O Hospital de Nova York já parece ter se tornado o ponto de encontro principal entre meus amigos e eu.

Felizmente, estou apostando que esse dilema vai mudar... E muito.

Por enquanto, minha mente não está totalmente liberta de preocupações. Luke foi baleado e não sei se ele ficará bem, no fim das contas.

Alcanço o corredor onde meus amigos estão, logo me unindo a eles.

– Percy – Thalia me abraça forte, e afago seus cabelos, tentando confortá-la. – Graças a Deus, Luke está bem! – Ela me encara, limpando as lágrimas rapidamente, como se chorar fosse um crime. – Você foi um babaca, Jackson! – Acusa, assumindo sua “personalidade assassina”.

– Também te amo, priminha. – ironizo, e Thalia revira os olhos.

– Que bom que está bem, Perseu – Silena Beauregard aproxima-se com uma cara de dar medo. – Como ousou meter o Charles nessa confusão? – indaga, de modo ameaçador.

O.K sinto que vou apanhar.

– Silena... – começo, erguendo as mãos, em puro sinal de redenção. – Charles quem quis ir.

– É – Beckendorf apressou-se em falar, e Silena não pareceu nem um pouco mais tranquila.

– Não deveria ter tido uma ideia mais idiota do que essa Jackson! – Clarisse cruza os braços e arqueia uma das sobrancelhas.

Ótimo, será que todas as garotas estão querendo me linchar?

– Se for para apanhar das namoradas dos meus amigos, prefiro ir embora – digo, esperado que a La Rue surte, berrando a plenos pulmões que Chris não é seu namorado. Porém, não é exatamente isso que acontece.

Franzo o cenho, encarando Travis e Connor – os fofoqueiros –, e obtenho um sorriso malicioso como resposta.

– Que bom que finalmente se acertaram – provoco, fazendo com que Clarisse solte um bufo e Chris coce a nuca.

– Melhor calar a boca Jackson! – ameaça a La Rue, entre dentes. Resolvo obedecer, pois valorizo muito minha vida.

Nico se aproxima de nós com Rachel em seu encalço.

– Tudo já está resolvido – ele encara-me diretamente ao dizer isso, e entendo perfeitamente o recado.

Meus tios e meu pai disseram que iriam queimar o corpo de Cronos para que a polícia não pensasse besteira e prendesse os “bonzinhos”.

Não só o corpo de Cronos seria oculto, como os de todos os capangas do mafioso que se colocaram em nosso caminho na invasão do esconderijo.

Ou seriam queimados, ou enterrados, ou o que quer que seja. Tio Hades é bem criativo quando se trata de morte, e mais ainda quando se trata de esconder corpos.

Portanto, não me surpreendo se um dia eu for ao porão de vinhos da casa do meu tio, e encontrar um corpo entre as garrafas caríssimas da tia Perséfone.

(...)

Depois de ter certeza que Luke estava bem e as garotas pararam de me olhar feio, resolvi comer alguma coisa.

Alcancei o refeitório do hospital em poucos instantes, caminhando a passos tão tranqüilos, que mal percebi a figura loira se aproximando de mim.

– Percy? – Annabeth surge com uma expressão de pura surpresa e preocupação em seu semblante, focando seus olhos cinzentos em mim.

Um sorriso percorre meus lábios e acabo por envolvê-la em um forte abraço, logo que Annie está próxima o suficiente de mim.

Sentir seu calor e seu perfume é algo inexplicável... E que impregna meu interior com uma calma agradável.

Não sei ao certo porque fiquei tanto tempo sem Annie comigo, porém, sei que ela é perfeita e certamente é tudo o que eu sempre quis.

– Como você está? – Annabeth volta seus olhos cinzentos para mim, com tanta preocupação expressa neles, que acabo por sorrir.

– Melhor agora – brinco, fazendo-a corar. Logo arqueio uma das sobrancelhas para ela, lembrando-me de sua antiga situação. – Quando recebeu alta?

– Ontem à tarde – ela hesita por um instante, antes de prosseguir. – Tive que vir até aqui por causa da minha avó, Gaia.

Franzo o cenho ainda mais.

– Algum problema com ela? – pergunto.

Annie balança a cabeça em negativa, me tranquilizando um pouco.

– Ela fugiu do hospital – diz, rindo. – Minha mãe a encontrou e a trouxe de volta. Foi a maior correria.

Cruzo os braços, enquanto volto um olhar sério para ela.

– Então era por isso que você vinha para o hospital toda hora e não me dizia o porque – deduzo, indo contra todas as leis da minha lerdeza.

Annabeth encolhe os ombros, sorrindo culpada.

– Desculpe por esconder isso de você – me encara como uma criança que acaba de levar uma bronca.

Esboço um sorriso divertido.

– Só se você vier comigo até um lugar, sexta à noite – proponho.

Annie sorri parecendo surpresa e feliz.

– Considere-me lá, Cabeça de Alga.

E dá as costas para mim, me deixando para trás com um sorriso bobo na cara, enquanto atravessa o refeitório do hospital a passos graciosos, em alguns momentos virando a cabeça para me encarar e sorrir.

Agora só tenho que descolar o iate e ainda deixá-lo especial para o encontro de sexta.

Acabo saindo do meu estado de paralisação momentânea, voltando a realidade e dando meia volta ao caminho de fazia, contendo-me para não sair saltitando por entre os médicos e pacientes.

Tanto Annabeth quanto eu merecemos um pouco de sossego e normalidade, sem perseguições, mentiras e outras coisas ruins que tanto nos ameaçaram.

E pelo simples fato de estarmos retomando com nossa vida normal, juntos, eu me torno o cara mais feliz de todos os tempos.