Melany

Estava indo na direção do chalé 3, onde dormiria hoje, sorri com o pensamento de que, a pouco tempo meu maior problema era quem era meu pai, e que agora com essa descoberta, minha maior preocupação era se eu iria ou não viver, e se mesmo que vivesse, salvaria a todos. Olhei para Nico, que andava comigo de mãos dadas, o sol havia se posto a alguns minutos atrás, o céu ainda estava um pouco claro, mas sabia que não poderíamos demorar, e aquele silêncio estava me matando.

–Melany!- suspirei de alívio. Ele puxaria assunto.

–Sim?

–Qual será o nome do nosso primeiro filho?- Nossa! Que pergunta. Mas pelo menos era uma pergunta, e estava feliz em ouvi-la.

–Depende!- falei.

–Depende do que?- perguntou Nico chutando uma pequena pedrinha em seu caminho querendo se distrair.

–Depende de se vai ser menino ou menina!- falei.

–Tudo bem, então... digamos que seja menino. Qual nome você daria?

–Não sei!- falei. Ri- Não acha que ainda é muito cedo para pensar em nome de filhos?- perguntei ainda andando- Ainda nem nos casamos!- disse com meu sorriso se alargando com o pensamento do casamento.

–Ainda nem tentamos!- sussurrou Nico, não compreendi. O que ele quis dizer com... "Ainda nem tentamos!" ?

–O que?- perguntei. Ele parou de andar e colocou a mão em minha cintura me puxando para mais perto, me fazendo olhar para ele.

–Eu quero... você sabe... tentar.- falou Nico vermelho. Sorri, finalmente havia compreendido. Conti a vontade de rir da vergonha de Nico. Eu nunca o tinha visto tão constrangido. Nico estava muito vermelho.

–Tentar o que?- perguntei forçando a barra, eu queria ouvir ele dizer, mas pelo visto ele percebeu o que eu estava tentando fazer. Nico me encarou com as pupilas dilatadas, ele me apertou ainda mais de encontro ao corpo dele e se inclinou para aproximar ainda mais nossos rostos.

–Eu quero...- antes que ele dissesse, uma garota esbarrou em nós.

–Desculpem!- ela disse. A garota estava com a voz falha, o que para mim, indicava que ela estava chorando.

Os cabelos loiros dela lhe cobriam o rosto, como uma cortina, mas eu sabia muito bem quem era.

–Annabeth!- ela olhou para nós assustada, pelo visto não havia percebido em quem havia esbarrado. Os olhos de Annabeth estavam vermelhos, e ela tinha alguns fios loiros grudados no rosto mostrando o quanto ele estava molhado por causa das lágrimas.- Annabeth o que aconteceu?- eu e Nico nos aproximamos dela.

–Nada!- ela disse soluçando, aquilo definitivamente não me convenceu -Não foi nada!- ela tentou soar mais firme, mais ainda assim, não conseguiu mudar minha opinião.

–Como assim não foi nada?- perguntei- Você não estaria chorando desse jeito se nada tivesse acontecido.- disse já irritada. O que tinha acontecido?

–Annabeth?- olhei para Percy que vinha em nossa direção. Vi Annabeth ficar tensa.

–Nico!- chamei.

–Que foi?

–Leve Percy daqui!- disse. Annabeth me dirigiu um olhar agradecido. Nico olhou de mim para Annabeth, ele havia compreendido que havia algo errado, mas não se importou em me escutar e resolver ir até Percy.

–Já volto amor!- ele me deu um beijo rápido e foi.

–Venha comigo, Annabeth!- ela se levantou obediente, segurei uma de suas mãos, e coloquei meu outro braço em sua cintura, a guiando até o chalé 3 de Poseidon. Annabeth não disse uma palavra até entrarmos. Dei a ela um pouco de água e me sentei ao lado dela na cama.

–Obrigada!

–O que aconteceu, Annabeth?- Annabeth levou o copo de água até os lábios e bebeu a metade do conteúdo. Ela devia estar morrendo de sede.

–Não é nada já disse!- estreitei os olhos para ela. Annabeth suspirou, ela sabia que eu não estava para brincadeira.- Eu e Percy tivemos uma discussão boba.

–Sobre...?- Annabeth suspirou e colocou novamente o copo na boca.

–Sobre você e Nico!- Annabeth terminou de beber e colocou o copo no criado mudo. Tudo bem! Por essa eu não esperava.

–Por que?- perguntei.

–É que... sabe... você e o Nico... vocês vão se casar e...- ela encarou o chão envergonhada- Eu nunca quis nada disso mas,... depois de ver vocês dois eu... eu quis.- falou ela com uma lágrima descendo pelo rosto.

–E o Percy?- perguntei- É por isso que você está chorando? Ele não quer?

–Não! Não!- ela se apressou a dizer- Eu não sei!... Ele não sabe que eu quero.- falou ela. A olhei confusa, então por que...?- Eu mandei uma indireta pra ele mas,- ela riu sem humor- até parece que indiretas funcionam com Percy Jackson.- eu ri- As vezes me esqueço disso e... acabo perdendo a cabeça.- sorri para ela- Enfim, foi uma discussão boba e que já estou arrependida.

–Realmente foi uma discussão boba, mas... o motivo pela discussão, não foi bobo.- falei sendo sincera- Percy não é adivinho. Nós duas sabemos muito bem disso.- ela me olhou e suspirou.

–Eu sei mas... não irei pedir Percy em casamento.

–E por que não?... Seja uma mulher moderna!- falei.

–É que... eu gostaria que ele pedisse.- É... ela não estava errada, o homem geralmente toma a atitude, porém são as mulheres que tomam as atitudes na hora do aperto, eu vi isso com os meus próprios olhos no Olimpo... Hera sempre tomava as rédeas quando Zeus perdia a cabeça. No entanto, nesse caso, não custa nada um pouco de romantismo.

–Entendo!- disse- E se eu falar com ele?...Talvez, sei lá! Isso, desse um alerta.

–Não deixa pra lá!- Annabeth disse triste- Eu posso esperar!- Aquilo me deixou irritada.

–E você sabe quanto tempo você vai viver para esperar?- perguntei.- Nós duas sabemos que meios sangues não são de viver muito. Uma prova disso é a ala dos mortos na biblioteca subterrânea.

–Eu sei- disse ela- Mas... não acho que Percy irá querer ou... agir.

–Ei!- falei- Meu irmão pode ser lerdo, mas não é covarde.- Annabeth me olhou de canto de olho.

–Tenho as minhas dúvidas no quesito relacionamento.- olhei para a porta.

–Ele irá pedir na hora certa, Annabeth!- aquilo foi o suficiente para fazê-la levantar. Ela ficou de frente para mim.

–É que...- a porta atrás de Annabeth se abriu, ela não pareceu escutar- É que... eu só queria que Percy tivesse a mesma coragem que Nico.- falou Annabeth de uma vez só.

–Por que, Annabeth?- Percy entrou com Nico logo atrás dele.- O que você quis dizer com isso?

–Percy...- comecei.

–Eu quero ouvir de Annabeth!- falou Percy sem tirar os olhos dos de Annabeth.

–Não é nada demais, Percy!- sorri.

–Não parece nada demais.- falou meu irmão irritado.

–Percy, podemos conversar?- perguntei.

–O que você quer de mim, Annabeth?- perguntou Percy frustrado. Annabeth abaixou a cabeça, podia ver as lágrimas se formando novamente em seus olhos.

–Você!- ela sussurrou, mas ainda assim, todos conseguiram ouvir.

–Eu?- Percy parecia incrédulo com a resposta- Mas eu já sou seu.- falou Percy cada vez mais confuso. Annabeth se sentou na cama e começou a chora, sem conseguir mais prender as lágrimas que se acumulavam ao longo da discussão. Coloquei a mão nos ombros dela, tentando a consolar. Olhei para os garotos com raiva. Percy olhou para Nico com um olhar desesperado.

–Nico,... o que foi que eu fiz?- Perguntou Percy. Nico me olhou confuso, ergui minha mão e apontei para o anel de noivado. Nico riu finalmente compreendendo. Percy havia olhado para mim a tempo de me ver apontando para o anel. Ele arregalou os olhos finalmente entendendo.

–Ha Annabeth!- Percy deu dois passos em direção a ela com o olhar triste. Olhei para os dois e depois me levantei e saí do chalé para deixá-los a sós, puxei Nico junto comigo.

–Então... alguém mais vai casar?- perguntou Nico quando saímos do chalé.

–Bem, isso só depende de Percy.

Percy

Eu caminhei até Annabeth.

–É isso mesmo o que você quer?- perguntei.

–Não sei do que você está falando.- suspirei. Por que ela tinha que ser tão... tão... difícil?

–Sabe... sabe sim, Annabeth!- Ela me olhou nos olhos sem dizer nada, aquilo para mim já foi o suficiente.

Eu me ajoelhei reunindo a coragem que eu tinha, e a que eu não tinha para fazer o que eu estava prestes a fazer.

–Annabeth Chase...- engoli em seco- se você não se importar com o fato de eu não ter um anel agora, eu gostaria que você olhasse nos meus olhos, e respondesse com a maior sinceridade do mundo, a pergunta que com toda a certeza pode, ou não mudar a sua vida para sempre. Você terá que tomar uma das decisões mais importantes da sua vida, porque... de minha parte, eu sempre soube que você nasceu para ser minha. Porque eu te amo, Annabeth, e passaria o resto da minha ao seu lado com o maior prazer se...

–Se...?- Annabeth franziu as sobrancelhas confusa.

–Se você aceitar se casar comigo.- Annabeth sorriu.- Então, Annabeth Chase? Você aceita se casar comigo?- Annabeth riu com as lágrimas descendo dos olhos. Ela se jogou em cima de mim, me jogando no chão. Ela aproximou a boca de meu ouvido, dava para sentir o calor de sua respiração em minha orelha, fechei os olhos com a sensação.

–É claro que eu aceito, Cabeça de Algas!- eu ri e a beijei logo em seguida!

–Eu te amo, Annabeth!

–Também te amo, Percy,... muito!

Melany

Eu e Nico caminhávamos próximos da floresta. Já estava de noite e o acampamento era iluminado somente pela luz da lua cheia.

–Acha que ele pediu?- perguntei.

–Isso a gente só irá descobrir depois!- falou ele. Suspirei.

–Nico!- chamei dengosa.

–Oi!- ele respondeu no mesmo tom de voz e eu ri.

–Aquele negócio de... de...

–O que?

–De tentar, eu...- Aquilo chamou e muito a atenção de Nico. Ele me olhou nos olhos ansioso para que eu continuasse.

–Você...?- engoli em seco.

–Bem, estamos noivos mesmo então... não vejo problema em tentarmos. Nico sorriu, seus olhos brilharam de tão satisfeito com a notícia.

–Mas eu vejo!- uma voz veio da floresta, encaramos a floresta ao mesmo tempo.- E muito!- Na floresta havia uma sombra,... alias... uma sombra não, duas. As sombras vieram para luz e meu coração disparou.

Zeus e Poseidon encaravam Nico com ódio,... ódio até demais.