Forever & Ever escrita por soulsbee


Capítulo 17
O passado foi melhor


Notas iniciais do capítulo

Hayley se lembra de como seu passado era melhor do que esse presente que a tortura e ouviu coisas das quais se arrependeu profundamente...

Desculpem pela demora, meu irmão passou a semana comigo e não tive tempo nem cabeça para escrever porque ele tirou toda a minha concentração...

Novos leitores sejam bem vindos e divirtam-se ^^

E cuidado com o vício porque só na semana que vem que teremos mais.



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Era maravilhoso relembrar algumas coisas que haviam acontecido a algum tempo atrás e reparar que tudo era mais simples e descomplicado do que hoje em dia. Éramos felizes sem nem mesmo sabermos e não tínhamos problemas. Apenas nos divertíamos de um jeito muito bobo e infantil e aproveitávamos cada segundo. E, sempre que retorno aquela época, recordo-me de como eu sorria igual uma idiota quando o via...

– Você não desencana mesmo, não é? – Robert perguntou entrando em minha frente tirando minha concentração.

- Eu só queria entender qual é a dele... – Murmurei encarando o garoto novo da escola. Ele era muito magro e pálido, mas seus cabelos loiros e olhos azuis o tornavam completamente cativante. Esgueirei-me para o lado e retomei minha visão dele. Ele estava rabiscando sua mesa em silencio, como sempre.

- Ele é normal como qualquer outro – Revirou os olhos.

- Ele é diferente... Não conversa com ninguém... – Era possível ver suas veias ressaltadas em sua pele mesmo de longe. Seus cabelos eram perfeitamente arrepiados para cima com gel.

- Será porque ele é novo aqui? – Debochou.

- Não... Ele não é como os outros... – Desviei o olhar quando o vi sorrindo graciosamente para mim.

- Você está apaixonada! – Robert gritou apontando para mim. Senti minhas bochechas corarem instantaneamente ao notar que ele havia prestado atenção no que Robert dissera. – Vou dar um jeito nisso – Meu amigo saiu andando pela sala, como alguém que não queria nada com nada. Contornou duas fileiras até chegar na primeira carteira da ultima fileira, o lugar onde o loiro sentava. Pude notar ele se apresentando formal de mais para um garoto de 14 anos. Quis espancar Robert por ter ido puxar assunto, mas, por outro lado, seria bom descobrir mais sobre ele.

Senti uma vontade enorme de estar ao lado deles participando da conversa, mas, minha vergonha não me permitia, o que me fez ficar sentada do outro lado da sala apenas observando e desejando saber qual era o assunto deles e o por quê ele lançara alguns olhares para mim de vez em quando. Robert era um tanto quanto corajoso quando se tratava de puxar assunto com pessoas novas, diferente de mim que preferia ficar isolada na minha até aquela pessoa entrar em um grupo e se sentir a vontade o suficiente para falar com qualquer um da escola.

Ele estava na escola a poucas semanas e, até agora, não havia arrumado um amigo sequer. Ele ficava só na dele, quieto por mais de cinco horas seguidas, rabiscando na mesa e sendo sempre o primeiro a terminar a lição. No intervalo, ficava isolado do outro lado do pátio ouvindo musica em seus fones de ouvido e observando todos à sua volta. Ele tinha um jeito misterioso e carismático ao mesmo tempo, mesmo sem pronunciar uma palavra. As únicas vezes que ouvi sua voz, foi quando ele respondia a chamada. Ela era grossa e rouca.

- Ele se chama Jared, se mudou para cá a pouco tempo, vai fazer 15 anos no final do ano, gosta de rock e só. – Robert voltou dizendo tudo o que havia conseguido do garoto.

- Ótimo – O agradeci com um sorriso.

Pelo menos, já havia aprendido algumas coisas sobre Jared e a minha fissura aumentara ainda mais. Algo nele chamava a minha atenção e me impossibilitava de prestar atenção na aula. Adorava passar as horas encarando para ele e observando seu modo de agir longe de todos. Entretanto, somente nas aulas de educação física que ele se soltava completamente e jogava vôlei como um profissional. Era maravilhoso vê-lo correr pela quadra, fazer manchetes, toques ou sacar... Ele era incrível, como se fosse feito para aquele esporte.

Era assim todos os dias; Passava as tardes observando-o e sorrindo para ele quando ele olhava para mim. Me derretia quando ouvia sua voz durante a chamada e enlouquecia quando um professor não chamava seu numero – 23 – e viajava quando o via jogar. Parecia que nada estava acontecendo a minha volta.

...

- Onde estou?

Olhei a minha volta e não encontrei nada além de milhares de velas vermelhas e pretas trilhando um caminho para uma pequena fenda na parede. Era impossível para qualquer humano passar por ali, mas, com um pouco de esforço, consegui entrar nela e encontrar outro cômodo completamente escuro sendo iluminado apenas por uma pequena lâmpada pendurada ao fundo. Nele existiam infinitas portas pretas manchadas por sangue, um ar nebuloso e frio impossibilitando toda minha visão.

Sabia que devia voltar para trás e fugir dali, sentia que algo horrível iria acontecer comigo se permanecesse no local, mas eu não havia controle sobre meu corpo e não existia nada mais do que uma pequena televisão de 14” atrás de mim. A fenda tinha desaparecido e a luz estava ficando cada vez mais fraca.

Minha audição estava acústica e minha visão ficando mais fraca a cada segundo que se passava. Minha respiração estava completamente falha e, como se nada pudesse piorar, senti meu coração parar ao notar uma mancha branca ao fundo caminhando lentamente para minha direção enquanto as portas ao lado dela abriam e se fechavam freneticamente criando um barulho insuportável.

Conforme ela se aproximava, era possível notar seus músculos como se houvessem sido queimados em algum incêndio, um liquido branco escorrendo de seus olhos e um de seus braços estava pendurado apenas pelos tendões e veias.

Tentei correr para longe, mas, atrás de mim não existia porta ou janela que pudessem ser atravessadas, somente aquela televisão e, novamente, sem controlar meu corpo, entrei na mesma. Senti-me passar por um portal e me tele transportar para outro lugar; o banheiro de minha casa.

Ele não estava como antes, a porta era de ferro e existiam milhares de pequenas gavetas numeradas. A temperatura estava terrivelmente baixa a ponto de sair vapor condensado do meu nariz conforme eu respirava. Mas, apesar de tudo, ficava completamente grata pelo local ser completamente iluminado. Entretanto, o alivio momentâneo que senti desapareceu quando todas aquelas gavetas se abriram revelando cadáveres podres lá dentro. O cheiro da carnificina era horrível, não conseguia mais respirar sem sentir vontade de vomitar.

Virei para a porta e lá encontrei um pequeno vaso, daqueles onde é colocada as cinzas de um cadáver exumado, e o vi balançar de um lado para o outro. Sua tampa caiu e uma enorme sombra preta saiu do pote voando muito rápido em círculos, assim como um furacão, e dele estava saindo aquela mesma garota.

Nada mais vi ou senti. Minha alma não pertencia mais ao meu corpo atirado no chão, tampouco o sofrimento existia na minha vida. Eu estava livre, leve, solta como nunca antes. A sensação era boa demais para ser verdade e dela nunca gostaria de abrir mão, até que meus olhos foram abertos para a dura realidade e, mais uma vez, senti meu corpo em choque, tremendo freneticamente de medo e a respiração falha enquanto o coração estava quase pulando para fora da boca.

Hoje, por sorte, isso não havia sido uma alucinação ou um pesadelo, e sim a lembrança de uma das minhas piores paranóias desde que aconteceu aquele acidente no acampamento... Parte de mim estava aliviada por tudo aquilo não ter passado de uma memória idiota, mas, a outra parte temia que tudo aquilo voltasse. Nunca havia sentido tanta dor ou medo como senti naquele dia...

Meu passado, aquela época em que conheci Jared, era completamente bobo e cheio de coisas de adolescentes da faixa etária dos 14 anos. Paixões, dramas, choros por não ter algo que muito almeja e coisas do gênero. Claro que eu nunca fui como uma adolescente qualquer, pois tinha minhas alucinações desde muito pequena, mas elas não eram tão intensas e não aconteciam a cada dia que se passava. Sem falar que, mesmo sendo idiota, gostava de estar apaixonada por alguém e gostava da sensação de ter borboletas no estomago quando ia falar com ele ou passar os finais de semana com raiva por estar distante dele... Robert era meu melhor amigo e nunca discutíamos... E ainda teria alguns parentes vivos... Sinto tanta saudades dele e desejo tanto poder voltar para 2009/2010 e aproveitar ainda mais aquela época...

Já era possível ver a lua surgir no céu trazendo a escuridão enquanto existia apenas um feixe de luz do Sol no horizonte, - sim, eu tinha passado aquela ultima noite e esse dia inteiro pensando, tendo lembranças e cochilando entre eles – uma fina camada de garoa caia do céu e os postes de luz amarela já iluminavam a rua. Até que tudo aquilo tinha um pouco de magia. Carros passando pela rua com o farol acesso, pessoas andando rápido debaixo de seus guarda-chuva e crianças brincando nas poças.

Decidi que iria ter uma conversa de adulto com Robert e tentar fazer as pazes de uma vez por todas. Fui até a casa dele criando diversas conversas mentais e possíveis desfechos, claro que nenhuma delas sairia exatamente o meu roteiro, algo que me decepcionava, mas nunca deixei de imaginá-las mesmo não utilizando mais da metade delas porque não eram tão boas quanto a oficial.

Queria fazer diferente do que entrar pela porta da frente, até porque, conhecendo-o da forma que eu o conhecia, ele não estaria com vontade de conversar com ninguém, incluindo eu. Subi as escadas da casa na arvore dele que davam de frente para o seu quarto e onde existia um galho que se estendia até a janela. Não era a primeira vez que eu fazia aquilo e não seria a ultima. Lembro que a primeira vez que fiz isso foi quando sua mãe o deixou de castigo aos sete anos.

A casinha era pequena, mas possuía uma pequena sacada que chamávamos de ponto de observação. Dentro dela existia um sofá completamente velho e acabado e um tapete rasgado. Estávamos cortando algumas coisas naquele dia e o pobre tapete marrom sofreu com a tesoura. Existiam algumas goteiras que inundariam todo o local se caísse uma tempestade e a madeira não estava tão ruim, claro que estava gasta e algumas partes haviam apodrecido, mas ainda era possível entrar na mesma.

Fui para o ponto de observação e escorreguei para o galho mais grosso da arvore – que mais parecia um pequeno tronco – coberto de musgo, o que me fez recuar por alguns segundos. Meu jeans ficou coberto daquela coisa verde nojenta e não conseguia firmar minhas mãos ali. Parei quando cheguei próximo a janela, pois o ouvi conversando com alguém. Permaneci em silencio e me abaixei tentando ouvir, mas meu corpo estava instável fazendo-me escorregar de um lado para o outro.

- Temos que acabar com isso o mais rápido possível! - Procurei mais alguém no quarto com dificuldades, pois a chuva ofuscava sua janela, mas notei que ele estava sozinho conversando no celular andando de um lado para o outro – E ela não pode desconfiar de nada se não estará tudo acabado! – Ele passo a mão em seus cabelos dando uma puxada nos mesmos – Não me interessa como! – Gritou – Preciso só que você faça aquilo logo! – Ele jogou o celular no chão e chutou um dos pés de sua cama tirando-a do lugar.

Fiquei confusa com o que acabara de ouvir, afinal não fazia sentido ele ter esse tipo de conversa. Ele nunca fizera isso antes nem mesmo com encomendas que deram problema e isso estava mais parecendo o que um criminoso diria para outro se precisasse se livrar de alguém. Tudo isso me fez lembrar daquele dia na praia em que ele saira de casa para fazer uma ligação e a maneira como ele reagiu depois disso.

Um forte vendaval surgiu e tirou o pouco equilibro que eu havia conquistado na arvore jogando-me violentamente contra o chão. Ouvi o barulho de alguns galhos secos e folhas quebrarem com o meu peso e uma dor horrível tomando conta de todo o meu corpo. As lagrimas começaram a escorrer no mesmo instante. Tentei me levantar do chão, mas parecia que havia mais de uma tonelada em cima do meu corpo e minhas pálpebras estavam ficando cada vez mais pesadas e estava cada vez mais difícil de enxergar algo. A única e ultima coisa que vi foram as gotas da chuva caindo em meus olhos.


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Notas finais do capítulo

Até que foi divertida a lembrança de Hayley 'conhecendo' Jared - culpem a The Only Exception pelo flash back - e que alucinação terrivel, não?

O que será que vai acontecer com ela depois disso? E porque Robert estava tão 'agitado' ? e.e



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