O Casamento Da Minha Melhor Amiga escrita por Ana Carolina Potter


Capítulo 4
Capítulo 4




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Capítulo Quatro

Cartas na manga

A campainha tocou. Uma. Duas. Três vezes. Harry considerou deixar a pessoa esperando, mas ficar por meia hora debaixo d’água não havia resolvido os seus problemas e amenizado a sua dor de cabeça e estômago. Além do mais, quem poderia estar batendo a sua porta naquele momento?

- Já vai! – Harry gritou em resposta. Silêncio reinou no apartamento. O bruxo colocou seu roupão e chinelos e se dirigiu à porta com toda a calma que ele ainda possuía.

Porém, seu ar sumiu quando viu que era Gina Weasley.

- Harry? – disse Gina ao entrar pela sala e abraçar o amigo, que ainda estava de roupão, cabelos molhados e cara de espanto por reparar em um anel de compromisso na mão direita da amiga. Gina estava noiva.

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Harry achou que deveria estar bêbado ainda ou com muito sono. Gina estava noiva. Mas espera um pouco. Antes de embarcar, ela nem ao menos tinha um namorado. E William estava em um relacionamento sério com outra pessoa há uns seis meses. “Com esse mané, não foi”. Ele saiu do abraço para encarar a amiga que parecia contente e, aparentemente, havia se bronzeado nos últimos dias.

- Gina... – Ele olhou em seus olhos – Você está noiva?

Ela olhou para sua mão e um sorriso brotou em seus lábios.

- Harry, você irá adorar Peter. Ele é escocês. E foi tudo tão rápido, você não vai acreditar e... – Ele já havia se perdido na metade das explicações. Gina costumava falar muito rápido quando estava empolgada com algo. Exatamente da mesma maneira que Hermione ficava quando programava o estudo dele e de Rony em Hogwarts.

- Primeiro, respira. – ela riu da maneira exagerada do amigo – Agora, me fala como você conheceu esse sujeito e porque você irá se casar.

- A gente vai conversar na porta. Por que se você quiser, a gente pode ficar aqui e o prédio todo vai saber que você está com o roupão aberto e mostrando o júnior para quem quiser ver, inclusive, a nossa querida vizinha que tem uma “quedinha” por você. – sussurrou Gina, que ao olhar para a vizinha abafou um riso.

O roupão de Harry não se adequava ao seu corpo e, muitas vezes, ele abria enquanto ele o usava. Ele olhou para baixo e constatou que a amiga falava a verdade e que Brigitte o devorava com os olhos da porta de seu apartamento.

- Entra logo! – disse Harry puxando uma risonha Gina. Ele trancou com todas as travas possíveis o apartamento e apertou o cinto com dois nós.

Ao se sentar do lado da amiga, ele não pode deixar de sentir o coração mais leve por ela estar de volta. Ele também reparou que não gostava daquele anel em seu dedo.

- Vai me contar? – pediu.

Ela se ajeitou melhor nas almofadas e reparou na bagunça que estava o apartamento. O tênis da noite anterior estava debaixo da mesa de centro. Uma caixa de pizza estava depositada em cima da mesa, que também continha inúmeros papéis, latas de cerveja e balas.

Sem falar nas roupas espalhadas pelas cadeiras e na toalha, que provavelmente, estava no encosto da poltrona desde a noite anterior. Além disso, havia migalhas de pão no tapete e uma meia debaixo do sofá.

- Que furação passou por aqui, Potter? – Gina exclamou depois de uma rápida olhada pelo cômodo.

- Não tive muito tempo de arrumar o espaço antes de você chegar – disse Harry, levemente envergonhado. Seu apartamento sempre fora bagunçado até para os padrões de um homem solteiro, mas a situação estava lastimável quando comparado com os dias normais que Gina passava em sua casa.

- Que horror! Você precisa contratar um elfo doméstico, sem a Hermione saber, ou uma empregada trouxa. Você não anda dando conta dessa zo...

- Dá para me contar como você ficou noiva logo de uma vez? – ele interrompeu impacientemente. A limpeza doméstica não era um tópico importante no momento.

- Ok. Eu estava cobrindo os preparativos dos times escoceses e, em um dos jogos amistosos, o patrocinador do time apareceu para conferir como estavam os jogadores e quando seria a estreia no campeonato. Esse patrocinador era o Peter. Ele ficou encantado comigo e foi amor à primeira vista. – ela olhou para Harry com os olhos levemente brilhantes. Parecia apaixonada. O coração do auror perdeu uma batida.

- Ele foi tremendamente romântico e me levou para conhecer a cidade e, logo na semana seguinte, eu conheci sua família e ele me pediu em casamento. Eu sei que é tremendamente rápido e que, na maior parte do tempo, ele ficará na Escócia e eu aqui em Londres, mas eu senti algo diferente por ele. Algo que eu só havia sentido uma vez. Acho que é para valer. Ele até me disse que me ama, acredita?

Harry parecia que tinha levado um soco na boca do estômago. Para quem olhasse a cena de longe diria que ele estava mais pálido que o normal. A boca aberta e os olhos arregalados demonstravam espanto. Ele não acreditava no que Gina estava dizendo. Ela mal conhecia o cara.

- Gina, mas você mal conhece o sujeito. Como você pode casar com ele. E quando vai ser isso? – ele a olhava em desespero.

- Nos próximos meses. Creio que um pouco depois do meu aniversário.

Isso seria agosto. Eles estavam em junho. DOIS MESES.

- Gina...é daqui a dois meses!

- E daí, Harry? Parece que você não está feliz por eu ter encontrado a minha alma gêmea. – Ela se levantou do sofá e cruzou os braços.

Harry não havia gostado mesmo. Ele estava sentindo raiva do tal Peter. Parecia que uma ficha tinha caído em sua mente. De repente, o não gostar do William ou de qualquer outro pretendente de Gina fazia sentido. Não querer estar longe dela também encaixava em sua mente.

Ele montou uma cena em que ele era o noivo e que a aliança que Gina carregava com todo o carinho no dedo anelar da mão direita teria o seu nome gravado. Em seus sonhos, ele casaria no altar montado no quintal da Toca, com a bênção dos melhores amigos e da família de Gina. Ele constatou que todos os sintomas que ele declarava como amizade, na verdade, eram o indício de que ele estava apaixonado por ela.

- Não é isso. É que foi um susto você aparecer dizendo que está noiva e vai se casar em dois meses. Eu não estava pronto. Me desculpa? – ele levantou para abraçar a amiga, que prontamente o laçou pelo pescoço, no espaço que ele sempre jurou ser perfeito para ela.

Eles ficaram na mesma posição por alguns minutos.

- Gostaria que fosse meu padrinho, Harry! – ela sussurrou em seu ouvido e Harry fingiu que os arrepios que subiram por sua espinha não tinham nada a ver com o timbre de voz aveludada que Gina soltou naquele instante.

- Sério? – Por mais decepcionado que ele estivesse com essa história de casamento, ele não poderia negar nada a ela.

- Claro! Você é meu melhor amigo. Não haveria pessoa melhor para o posto. – Ela olhou nos olhos de Harry

- Eu faço qualquer coisa pra te ver feliz, Gina. – ele puxou Gina para seus braços, afundando o nariz nas madeixas ruivas com aroma floral. – Qualquer coisa!

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- A Gina... O quê?! – gritou Ryan.

Harry convocou o amigo para o que ele chamava de reunião dos brothers. Ele ficou chocado com o fato que Gina tinha lhe informado no fim da tarde. Não sabia o que fazer com o casamento, padrinho e o sentimento que ele sempre negou para si e para todos.

Eles tinham se encontrado em um pub na Londres trouxa e bebiam a quarta cerveja. Não havia muitas pessoas naquele horário. Ainda não nem perto das 22h.

Durante uma hora, Harry contou toda sua história para Ryan. Desde o namoro em Hogwarts, a guerra, o medo que sentiu em perdê-la para Voldemort, a volta para casa depois da vitória, o receio de encará-la após tudo o que tinha acontecido e o namoro dela com William, o que o fez decidir começar a namorar Amanda.

O último fato não era de conhecimento geral, apesar de a ex-namorada fazer o favor de jogar em sua cara a cada briga que tinham. Amanda sabia que ele não tinha mais nada com Gina, mas era de conhecimento geral que ela gostava de provocar a ruiva. “Não ser deixado para trás”, foi o pensamento e o argumento que usou para começar a namorar Amanda.

Ryan fazia comentários pontuais em alguns trechos da história, porém, em nenhum momento, interrompeu o fluxo de pensamentos de Harry. Era a primeira vez que o moreno se abria em relação a esse assunto e estava claro que ele não se sentia a vontade para conversar com qualquer um sobre a situação.

Era embaraçoso para um homem barbudo comentar sobre sua vida amorosa, em um bar, em pleno sábado à noite. Ele sabia que o amigo poderia estar em casa, curtindo bebidas com Amanda Thorne, mas ele estava lá para escutá-lo e isso não tinha preço.

- Você acha que ela o ama? – Perguntou Ryan de supetão.

- Como vou saber? Ela mal o conheceu e já diz que sentiu uma coisa diferente de tudo o que havia sentido e que só passou por essa experiência uma única vez na vida. Me diz, o que esse cara tem? – Harry tomou um gole de sua cerveja. – Gina não precisa desse cara. Eu quero que ela veja o erro que está cometendo antes de casar. Como eu faço isso?

- Talvez não seja um erro para ela. Por que você nunca disse o que sentia para ela?

- Será que é porque eu sou idiota?

Ambos riram dessa pergunta afirmativa.

- Eu não sabia o que eu sentia. De verdade! – disse Harry diante da cara de espanto do amigo. – Eu me dei conta quando eu percebi que a perdi de vez. Que ela irá ser o “para sempre” de outra pessoa que não sou eu.

Ryan deu um leve tapa no ombro de Harry.

- Será que você não está com dor de cotovelo porque está perdendo sua melhor amiga? Ou por estar sendo deixado para trás? – indagou Ryan. Para ele, isso não passava de ciúmes de Harry. Pelo menos, era o que ele pensava até o momento.

Harry pensou na resposta por dois minutos.

- Quando ela começou a namorar o William, eu fiz esse mesmo comentário que você me disse agora a pouco. Achei que fosse algo da minha cabeça porque eu estava perdendo uma garota incrível para um cara que ela mal conhecia. Enquanto eles namoravam, eu ainda tinha vontade de socá-lo a cada vez que eu o via. E quando eu olhava para a cara de felicidade dela, eu queria morrer.

- Pode parecer egoísta o que eu irei te dizer – continuou -, mas eu gostaria que aquele olhar fosse para mim e não para ele. E eu senti muita falta dela nessas últimas semanas, quando ela esteve fora para cobrir quadribol. Eu esperava ansiosamente por sua volta. São sinais... – Harry deixou a voz morrer por um instante. Ryan o olhava com pena.

O pub começava a encher e os amigos podiam observar o movimento de pessoas do lado de fora da janela. Mulheres passavam correndo em seus vestidos e saltos. Harry gostaria de ser uma dessas pessoas que andam sem se preocupar com o que está à sua volta.

- Acho que você tem que lutar! – disse Ryan

- Lutar como? – Harry olhou desesperado para o amigo. Passou a mão pelos cabelos, em um gesto que foi repetido diversas vezes nas últimas horas.

- Não sei. Diga a ela o que você sente, mas isso poderia confundir ainda mais a cabeça dela e ela acharia que você só está com ciúmes ou com medo de perdê-la. Pode ter um efeito contrário ao que você pretende – ele olhou para a garçonete ao lado, como se ela fosse dizer a resposta a ele.

Passados alguns minutos de profundo silêncio, ele gritou.

- Conquiste Gina.

Todos os olhares se voltaram para a mesa. Harry ficou escarlate. “Por que Ryan sempre dá uma dessas? Oh, meu bom Merlin!”.

- Se toca, a gente está em um bar! Para quê gritar, seu demente? – sussurrou Harry.

- Mas a minha ideia é genial. Se você conquistá-la aos poucos, ela irá desistir dessa ideia de casamento.

- Ok, gênio! Só me diz uma coisa: como eu irei fazer isso? Faltam exatos dois meses para o casamento e é impossível eu conquistá-la até lá. Ela me vê como um amigo, nada mais. – Harry olhou para o seu copo. O desânimo tomava conta do seu corpo.

- Brother, nada a ver! Você pode plantar a dúvida, moleque! – Ryan olhava pra Harry com ar de sabedoria.

- Me conta o seu plano brilhante, Ryan.

Harry pediu outra cerveja à garçonete, que passava ocasionalmente por entre as mesas tentando escutar as conversas dos clientes ou lançar um charme a algum homem rico que estivesse batendo papo no pub. O bruxo, após o pedido anotado, se aproximou mais do amigo.

- É moleza. Gina te chamou para padrinho. Você ficará ainda mais próximo a ela nos dias que seguem. Os detalhes da cerimônia serão decididos por vocês e a madrinha. Ela já decidiu quem será?

- Não perguntei, mas deve ser Luna Lovegood. – Luna continuava uma grande amiga de Gina após a escola.

- Lovegood? Sério? – debochou Ryan.

- Ela é legal. – disse Harry. – A gente não está aqui para falar de Luna, seu idiota. Continua o plano!

- Ok. Vocês estarão próximos e nada como intimidade para lançar uma dúvida sobre certos aspectos. Você pode começar a plantar sementinhas em Gina.

- Sementinhas? Sério? Você está falando como se eu tivesse cinco anos e meu pai fosse me explicar como os bebês nascem. – reclamou Harry, interrompendo o auror.

- Você é um homem difícil, Potter. Vamos lá. Você poderia chamá-la para sair, dançar, ver um filme e afastá-la ao máximo do escocês. E não se esqueça: você tem que criar um clima para se declarar. Não adianta esperar que ela, simplesmente, perceba o que você sente. Não funciona esse papo de “ah, veja o que está reservado para você”. Vai lá e ataca! – Ryan fez o gesto da vitória.

Harry analisou o plano de Ryan. O que tinha a perder, afinal? Ele tinha dois meses para fazer com Gina o olhasse de outra forma, não apenas como amigo. Poderia pedir a ajuda de Rony e Hermione? “Nem pensar! Eles estão ocupados demais com o próprio casamento, e Rony é irmão de Gina. De jeito nenhum!”. Por mais que Ryan fosse seu amigo, ele não conhecia Gina tão profundamente. E ele o aconselharia a agir sozinho.

- Acho que não custa tentar, Ryan. – exclamou Harry.

- Claro que não. E você, caso dê tudo errado, pode pensar que tentou. Que lutou pela sua felicidade. Eu sempre reparei nos olhares que lançava a Gina, mas não sabia disso tudo que me disse hoje. Você merece ser feliz. Aliás, vocês dois merecem. – ele deu um soco no ombro de Harry.

“É. Nós merecemos”, concluiu. Harry pensou que a caminhada não seria fácil, mas que o final valia a pena.

- Vamos à luta! – sorriu. 


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Notas finais do capítulo

N/A: Oi, gente, tudo bem com vocês? Antes de tudo: espero que tenham gostado desse capítulo! O Ryan terá um papel fundamental nos próximos capítulos, já que Harry perdeu o melhor amigo por ser irmão de Gina! E as coisas tendem a esquentar ainda mais com o Potter na luta! Espero que tenham gostado! Quero muito saber a opinião de vocês, porque conhecer cada um dos leitores e descobrir o que pensam sobre a história dá um ânimo a mais para continuar! Vocês fazem a diferença! Quero reviews hahahaha! Beijo!



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