Inverno escrita por VenusHalation


Capítulo 2
Capítulo 2 - Biblioteca




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“BUM! BUM! BUM!”

O barulho ensurdecedor veio da porta. Ken levantou sobressaltado, ainda estava escuro. Que diabo era aquilo?

O nerd abriu a porta e encontrou uma grande figura embaçada. Andrew apenas sorriu ao ver o “gurizinho” apertar os olhos para tentar distinguir a figura completamente embaçada a sua frente.

_Hora de acordar, serei bonzinho com você hoje, pegue isso e me encontre em cinco minutos lá embaixo. – Ele simplesmente jogou uma trouxa no colo de Kentin.

Ken, por sua vez, cambaleou e caiu. Não enxergava um palmo na frente do nariz e estava sonolento demais para contestar. Levantou, largando a trouxa no chão, e pegou os óculos ao lado da cabeceira da cama e pode realmente distinguir as roupas de estampa camuflada enroladas na confusão de panos. Recolheu a roupa e vestiu-se notando o quão largo aquilo ficava, na verdade mais parecia um saco verde de batatas e, também, podia se equiparar a uma pamonha com aquele cinto amarrado no meio da cintura.

Saiu do quarto completamente sonolento e desceu as escadas debilmente, encontrou os colegas no andar de baixo organizando uma fila de garotos mais novos. Recebeu o olhar malicioso de Henry que o fez entender que era para seguir para o fim da fila e em silêncio. Ken continuava sonolento o suficiente para não compreender nada do que estava acontecendo ali, até chegar a sua vez de sentar-se na cadeira completamente coberta de cabelos.

_Preparado Kentin? – Henry sacudiu uma maquina de raspar o cabelo em sua frente.

_E-eu... Não quero... – Ken assustou-se e, de supetão, toda a realidade havia tomado conta dele ali, estava paralisado.

_Querer não é uma escolha. – Andrew puxou o colega pelo braço.

Andrew o empurrou calmamente até a cadeira e Henry começava seu trabalho de “raspagem”. Naquele momento o sono havia ido embora e o que realmente estava aconteceu deu um tapa na cara do nerd. Fechou os olhos em sinal de pavor, sentia a máquina e aparar subir e descer pela cabeça enquanto o som acompanhava os movimentos a medida que ela passava próxima ao ouvido, sentia os tufos do cabelo caírem nos ombros e nas pernas juntas e tensas coladas a cadeira. 

O vento bateu na nova careca e o fez arrepiar. Estava realmente em uma escola militar onde disciplina, ordem e falta de cabelo eram estritamente necessárias. Não era por que os alunos haviam sido gentis em um primeiro momento que deveriam fazê-lo mais adiante.

_Pronto. – O loiro sacudiu o aparelho no ar. – Esse foi o último.

_Sinta-se feliz, Kentin! Essa foi sua iniciação. – Andrew deu leves tapinhas no ombro do pequeno.

_Eu... Eu... Meu cabelo... Eu não queria, não... – O nerd deu um leve soluço e os outros dois mais velhos fizeram-se perceber.

_Escute bem, Kentin: Aqui é uma academia militar. Respeitamos seu pai e queremos respeitar você também. – Andrew segurou o rapaz pelos ombros. – Isso é apenas o início, se quer chorar por conta de um cabelo, saiba que aqui não é o seu lugar e será um perdedor para sempre. Cabelo cresce, não seja tão infantil.

Ouvir a palavra “perdedor” fez o sangue de Kentin ferver. Queria chorar, mas não poderia. Andrew falava a verdade e ele teria de se conformar com isso, os treinos começariam em alguns dias e ele teria de estar preparado e não chorando como uma menininha que acabou de perder seu precioso cabelo. Levantou da cadeira, ainda cabisbaixo e subiu para o quarto, buscando o cachecol e as luvas no fundo das malas mal desfeitas. Precisava preencher a mente com algo que não fosse o terror dos dias seguintes e já sabia o que procurar.

Voltou para o salão principal e encontrou Henry sentado na mesma cadeira do dia anterior, ele estava lendo o mesmo livro. Aproximou-se tentando manter uma expressão neutra e nada ressentida pelo ocorrido com o cabelo.

_Henry, poderia dizer onde é a biblioteca?

_Parece estar mais calmo. – Olhou por cima do livro. – Bem, é no bloco central.

_Certo. Obrigado. – Acenou enfiando o rosto no cachecol.

Estava realmente frio, principalmente na cabeça. Ken iria reclamar daquilo pelo resto dos dias. Principalmente o frio na careca, aquilo não era justo. Bufou vendo a fumaça branca sair das narinas, puxou o capuz do casaco para a cabeça e seguiu em direção ao bloco central. Viu alguns alunos do lado de fora correndo, exercitando-se em algumas barras, fazendo abdominais no chão frio e duro. Aquilo era loucura, naquele frio e em pleno recesso não acreditava que seriam possíveis pessoas se dedicarem tanto.

Empurrou a pesada porta de madeira da biblioteca e, ao contrário do que pensou, lá era quente e aconchegante, além de extremamente silencioso e vazio. Caminhou pelo hall onde havia uma grande placa com o dizer “SILÊNCIO” e viu uma velha senhora - que se parecia muito com a diretora de Sweet Amoris - sentada do outro lado de um balcão acompanhá-lo com os olhos. Olhou desconfiado, mas preferiu não manter o contato visual. Olhou em volta mais uma vez e encontrou um pequeno computador em frente ao labirinto de prateleiras, caminhou até o computador livre e encontrou nele um sistema de buscas de livros, ótimo sistema, bem intuitivo. Ken digitou as palavras chaves: “Inverno”, “Luz”, “História”, “Noelle”, “Lendas”.

Resultados infinitos na sessão de história. Precisaria garimpar mais, só com aquilo não poderia encontrar algo específico. Voltou para a mulher séria no balcão.

_Com licença, senhora... – Ele parecia desajeitado. – Como eu poderia... Ter acesso a área reservada da biblioteca?

_Com a chave. – Ela olhou com os fulminantes olhos castanhos por debaixo dos óculos de grau.

_Como posso conseguir essa chave?

_Comigo.

_Poderia... – Ele engoliu seco, ela dava medo.

_O que deseja lá? – Ela mantinha a expressão fria e repreensiva.

_Sou aluno novo, quero apenas ler sobre a escola. – Ken olhou para os pés buscando conforto nos novos e folgados coturnos.

_Hm... – Ela sorriu. – Finalmente algum aluno que se importa com leitura e não com milhões de abdominais! Pegue a chave, devolva-me quando sair...

_Kentin! – Levantou a cabeça exibindo um sorriso genuíno ao agarrar a chave. – Vou devolver! Muito obrigado!

Ken correu até o gradeado da área reservada, abriu-o com excitação visível e correu os olhos pelas prateleiras empoeiradas e mal cuidadas. Ninguém entrava ali havia algum tempo, isso era certo. Olhou em volta pensando por onde começar e, por sorte, ainda havia um velho computador de cubo no fundo.

Sentou-se na mesa o computaor soprano a poeira e ligou o aparelho torcendo para que os circuitos estivessem limpos o suficiente para serem lidos, a CPU fez um barulho estrondoso antes de ligar, mas a imagem apareceu na tela e a maior supresa foi que ela havia revelado um Windows 95. Torceu o nariz, aquele troço era realmente velho. Demorou intermináveis 10 minutos para ligar e mostrar a tela da área de trabalho – que por sorte tinha o programa de busca e livros – clicou e esperou o programa abrir lento. Digitou as mesmas palavras chaves: “Inverno”, “ Luz”, “História”, “Noelle”, “Lendas”.

O ícone de busca - aquela ampulheta que ele pensava que jamais veria na vida - rodou por minutos, o jovem estava pensando em desistir, porém a tela cúbica foi feliz em retornar apenas dois resultados. Ken correu até a prateleira e fileira descritas. Ambos os livros eram grandes, capa e couro, pelo tempo que estavam ali já dava pra perceber as páginas amarelas e roídas pro traças. Puxou as duas edições e sentiu o nariz coçar e o espirro forte sair. Não importava, estava sedento pelos livros. Sentou em uma velha mesa de madeira situada no fundo da seção e pegou o primeiro título “Uma luz se apaga”. Abriu no índice encontrando a divisão simples – e estranha para um livro tão grosso – era composto pelo índice, e capítulos intitulados “Noelle”, “Laurence”, “As dívidas”, “Encargos”, “O porto”, “A torre”, “Chave”, “Luz”.

Os olhos de Ken faiscaram ao parar o dedo pelo capítulo “Chave”, correu para sua página e manteve uma leitura concentrada e meticulosa. Horas procurando uma pista, nada novo, apenas as mesmas coisas que Henry o havia explicado. Jogou a cabeça para trás em sinal de frustração e posou o olhar no outro livro, os dizeres estavam praticamente apagados, apenas podiam-se ver as letras "D" espaçada de um "o" minúsculo seguidos de um grande espaço com o que era quase uma sílaba "el" . Ajeitou os óculos e pegou o livro nas mãos, havia um cadeado. Voltou até a prateleira procurando algum sinal da chave, sem sucesso. Girou o livro nas mãos analisando o cadeado com cuidado. Definitivamente aquilo não seria um problema, já havia fugido de armários com cadeados bem piores do que aquele, só precisaria do velho amigo clipe de papel que sempre carregava no bolso, por precaução.

Desenrolou o clipe e o encaixou na entrada do cadeado e, como pensado, abriu perfeitamente. Voltou a se sentar e abriu o livro na primeira página.

A primeira surpresa: Letra cursiva.

A segunda supresa: “Este diário pertence à Noelle Chevalier”.

A terceira surpresa: Não havia uma segunda página.

A quarta surpresa: Uma chave de dentes complexos estava enfiada entre as páginas recortadas do diário escrito à mão.



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Notas finais do capítulo

Eu sempre demoro. I know it!
Mas desculpa, gente!
Eu tenho que estudar e tenho bloqueio criativo. T____T
Mas hoje saiu e espero que tenham gostado.
PFVR não deixem essa pobre autora morrer e deixem seus reviews linds!
A propósito, não betei esse capítulo, vai estar cheio de erros, me amem! QQQQ
Maaais uma coisa: não pretendo escrever uma fic muito grane, planejo uns 5 ou 7 capítulos. Mas sei lá, vamos ver como desenrola, sim?
Obrigada! ♥

P.s.: Pras lindas que ainda não leram, eu tenho uma one-shot fofíssima que ganhou o concurso da página "Cantinho Amor de Docete":
http://fanfiction.com.br/historia/351342/Meu/



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