Acordei mais uma vez com o despertador ensurdecedor do meu irmão. Dessa vez tocava um David Guetta. Ok, cade o rock de ontem? Me levantei meio relutante. Fui em direção ao banheiro. Fiz minha higiene matinal. Meia hora depois, estava apenas enrolada na toalha escolhendo qual roupa vestir. Derrepente meu celular começa a vibrar. Olho para o visor e vejo uma ligação perdida de Calli. Deve ter ligado depois de saber que sua amiga aqui, é corna, pensei para mim. Ignorei aquilo e voltei minha atenção para o meu armário. Uma calça skinny black, all star de couro branco, uma blusa básica branca e um casaco azul marinho. Pronto. Peguei minha bolsa, meu celular, meu Ipop e saí do quarto. 

Já lá embaixo tomando café com meus pais e irmão, fiquei calada durante a mesa toda. Meus pais perguntavam algo e eu só sabia responder ''aham'' ou ''legal''. Mesmo não escutando uma palavra sequer da boca deles. Me despedir e saí. 

Com o Ipop ligado tocando alguma música do Creed, andei rumo ao colégio. As vezes podia sentir alguém me seguir, sei lá. Mas acho que era impressão minha ou apenas uma paranoia. Dei de ombros e troquei a música. Agora tocava algo do OneRepublic. Cantava baixo Good Life. Derrepente, sou puxada para um beco meio escuro. Pronto, é o meu fim. Vou morrer, pensei. Fui encostada, para não dizer jogada na parede de tijolos ali. Gemi por causa da dor aguda que sentir na hora do impacto de minhas costas com a parede. Sem ter coragem de abrir os olhos, fiquei ali daquele jeito. Toda a mercê do cara que podia a qualquer momento me matar.

- Cass? - escuto a voz... Mas pera, essa voz eu conheço.

Ao abri meus olhos, me deparo com um par de olhos azuis. Um cabelo levemente bagunçado propositalmente e um estilo de se vestir, tipo badboy. Digamos que a la Justin Timberlake. De quem eu falo? Ah sim, Matt Dixon. 

- Tá louco? - gritei - Quase me matou do coração seu filho... Te odeio.

O empurro com toda a força que tinha. Ele cambaleia para trás, mas mesmo assim com um sorriso nada convidativo nos lábios. 

- Preciso falar contigo. Sobre ontem. - falou sério

Reviro os olhos, pego minha bolsa que caiu no chão e a coloco no ombro direito. 

- Temos nada para falar, ok? - sorri falsadamente para ele

Me viro, indo em direção a saída daquele local, mas sou segurada pelo pulso, por Matt.

- Cass, para de ser teimosa, porra. - falou ele

Bufo o encarando. Eu, teimosa? Fala sério, falo a mim mesma. Puxo meu pulso de sua mão com força. Respiro fundo antes de respondê-lo.

- Não me interessa sobre aquilo ontem. Agora, deixa eu ir, porque não estou afim de chegar atrasada na escola. 

Saí andando.

- Porra, eu comi ela sim, e daí? - grita Matt - Mas a culpa é sua, porra.

Paro imediatamente ao escutar aquilo. Agora a culpa era minha, por eu está sendo chamada de corna pela colégio todo? Filho da puta. Me viro para ele, com raiva nos olhos. Ele deve ter percebido, pois dá dois passos para trás, com a respiração meio falha. 

- Eu escutei bem? A culpa é minha? Posso saber por que? - revido

- Porque eu estava afim de comer você e não ela. Mas você resolveu sair feito louca da pista de dança. - falou com a maior naturalidade

Me comer? Ok, por essa eu não esperava, pensei. Mas mesmo assim me deu raiva. Estava com raiva.

- Então quer dizer que só porque eu disse meio que um não para ti, você sai ao encontro da primeira vadia para satisfazer suas necessidades de macho? - ele ia abrir a boca para falar algo, mas eu não deixei - Bom saber disso, Matt Dixon. Bom saber. Ou melhor eu já sabia que você era um canalha, mas agora depois de escutar isso, você é um canalha de marca maior. - falo rispidamente, me virando e siando dali

Chego na escola, faltando dez minutos para os portões fecharem. Vou direto para a sala. Nos corredores, escuto uns murmúrios falando de mim, é claro. De mim e da minha cornice. Bufo baixo. Maldito dia que eu aceitei ser namorada de mentira daquele filho da mãe desgraçado. Agora sou conhecida como corna. Valeu, Matt Dixon, disse meu inconsciente. Sigo a caminho da sala, entrando nela, vejo Calli e Nate conversando nos mesmos lugares de sempre. Me sento ao lado de Calli, que me olha, com uma expressão de avaliação e Nate me olhava com um ponto de interrogação estampado no rosto dele. Sorrio meia boca para eles e tiro os fones. 

A aula de francês começa. Demora praticamente uns quarenta e cinco minutos para ela acabar. 

O resto das outras duas aulas passaram rápido. Deu dez horas, estávamos todos sentados no refeitório. Calli cantava com Nate Raise Your Glass, da Pink. Eu ria da voz dela, tentando imitar a cantora. Nate parecia uma galinha cacarejando. Ria daquilo. Me levantei e fui até a mesa das comidas. Estava com fome aquele dia. Puis em minha bandeja uns cookies de chocolate, um muffin de baunilha e pedi um suco de laranja para a cozinheira. Enquanto eu esperava ela trazer meu suco, escuto uma voz rouca perto do meu ouvido. Que me trouxe arrepios na espinha.

- Cassie. - falou Matt

Reviro os olhos, ignorando ele ao máximo. Escuto ele soltar um palavrão ao ver que não responderia ele. Sinto ele mais perto de mim.

- Não vai falar comigo é? - continuo sem responder - Ok, então. Mas fiquei sabendo que sou muito persuasivo e sei muito bem fazer uma menina falar na hora que eu quiser e aonde eu quiser. 

Senti vontade de vomitar naquela hora. Ao escutar o duplo sentido da sua frase, peguei o copo de suco, me virei para ele e taquei em seu rosto. Ele joga a bandeja no chão. Todos que estavam no refeitório voltam seus olhares para nós dois. Chego perto dele, perto de seu ouvido e sussurro com a voz mais sexy que eu poderia ter.

- Acho que isso terá que perguntar para a tal de Lizy. É esse o nome dela né? Acho que ela sabe dizer muito bem que você é persuasivo e um tremendo de um canalha. 

Saiu dali sem dizer absolutamente mais nada e volto a me sentar na mesa com Calli e Nate, que me olhavam com uma expressão de surpresa e confusão, e continuo comendo como se não tivesse acontecido nada. 

As outras aulas passaram rápido. Já era meio-dia. Me despedir de Calli e Nate e fui a pé mesmo. Liguei meu Ipop, que tocava algo do Simple Plan. No meio do caminho, sou puxada pelo pulso. Ah não. De novo o Matt não. Me viro com os olhos em fúria, mas logo eles mudam para surpresa.

- Oi, Cassie. - disse Kevin com um sorriso de lado

- É, oi. - falo com um sorrisinho leve nos lábios

Ele se oferece para me levar para casa. Vamos andando. Desligo meu Ipop. Durante os primeiros cinco minutos, era aquele silêncio ensurdecedor entre nós. Logo depois, só havia risadas e mais risadas. Chegamos na esquina de casa, Kevin me vira para ele, olhando em meus olhos, ele sorri.

- Que foi? - pergunto

- Desculpa pela aquela festa. É que...

- Ok, deixa pra lá. É passado. - sorriu

Ele sorri de volta. Ainda olhando em meus olhos, ele me rouba um selinho.

- Até amanhã, Cassie.

E sai. Sem me deixar dizer nada.