Sob o Signo de Vênus escrita por Ray Shimizu


Capítulo 23
Provocações




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/3439/chapter/23

A luta que definiria quem iria para as oitavas de final ocorreria à noite. Teriam um longo dia até o horário em que o time Urameshi lutaria.

– Vai cumprir a promessa que fez pro Kevin? - Botan perguntou a Megume, soube daquela aposta pela boca do próprio detetive.

A morena apenas revirou os olhos, não queria bancar a namorada de ninguém, muito menos por causa de uma aposta. E ela tinha que ganhar, não tinha alternativa.

– Você não devia ter feito isso, coitado dele. - Botan desaprovava aquela aposta, já que sabia que Kevin gostava de Megume, mas não era recíproco.

– Eu sei que eu não devia ter feito, mas eu já fiz. Agora, cala a boa! - aquela situação só estava deixando à morena ainda mais irritada.

– Você poderia dar uma chance pra ele… - Shirayuki estava sentada em uma das camas. Ela havia simpatizado com o jovem detetive.

– Vocês podiam parar de falar de mim! Estou sendo assunto de vocês desde ontem, me dêem um tempo! - Megume saiu do quarto bufando, não via à hora daquele torneio acabar e se tivesse a sorte de sair viva, iria ficar um bom tempo longe de pessoas.

Botan e Shirayuki continuavam no quarto conversando.

– Tadinho do Kevin, ele tá apaixonado mesmo. – a guia espiritual queria que os dois ficassem juntos, mesmo sabendo do beijo entre Megume e Hiei.

– Também acho que ele merece uma chance.

Talvez a youkai cachorro estivesse torcendo pelo Kevin porque sabia que era doloroso ter um amor não correspondido. Ela amava Kurama, desde que o viu invadindo sua casa em busca dos tesouros que o pai dela tinha. Shirayuki viu o raposa poucas vezes, mas estranhamente gostou do youkai. Mas parecia que não era recíproco, assim como o caso da youkai e do detetive.

– Não ia ser bonitinho os dois andando de mãos dadas?! - Botan falava rindo, imaginando a cena, logo em seguida fez uma careta, aquela imagem formada em sua mente não parecia muito agradável. - Pensando bem, não consigo imaginar ela de mão dada com alguém, ela é muito brava e violenta!

– Ah, mas se até meu pai se apaixonou, não vejo porque a Megume não poderia.

As duas ficaram conversando durante um bom tempo sobre romance, e a Shirayuki acabou confessando seu amor pelo Kurama Youko. Botan não parecia muito surpresa com aquela confissão, já que Shirayuki tratava Kurama com muita devoção. Mesmo que eles não se falassem muito.

Enquanto as duas conversavam, Megume foi tentar dormir em algum lugar, porque no quarto já tinha visto que não iria conseguir.

Antes ela estava confiante que iria vencer e que virar a namorada de Kevin estaria fora de qualquer possibilidade, mas pôde ver o quão forte ele havia ficado. Mas não iria quebrar o trato, se perdesse iria aceitar a proposta. Não adiantava ficar pensando muito naquele assunto, a luta seria dali algumas horas. Então o jeito era tentar não pensar naquilo, ou pelo menos tentar se conformar caso perdesse. Entretanto, também não conseguia deixar de lado o beijo que Hiei havia lhe dado. Desde quando ela tinha se tornado o tipo de garota que ficava pensando em garotos, beijos e namoro?

Ela não estava se reconhecendo.

Kurama conversava com Koenma no quarto do hotel, precisavam resolver muitas coisas e já não tinham muito tempo. Logo o torneio chegaria ao fim.

– Koenma, depois dessa luta. O que você pretende fazer?

– O que podemos fazer aqui é encontrar o pai de Megume o quanto antes, e depois dar um jeito de quebrar a barreira que aprisiona Hitome. Kevin disse que gostaria de tentar, mas não dá para fazer isso durante o torneio. Mas o que tá me preocupando mesmo é a Shirayuki. Não podemos brincar com o pai dela... E você sabe disso!

– Pelo que ela mesma disse, ela fugiu. O que podemos tentar fazer é convencê-la a voltar.

– Acho que quem pode fazer isso é você! Parece que ela gosta muito de você. – Koenma alargou um sorriso malicioso, batendo com o cotovelo no braço do ruivo.

– Ela gosta do Kurama Youko, e não do Shuichi Minamino.

Kurama já havia notado que ela gostava dele, ou pelo menos parte dele, mas não sabia se poderia corresponder aos sentimentos de Shirayuki, havia algumas razões, como por exemplo, o pai dela devia odiá-lo, já que sempre roubava tesouros de suas terras, e outra razão é que não era apaixonado por ela, poderia dizer que simpatizava com a youkai, mas não era um sentimento forte o suficiente para chamar de amor.

Por fim ficou combinado que Kurama iria tentar convencer Shirayuki a voltar para casa, não sabia se ia conseguir ou se iria ser fácil, mas ia tentar. O youkai raposa pensou se devia conversar com Shirayuki em sua forma natural ou ficar como Shuichi. Por coincidência viu a youkai saindo do quarto das meninas, onde ela estava conversando com Botan.

– Posso falar com você um instante?

– Claro! – sorriu, se prontificando.

Os dois entraram no quarto, e Kurama já começou a falar.

– Estava conversando há pouco com Koenma e achamos mais seguro que você volte para casa.

– Mas eu não quero voltar pra casa, estou atrapalhando vocês? – Shirayuki não queria ser um estorvo, mas pensava que poderia ser um inconveniente estar ali.

– Não, você não está atrapalhando... – Shuuchi respirou fundo, encarando-a com seriedade. - Vou ser franco com você. O que mais temos receio é o que seu pai pode fazer.Você sabe de quem você é filha.

Kurama não pensou em nenhum momento em dizer alguma mentira para Shirayuki, ia tentar convencê-la falando o que realmente estava acontecendo, até porque já estava acostumando com a presença dela. Sempre tão sorridente e alegre.

Shirayuki ficou alguns segundos em silêncio, pensando no que devia responder, ela sabia que o pai não era um dos youkais mais bonzinhos, a realidade, era que estava mais para um dos maiores tiranos do Makai. E ela estar ali, poderia gerar más consequências. Mas ela não poderia ignorar o fato que gostaria de ficar ali com eles, estava sendo divertido, estar no meio dos humanos e de outros youkais, teve até a chance de encontrar com o Youko nas termas, queria vê-lo novamente. Mas não poderia ser assim tão egoísta, afinal ela era uma boa youkai.

– Bom, acho melhor eu voltar então...

Apesar de concordar em voltar, não poderia esconder a tristeza de ter de ir embora.

Ver aquela expressão triste de Shirayuki fez Kurama se sentir mal, como poderia animá-la um pouco?

– Depois da luta eu vou te acompanhar até sua casa, tudo bem?

– Não precisa se incomodar, eu volto sozinha. – sorriu agradecida, não queria causar mais problemas para o grupo, principalmente para o ruivo.

– Eu te levo, só me espere. Até porque acho que você ainda não se tocou da minha verdadeira identidade.

– Verdadeira identidade? Como assim? – uma das orelhas dela encolheu e a outra ficou em pé, a expressão doce e curiosa fez Kurama sorrir involuntariamente, a youkai cachorro era simplesmente amável.

Aquela resposta já revelava que ela ainda não sabia que o ruivo era o youkai pela qual era apaixonada. Kurama pensava que Shirayuki havia descoberto que ele era Kurama Youko depois que o viu nas termas, mas pelas reações dela durante os outros dias, notou que ela não havia percebido e aquelas perguntas só confirmavam a suspeita.

Shirayuki gostava muito do Kurama, mesmo ele na forma de Shuichi. Até se sentia meio estranha perto dele, mas não soube diferenciar o sentimento que sentia entre o raposa e o ruivo.

– Você vai saber hoje na hora da luta. Já que irei lutar com oponentes muito fortes, creio que terei que revelar minha verdadeira identidade. – Kurama então foi em direção à porta, e antes de sair, disse com um olhar um pouco triste, mas esboçou um sorriso. – Espero que você não fique muito brava comigo. – depois de dizer aquelas palavras saiu do quarto.

Após vê-lo partir, a youkai cachorro sentou um tanto desolada na cama, as orelhas e a cauda mostravam que ela havia ficado triste em ter de ir embora. Ela queria ficar por ali mais um tempo, mas também sabia que teria que voltar para casa cedo ou tarde. Shirayuki pensou se devia esperar pelo final da luta, porém não queria ser um estorvo para Kurama. Queria torcer por eles e ver quem iria ganhar e o que seria a “verdadeira identidade” que ele havia dito.

Kevin estava em seu quarto, esperando a hora que seu time iria lutar. Estava sentindo-se inquieto. Talvez tivesse sido melhor não inventar aquela aposta, porque mesmo que ganhasse do que iria adiantar ter Megume como namorada se ela não gostava dele? Poderia até se iludir e pensar que ela fosse se apaixonar por ele enquanto “namoravam”, mas sabia que a realidade não era assim. Aos poucos a determinação que tinha em conquistar a youkai foi se esvaindo. Mesmo que ganhar não fosse mais tão importante, ainda sim queria enfrentar Megume e mostrar que poderia ser tão forte quanto ela, estar em pé de igualdade. Queria provar que poderia ser alguém pela qual ela não sentisse vergonha de andar ao seu lado na escola. Vendo que ficar deitado só iria fazer ele ficar pensando besteira, resolveu levantar e dar uma volta, ou até mesmo ir incomodar Megume, por mais que se sentisse confuso sobre o que devia fazer, ainda sim queria estar ao lado dela.

Ele andou durante quase meia hora e não a achou em lugar algum, ela não estava no quarto, nem aos arredores e também não tinha ido para as montanhas.

– Onde ela se meteu? – o jovem indagou-se – Como ela oculta sua energia eu não faço ideia onde ela tenha se metido.

– Está procurando por alguém? – Botan estava com Keiko dando uma volta e acabaram vendo Kevin entrar no hall do hotel, ele olhava para os lados como se procurasse por alguém.

– Eu tô procurando pela Megume, por um acaso vocês a viram?

– Mais cedo ela estava no quarto com a gente, mas depois que ela saiu não a vi mais. – Botan respondeu sincera. - Já procurou nas montanhas? Ela geralmente fica lá treinando.

– Acabei de vir de lá. – cruzou os braços pensativo, havia conferido tudo por lá umas duas vezes.

Enquanto conversam Yusuke também havia chegado ao hotel e se juntou a pequena turma que estava reunida perto da porta.

– O que vocês estão fazendo aqui parados?

– Conversando, não tá vendo? – Keiko como sempre era curta e grossa.

– Eu tô vendo que vocês estão conversando, mas por que não sentam pelo menos? Tem um monte de sofá e cadeira para ficar aqui perto da porta e em pé. – Yusuke também devolveu com sarcasmo.

No final das contas Yusuke e Keiko começaram a discutir e Kevin saiu sorrateiramente, voltando em sua busca: Saber onde raio Megume havia se enfiado.

O pouco que Kevin conhecia sobre Megume ele pressupôs que ela não estaria em nenhum lugar movimentado e barulhento, a garota sempre foi do tipo que se isolava e procurava lugares quietos e que se possível sem pessoa alguma . Ele foi em direção das termas, talvez ela estivesse por ali, mas se a morena estivesse se banhando não seria uma boa idéia ir lá... Ela devia estar nua. O jovem detetive não poderia negar que a ideia de espiar lhe agradava, ele era um homem no fim das contas. Mas também sabia que não era correto espiar uma pessoa tomar banho. Apesar disso ele continuou a andar em direção das termas.

Quando estava bem perto da terma, podendo ver o vapor que saía daquela região, ele diminuiu o passo. Não sentia a presença de ninguém, ela poderia estar escondendo a energia sinistra, o que era o costume de todos por ali. E quando deu mais um passo para frente, acabou escorregando. Antes de cair na água quente, conseguiu se equilibrar parando a poucos milímetros da água.

– Kevin? – Megume o chamou, estava sentada perto da borda, ainda um pouco longe dele. Ela não esperava encontrar alguém ali, poucos iam para aquelas redondezas se banhar, era um lugar um pouco perigoso para ficar. E ficou sabendo da terma por acaso, enquanto andava distraída por ai.

Ao ouvir seu nome, ele a viu, por causa do vapor não dava para enxergar muito bem, mas dava pra observar o suficiente, ela estava sentada com os ombros nus para fora da água.

– Oi.– Kevin virou-se de costas para Megume e sentou na borda da terma. – Desculpe, não era minha intenção te ver... hã... assim...

– Ta bom. – Megume não acreditava no que ele havia dito, apesar de não estar incomodada com a presença dele, ela não se sentia envergonhada. Talvez porque ela não ficasse distinguindo muito as pessoas por gênero.

O silêncio se instalou ali, Megume não disse mais nada e Kevin parecia escolher as palavras para dizer alguma coisa. Afinal ele estava procurando-a.

– Você quer anular a aposta? – ele perguntou com a voz nula, levando as mãos para trás da nuca.

– Tá com medo de perder, é?

– Não é isso, é que ao invés disso eu queria pedir pra você me dar uma chance.

Megume notou que Kevin havia mudado em alguma coisa, estava mais na defensiva, não parecia tão corajoso como nos dias anteriores.

– Você sabe que eu não gosto de você.

– Eu sei que você gosta do Hiei, mas eu quero uma chance de você mudar de ideia.

– Eu não gosto do Hiei!

A morena se irritou, estava negando para si que não gostava daquele youkai de fogo. Kevin permaneceu sentado, mas virou-se em direção à garota.

– E então?

Ela encarou o rapaz, estava visivelmente irritada e internamente falando que não gostava de Hiei, que era impossível sentir-se atraída por aquele baixinho. E a morena não entendia a insistência de Kevin em querer namorar. Ela mesma sabia que era uma garota chata.

– Escuta, por que eu? Nem eu me aguento.

Kevin não sabia responder aquela pergunta, ele mesmo se questionou aquilo várias vezes. Tá certo que ela era a única garota da escola que não tirava sarro dele, mas poderia ter se apaixonado por alguém menos estressada.

– Eu também não sei, eu só gosto. – deu de ombros, precisava responder alguma coisa.

Megume não desgostava do Kevin, mas também não se sentia atraída. Mas o maior motivo para ela não querer dar chance ao garoto, era porque ela não queria ficar com ninguém, achava que devia ficar sozinha. Por outro lado tinha o Hiei, por mais que ela tentasse colocar na cabeça que não gostava dele, que não se sentia atraída por ele, parecia que estava mentindo para si. E ela sempre odiou sentir-se daquela forma, se contradizendo, perdendo o controle de si.

Enquanto Megume tentava organizar os próprios pensamentos, Kevin a fitava, ela parecia estar um pouco nervosa, perdida em um conflito interno. Mesmo que não conseguisse conquistar a morena, queria ao menos que ela lhe concedesse um beijo e quando pensou nisso, lembrou-se que Hiei e ela haviam se beijado.

– Ele beija melhor que eu? – a pergunta saiu dos lábios dele meio que sem querer, mas ele queria saber qual era do beijo que Hiei e ela trocaram, que Yusuke fez questão de espalhar para todos.

– Que pergunta estúpida é essa? – perguntou ainda mais irritada, agitando a água ao seu redor com agressividade.

Kevin não queria ter falado nada, mas aquilo, aquelas palavras escaparam de sua boca. Porém ele realmente estava um pouco incomodado, Yusuke dizia como se fosse o maior beijo do século, e que as coisas pareciam que iriam mais longe do que um simples beijo.

Naquele momento era Kevin quem ficou pensativo, perdido nos próprios pensamentos. Que só percebeu que Megume havia se aproximado dele, quando ela estava encostada na borda onde ele estava sentado. Ela ainda estava ajoelhada o encarando, ainda dentro da água, mas os seios estavam quase à amostra, fazendo o jovem detetive corar instantaneamente.

O olhar dela estava fixo no dele, ela estava séria e pensativa. Kevin também a encarava, sabendo que se desviasse o olhar estaria demonstrando fraqueza, embora estivesse envergonhado de vê-la com parte do corpo a amostra.

Megume pensou em beijar Kevin, assim iria provar que aquele beijo com Hiei não fora nada, então, levantou-se e ficou um pouco mais alta que Kevin, e acabou por revelar quase que seu corpo inteiro. O que cobria parte dos seios eram os longos cabelos pretos. A água batia em sua cintura.

Ele sentiu-se provocado, afinal o que fora aquilo? Ela estava o desafiando ou alguma coisa do gênero? Afinal, Megume sabia que Kevin gostava dela. Também sem pedir a ela, ele havia roubado um beijo na janela de seu quarto.

Depois que pensou melhor sobre a própria ideia e ver o rosto de Kevin a encarando, se deu conta que estava de pé, nua na frente dele. Então se virou de costas para ele e antes que pudesse fazer qualquer outra coisa, Kevin entrou na terma com roupa e tudo. Megume virou-se assustada com aquela ação e sem que pudesse dar conta, ele laçou sua cintura e a beijou.

Continua...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E ae pessoal, espero que não estejam muito bravos pela demora... e também que não estejam bravos comigo pelo que o Kevin e a Megume fizeram... kkkkk

Espero conseguir atualizar antes do ano que vem, juro que vou tentar!

Beijo para vocês!