Forever & Ever escrita por soulsbee


Capítulo 25
Quem eu sou?


Notas iniciais do capítulo

"Um dia percebemos que não acreditamos em destino, mas sim, que existe algo que nos leva a acreditar no acaso, mas de repente, um simples acaso do destino, nos faz desacreditar na vida."
Hugo Henrique

Pois sim, eu demorei, porque havia me esquecido que não tinha atualizado essa história devido ao ano novo, desculpa, mas aqui está e o próximo já esta programado para daqui uns 10 dias. Espero que gostem de conhecer mais sobre a linhagem de Hayley e quebrem a cabeça tentando encaixar as peças e compreender mais sobre o que aconteceu com o genes da familia.



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Passei a noite virando as folhas do diário lendo-o atentamente, desde o nascimento de Margaret, minha bisavó Aliyah passou a observar mais seus filhos, como eles interagiam com os demais, os sonhos, ela ficava tranqüila com todos e aliviada, mas quando se tratava de Margaret as coisas ficavam tensas. Seus textos eram terrivelmente detalhados e em quase todos ela citava Maddox o qual não o descrevia muito, apenas como alguém sempre presente e importante com conhecimentos admiráveis e impressionantes.

Robert estava dormindo com a cabeça em minha perna, ele passou horas revirando a casa na tentativa de encontrar algo a mais, mas sempre parava para brincar com algo interessante que achava e acabou não procurando tão bem quanto queria.

Voltei para a leitura, estava quase terminando o primeiro diário. Sentia-me orgulhosa por ter feito um avanço na minha linhagem, mas frustrada por ter obtido poucas descobertas, pelo contrario, estava ainda mais instigada e curiosa com os mistérios.

Janeiro, 23 de 1948

Annabeth está casada há três anos, teve seu primeiro filho, Richard, a alguns dias. Ele está livre da doença, sadio e se parece com meu marido. John tem 18 anos e se casara no dia que completará 19. Ele tem o sonho de se tornar um grande médico e curar as pessoas de todos os tipos de doença que surgir, reflexo por nunca ter conhecido seus avós e alguns tios devido à onda de vírus que nos atacou no inicio do século... Abigail está focada na musica, desde que aprendeu a tocar piano não o larga, passa todas as tardes se divertindo com ele e enchendo a casa com um som agradável. Margaret completará 15 anos em outubro... Ela não sai do meu lado, está sempre atenta com o que estou fazendo querendo aprender cada vez mais, apesar de sua idade, ela parece e aparenta ter 10 anos.

Maddox está vindo com menos freqüência, normalmente, aparece só quando quer me contar algo sobre algum dos meus filhos, por enquanto, seus futuros estão perfeitamente alinhados e traçados, não há nada com o que me preocupar. Nenhum de meus filhos o conhece, exceto Margaret . Ele me orientou assim, da mesma forma que orientou minha mãe em relação aos meus irmãos. Apenas ela e eu possuíamos conhecimento sobre ele.

Fevereiro, 15 de 1948.

Minha força está acabando, não sei mais quanto tempo vou agüentar, preciso esperar Margaret completar seus 15 anos antes de partir, mas a doença piorou. Não consigo mais me alimentar nem dormir de noite, os barulhos estão piores e eu não sei como fazê-los parar. As paredes parecem se mover, as sombras surgem na madrugada para me assustar e trocam as coisas de lugar. Richard acha que estou enlouquecendo, mas ele nunca compreenderá a verdade.

Março, 29 de 1948

Maddox sabe quando vou morrer, mas não me diz, prefere manter em segredo e deixar acontecer naturalmente. Apressei meus ensinamentos à Margaret e ela parece ter entendido o porque de tudo isso, mas não contou para ninguém, apenas vive amoada pelos cantos da casa, sendo perturbada pelas mesmas coisas que eu. Ela não tem vida social, sempre se sente perseguida e suas olheiras estão ainda mais profundas, parece anêmica e sem vida. Esse é o triste fato que nossa família carrega desde o inicio do século XV.

Maddox sempre diz que ela ficará bem e terá uma boa vida, ela não acredita muito nisso, menos ainda em relação aos seus três filhos e um marido ideal. Tento ajudá-la, mas ela não aceita muito, menos ainda o fato de eu estar morrendo.

Setembro, 5 de 1948

Hoje eu completo 28 anos de casada. Richard fez de tudo para tornar o dia perfeito ao lado de Abigail e Margaret e conseguiu, por um bom tempo, antes das sombras voltarem e estragarem tudo. Nós discutimos, ele acha que eu estou louca, mas não estou. Margaret me defendeu e foi acusada do mesmo, Abigail apenas saiu em silencio e foi ao encontro de seu noivo. John já se casou e foi morar em outro lugar. Restou apenas 3, Maddox disse que minha hora chegara assim que a lua estiver em seu ápice essa noite. Engraçado, exatamente na ultima página do meu diário.

Depois daquilo, realmente não existiu mais nenhum texto sobre sua vida, era o fim. Peguei o próximo diário para ler e logo de cara notei não ser a mesma letra. Como Maddox sabia sobre isso? Quem ele era? Ao que parece ele seguia cada um da família que possuía a doença – cujo a qual ainda não sei muito – apenas os seus poucos sintomas que poderiam ser resumidos a paranóia, mas naquela época tantos enlouqueciam que Aliyah poderia ter imaginado tudo isso em relação aos seus filhos, ou não.

Peguei algumas fotos amareladas dentro da caixa observando cada um da família sem evitar um breve sorriso no rosto. Nunca ouvi falar deles, não da maioria, conhecia apenas minha tia Abigail que vivia sempre ao lado da minha avó. Acho que ela nunca deixou a irmã sozinha. Encontrei uma foto que reunia todos da família, eles pareciam uma perfeita e típica família americana. Felizes, com uma casa grande, bens de vida... mas sempre existia algo que destruía o sonho.

Decidi começar a ler o segundo diário e, por incrível que pareça, logo nas primeiras paginas parecia possuir algo promissor.

Setembro, 6 de 1948.

Minha mãe morreu exatamente no dia que Maddox disse. Ele nunca me mostrou seu rosto, nunca apareceu direito, na verdade, na maior parte do tempo parecia um coveiro prestes a nos matar, mas ele era bom, tentava ser divertido as vezes, mas ninguém achava muita graça em suas piadas. O chamavamos de guardião da família.

Pouco sei sobre o que tenho, minha mãe disse apenas que eu era diferente dos demais e minha beleza revelava isso. Eu era muito diferente dos meus irmãos até em minhas atitudes, não conseguia dormir direito, sempre pensei que alguém estava me observando e me seguindo, tenho medo do que pode acontecer comigo, mas não me importo.

Setembro, 21 de 1948.

Vi minha mãe hoje, ela apareceu para mim como um anjo vestido de branco, ela estava tão linda daquela maneira , jovem como jamais a vira antes. Foi uma sensação de alivio poder conversar com ela, mas ela teve de ir logo em seguida pedindo-me para observar atentamente o nascimento dos meus sobrinhos e seguir as características que ela me passou para descobrir se eles possuíam a doença ou não.

Julho, 29 de 1949.

Fiquei muito tempo sem escrever, mas estava preocupada com o que estava acontecendo e pesquisando mais. Passei os meses procurando os diários dos meus ancestrais, mas não fui muito longe. Encontrei dois diários velhos do meu avô, ele era igual a minha mãe e eu, e pude encontrar um pouco sobre a maneira que a doença se transportava de filho para filho.

Se um filho não nascesse com isso, seu filho não teria isso, ao menos, a probabilidade era mínima. Nenhum dos filhos de John nasceram com isso, assim como os de Annabeth, o mais próximo que chegou disso foi Landon, filho dela que nasceu de olhos azuis claros e cabelos meio avermelhados. Mas ele não tem nada e seus filhos, sucessivamente, não sofrerão o mesmo.

Em relação ao resto que descobri, isso não é bem uma doença, seria mais como um dom, ou uma maldição, carregada pela nossa família através dos séculos. Ao menos um dos filhos nasce com o poder de fazer contato com o outro mundo. Alguns puderam conversar com eles, outros conseguiram vê-los, outros conseguiram fazer ambos e poucos, como eu, podiam senti-los e tocá-los. Nós éramos os mais fortes de todos. Até agora foram, em média, 23 gerações da minha família que conseguiram ter esse “dom”.

Nunca entendi direito o porque minha mãe se apavorava no Halloween, até vê-lo de perto e compreendê-lo melhor no diário do meu avô. Esse dia é quando todas as entidades tem o direito de caminhar pela terra livremente, é também o dia em que alguns tentam se vingar de nós – o motivo ainda não entendi – e porque outros tentam buscar ajuda conosco, mas a maior parte, quase todos, são os quais deve-se temer.

Fiquei chocada com as coisas que estava lendo, estava compreendendo as origens do meu passado e observando não ser a única a sofrer com aquilo, mas não entendia como eu poderia fazer isso se minha mãe não tinha as mesmas características. Ela era loira, olhos castanhos, pele alva como John e Annabeth, não como Margaret, não como eu! A história ainda tinha pontos abertos, mas estava descobrindo tanto sobre mim e de onde eu vim, estava ficando viciada naquele diário, lendo dia após dia com uma velocidade incrível.

Robert acordou há algum tempo atrás e foi preparar alguma coisa para comermos, enquanto isso eu não havia saído do lugar por nenhum minuto sequer. Eu estava sedenta por mais e encontraria mais, não importa o tempo que levasse ali, lendo e relendo, procurando informações o suficiente para explicar tudo o que aconteceu e acontece comigo.

O único que sabia com toda certeza era que eu não era a única a ser assim, mas que vim de uma grande linhagem e isso me deixava menos perturbada, por enquanto.

Dezembro, 31 de 1949.

Minha primeira experiência com um espírito maligno foi hoje, esqueci do dia e sai noite à fora para comprar algumas coisas para a casa. O ar à minha volta ficou condensado, senti um frio tremendo e um calafrio terrível, ouvi ele sussurrar em meu ouvido e tocar minha pele como um ser humano qualquer. Fiquei apavorada e tentei sair correndo, mas ele colocou imagens em minha mente, me fez ver meu passado e o meu presente, mas não conseguiu me mostrar o futuro – isso pertencia a Maddox e outros como ele – ele me fez imaginar coisas terríveis, me fez ver uma carnificina horrível e até mesmo consegui sentir o cheiro.

Não sei mais o que fazer, as visões pioraram, se intensificaram, não foi nada parecido como na minha infância. Eu apenas tinha pesadelos terríveis, via sombras nas paredes e alguns espíritos indo de um lado para o outro, mas esse era mais forte, o mais forte de todos, até agora.

Consegui algo a mais sobre Maddox, descobri que ele podia mostrar o passado, presente e futuro e pelas descrições, chegando a conclusão de que ele era um espírito guardião, pois juntei algumas outras paginas lidas e Margaret dizia que seu avô possuía um amigo muito próximo, sempre vestido de preto e nunca mostrando seu rosto e ele surgia de tempos em tempos para auxiliar a família.

– Hayley... – Robert murmurou meu nome se jogando ao meu lado e colocando um pacote de salgadinho em meu colo.

– Eu descobri que Maddox é um espírito protetor, que minha avó e minha bisavó viam espíritos, assim como eu e que isso segue minha família a mais de seis séculos! - Disse orgulhosa por ter aprendido tanto até agora.

– Sério? Então você já encontrou Maddox? E todos tinham os mesmos... “Poderes”?

– Pelas descrições... Não, não me lembro de tê-lo visto e não, alguns podem ver, outros podem ouvir e outros podem fazer os dois.

– E você é uma das poucas que consegue fazer ambos, estou certo? – Perguntou colocando um salgadinho na boca.

– Sim.

– Sempre tenho razão – Ele fez uma meia reverencia à sua própria inteligência e eu dei um leve soco em seu braço.

– Convencido.

– Sempre... Mas como saber quem tem esse dom? – Ele encostou sua cabeça em meu ombro deixando alguns fios de seu cabelo tocar meu pescoço me deixando arrepiada algumas vezes.

– Olhos azuis escuros, cabelos castanhos avermelhados, pele alva... São as características que indicam logo no nascimento...

– São como você, ou seja, os lindos – Ele ficou meio vermelho ao notar o que acabara de dizer, não posso mentir e dizer não ter corado também.

Ér, deixe-me continuar... – Peguei o diário e avancei mais algumas milhares de páginas voltando ao meu foco, mas os meses e anos seguintes diziam poucas coisas, alguns revelavam sobre suas experiências com espíritos, conversar e alguns indícios de quando eles estavam próximos. Ela estava se aprofundando no conhecimento dele como jamais nenhum outro de nós fez.

Outubro, 12 de 1959

Durante uma viagem para descobrir mais sobre meus ancestrais encontrei Thomas com quem estou casada a pouco mais de dois meses. Maddox realmente tinha razão sobre isso e eu nunca acreditei, ele riu de mim quando disse estar apaixonada por um amigo. Riu por estar certo desde o inicio. O triste foi sua partida, ele disse que voltaria quando meus filhos nascessem apenas pare ver o que acontece. Sentirei saudades dele e de seu jeito irreverente de ser, ainda mais daquele seus olhos vermelhos sangue assustadores durante a noite.

Março, 05 de 1962

A tecnologia está evoluindo aos poucos, os carros estão cada vez melhores, assim como os hospitais que crescem e evoluem aos trancos e barrancos. Miles nasceu saudável, chorando tão alto que despertou quase toda a vizinhança. Olhos azuis cor do céu, cabelos castanhos escuros e com um pouco mais de cor do que os demais, ele estava livre da maldição.

Meu avô considerava isso um dom, eu ainda estava pensando, mas minha mãe achava uma coisa terrível, estava apavorada e não queria que acontecesse... Mas não a culpo por nada, ela fez de tudo para nos proteger.

Fevereiro, 15 de 1965

Olivia apresentou pouco das características de um mediador - um nome mais adequado para aqueles que podem ver os espíritos – diferente de Samuel que nasceu com o dom. Os leigos sempre diziam que ele era doente, pálido demais, magro demais, mas eram reflexos de pessoas que lidavam com isso.

O porquê nascemos com essa característica, ainda estou estudando, nem Maddox sabe ao certo, ele acredita que a cor dos olhos, azuis, representaria nossa alma de uma maneira pura, seriamos os mais espirituosos da família, propensos a sensibilidade extrema e capazes de remover as dores das pessoas à nossa volta, sejam elas no plano terrestre ou no plano espiritual, mas, até onde sei, poucos da minha linhagem se arriscaram a ajudar os espíritos a irem para a luz.

Annabeth veio aqui depois de muito tempo sem vê-la, ela está igual ao ultimo dia que a vi, apenas com mais algumas rugas. Ela mora aos arredores de International Falls com seus filhos e marido, como o previsto na linhagem, nenhum deles possuem o dom, assim como os filhos de John, já Abigail não teve filhos. Seu marido era estéril

Continuei lendo atenta para os detalhes e ria, algumas vezes, com as coisas que meus tios aprontaram enquanto crianças. Minha mãe contava algumas coisas sobre eles, mas quando ela nasceu, Miles estava se tornando um pré adolescente e saiu muito cedo de casa seguindo seu futuro.

Eles eram pestes bagunceiras e arteiras, não davam um tempo para sua mãe. Nunca pensei que eles fossem assim, conheci todos eles e todos são bem sucedidos, principalmente o tio Miles que é um engenheiro bem sucedido, Olivia sei pouco, mas acho que ela trabalha com o irmão mais velha sendo a arquiteta. Samuel, vovó tinha razão em dizer que ele deveria ter cuidado, não o conheci, ele morreu muito jovem, mas minha mãe me contava muito sobre ele e como eles eram apegados, Olivia sentia ciúmes as vezes. Ela me disse que ele se aventurou muito pelas estradas do país foi morto em um acidente de carro, pelo menos, foi dito assim, mas sendo ele um mediador, as coisas não são tão “fáceis” assim.

Dezembro, 25 de 1970

Miles é o mais velho e o mais preguiçoso de todos, adora dar ordem nos irmãos. Samuel não aceita muito e então eles brigam toda hora, chega a ser enlouquecedor. Sempre preciso interromper meus estudos para dar uma bronca neles. Olivia, por sua vez, passa a maior parte do tempo no escritório com o seu pai, ela é uma garota curiosa, estava prestes a completar seis anos e sua semelhança com Samuel é incrível.

Ela não tem os poderes, mas compartilha de algumas sensações com o irmão pelo fato de serem gêmeos univitelinos o que a da experiências de um mundo diferente.

Ontem, eles decidiram explorar a casa e procurar seu presente de natal antes da hora, Miles estava em seu quarto, fazendo algumas lições de casa quando ouviu um barulho vindo da garagem. Ao descer e verificar aquilo, ele se deparou com os gêmeos subindo em algumas prateleiras. O susto os fez cair e derrubar tudo, a garagem ficou uma zona. Miles me chamou e eu logo atendi. Encontrei-os soterrados embaixo de algumas almofadas pesadas, mantas e cobertores de inverno, foi uma cena engraçada, mas eles ficaram uma semana de castigo sem ter o direito de sair na rua.

Logo em seguida, Samuel tentou fugir pela janela, ele tinha cinco anos de idade, oficialmente, mas dentro de si seu espírito era de um garoto aventureiro com sede de ser livre, ele se daria bem na vida, mas deveria ter muito cuidado durante sua jornada.

Terminei o segundo diário com essa lembrança de seus filhos, me diverti muito e descobri mais algumas poucas e surgiram mais dúvidas, as quais precisava de uma boa resposta afinal, minha mãe não tinha as características, não era uma mediadora, era Samuel, sendo assim, seus descendentes deveriam dar continuidade a linhagem.

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Notas finais do capítulo

Deu para perceber que a Hayley não deveria ser uma mediadora, certo? Mas o que será que a tornou isso? Uma disfunção? O destino ou o acaso? Em breve, trarei mais respostas para todas as suas perguntas.



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