''Oh this has gotta be the good life...'' Eis que meu despertador toca. Sim, mudei o toque dele. Digamos que se não mudasse ia começar a pegar raiva de uma das minhas músicas preferidas, só porque eu acordava ao som dela. 

Olhei o relógio, seis e meia da manhã. Pera aí, essa não é a hora que eu acordo? Só escuto do outro lado da porta, uns risinhos baixos. Alex. Aposto que ele entrou em meu quarto sem eu vê e reprogramou meu despertador só para me zoar. Ter irmão mais novo é isso. Um porre!

Olhei para fora, o dia estava começando a clarear. Dormir de volta estava fora de cogitação. Culpa de quem mesmo? Ah sim, Alex o pirralho. Meio relutante, saí do quentinho e conforto da minha cama e fui fazer minha higiene matinal. Depois do banho, escolhi uma calça justa jeans, uma blusa básica que vi pela frente, puis meu tênis de nike e pronto. Rumo ao colégio. Mas antes fui tomar café. Só meu pai estava na cozinha. 

- Filha, o que faz acordada a essa hora? - perguntou - Você não acorda só as sete horas?

Assenti.

- Quando o meu irmãozinho acordar, você pergunta para ele do porque eu está acordada a essa hora. - me sentei

Meu café com meu pai foi até engraçado. Meu pai não era nada normal, digamos que minha família inteira não era normal. Meu irmão puxou minha mãe na personalidade. Todo extravagante, adora chamar atenção. Já eu sou mais meu pai, todo reprimido na dele. Sem chamar muito atenção dos demais. 

Aos poucos a casa foi saindo do silêncio. Da cozinha escutava-se minha mãe gritando ''Alex, acorda, muleque!'', e meu irmão a respondendo ''já vou mulher!''. Era engraçado isso. Quando vi no relógio era uma sete e quarenta. Me despedi do meu pai e fui andando até a casa de Calli. Sempre íamos juntas. 

Chegando na casa dela já, sua mãe me atendeu e pediu para que eu entrasse. Fui até o quarto de Calli, e lá estava ela, com sua roupa completamente chamativa. Olhei ela meio desconfiada. Calli só usava vermelho quando estava afim de alguém. Mas quem era?

- Afim de quem agora? - perguntei me jogando sentada na cama

Ela me olhou franzindo o cenho, querendo entender o porque da minha pergunta sem nexo. Para ela, é claro. Porque pra mim, tem é muito nexo.

- Por que a pergunta? - falou se virando e pegando a sapatinha preta dela.

- Você só usa vermelho, quando tá afim de alguém. Quem é a bola da vez?

Ela sorriu meio sem graça. 

- O aluno novo...

Ok, qual deles? Esse ano tem mais novatos do que veteranos, sem exagero. 

- O tal de Matt Dixon. O da nossa sala.  - disse colocando perfume. Um muito enjoativo, por sinal.

Revirei os olhos, e ela percebeu meu ar de desaprovação. Logo ele? Tinha um novato melhor e menos marrento que ele não? Minha consciência falando por mim mesma.

Nos despedimos dos pais de Calli e entramos no carro. Ela ligou o rádio. Tocava alguma música do OneRepublic lá. Qual era, não sabia. Tinha esquecido o nome. 

Chegamos no estacionamento da escola e já vimos as vagas marcadas. Começou cedo agora. Bufei. Saímos do carro, e alguns garotos ficaram mexendo com a roupa de Calli que era só sorrisos e mais sorrisos pelos elogios dos carinhas. Eu passava reto, querendo não chamar a atenção do povo. Quando olhei para o lado, Calli não estava lá. Mas aonde essa menina se meteu? Virei para trás, e lá estavaela de papo e papo com um garotinho de olhos verdes do segundo ano. Bonito. Tenho que concordar que todos os carinhas que Calli fica afim ou já ficou, são bem gatos. Então quer dizer que acha o Matt um gato? Disse meu inconsciente. Deixei Calli ser feliz e fui até a minha sala. Antes parei no meu armário. Peguei os livros das primeiras aulas e fui em direção a sala.

A sala estava vazia, como sempre. Ou eu chegava cedo demais ou o povo que se atrasa demais. Minha cadeira já estava marcada. Logo ali na frente, não muito perto do professor. Digamos que a primeira vez que sentei quase colada a mesa dele, recebi umas cuspidas na cara. É, o professor falava cuspindo. O pior é que não podia mudar de lugar até o meio do ano. Chegava em casa com o rosto todo molhado. Foi dureza aqueles primeiros meses, daquele ano. 

Deu oito e meia, horário da primeira aula começar. A sala ia ficando cheia a cada segundo que se passava. Por último entrou quem? Isso mesmo, Matt o novato que minha melhor amiga está afim. E logo atrás, Calli entra. Com o buço meio avermelhado, seu batom estava um pouco borrado. Instantaneamente, olhei para Matt. Tentei ser discreta me virando para ver se ele tinha um pouco de batom espalhado pelo rosto. Mas para a minha infelicidade, ele olhou na hora. Porra! Se eu virasse ele ia achar que eu estava o admirando feito uma das afins dele. Se o encarasse ele acharia que estava apenas olhando mesmo. Fiquei com a segunda opção. Ele sorriu para mim. Que puta sorriso, gente. Virei meu rosto, na intenção dele perceber que não gosto dele. 

As três primeiras aulas foram até rápidas. A aula de matemática foi a passar mais rápido. Metade dos alunos dormiam. Inclusive Calli e o tal de Matt. Deu o horário de irmos até o refeitório. Eu e Calli fomos juntas, sentamos na nossa mesa de costume. O mesmo carinha que a vi conversando hoje, se sentou do lado de Calli. Segurar vela até aqui? Ninguém merece. Tossi meio arranhado para eles verem que não eram só os dois naquela mesa. E nada. Bufei revirando os olhos e me levantei dali. O papo estava tão bom que eles nem perceberam eu me levantar. Fui até a biblioteca aproveitar para devolver um livro que tinha pegado a três meses atrás. De quebra, peguei outro. 

Saindo da biblioteca, quando fui abrir a porta, ela se abre e bate na minha testa. Vai nascer um galo, to até vendo. 

- Pelo jeito só nos encontramos mesmo com esbarrões. - falou Matt sorrindo

Olhei para ele séria. Mas mesmo assim ele não parava de sorrir.

- Esbarrões? Quase sempre você mete alguma coisa em mim. - disse me levantando do chão.

Quando o olhei, ele tinha um sorriso malicioso no rosto e mordia os lábios. 

- Pera aí, deixa eu ver se entendi. - disse ainda com o sorriso malicioso no rosto - Toda vez que nos encontramos eu meto alguma coisa em você? 

Agora sim entendi o motivo o sorriso dele. O duplo sentido da frase. Lerda, lerda.

- Você entendeu. - falei ríspida

- E como entendi. - o tom de voz dele era rouco

Revirei os olhos e saí de lá. Já na porta da biblioteca, ele me chama.

- Cass, seu livro. - disse

Me virei e fui até ele pegar o livro. Mas quando peguei o livro, sem querer encostamos nossos dedos de leve. Eu paralisei aquela hora. Ele apenas ergueu uma sobrancelha. Peguei o livro e saí dali o mais rápido possível. Mas que merda aconteceu?

A quarta aula começara. Eu tinha chegado uns cinco minutos atrasadas. Logo atrás de mim, Matt entrou. A partir dali os murmúrios de que estávamos juntos começou. Ai como eu detesto ser o centro das atenções. Me encolhi toda na minha carteira. 

O professor falava de algo sobre mitose, meiose, quando um pedaço de papel foi parar em cima da minha mesa. Olhei para o lado e vi que era da Calli.

''Onde estava hein? Chegou atrasada e logo depois entra o Matt atrás de você. Danadinha! :P''

Olhei para ela e revirei os olhos. Peguei minha caneta azul e respondi.

''Estava na biblioteca. Fui até lá depois que por segundos virei seguradora de vela no refeitório, madame. E não, estávamos juntos. Nos esbarramos quando eu saía da biblioteca... (:'' 

Mandei a ela. Calli leu e deu uma risadinha. Um pouco alto, por sinal.

- Algum problema, Calli Moore? - perguntou o professor

- Não senhor. - disse ela parando de ri

- Quem bom, então eu acho que você pode me dizer o que é meiose. Não pode?

A cara da Calli quando ele perguntou isso foi hilária. Ela negou com a cabeça meio sem graça.

- Previ que não. Voltemos a aula. 

Aula de biologia é bom, eu gosto. Tirando a parte de genética, que eu não gosto. Acho fácil, mas não gosto. Hoje era dois tempos seguidos de biologia. Lá no fundo, o grupinho dos marrentos/rebeldes da turma conversavam alto, risadas extravagantes, bolinhas de papéis voavam pela sala. 

- Matt Dixon, você pode me dizer o que é meiose? - perguntou o professor sério.

- Claro, professor. - disse confiante

- Então me responda.

Ele estufou o peito antes de responder.

- Meiose é algo que dá na meia... - e todos riram

Fala sério! De todas as piadas que já ouvi, essa foi a pior de todas. Ele merece o troféu framboesa do ano como pior piada. Bufei e levantei a mão. Respondi o que era meiose para o professor.

- Muito bom, Cassie Bowen. 

- Nerd!! - gritou uma garota do outro lado da sala. Era uma líder de torcida

Ignorei aquele insulto e voltei minha atenção para a aula. 

Hoje o povo do terceiro ano, ficaria depois da aula. Não me lembro bem o que era. Acho que era pra ver algo da viagem do meio do ano, algo do tipo. Vi Calli conversando com o carinha de hoje de manhã embaixo de uma árvore. Nem ferrando viro castiçal de novo. Fui andando até os armários. Abri e deixei meus livros lá. Derrepente escutei uns gemidos. Vindo da sala. Coriosa, fui ver o que era. Abri a porta lentamente, foi quando me deparei com a cena mais... sexual literalmente. Matt e a tal de Jenna ali, transando. Afastaram todas as cadeiras e fizeram no chão mesmo. Com rapidez antes que eles me vissem, fechei a porta. Eu não tinha visto aquilo. Não mesmo. Merda! Saí correndo dali e sem querer esbarrei em alguém, caindo estatelada no chão. Isso tá virando coisa do dia-a-dia. 

- Foi mal.

Aquela voz eu conhecia, só que não me lembrava da onde. Antes de levantar o rosto e ver quem era, me levantei com sua ajuda. 

- Tudo bem? - perguntou a tal voz conhecida.

Quando mirei a pessoa, levei um susto. Eu conhecia.

- Nate? 

Meu melhor amigo desde... sempre? Ele havia se mudado de Denver para morar em Nova Iorque há quatro ou cinco anos. 

- Cass? - ele ficou me encarando - Porra, menina! Que saudades de você. - me puxou para um abraço - Nossa! Tá linda hein, de verdade mesmo. - continuou a me abraçar - Quanto tempo. Cade a Calli? Ela tá aqui ainda?

- Tá sim. - respondi ainda o abraçando.

- Atrapalho? - perguntou Matt com um braço envolta da cintura da Jenna

O olhei.

- Vamos, Nate. Tem tanta coisa que eu, Calli queríamos e temos que contar. - falei o puxando de lá.