Eskalith escrita por haru


Capítulo 15
Alucinação.


Notas iniciais do capítulo

Ok, eu particularmente acho que esse capitulo é realmente o estopim de toda a merda que estar por vir.

Leia e saberá o que eu realmente quero dizer (ounão).

Boa leitura :3



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Devo dizer que pareceu levar mais tempo para me recuperar do que geralmente levaria. Talvez fosse por causa do meu nervosismo e presa, que fazia tudo parecer demorar mais, eu realmente não sei. Só sei que quando minha vista começou a melhorar, eu ‘engoli’ minha dor de cabeça e fui em direção ao som. Provavelmente esbarrei em muitas pessoas na entrada. É difícil descrever tal cenário, pois eu não estava prestando atenção ou o enxergando bem. Era tudo um tanto cinza e laranja, provavelmente havia um muro laranja naquele lugar. Era um pequeno prédio, disso eu tinha certeza, e muitas pessoas saiam e entravam, esbarrando uma nas outras sem o menor pudor.

Eu não tinha certeza de onde estava. O cheiro que aquelas pessoas tinham era um incomodo e fazia minha dor de cabeça voltar pouco a pouco. Havia um sentimento de enjoou brotando em meu estomago e este quase virou quando senti alguém me puxar pelo ombro, me afastando daquele lugar.

Olhei para o sujeito e apertei os olhos para tentar enxerga-lo melhor.

– O que diabos você esta fazendo aqui, moleque? – perguntou uma voz familiar.

A falta de iluminação pelo cair da noite não ajudava muito. Era uma pessoa bastante alta e de pele muito branca. Seus cabelos eram negros e pareciam sumir no resto da paisagem, mas tive a impressão de que chegavam até os ombros.

– Osamu? – perguntei, desconfiado.

– É claro, você não esta enxergando bem?

Esfreguei o braço nos olhos.

– Estou meio tonto.

– O que esta fazendo em um lugar com esse? – ele insistiu.

Tentei disfarçar o máximo o fato de estar passando mal.

– Estou atrás de uma pessoa.

– Não vai achar nada que preste aqui.

– E o que VOCÊ esta fazendo aqui? – perguntei firme.

Osamu deu um sorriso pretensioso.

– Negócios – respondeu.

Fiz uma careta desconfiada. Osamu não era bem um amigo para mim. Era mais como um colega de longa data. Um conhecido há muito tempo, vamos assim dizer. Nunca nos demos MUITO bem, mas nunca realmente brigamos ou tivemos motivos para nos odiar, apenas o fato de que éramos ambos dois arrogantes e como eu estava sempre competindo com todo mundo, ele entrara na lista daqueles que eu tentava ultrapassar quando mais jovem. Porem, diferente de Hiroto, eu sempre conseguia me sobressaltar.

– Mas bem, esse não é um lugar para você, eu diria – falou ele, depois de uma pequena pausa.

– Eu sei, mas eu estou procurando alguém, como eu já disse.

– Quem? Talvez eu possa arruma-lo para você.

– Suzuno Fuusuke, eu creio que ele apareça por aqui às vezes.

Osamu arregalou os olhos para mim.

– Suzuno?

– Sim, você o conhece?

– Ele vem aqui bastante. Às vezes some, e do nada reaparece. Mas é um garoto problemático, muitas vezes foi necessário usar a força com ele.

Foi então que Osamu fez um gesto e eu percebi que ele estava fumando. Nunca imaginei que ele fosse desse tipo de pessoa, mas a realidade é que eu realmente não o conhecia. Assim como eu não conhecia Fuusuke.

– O que você quer dizer?

– Brigas, drogas, coisas do gênero. Sem falar, bem, ele é um cara de boa aparência, e parece se fazer de difícil. Os rapazes não gostam disso.

Minha expressão mudou drasticamente para uma mistura de incredulidade e pavor. A imagem de algum cara totalmente dopado tentando molestar Suzuno Fuusuke se passou pela minha cabeça como uma cena de filme maldita. Osamu percebeu minha reação e deu um risinho abafado.

– Ele esta lá dentro, mas provavelmente não vai aparecer se eu o chamar.

Suspirei.

– Eu vou atrás dele.

Osamu deu de ombros.

– Vá em frente, realmente queria ver sua reação, mas tenho negócios para tratar.

Ele se distanciou, e eu não fiz questão de ver para onde ele estava indo. Não me interessava em nada qualquer coisa relacionada a Saginuma Osamu pudesse fazer aquela noite. Meu foco estava todo em encontrar Suzuno o mais rápido possível.

Minha visão podia estar péssima, mas eu sentia que podia ver tudo através dos odores. Tentei seguir o caminho que as pessoas abriram passando por mim, e este era meu único guia. O cheiro horrível de drogas e suor eram a pior coisa naquele lugar, quando não se podia enxergar. Mas eu tinha certeza da presença de varias pessoas se agarrando. Muitas delas provavelmente não estavam preocupadas com o estado higiênico de seu companheiro – ou companheiros – e nem mesmo com o sexo que possuíam. O som dos gemidos reviravam meu estomago. Era tudo nojento naquele lugar.

A musica era alta demais e eu sentia meu cérebro pular dentro de meu crânio. Aquilo provavelmente na ajudaria em nada os problemas que eu tinha com minha cabeça. Alguns rostos familiares provavelmente passaram por mim e eu não os vi. Não fazia questão, também, mas pude ter ouvido meu nome em algum canto sendo mencionado. Mas não era a voz de Fuusuke, então eu não precisava procurar.

Provavelmente passei por cada canto daquele cômodo antes de notar que havia uma escada para outro andar. Como eu havia dito, era um pequeno prédio, e aparentemente a festa continuava no andar de cima.

E se continuava. O segundo andar conseguia ser ainda pior. O show de luzes tornava impossível qualquer percepção do que estava a minha frente. Cores e pisca-piscas faziam tudo parecer estar girando e girando, como muitas vezes eu estive em meus sonhos. Fechei os olhos para tentar vagar. Era impossível mantê-los abertos, aquilo fazia minha cabeça latejar. Eu precisava procurar por mais escadas para o próximo andar. Eu tinha certeza de que Suzuno não estaria naquele mesmo se estivesse cagado de drogas.

Andei por um bom tempo - se que pode chamar o que eu fiz de “andar”- até tropeçar em um degrau. Subi com esperança de que o próximo andar fosse menos bagunçado do que este.

E realmente era. Mas eu não sei dizer se isso era bom ou ruim.

O odor do terceiro andar era um tanto diferente. Uma mistura de drogas e essências aromáticas não conseguiam disfarçar o cheiro sujo de sexo que aquele lugar tinha. Fiz uma careta e ninguém pareceu perceber minha presença ali. Todos estavam tão ocupados e eu não olhei diretamente para ninguém.

Eu queria achar Suzuno, tudo o que eu queria era enxergar seus cabelos brancos em algum lugar. Ao mesmo tempo, uma parte de mim desejava ardentemente que ele não estivesse ali.

É impossível dizer se o fato dele estar era bom ou não.

Eu quase não o notei. Haviam 2 homens tapando qualquer chance de eu enxerga-lo, se eu não escutasse um estrondo de alguém sendo jogado contra a parede logo atrás de mim.

Me virei e o vi sendo encochado por dois marmanjos. Ao menos, ambos estavam vestidos – um deles havia tirado a camisa, no entanto.

Suzuno expressava nojo de tudo aquilo, mas não parecia ter força para lutar. Meu sangue ferveu tanto que eu não pude me conter em agarrar a primeira coisa que eu vira pela frente - uma cadeira de madeira velha – e arremessa-la sobre o sujeito que tentava beijar seu pescoço.

Não sei dizer se foi a força com que eu fiz aquilo ou o fato do cara estar visivelmente fora de si e bêbado que fez com que ele caísse tão mole no chão. E eu não me importei, o outro olhou para todos nos um tanto confuso, então peguei Suzuno pelo braço e o arrastei para fora.

Ele me seguiu sendo quase arrastado, e falando coisas que eu realmente não entendia. Parei quando chegamos num pequeno corredor que levava a escadaria, onde eu tentei mantê-lo em pé corretamente.

Seu rosto estava muito vermelho e seu corpo um tanto quente. Eu sei disso porque quando me virei para tentar levanta-lo, a primeira coisa que ele fez foi me abraçar. Ele estava fedendo, infelizmente. O cheiro de cigarro estava fundido com o de tantas coisas que eu preferi não pensar sobre isso. Mas ao senti-lo caindo sobre mim, fiquei sem reação. Nunca esperei por isso.

– Hei... – tentei tira-lo de mim, mas ele pareceu derreter.

– Haruya – sua voz sussurrava em meu ouvido, provocando em mim um arrepio. Ele provavelmente não estava em seu juízo perfeito. Longe disso. Até mesmo seu tom de fala era diferente. Ele parecia estar delirando, de alguma forma.

– O que você esta fazendo, Fuusuke?

Ele deu uma risadinha, tentando se erguer usando meu corpo como apoio e então, ao conseguir ficar frente a frente comigo, me olhou nos olhos e segurou meu rosto com as mãos.

– Eu quero beijar você – falou ele, num tom um tanto provocante.

Pisquei algumas vezes e provavelmente fiz uma expressão de espanto ao ouvir tais palavras, mas antes que eu pudesse responder qualquer coisa, senti seus lábios se apertando contra os meus. Hesitei por um instante. Suzuno parecia tão desajeitado, e vulnerável, mas era impossível para mim resistir, mesmo com o mal cheiro ou o aspecto um tanto sujo que ele tinha no momento, eu realmente o agarrei na cintura e invadi sua boca. Uma mistura de sabores desconhecidos foram surgindo conforme nossas línguas se encontravam. Era estranho o quanto aquilo poderia ser bom, por mais que em qualquer outra circunstancia eu provavelmente não teria gostado do gosto.

Porem, não podia durar para sempre. Voltei a realidade, estávamos no corredor e pessoas passavam por nos. Por mais que ninguém parecesse nos ver – você poderia até mesmo estar tranzando ali, e ninguém se importaria – aquilo me incomodava. Quando me separei, Suzuno ainda manterá seus olhos fechados, e sua expressão poderia me dizer que ele realmente havia gostado. Tal coisa me deixou realmente nervoso, porem, eu sabia que não devia me iludir com um cara que não estava em si.

– Vou te tirar daqui – anunciei, tornando a agarrar seu braço.

– Por quê? – ele perguntou, lentamente.

– Como assim por quê? Olhe para esse lugar.

– O que há de errado? – ele me olhou sonolento.

Tive a sensação de que Suzuno podia desmaiar a qualquer momento.

– Tudo é errado nesse lugar, Fuusuke – respondi, um tanto grosseiro – agora vamos...

O puxei. Dessa vez ele pareceu usar todo o peso que tinha em seu corpo para tentar me impedir.

– O que é? – perguntei, bravo.

Ele fez uma careta.

– Eu não quero ir embora.

– Por quê?

– Eu sou feliz aqui.

– Do que esta falando?

Fuusuke olhava para mim, mas eu não tinha certeza se sua mente estava ali. Parecia tão vago, como se fosse apenas uma casca de Fuusuke. Me perguntava onde estava sua alma.

– Eu estou bem, estando aqui – respondeu ele.

– O que? Não diga essas besteiras!

– Eu não quero ir embora.

Suzuno começou a parecer uma criança. Até mesmo sua maneira de falar era um tanto infantil agora.

– O que?

– Eu não vou!

Tentei puxa-lo, ele praticamente se jogara no chão para que eu não conseguisse leva-lo, como uma criança fazendo birra.

– Fuusuke, que porra você esta fazendo?

– Me solta, você não pode fazer isso comigo!

– Eu estou ajudando você!

– Não, me deixa em paz... papai nunca faria isso comigo!

– Do que você esta falando, seu louco?

Fuusuke conseguira soltar seu braço e caiu sentado no chão.

– Ele nunca me machucaria – falou.

Olhei para ele intrigado.

“O que ele esta falando?”

Sua cabeça estava baixa.

– Ele nunca deixaria ninguém me machucar.

– Fuusuke, eu não vou machucar você...

– NÃO! Você não manda em mim! Estou cansado de todo mundo me tratar mal!

– Do que você esta falando?

Foi então que eu percebi que Fuusuke não estava realmente falando comigo. Ele ergueu seu rosto irritado e olhou diretamente em meus olhos, mas eu sabia que ele não estava falando comigo. Ele não estava realmente me vendo.

– VOCÊ NÃO MANDA EM MIM! Você nunca vai ficar no lugar deles! NUNCA!

Parei e fiquei o olhando.

“O que será que andaram dando a você, Fuusuke?”

“Com quem realmente você acha que esta falando?”

– Eu vou ficar aqui, eu sou feliz aqui... você não vai me machucar nunca mais!

Lagrimas escorriam pelo seu rosto. Grandes e brilhantes. Tão sinceras que era realmente terrível o fato de estarem sendo derramadas por alguma alucinação. Aquilo parecia me quebrar por dentro. Seu choro e suas suplicas, ele provavelmente estava sofrendo, e começara a ver em mim alguém que ele não queria ver.

– Fuusuke...

– Eu estou cansado disso...

Me abaixei em sua direção e o abracei. Ele parecia tão pequeno, ali sentado no chão, que nem parecia ser mais alto do que eu. Ele sempre parecera tão forte e serio, mas ali, ele era uma criança pequena e machucava, e eu não podia deixa-lo daquele jeito. Eu não podia suportar vê-lo se partindo em minha frente.

– Ninguém mais vai te machucar, Fuusuke.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Querem me matar ou me abraçar? Eu prefiro abraços - é claro.
Deixe seu comentário, por favor u3u

Obrigado por ler