- Vamos subir. Vou te ajudar a fazer suas malas. -digo.

                - Você não vai arrumar as suas?- pergunta.

                - Effie me ajudou a arrumar as minhas malas mais cedo. Ela comprou um monte de roupas novas pra eu usar durante a viajem, inclusive um vestido novo para a festa amanhã.

                - Hmm, posso ver esse vestido?

                - Não!- falei- Você vai ver só amanhã.

                - Então, acho que posso esperar até amanhã...

                - Venha logo, se não, não te ajudo mais a arrumar suas coisas!- falorindo.

                - Tudo bem. Vamos.

                Subimos até meu quarto. Quer dizer,nossoquarto. Ainda não me acostumei, não faz muito tempo que resolvemos morar juntos, foi quando percebi que não conseguiria mais viver sem ele e que precisamos um do outro, para nos protegermos das terríveis noites de pesadelos.

                - Você vai querer levar seu bloco de desenhos e seus lápis?- pergunto com estes objetos na mão.

                - Quantos dias nós vamos ficar lá, mesmo?

                - Ah, depende de quantos dias vamos querer ficar.

                - Então pode colocá-los na cama que eu guardo na mala depois.

Enquanto procuro outras coisas que Peeta possa querer levar para a viajem, encontro uma antiga caixa de sapatos que estava escondida no meio das roupas de Peeta. Abri para ver seu conteúdo e me deparei com velhas cartas com uma caligrafia que parecia ser de uma criança, depois de lê-las, percebi que eram cartas para mim, do Peeta. Dei mais uma olhada nas folhas que estavam na caixa e vejo desenhos lindos que são uma cópia perfeita minha quando era pequena. Sorrio ao reler as cartas.

                - Katniss você encontrou... -Peeta para de falar quando percebe no que estou mexendo. - O que é isso?-pergunta olhando para as folhas em minhas mãos, ele estava com uma expressão indecifrável em seu rosto.

                 - Ah, encontrei esta caixa junto com suas roupas. - falo apontando para a caixa. Peeta fica corado e eu sorrio.

                - Não era pra você ver isso...- ele fala com uma mistura de indignação e vergonha.

                - Desculpa, não sabia que isso te incomodava.

                - É que eu não queria que você achasse que eu era obcecado em você, não queria te assustar. - quando ele termina de falar, eu rio.

                - Tudo bem, pode rir de mim. - ele fala cada vez mais constrangido.

                - Não é isso. Eu achei superfofo. Me faz cada vez mais me sentir culpada por ter ignorado uma coisa que estava na minha cara durante anos. E fala sério, me assustar? Você não me conhece?

                 - Então... Você achou fofo?- Peeta pergunta, ficando um pouco mais animado com a situação.

                - Muito. Você desenhava tão bem já naquela época. Desenhava melhor do que eu desenho agora.

                - Nossa uma grande honra desenhar melhor que você! - Peeta fala ironicamente.

                - Ei! Eu sei que eu não tenho o mínimo talento com desenho, mas não precisa jogar na minha cara! - falo rindo.

                - Calma! Só estou brincando!- Peeta fala sorrindo- O que você acha de terminarmos de arrumar essas malas antes que eu acabe com uma flechada na cabeça? 

                - Acho bom. - digo séria.

                Ficamos mais um tempo conversando e arrumando as malas. Quando percebo já são 18h50min.

                - Peeta, vamos logo, já são quase 19 horas.

                Peeta sai correndo do banheiro só de toalha, ele vai até o armário que está perto de mim, quando vejo ele tropeça no nada e cai em cima de mim. Lembro-me de quando estávamos atuando como “amantes desafortunados” e tropeçamos na neve. A diferença daquele momento para agora é que tudo isso é real, o que sinto por ele, nada disso é pelas câmeras ou uma tentativa de salvar nossas vidas da ira da Capital.

                Volto meus pensamentos para o que está acontecendo. Não consigo conter a risada, Peeta ri junto. Ele rola para meu lado no chão e vira sua cabeça em minha direção. Eu viro também.

                - Eu te amo demais. -Peeta fala.

                - Eu também te amo. - Ele chega mais perto de mim e me da um beijo. - Não quero ser chata, mas a Effie vai nos matar. Nós precisamos ir logo.

                 Peeta enfia a primeira roupa que vê na frente e seguimos para a estação de trem. Chegamos às 19h07min. Quando Effie nos vê, seu olhar é de indignação e reprovação. Mas enfim o trem também estava atrasado. Durante a viajem, tudo ocorre bem.

                Quando já era de manhã, Effie bate na porta do nosso compartimento, dizendo para nos arrumarmos para tomar café da manhã. Eu abro os olhos e confiro se Peeta já está acordado. Ele está olhando para mim.

                - Bom dia.- diz Peeta se espreguiçando.

                - Bom dia.- digo.- Não quero levantar.- falo bocejando.

                - Nem eu.- ele fala me puxando pra perto dele, ficamos um tempo abraçados, até Effie nos chamar outra vez, então fomos obrigados a nos arrumar para não sermos mais incomodados.

                Peeta fica pronto antes de mim e se dirige até o vagão restaurante para acalmar a Effie. Depois de tomar um banho, visto uma saia e uma regata e sapatilhas, que Effie trouxe para mim. Enfim, vou para onde estão Peeta e Effie.

                - Olá, Katniss. Dormiu bem?- pergunta Effie.

                - Claro. - repondo dando uma olhadinha rápida para Peeta.- O que temos que fazer hoje?

                - Vamos nos hospedar na casa da Presidente Paylor, ela está nos esperando para o almoço, depois do almoço vocês terão tempo para se arrumarem para hoje de noite.

                - Estamos em que distrito?- Peeta pergunta olhando para a janela. Eu desvio meu olhar para a janela também e vejo vastas criações de gado. Estamos no distrito 10, eu acho.

                - No distrito 10- Effie diz confirmando minha dedução-, quase chegando no distrito 9. Vai demorar algumas horas para que cheguemos no distrito 8, então, vocês podem fazer o que quiserem desde que estejam inteiros para o almoço.- Effie diz.

                - Você fala como se fossemos crianças. Vamos lá Effie, relaxe um pouco! Vai sair tudo nos conformes hoje à noite. - assim que digo isso, a tensão que tinha no corpo da Effie sumiu e ela quase se atirou no sofá. Não consegui evitar a risada e Effie me mandou um sorriso em agradecimento.