Underworld escrita por shyneider


Capítulo 1
Introdução




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A sala era muito maior que uma cidade inteira, e tão alta que o topo das colunas, que sustentavam o teto, desaparecia na escuridão muito, muito acima. Havia archotes nas colunas, o fogo esverdeado e sobrenatural mal iluminava o caminho, embora seu brilho fosse refletido no chão, que era um imenso espelho, onde a escuridão mirava a si mesma, e também outro ser que não deveria estar ali.

Por um longo tempo ele caminhou, apenas em direção ao norte, e então, em determinado momento ele mudou sua direção para o leste, e continuou andando. Dentro daquele salão era impossível medir o tempo, por isso, o homem não saberia dizer se caminhava há apenas uma hora ou há uma semana, aquele lugar estivera fechado por tanto tempo que o ar envelhecera lá dentro e cheirava a passado, um passado tão remoto e ao mesmo tempo tão futurístico que seria quase impossível distinguir exatamente a época exata.

Ao passar por outra coluna, ele se deparou com outra ossada, não era a primeira, e sabia que não seria a última, inúmeras aparições o seguiam, todos estavam revoltados pela profanação que o túmulo estava sofrendo, mas nenhuma das aparições possuía força suficiente para impedi-lo.

Mais alguns metros vencidos e então ele encontrou o que procurava, era alta e antiga, muito larga e feita de pedra polida, sua superfície refletia a expressão de espanto e admiração que estavam estampadas no rosto do homem. Ele sabia o quanto ela era imponente, mas aquilo era outra coisa.

Havia grossas e pesadas correntes ao seu redor, mas aquele era um empecilho pequeno, que ele superou com apenas um movimento com a mão. As correntes haviam sido forjadas com ferro celestial, mas ainda assim elas se quebraram como se fossem gravetos secos, e então a porta de pedra se abriu revelando uma luz muito pura e alva, um som veio de lá dentro, era uma música cantada por uma voz límpida e harmoniosa, que chamava por ele.

Sem hesitar, o homem deu um passo em direção à porta, mas logo parou, quando sentiu a realidade ao seu redor sofrer uma leve distorção, logo ele se viu cercado por meia dúzia de homens e mulheres, que vestiam longos mantos negros.

Em um movimento sincronizado, os seis ergueram o braço direito com a palma da mão voltada para o invasor, e seu corpo foi paralisado por completo, e neste momento, um dos homens deu um passo à frente e puxou o capuz que escondia seu rosto, ele era o maior de todos, era um albino de olhos negros como o breu, os cabelos e as sobrancelhas eram tão louros que pareciam brancos, os lábios exibiam um desdenhoso sorriso de triunfo.

— Acabou senhor Agon, Sombra da Noite... – disse o albino. – Os seus dias de afronta a Zion chegaram ao fim, seu exército sucumbiu, sua guarda pessoal foi vencida por estes homens e mulheres que o cercam, e agora terminamos por frustrar seus planos...

Tomado por uma incontrolável vontade de rir, Agon deixou escapar uma alta e divertida gargalhada.

— Gulag do Inverno – a voz de Agon soava dentro da cabeça de seus captores, e ribombava dentro do salão como trovões –, filho da velha Bruxa d Inverno, que antes era conhecida por Criança da Neve... Somos tão velhos um quanto o outro, e viemos da mesma progenitora, entretanto, ela era mais sábia, irmão, ela me respeitava, e temia... Você por outro lado, pensa que se equipara a mim.

— Nunca tive irmãos! – Gulag gritou furioso. – Ele nunca viu a luz do dia por ter nascido morto, e você, por abraçar a noite por tanto tempo, agora será tragado por ela até o fim de sua vida.

— Acaso já esqueceu meu irmão? Estou fadado a nunca conhecer o descanso dos mortais, estou atado a vida de uma maneira que seus cães de guarda nunca entenderão... mas você entende, não é?

— Não sei do que você está falando, e não me importo com o que tem feito com sua alma ou se ela está suja a ponto de nunca poder ser limpa, ou se foi rejeitada pela própria morte... Eu o condeno a viver, preso nas profundezas do mundo...

O riso de Agon esmoreceu instantaneamente.

— Agon, Sombra da Noite, como juiz supremo da Corte da Justiça de Haazel, eu, Gulag do Inverno, o sentencio a habitar por toda a eternidade uma cela nas profundezas do Monte Inverno, na Prisão de Zorack, onde a luz não existe e a noite é eterna!

— Não pode fazer isto! – Sombra da Noite berrou amedrontado. – Você não tem poder para tanto!!!

— Seus atos ultrapassaram o tolerável, e a profanação do Templo de Zion foi a gota d’água. Os sete reis estão de acordo. Rogo a Zion que ele tenha misericórdia de sua alma podre... – Gulag se afastou, e os seis, novamente em um perfeito sincronismo, executaram uma série de gestos terminando de modo que as palmas de suas mãos acabaram voltadas para o chão espelhado, e quando Sombra da Noite deu por si, estava encarando seus captores de dentro do espelho.

De repente, uma força o arrastou para dentro da escuridão, e Agon sentia como se estivesse caindo por um tempo indeterminado, até que acabou, e ele caiu de costas sobre o chão frio de pedra. Sombra da Noite viu-se cercado por trevas e silêncio.


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