“As dificuldades são o aço estrutural que entra na construção do caráter.” - Carlos Drummond de Andrade.

Os dias que se passaram foram calmos, pelo menos Marina não resolveu dar um escândalo por causa da carona que havia recebido da “amiga”. Podemos dizer que ela esqueceu o passou... Fatinha estava mais calma mais centrada. Havia conseguido umas pequenas férias de duas semanas e resolveu agir pra ver o que estava faltando pra assinar o bendito divorcio.  Naquela manhã havia ido ao fórum e o juiz que estava cuidando do caso disse que os papeis que tinham sido mandados para a Espanha, para analise de Arthur, ainda não tinha retornado ao Brasil e isso de fato estava dificultando as coisas. E o advogado dela que estava ali para assisti-la disse que o melhor seria ir buscar esses documentos pessoalmente... PERAÍ? Quem ir buscar o que em Madrid? Ela? E o advogado explicou dizendo que assim seria melhor e que iria acompanhá-la, ele ficou tensa obviamente, voltar à Espanha, reencontrar Arthur e ainda mais pra tratar de um assunto daqueles. Mesmo a contragosto aceitou se despediu do advogado que a avisou que trataria de tudo, passagens, hospedagem... E eles embarcariam em três dias. A loira foi pra casa da Ju, queria ver a amiga, o bebê, contar da viagem.

- Juliana Menezes, futura Porto... Cheguei! – Fat anunciou após se recebida pela amiga na porta do apartamento.

- Fat, ta louca? Eu vou continuar sendo apenas Ju Menezes, por um bom tempo. Casar pra que? – Ju riu. – Entra logo que eu to trabalhando. – deu a passagem e amiga entrou e fechou a porta.

- Ta trabalhando em que? – Perguntou a loira indo sentar ao lado dela na mesa da sala, que estava lotada com notebook, iPad, iPhone e vários desenhos de moda. – Oi beta, meu amor. – Fat beijou a barriga da amiga e voltou à atenção a ela.

- Tenho que mandar uns esboços pra faculdade, to dando consultoria pra algumas alunas do primeiro período. – Ju explicou sem tirar os olhos dos papeis. – E você a que devo a honra de sua visita? Não era pra estar trabalhando?

- Ah entendi... É não, peguei umas mini-férias de duas semanas, pra descansar um pouco.

- Ai mentira? Você quer ficar aqui comigo esses dias? Podemos ver as coisas que faltam pro quarto da Roberta, comer besteiras e sim eu posso é só usar a desculpa da gravidez que o Gil trás tudo o que eu quero e podemos...

- Infelizmente não vou poder amiga. – Fat a interrompeu. 

- Ah! – exclamou cabisbaixa. – E por quê?

- Preciso ir para Madrid, vou resolver o que falta pro meu divorcio.  – a loira sorriu sem graça com a careta que a amiga fazia.

- Poderá voltar de lá já divorciada? – Ju perguntou interessada.

- Eu espero que sim, Ju. Mais como casei aqui não sei se isso vai poder acontecer, porém se sim, nossa eu já vou voltar com um peso a menos nas costas.

- Então eu vou torcer amiga! Porque na volta você já vai poder ficar com o meu irmão e ai que lindo! – Disse Ju toda na empolgação.

- É Juliana, mais não é tão fácil assim! Deus é quem sabe... – resolveu mudar de assusto, porque a pauta “Bruno” não era muito bem discutida. – E eu vou trazer presentes pra Beta direto da Espanha, eita menina chique! – sorriu.

- Ah cara, só pra ela? E pra mãe dela? Nenhuma bolsa Chanel, nem uma calça da colcci? Dior? – Ju perguntou e a amiga negou com a cabeça rindo. – tudo bem, depois que temos filhos é assim que acontece somos ignoradas e só o bebê importa! – exclamou fingindo uma tristeza.

- Ah, para de ser boba, é lógico que eu vou trazer presente pra todos. Mais o foco lá mesmo é o divorcio, preciso me livrar disso Ju e preciso rezar também pro Arthur ajudar.

- E você acha que ele pode dar pra trás?

- Não sei Juliana, mais só pelo fato de que já tem um mês que os papeis foram pra colher a assinatura dele e até agora não voltou, meu advogado disse que pode ter acontecido alguma coisa lá, porque no fórum eles têm certeza de que o documento já esta na Espanha.

- Tomara que dê tudo certo amiga, eu o Beta vamos ficar na torcida! E você vai quando? – Juliana perguntou enquanto se servia de uma xícara de café.

- Daqui a três dias, meu advogado vai comigo, caso ele queira encrencar. – Fat serviu-se também do café. – E obrigada pela torcida. – sorriu.

- Por nada! E agora tu vais pra onde quando sair daqui? 

- Vou pra casa, quero falar com seu irmão. Pedir uns favores pros dias que ficarei fora.

- Só pra isso, tem certeza? – Ju sorriu maliciosa.

- É claro Juliana e para com esses pensamentos! – Fat levantou e foi se despedir da amiga. – Agora eu preciso ir, se eu não voltar até o dia da viagem eu te ligo. – beijou o rosto e a barriga da amiga. – tchau, tchau!

- Tchau amiga, te levo na porta pra você voltar. – Elas foram juntas até a porta e Fat saiu.

(...)

Já no seu prédio a loira subiu pelo elevador da garagem, foi até o seu andar, entrou em casa apenas para deixar a bolsa e colocar um chinelo, foi até a cozinha e interfonou para o apartamento de Bruno.

- Oi Bru! Só pra avisar que estou descendo, abre a porta ae!

- Oi chata, sim senhora vem que eu já vou abrir.

- To bom, obrigado. Beijos. 

Ele colocou o aparelho na base e saiu pela porta da cozinha, esperou o elevador e desceu até o sexto andar e Bruno já a esperava na porta.

- A que devo a honra, doutora? – Perguntou sorridente.

- Olha você quer mesmo conversar sobre o que me deve? – Ela devolveu a pergunta pra logo depois pular no colo dele.

- Melhor não... – Bruno fechou a porta ainda com ela em seu colo e depois foi até o sofá. Sentou-se com ela ainda em suas pernas e não tardou para beijá-la. Beijaram-se até o ar se fazer necessário. Estavam com saudades um do outro, Bruno apartou o beijo e abraçou Fat pelos ombros.

- Estava com saudades de você! – Ela exclamou carinhosa.

- E eu de você e ainda estou. – Sorriu. – mais e aí? Esta de folga hoje?

- Não, estou de mini-férias!

- Oba, um tempo pra nós, obrigada!

- Até que não... – Fat endireitou-se no sofá e o encarou. – Eu vou precisar ir à Espanha...

- Como? Eu entendi direito? Você vai fazer o que lá Maria? – perguntou sem paciência.

- Pode parar! Eu vou porque preciso resolver de uma vez a história do meu divorcio. Ou você quer que eu fique casada pra sempre? – perguntou ríspida.

- Ei! Sem estresse, eu não sabia que era pra isso... E hm, eu quero ir com você, posso?

- Eu acho melhor não Bru! Eu vou com o meu advogado, pra caso o Arthur resolver implicar ele vai estar lá pra intervir.

-Então ta né? – Bufou.

Eles ficaram conversando o resto do dia todo. Rasta, Nélio, Vitor e Lia, apareceram por lá pra beber e jogar conversa fora os assuntos variarão entre a gravidez de Juliana e a viagem relâmpago de Fatinha. E assim a noite correu e o povo foi embora, Fat subiu para seu apartamento e um tempo depois voltou, Bruno que já estava no quarto se espantou com a presença da loira ali.

- Ué, como você entrou aqui, maluca? – Bruno perguntou fingindo um susto.

- Eu catei a sua chave no aparador... – Fez uma cara de culpada. – Em... – parou em frente a ele e deu uma volta, mostrando a camisola. Fazendo-o sorrir. – Será que tem lugar pra eu dormir aqui?

- Ah! Mesmo se não tivesse eu arrumaria. – Piscou e puxou-a pela mão, trazendo pra cama.  Entre sorrisos... Naquela noite eles nada fizeram apenas dormiram abraçados, matando as saudades um do outro.