POV EDWARD

Entrei pela janela dos fundos e a casa estava realmente vazia. Eu sabia que não era meu direito, mas eu precisava encontrar alguma coisa que me lembrasse Bella. Materialmente.

Comecei pela sala, na esperança de encontrar alguma foto, mas a única que achei foi uma foto minha com Charlie na sala, de 10 invernos antes. E mais a frente, uma de Reneé.

Continuei andando pela casa e percebi que era extremamente triste e sem vida. Enfim cheguei à ultima porta do corredor e deduzi que fosse o quarto de Bella. Abri a porta devagar, e o quarto era praticamente o mesmo que Bella tinha em Forks. Suspirei de alívio. Não haviam indícios de que morava um casal ali. Bella não se casara. Eu não sabia se me sentia aliviado ou extremamente culpado. Mas alguma coisa estava estranha, a casa estava vazia demais.

Olhei pelo quarto e a única coisa que mudara era uma mesinha de cabeçeira adicionada ao canto com uma cadeira. Em cima da cadeira, estava o que eu procurava. Estava estendida uma blusa vermelha. Peguei-a e senti o aroma mais doce que já senti. O cheiro de Bella.

Deixei a blusa como estava e continuei a andar pela casa. Nos fundos, um cômodo isolado chamou minha atenção. Andei em direção a ele e abri a porta.

Levei um choque. Não conseguia acreditar no que vi. Fiquei paralisado na soleira do cômodo. O cômodo dedicado... a mim. Quando me recuperei, entrei. Era um cômodo enorme. Nas paredes, estavam escritos meu nome e um Feliz Aniversário pra mim, de cada ano que se passara. Como uma linha do tempo.

Também nas paredes, haviam fotos. Fotos minhas, principalmente. Mas haviam fotos minha com ela, eu e minha família, Alice e ela, etc...

Mais a frente, havia um balcão. E tinha tipo uma placa escrito: "Uma vida sem ti". Provavelmente seriam registros de sua vida sem mim. Estavam escritos em forma de cartas. Cartas que descreviam o dia, a semana, o mês ou até um ano de sua vida. Estavam organizadas em uma linha do tempo. Peguei a primeira, que foi escrita um dia depois que eu a deixei. E comecei a ler:

"Olá. A ideia de escrever essas cartas, são para guardar minhas lembranças, da pior fase da minha vida, da fase mais obscura, que eu chamo de Lua Nova.

Ontem foi o pior dia de minha vida. O homem que eu amo me deixou. Foi embora. Disse que eu não era pra ele. Eu sabia que uma hora isso ia acontecer. Ele é mais do que eu pedi, mais do que eu mereço. Realmente, eu não sirvo pra ele. Não pelo fato de ele ser um vampiro. Pelo fato de eu ser uma mera humana frágil, fraca e antisocial.

Depois que ele me deixou no bosque, tentei segui-lo. Eu sabia que seria em vão, mas corri por horas e horas dentro do bosque. Até que alguma coisa prendeu meu pé e eu caí, e fiquei ali deitada no chão, sob a chuva, entorpecida pela dor. Até que Sam Uley me achou. Metade da cidade deveria estar me procurando.

Hoje, quando acordei, não vi motivo algum para me levantar da cama. Eu não fui à escola e Charlie foi trabalhar. Fiquei sozinha em casa sem ter o que fazer, o que facilitou a chegada da dor. Fui pro 1º andar e tentei comer. Mas nada desceu. O buraco em meu peito parecia estar se dilatando ainda mais e eu caí de joelhos na cozinha. Deitei ali mesmo no chão e me enrosquei como uma bola, envolvendo meu peito, para acalmar a dor. E fiquei ali, até escutar o barulho da patrulha de Charlie. Levantei-me depressa e me recompus. Quando ele entrou pela porta eu estava no sofá, fingindo ler uma revista. Eu falei que ia fazer o jantar, mas ele disse que pediria uma pizza. Então eu subi pro meu quarto. E deitei-me enroscada na cama."

Quando terminei de ler a carta, senti-me um monstro. Caí de joelhos ali com a cabeça entre as mãos. Eu não sabia que a minha partida a deixara assim, que abriria um buraco negro no peito de minha amada. Eu não deveria ter ido embora, não deveria ter sido tão estúpido. Eu sabia que ela me amava muito, e eu a amava mais ainda. Mas mesmo assim fui um tolo, a ponto de achar que poderia haver vida sem aquele rostinho delicado, frágil e lindo sorrindo todos os dias pra mim.

Mas eu ainda não sabia nem da metade do que acontecera com ela durante esses 10 anos. Eu não acho que ela tenha me esperado. Alice ia me contar alguma coisa, e eu não deixei. Mas acho melhor eu descobrir sozinho, vai ser melhor assim.

Recuperei-me do choque e peguei a segunda carta para ler.