Reconhecimento E Aceitação. escrita por Oniguirii


Capítulo 1
Chapter 01


Notas iniciais do capítulo

Segunda da "série" das 4 fics AOKI. Esta é basicamente "conhecendo os sentimentos do Aomine". Espero que não me matem e boa leitura ;D



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Tudo havia perdido a graça. Jogar não lhe era mais interessante... Para ele, nada mais importava... Nada mais... Até o dia em que...

Eu estava cansado... O tédio me consumia de um jeito que até respirar me dava preguiça... E mais uma vez, meu suspiro saiu grosseiramente por minha boca. Eu estava na cobertura da escola, pra variar. As nuvens passavam tão lentamente sobre minha cabeça que foi impossível não apagar novamente.

Dormi.

Não sei por quanto tempo. Não sei desde quando. Sei que quando abri meus olhos, aquele loiro barulhento estava ali. Dormia tão serenamente que chegou a me irritar.

O que ele fazia ali?

Sentei-me sem emitir um único ruído.

As nuvens continuavam sua lenta e tediosa jornada, mas algo me incomodava. Algo estava diferente. Algo, que até então, eu não fazia a menor ideia do que era. Meus olhos se prenderam àquela figura calma ao meu lado. Ele dormia profundamente... Quando será que ele chegou ali? Voltei a me deitar.

Cílios longos... Fios dourados, brilhantes e sedosos... Era irritante não poder reclamar sobre ele ser modelo.

Senti uma coceirinha dentro de mim e quando vi, dei um peteleco na testa dele.

Kise franziu o cenho fazendo uma cara engraçada, mas não despertou. O que me aliviou de alguma forma, além de fazer um sorriso inocente escapar por meus lábios, sem eu entender bem o porquê.

Levantei me espreguiçando e embora eu tenha hesitado, eu estava com fome... E até um bom tempo depois disso... Eu não havia me tocado ainda...”

Depois de mais uma briga com seus “colegas” de quadra, Aomine voltava sem a menor preocupação para casa. Havia escolhido aquele colégio pela fama de um dos melhores no Basquete Colegial... Não havia visto nada disso até agora. Realmente, ele era o único que poderia ganhar dele mesmo.

Passou numa loja de conveniência que tinha perto de sua casa e no caminho, passando por uma rua qual haviam pequenas lojas de variadas mercadorias; na parede de uma delas, um poster específico chamou sua atenção. Embora detestasse isso, sua mente não o deixou pensar. Ele apenas parou e ali ficou. Observando e ouvindo os barulhos estranhos de seu coração.

O lugar estava deserto. Apenas ele estava parado ali. As lojas já haviam baixado suas portas devido ao horário avançado do dia. Com as mãos no bolso, encolheu minimamente seus ombros, cobrindo levemente sua boca com a gola alta de seu agasalho esportivo. Era realmente irritante ele ser tão apto a ser modelo.

“Kise Ryouta – Combinação perigosa de talento e beleza.”

- Que título ridículo... - pensou num sorriso torto.

Fechou seus olhos e num giro pelos calcanhares, encostou-se à parede sobre o poster. Olhou para os céus e suspirou. Por um momento, sua mente se perdeu em meio às lembranças... Fazia tanto tempo – relativamente. Por que então, sentia-se estranho? Irritado... Ansioso...? Meneou a cabeça em negação e desencostou-se da parede, logo tomando seu rumo de volta. - Ridículo, sou eu...

xXx

Era um duelo de titãs... Não. De monstros. Aomine já era um monstro desde que Kise o conhecera... E sinceramente, o loiro adorava isso do fundo de sua alma. Já Daiki, gostava da empolgação e da determinação do rapaz. Afinal, ele também amava o Basquete... Além de ser um dos poucos que o divertiam em quadra.

Ao início do jogo, uma ponta mínima de esperança havia sido lançada. Kise havia sorrido para ele. Como há muito não via, um sorriso sincero voltado única e exclusivamente a ele. Aquilo, decerto, acalmou um pequeno lado machucado de seu interior. Um lado, ainda machucado... Que lutava desesperado por atenção, mas que continuava sendo miseravelmente ignorado.

Entretanto, ao final do jogo... Sentiu como se o inferno se abrisse aos seus pés. O sentimento de perda... De algo muito mais importante que o jogo... Foi inevitável sufocar seu peito.

… Na verdade, teve certeza que existia algo muito pior que isso.

- Tudo bem mesmo, não lhe dizer nada? Vocês eram companheiros de equipe, não? No ginásio. - Imayoshi.

- E fazer toda sua raiva se voltar contra mim? - riu. - Basta o que ele já sente há tempos, por mim... - E além do mais, não há nada que o ganhador possa dizer a quem deu tudo de si e, mesmo assim, perdeu.

Achava que era a melhor maneira de ajudá-lo... A melhor maneira, de não ser ainda mais odiado... Para que assim, Kise não entendesse como se o outro sentisse pena. O respeitava como oponente! Jamais sentiria pena daquele loiro. Por um instante, seus olhos se voltaram ao Ace da Kaijou... E seu coração, ao abismo mais profundo do inferno foi enfim arremessado. Não sabia que o arrependimento pudesse pesar tanto assim.

Kise se apoiava em Kasamatsu.

Aquela velha história de “dar valor somente quando se perde”, Daiki entedia muito mais do que gostaria. Kise nunca havia sido dele, mas pelo apego que o loiro tinha consigo, era isso que sentia. Quantas não foram as vezes que quebrou o espelho de seu quarto olhando para si mesmo? Nem se deu ao trabalho de contar. Não sabia nem o porquê fazia isso, e muito menos, queria entender a razão disso tudo. Era ridículo. “Ridículo”... Exatamente. Não havia palavra no mundo que melhor se encaixasse a ele mesmo.

Não quis enxergar a verdade e assim, apenas aquele mal estar não identificado, o consumia tempo mais do que esperava. Ao menos, ambos eram pessoas sensatas... Ou insanas... Como preferirem. E dentro da quadra, não misturavam suas emoções... Não muito... Há tempos não jogavam uma partida assim. Há tempos, seus corações não batiam exasperadamente, à espera de um oponente a altura.

À espera do encontro, um com o outro.

Após o término do jogo, nem hesitou em sair antes de todos de sua equipe. Precisava espairecer. Precisava se acalmar. Caminhava lento a passos pesados enquanto sua mente vagava por caminhos aleatórios e confusos. Qual o seu problema, afinal? Não deveria estar feliz? Kise evoluiu...

Ele havia evoluído tanto... A ponto de se apoiar em alguém...

Milhões... Trilhões... Quantos “lhões” de espelhos existirem! Nada supriria tamanha revolta que tinha! “... Não há nada que o ganhador possa dizer a quem deu tudo de si e, mesmo assim, perdeu.”... Quem foi a besta que disse isso?! Certo... Era o que achava... Era o que sua mente gritava... Mas ele sabia... Sabia... E mais uma vez, ignorou a voz que suplicava por clemência dentro de seu pobre e sofrido coração...

Queria ter dito que o jogo foi bom... Ter dito que ele melhorou muito, que ele realmente era incrível e ainda esperava pelo dia que ele o superaria... Queria ter lhe estendido a mão... Ter sido sincero... Queria ter podido... Abraçá-lo e acalentar todas suas lágrimas... Queria ter sido ele, seu apoio...

Seu porto seguro.

Mas não...

Seus dentes trincaram e sua mão bateu forte contra a parede mais próxima. - Idiota... - mesmo com tudo que tinha, não conseguiu conter o filete de sangue que escorreu do canto de sua boca, exprimindo seus mais sinceros sentimentos, logo sendo encoberto pelo movimento ingênuo de enxugá-lo e iludir-se – mais uma vez – de que aquele loiro nunca o abalaria.

Vagou por caminhos aleatórios por fora do lugar sem noção de nada e quando se deu conta, um silêncio absurdo dominava cada mínimo pedaço daquele corredor que há pouco estava tão barulhento pela ida e vinda de jogadores e demais integrantes das equipes participantes do torneio. Hesitou... E como hesitou. O que ele poderia fazer afinal? Sentia-se totalmente idiota, mas aquilo voltava... E... Voltava...

Estava pouco mais de dez minutos parado frente à porta. Pelo horário, com certeza não havia mais ninguém dentro daquele vestiário. Ao menos, era o que imaginava... E pelo que achava, ele ainda estaria lá dentro... Aliás, era isso que esperava... Que aquela pessoa fosse das que esperavam todos irem embora para enfim desabar... Ou algo assim. Ele não sabia como o outro reagiria, oras! Quando jogavam no mesmo time, nunca perdiam.

Engoliu seco e finalmente, a coragem voltou a correr por suas veias. Seus dedos tocaram a maçaneta e se fecharam no metal... E nada mais fizeram.

- O que faz aqui? – palavras cuspidas de forma tão rude...

Daiki soltou a maçaneta e colocou lentamente suas mãos nos bolsos da calça, dando total atenção ao loiro irritadiço, virando-se para ele. – Kise...

- Veio especialmente pra rir de mim? – ironizou.

Os olhos de Aomine se comprimiram instantaneamente. Claro que ele tinha motivos para receber tamanha hostilidade, mas ora. Por que aquele loiro tinha sempre que deixar sua mente viajando na merda e ficar concluindo as coisas assim, sem nem ao menos o deixar explicar? – Não se sinta tão importante. Eu não sou tão desocupado para perder meu tempo assim. – cuspiu.

É... Irritação é contagiosa.

A sobrancelha direita do loiro arqueou e seus braços se cruzaram. – E o que veio fazer, então?

Seus olhos se encararam e longos minutos em silêncio sucederam-se. Ele não tinha o que falar. Não tinha como ou o quê explicar... Apenas, havia esquecido-se de ligar sua mente antes de tomar alguma atitude. Sentimentos são uma merda mesmo.

E aliás, há quanto tempo não o olhava assim? Os orbes dourados ainda emanavam uma aura quase palpável de ódio, mas nem por isso diminuía sua beleza natural da forma que fosse.

- Aominecchi...!

- PARE COM ISSO, KISE! - era a primeira vez que Aomine gritava com ele. - Que inferno! Não vou jogar com você! Não vou voltar a treinar! Quanto mais eu treinar, melhor eu vou ficar! E pra quê?! Me diz! PRA QUÊ?!

Palavras são únicas. Sentimentos são únicos. E explosões são as simples verdades que seguramos por tempo mais do que deveríamos de um jeito que nunca deveríamos.

Era um adolescente que não entendia nada além de seu hobbie. E assim, apenas desabafou o que o incomodava até então. - Mesmo você... Ainda não consegue me vencer. E se eu melhorar? Aí, sim, nunca irá me vencer. Mas acho que no fundo, nem deve estar levando as coisas a sério...

De certa forma, pensou que o loiro não fosse se incomodar com esse comentário, visto que riu. E já esperava aquela reação de cão abandonado do outro que pediria desculpas e logo o desafiaria novamente...

Contudo, como todo ser vivo, os “cães” também tem sentimentos.

Desprevenido, Aomine caiu no chão. Seu rosto latejava e não conseguia compreender perfeitamente bem o que havia acontecido. Ele havia levado um soco? Sua mão subiu lentamente para sua bochecha, tocando-a de leve e logo a encolhendo com o ardor que sentiu com o toque sutil. Seus olhos estavam arregalados. Incrédulo, seus orbes subiram para encarar seu agressor e não por menos, chocou-se ainda mais.

Bruscamente, Kise o levantou pelo colarinho aproximando consideravelmente seus rostos. - Eu nunca brinquei com isso. - disse baixo, mas extremamente sério.

Aomine foi largado de um jeito que o forçasse a se afastar do loiro. Ele estava totalmente desnorteado. Tanto, que não conseguiu fazer mais nada além de olhar aquela figura que até a pouco, só conhecia seu lado dócil e feliz - afinal, era nítido o quanto ele se divertia quando treinavam juntos; afastar-se dele. Kise chegou a porta e parou.

Seu rosto virou-se minimamente. Apenas o suficiente para que Daiki entendesse que era com ele que o loiro falava. Seus olhos eram cobertos por seus fios dourados por sua cabeça levemente baixa. - Chega, né? - pouquíssimas e pequenas palavras... Carregadas do pior tipo possível de estafa, de um jeito que Aomine nunca sequer imaginou... Ainda mais, vindo dele.

Como foi idiota.

Depois disso, Kise continuava o procurando loucamente pelo colégio. Continuava treinando insanamente... Continuava melhorando e crescendo dentro daquele esporte... Continuava sorrindo... Continuava com aquele jeitinho apaixonante... Continuava perdendo para ele e não desistindo... Entretanto, estava diferente. Daiki sentia um buraco entre eles... Um buraco, que pouco a pouco, ia se expandindo e os afastando cada vez mais. Nunca mais, o procurou como primeira opção para matar o tempo com coisas aleatórias que não envolvesse o basquete. Nunca mais... Kise sorriu para ele, sinceramente.”

Sua mão direita subiu num lento e involuntário movimento e quando seus dedos quase tocaram a pele alva a sua frente, a porta se abriu batendo no pulso de Daiki que sem tempo de mais nada fazer, deu um tapa não intencional no rosto do modelo num reflexo infeliz.

Mais uma vez, o silêncio se alastrava por ali. Kasamatsu bem tentou entender aquela cena. A mão de Aomine ainda estava no ar e seus olhos estavam terrivelmente arregalados. Kise, com o rosto virado e escondendo seus orbes com sua franja, subiu sua mão para a lateral de seu rosto. Embora não tenha sido um baque dolorosamente forte, havia sido dolorosa de outra maneira. Por mais que nada disso tenha sido proposital.

O loiro riu.

- Vamos, Senpai? - sem olhar uma única vez para nenhum deles, Kise apenas pegou Kasamatsu pelo pulso e o arrastou dali.

Ah, como aquilo doía. Sua mente mais uma vez se perdia e estático, ficou apenas a fitar a porta. Os passos rápidos e apressados se afastaram consideravelmente, mas não tinha coragem de olhar... Vê-lo partir levando outro consigo era, de fato, assustador. Fechou a porta num estrondo e bateu fortemente sua cabeça ali permanecendo assim por vários minutos.

O que estava acontecendo...? Por que sentia o estômago revirar? Por que sentia a raiva o consumir...?

- Merda... Merda... MERDA...! - e a cada palavra, sua mão intensificava a força qual atingia a porta e seus dentes sofriam a fricção entre eles.

Não acreditava nisso... Não queria acreditar. Ele estava com... Ciúmes...? Ele realmente havia perdido a predileção daquele modelo? ELE o havia perdido...? Por que, nunca conseguia ouvir seu coração?! Talvez... Talvez, se tivesse o escutado naquela hora! Naqueles momentos que agora julgava cruciais, hoje, tudo seria diferente.

… Hoje, respiraria normalmente. Não se sentiria sufocado. Seu coração não estaria aos destroços. Hoje, ele não estaria no chão... Socando uma porta como se ela fosse a culpada por todas suas estúpidas escolhas.

-... Merda... - seus olhos se fecharam e junto com eles todo seu corpo se encolheu. Queria poder sumir. Queria que nada disso tivesse acontecido... Queria que esse sentimento saísse a qualquer custo de si... Só queria. Pois até então, nunca fez nada a respeito disso... Assim como agora, mais uma vez.

Ele já tinha outra pessoa.

Era tarde demais.


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Notas finais do capítulo

Eae?? O__O AEOAEOIHEAOEAOHA
Espero que tenham se divertido e nos vemos no próximo capítulo que será lançado no dia 15/04 ♥
Obrigada pela leitura e até lá! ;D



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