Hey, já nos vimos alguma outra vez aqui? – Perguntou com um olhar curioso.

– Acho muito improvavel... – Respondi. Estava aqui há um dia, nao tinha a menor chance dele ter me visto... Mas algo dentro de mim dizia que nos encontramos varias e varias vezes e o nome daquele garoto...

Quem são eles?” Perguntei-me enquanto caminhava para o terreo, revirando minha memoria até seu canto mais profundo e, finalmente, recolhendo alguns pedaços que me ajudaram a compreender quem eles eram.


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Notas finais do capítulo

Cheguei um pouco mais tarde do que o esperado, mas está aqui um capítulo novinho com algumas coisas que os farão pensar por um bom tempo.
Também queria aproveitar e dizer que o primeiro até o quarto capítulo estão editados e teve grandes acréscimos no quarto. Vale a pena conferir.
Espero que tenham gostado e ficado cheio de duvidas e ideias em suas mentes. Até semana que vem !



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