A Herdeira Do Lado Negro escrita por Angelicca Sparrow


Capítulo 13
Capítulo 13 - Quando você descobre Bolo de Chocolate, nunca mais vai querer Cookie de Aveia


Notas iniciais do capítulo

Oi, oii gente!!! Apresento Niara, a menina mais assustadoramente intensa e insana! EVER! hahahaha



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As tochas na parede do amplo corredor bruchelavam incessantemente. Do lado de fora das paredes grossas de pedra, uma névoa escura cobria a noite e a lua cheia. Pelas barras de ferro de uma das janelas de Hogwarts, podia-se observar a figura sentada nos degraus da escada. A brisa fria adentrava no pequeno espaço e balançava os cabelos compridos e negros.

Niara mal sentia o frio, com seus dois casacos de lã, seu cachecol, suas luvas e botas negras. Sua respiração era controlada, e soltava fumaça em cada expiração. Seus olhos azuis límpidos permaneciam presos a algo além das barras de ferro da janela. E ela permanecera ali, escondida naquele canto oculto durante muito tempo, nem ela sabia ao certo quantas horas passou observando o fim de tarde dar lugar à noite fria. Seus olhos fitaram o chão e então ela sorriu, primeiramente de um jeito sutil e depois foi aumentando cada vez mais até que o amplo sorriso se transformou em riso. Ela abraçou os joelhos de uma maneira que a confortou no chão gélido.

E pela milésima vez, ela suspirou.

Depois de mais algum tempo ela se levantou e começou a caminhar lentamente pelo corredor. Várias vozes começaram a ecoar pelas paredes, e muitos gritos extasiados e alegres. A garota continuou seu percurso com as mãos aconchegadas nos bolsos e o olhar baixo até que chegou à outros corredores, e então alunos começaram a passar por ela.

– Meu Deus! Como isso foi possível? Vocês viram a cara de Dumbledore? – uma menina comentou com outro amigo ao passar.

– Nossa, mas Potter foi muito sortudo, ou não né! Se ele acabar morrendo... Nem sei o que farão. – outro sussurrou.

Niara começou a prestar mais atenção às vozes ao seu redor, e aproveitou que passava geralmente despercebida por entre os alunos. Continuou seu caminho ouvindo detalhes do que ocorrera, e depois percebeu que havia perdido o cerimonial que anunciava os competidores do torneio tribruxo.

– Droga... – ela murmurou com raiva, levantando a cabeça e começando a andar mais rápido.

Alunos da Durmstrang, a escola de magia no norte da Europa, passaram por Niara cumprimentando e comemorando com um outro garoto. Ela o reconheceu na hora: Victor Krum. Os garotos olharam pra ela e acenaram descaradamente, enquanto ela fez questão de fixar os olhos em Krum. Ela sabia que ele havia sido escolhido. Ele sustentou seu olhar até o fim, depois ambos continuaram seus caminhos opostos.

Ela não conseguia tirar da cabeça a ideia de Potter fazer parte do Torneio, isso era amedrontador. Ela precisava dele para obter as informações que precisava sobre Voldemort, pois ele era o único que sobrevivera à ele. Harry nem tinha idade para participar! Niara estava tão aflita que nem prestou atenção por onde estava andando e acabou tropeçando no pé de alguém. Antes de atingir o chão, ela pôde distinguir uma figura correndo em sua direção. Braços firmes a seguraram antes que atingisse o chão.

– Niara? – Cedrico mantinha o par de olhos verdes preocupados e o desespero em sua voz era palpável.

– Cedrico. – ela sussurrou antes de abraçá-lo com força.

– Eu andei te procurando durante todo o cerimonial! Você não estava lá? – ele perguntou enquanto a ajudava a se levantar.

– Você... Você me procurou? – ela perguntou surpresa, seus olhos se enchendo de espectativa.

– Sim... Eu achei que estaria lá pra ver o participante escolhido de Hogwarts... – ele respondeu de forma insegura.

O pequeno momento de felicidade morna de Niara foi esfriando, e seu sorriso e suas esperanças morreram junto com qualquer outro resquício de sentimento bom.

– Harry... – ela murmurou para si mesma colocando as duas mãos na cabeça e fechando os olhos com força.

– Bem, sim... – ele fez uma pausa para olhá-la – E eu.

Ela abriu os olhos rapidamente e arfou. Foi subindo o olhar, e quando encontrou seus olhos, ela já não sabia se podia piorar.

– Vo-você? – ela gaguejou incrédula – Cedrico, você foi escolhido para participar do Torneio Tribruxo também?

– Fui. – ele sorriu com prazer – Eu vou participar, sempre sonhei com isso. E prometo que vou vencer, por... você. – ele disse alargando o sorriso.

Niara deu um abraço forte nele, para evitar que ele visse as reais emoções em seu rosto: agonia, dor, pânico. Suas feições eram uma máscara completa de desespero.

– Nossa... Eu... Eu não sei o que dizer. – ela tentou soar feliz, não chegando nem perto da metade disso – Meus parabéns...

Quando o abraço foi desfeito ela lutou rapidamente consigo mesma para levar a felicidade falsa para seu rosto, resultando em um sorriso morto e alguns olhares de falsa admiração. Por dentro dela, cada pedaço dela ruía, como se todo a sentimento que ela nutria por ele, estivesse despencando de uma ponte direto para um precipício escuro e sombrio. Ela sabia que não havia esperanças para ele. Ela sabia o que realmente estava envolvido nesse jogo, e a vida de um bruxo qualquer como Diggory, valia menos que nada.

– Você não parece tão feliz assim... – ele murmurou contendo a chateação para si mesmo.

– Eu estou muito orgulhosa por ter conseguido seu sonho! Puxa, dentre tantos alunos, logo você foi o escolhido, isso é muita sorte! – ela riu sutilmente e passou uma mão por seu rosto, olhando dentro de seus olhos.

Ela queria que ele entendesse o mar de desapontamento que se passava dentro dela, mas como previsto, ele se iludiu facilmente.

– Muito obrigado! Isso é muito importante pra mim... Você não tem ideia de como eu estou feliz! – ele respirou fundo sorrindo – Ultimamente todos os meus desejos estão se realizando... – ele a encarou de maneira terna.

Ela deixou escapar um soluço enquanto lutava contra as lágrimas brotando em seus olhos. Cedrico beijou-a na testa e parou a centímetros de sua boca.

– Quando eu vencer o Torneio, quero que você esteja lá para segurar o Troféu pra mim. – ele sussurrou, segurando-a pela cintura.

Niara não mudara a expressão assombrada, e apenas assentiu com uma pressa desnecessária. O dia todo que passara pensando em Cedrico, agora revirava sua mente. Colocou as duas mãos em volta do pescoço dele, segurando-o com firmeza. Ela se preparou para o primeiro dos últimos beijos que daria nele.

Quando seus lábios iam se tocar, um movimento brusco levou os braços quentes que a envolviam, para longe. Ela abriu os olhos assustada, por um momento perturbada com a ideia de tê-lo longe antecipadamente.

Robert tinha um braço firme no peito de Cedrico, mantendo-o afastado. Sua expressão era de reprovação.

– Que lindo! Querem uma punição? Eu posso providenciá-la agora! – ele falou em alto e bom tom, fazendo todos os curiosos que observavam o beijo, se aproximarem ainda mais.

– Robert – Niara disse irritada – Tão pontual...

– A senhorita, deveria ter ido ao refeitório para a cerimônia, e me deve uma explicação. – ele rosnou completamente furioso.

– Eu me perdi, estava nos corredores. – ela falou dando de ombros – Pergunte à gatinha de Filch, Madame Norra, ela me vigiou o tempo todo.

– Chega de graça, Srta.Horn, direto para o dormitório! Todos vocês! – Robert indicou para todos, dispensando-os.

– E você, Diggory. – Robert colocou Cedrico contra a parede, quando o corredor estava mais vazio – Estou te observando. Agora comece a treinar bem pesado para o torneio, ou então a única coisa que qualquer uma poderá ter de você é seu cadáver em um caixão!

– Cale a boca. Se acha que pode falar assim comigo, está muito enganado.

– Cedrico rebateu – Não se preocupe, pois Niara estará bem ao meu lado quando eu receber o troféu.

Cedrico empurrou Robert e puxou Niara pela mão ao longo do corredor. Depois de alguns lances de escada e corredores paralelos, já estavam sozinhos novamente.

– Eu quero que me prometa uma coisa. – ela suplicou, colocando as mãos no colarinho da camisa por baixo do casaco negro dele.

– Depende do que for... – ele hesitou.

– Prometa Diggory. – ela franziu o cenho em reprovação.

– Eu prometo.

– Prometa-me, que independentemente do que acontecer... Você vai se manter vivo. Nem que você saia da competição ou que precise matar outros para conseguir... Apenas me prometa. – ela estava séria.

Cedrico se afastou dela com um passo largo.

– Como consegue falar algo assim? Quer que eu mate alguém, Niara? Como pode se referir à uma covardia dessas com tanta seriedade? – ele estava perplexo.

– Cedrico... – ela voltou a se aproximar dele – Quero que entenda que às vezes, matar não é uma opção... É um dever. E não é nada demais, se for pra manter você vivo! Você tem que pensar em um bem maior! – ela segurou-o novamente, aproximando seus corpos.

– Eu não sabia que você poderia ser tão fria em relação às pessoas. São seres humanos, Niara! São pessoas com histórias, como eu, como você! Se eu for perder a vida, que seja de uma maneira honesta, e que nada interfira no meu destino... – ele cuspiu as palavras antes de se desvencilhar das mãos dela em seu rosto.

– Fria? – ela respondeu ainda mais fria – Eu gosto demais de você, mais do que eu já gostei de qualquer pessoa antes. Nunca senti nada por ninguém, nem compaixão, nem generosidade, nem agradecimento, nem vontade de manter vivo. Me desculpe se minha “frieza” em relação à você te ofendeu.

Mas não faz mal, eu sempre sobrevivi muito bem às mortes que me cercaram, e não vai ser a sua que vai mudar isso. – ela finalizou com os olhos pétreos antes de se virar para ir embora.

Uma mão quente envolveu a sua.

– Niara, não acha que está sendo precipitada demais? Eu não vou morrer. Mas eu quero saber por que acha isso. Acha que sou fraco? Acha que eu não conheço magia suficiente para passar por desafios desse tipo? – ele perguntou, a tristeza evidente em sua voz.

Niara suspirou ainda de costas, lágrimas silenciosas escorrendo por seus rosto. Novamente, ela sabia que ele não tinha chances ao que estava por vir. Mas ela não poderia antecipar o sofrimento e a insegurança dele, poderia? Seria justo fazê-lo prever o inevitável, quando seria ele o mais prejudicado? Não, não seria...

– Sim, você tem razão. – ela suspirou mais uma vez, ignorando as pontadas fundas em seu peito, que diziam à ela que não suportaria aquilo – Estou sendo precipitada. Eu confio em você, confio na sua força, na sua vontade e no seu sonho. Sei que vai vencer... – ela se virou para abraça-lo. – E eu estarei lá segurando o seu troféu com você. É uma promessa.

Cedrico a beijou lentamente, e ela se perdeu em cada segundo, temendo que acabasse antes que ela se satisfizesse completamente. Ele beijou sua bochecha.

– Em pensar que nós nos conhecemos a apenas algumas semanas... – ele levantou seu queixo, obrigando-a a olhá-lo – Seria loucura se eu disser que me apaixonei no momento em que te vi?

Niara permaneceu imutável antes de responder.

– Seria loucura se eu te dissesse que você se apaixonou pela pessoa errada?

– Como assim? – ele fechou a expressão por um momento.

– Não sou nem de longe a pessoa certa para alguém depositar o seu amor.

Mas eu também te prometo, que eu vou fazer de tudo ao meu alcance para não fazer você se arrepender. – lágrimas rolaram de seus olhos cristalinos.

– Até por que, você foi a única pessoa que me ofereceu o que eu nunca tive, mas o que eu descobri que sempre me fez falta: carinho.

– Eu nunca imaginei que fosse te ver chorar... – ele sussurrou com os olhos bem abertos.

– E eu nunca imaginei que eu choraria por algo tão idiota. – ela sorriu de lado.

– Acha que eu sou idiota? – ele deu seu sorriso torto.

– Muito. – ela respondeu antes de beijá-lo com a maior intensidade possível.

Depois de longos momentos Niara interrompeu o beijo. Ela não soube explicar o que tinha acontecido, mas a cena diante de si já falava por si só. Suas mãos estavam dentro dos quilos de casaco de Cedrico, ela segurava a cintura dele junto a seu corpo. O nível de desejo que ela sentia era descontrolador. A respiração inconstante de irregular dele só piorava a situação. Ela respirou fundo e deu um passo para trás, e depois outro e outro...

– Eu acho melhor eu ir pro quarto... Se Filtch nos ver aqui, ou Robert... – ela começou a dizer, sem saber ao certo o que falar.

Cedrico continuou na mesma posição em que estava segundos antes, olhando-a com um sorriso de compreensão.

– Tudo bem... Você tem que aprender a tem auto-controle. – ele disse com uma voz profunda.

Niara não evitou rir antes de olhar para ele uma última vez e voltar para o caminho até o Salão comunal da Corvinal.

– Até mais, Lufino! Te vejo por aí. – ela gritou de longe.

Ainda foi possível escutar a risada masculina ecoando nas pedras do piso e do teto. A noite seria longa, para ambos. Niara não parava de rir e sorrir, só parou quando se esgueirou para dentro de seu quarto no escuro, silenciosamente para não acordar as colegas de quarto. Assim que fechou a porta atrás de si, algo perfurou seu tronco bem no meio. Uma estaca de madeira grossa, arrancada de sua própria cama.

– Eu avisei para que tomasse cuidado... Agora vejo que já se envolveu demais. – um risada baixa e assustadora se seguiu. – Durma bem, meu amor. Amanhã você tem muitas coisas à fazer, e muitas pessoas pra iludir...

Niara não conseguia respirar, havia sangue em toda sua roupa, e conforme seu corpo foi despencando nos braços de Amon, sua consciência foi levada para longe.

A última coisa em que pensou foi em Strix, a sua bela e simples coruja que costumava ser sua melhor amiga e confidente, apunhalando-a com uma tora de madeira.


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Notas finais do capítulo

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