Todos precisam se concentrar para a próxima luta, ainda não conheciam seus oponentes, na verdade precisavam esperar um bom tempo, já que ainda haveria algumas lutas antes que eles lutassem novamente, embora tivessem que esperar, ao menos podiam se recuperar da luta anterior que custou um bocado para o time Urameshi, além disso, poderiam treinar um pouco.

Para Megume, os momentos em que não estava lutando no torneio ou treinando, tentava descobrir quem raios ela era, humana já sabia que não era, mas quem eram seus pais? Poderiam estar vivos ainda? Será que a razão pelo Koenma ter chamado para o torneio tinha alguma coisa a ver?

Quanto mais pensava, mais ficava confusa, e onde tava o maldito quando se precisa dele? Nunca o encontrava para poder esclarecer ao menos alguma coisa, parecia que fazia de propósito.

Por um momento pensou em invadir o quarto dos meninos, talvez encontrasse alguma pista, Kurama parecia saber muito sobre ela, bom, se fosse pega ia dar uma desculpa na hora.

Megume foi sorrateiramente até o quarto deles, não sabia se tinha alguém dentro, não sentia a presença de ninguém; Levantou a mão receosa, ainda sim, sentia que estava fazendo a coisa errada, não era de seu feitio ficar fuçando nas coisas dos outros, muito menos sem permissão. Respirou fundo, e pensou que pelo menos era para uma boa causa.

Bateu na porta, esperando que não houvesse resposta, e assim poderia entrar, surpreendeu-se quando a porta abriu, e a sua frente estava Kurama.

Como esperava que não tivesse nem uma mosca, ficou surpresa, pelo visto ainda precisava treinar mais em sentir a energia sobrenatural das “pessoas”.

- Aconteceu alguma coisa? – Kurama sabia que era a primeira vez que Megume ia até o quarto deles, talvez ela quisesse perguntar alguma coisa a ele, na verdade era o mais provável, não passou pela cabeça do ruivo que ela ia invadir o quarto e bisbilhotar nas coisas dele, afinal, conhecia um pouco da personalidade dela. Ele percebeu que talvez pudesse ter sido um pouco mal educado, então emendou logo em seguida. – Quer entrar?

Já que o plano de vasculhar nas coisas dele, por hora estaria suspensa, não poderia dizer o real motivo de estar lá, mas poderia perguntar, quem sabe ele respondesse.

Megume apenas acenou com a cabeça, afirmando. E sem pedir licença entrou no quarto.

- Está um pouco bagunçado, o pessoal tava até agora pouco aqui, fazendo bagunça... eu fiquei pra limpar tudo. – O ruivo não parecia estar preocupado, enquanto falava ia colocando as coisas no lugar, jogando os pacotes de salgadinhos e latas de refrigerante e cerveja no lixo. -  O que aconteceu?

- Ah...- A morena abriu a boca para perguntar alguma coisa, mas a única coisa que saiu de sua boca foi um suspiro, embora quisesse saber mais coisas sobre ela, tinha medo de descobrir algo muito desagradável, talvez fosse melhor não saber no final das contas, estava confusa, não sabia se devia perguntar ou não.

Notando que Megume tinha dificuldades para dizer o que queria, parou o que estava fazendo e parou de frente para ela e a fez sentar na cadeira que se encontrava perto.

- Se o que quer saber é sobre o que você é, só posso lhe assegurar que você é uma mulher do país do gelo, que herdou poderes do pai, que é um youkai de fogo. – disse calmamente, olhando para ela, o motivo que ela estaria lá, parecia obvio naquele momento, o que poderia estar atormentando? Desde que se conhecem, ela nunca pareceu ligar para as pessoas nem para as coisas, era monótona e mal humorada, mas desde que chegou no Makai e descobriu que não era humana, a mestiça parecia atordoada. Descobrir que tudo o que sabe sobre si era mentira, que não era humana, como ele estaria se fosse o inverso?

- O três olhos, falou que eu sou uma youkai estranha... quer dizer que além de não ser humana, sou estranha como youkai também?

- Três olhos? – Kurama riu de canto, ela nunca havia chamado o Hiei de “três olhos”, teria acontecido alguma coisa que a deixara ainda mais aborrecida? – Acho que já te contei isso, que mulheres do gelo, devia ter apenas características e poderes de mulheres do gelo, sua cor dos cabelos, seus olhos, seus poderes não são normais. Você devia ter um irmão gêmeo, que não foi encontrado, nem vestígios de sua existência, ainda tem muitas coisas que não sei e não posso te explicar.

Megume encarou a raposa por um instante, e antes que pudesse abrir a boca para falar a porta foi aberta escancaradamente por Yusuke e Kuwabara, que chegaram com mais comida e jogos.

- Aaaah, Meguuumeee, você por aqui? Vai ficar aqui pra jogar buraco com a gente, né não?! – Yusuke já havia sentado na cama, e pegou as coisas na gaveta. – Preciso de desafio, sabe? O Kuwabara é muito ruim!

- Quem aqui é ruim? Eu só perdi das outras vezes porque eu deixei, viu eu DEIXEI!! – Kuwabara tratou de sentar, pegou o baralho das mãos do amigo e começou a embaralhar.

A mestiça olhou para os dois séria, depois levantou da cadeira e foi em direção a porta, mas antes que saísse Yusuke perguntou com seu mesmo animo:

- Ah, vai ser estraga prazeres? Senta ai e joga.

- O Kuwabara como você diz deve ser ruim que dói, mas você anda com cartas na manga... – Megume viu uma carta escondida dentro da manga de Yusuke.

- Ops... – o líder do grupo, tratou de esconder a carta rapidamente. – Koenma, aquele desgraçado, falou que ninguém ia ver... – sussurrou para si.

- Quando o Kuwabara aprender a jogar e você parar de roubar.. quem sabe. – ela virou-se novamente para ir embora, mas dessa vez foi interrompida pelo ruivo.

- E contra mim, acha que pode vencer?

- Posso, mas... – antes que pudesse pensar em recusar e ir embora, apareceu todo mundo, Botan, Keiko e alguns estranhos. Hiei veio obrigado, ele queria ficar dormindo em alguma arvore.

Ficaram a tarde toda jogando, apesar de parecer ridículo estar ali com eles, ao menos por um momento Megume esqueceu um pouco sobre toda história, sobre torneio e youkais e seus passado obscuro.  foi um momento que nunca tivera, talvez podia dizer que era o que amigos faziam.

Só pararam na hora do jantar e o final foi:

 Kurama em primeiro, Keiko em segundo, Megume em terceiro, o quarto e quinto lugar foram dos ‘estranhos’, em sexto Yusuke, em sétimo Botan, em oitavo Hiei e por ultimo; Kuwavara.

Todos pareciam estar famintos, já que depois que acabaram os salgadinhos e doces ficaram sem comer e beber.

- Onde o Koenma se enfiou? – perguntou Yusuke. – N]ao vejo ele faz um tempo.

- Segundo ele, foi trabalhar, parecia que tinha algumas coisas urgentes e que só ele poderia resolver. – disse Botan.

- E você acreditou nele? – perguntou Hiei sarcastico. – Tá na cara que foi vadiar ou fugiu.

- E vocês estão vadiando muito, não vão treinar não?!!- Keiko disse quase berrando. – Nunca vi um time mais desorganizado e desleixado do que o de vocês!

De fato enquanto a maioria das equipes treinavam enquanto aguardavam a vez de subirem no ringue, o time Urameshi fazia tudo, menos treinar como se deveria, Hiei na maioria das vezes dormia, até treinava de vez em quando, ele junto de Kurama eram os que mais treinavam, quando não, o baixinho tirava um cochilo em uma arvore e o ruivo desaparecia por ai para investigar junto com Koenma.

Yusuke por sua vez, se não estava jogando e bebendo, estava dormindo, vadiando por aí, menos treinar, era o único que não treinou um dia sequer, depois da luta apenas descansou e se divertiu.

Kuwabara ficava jogando conversa fora com outras pessoas, e tentava puxar assunto com Yukina, mas sempre que Hiei percebia que o cara amassada estava dando em cima de sua irmã, ele dava um jeito de interferir.
 

Megume depois da luta teve um treino que custou dois dias dormindo, depois disso, apenas ficou pensando sobre ela e sobre de onde realmente veio. A mais fraca do time, precisaria de muito treino e sorte para conseguir pelo menos passar pela próxima etapa.

Conversou pouco com Kurama, mas de alguma forma aquilo aquietou um pouco a garota, pelo que entendeu poderia contar com o ruivo, já que ele não parecia estar mentindo quando disse que não sabia de muitas coisas ainda, e que ia tentar mantê-la informada. Ele não era de faltar com a palavra.

Chegado o dia da luta do time Urameshi, mais uma vez era um bando de desconhecidos, parecia que ia ser uma luta fácil e rápida.

A previsão não estava errada, todos venceram facilmente, até mesmo Megume não apresentou dificuldades, mas o torneio estava apenas começando.

Só saberiam com quem lutariam na próxima rodada quando todas as equipes terminassem a luta, e o previsto seria dali um mês, o motivo de tanta demora, além de que praticamente o Makai todo estivesse participando, as lutas seriam intercaladas, para poderem reformar o ringue que era destruído todos os dias, e foram dito outros motivos que não eram muito convincentes, mas era decisão da comissão organizadora.

Depois que Yusuke foi nomeado o rei do mundo das trevas, ele não moveu um dedo para “administrar” as coisas, saiu nomeando cargos políticos a torto e a direita pra não ter que pensar em nada, e a comissão de torneio foi uma delas.

- Isso não tá me cheirando coisa boa... – Yusuke achava estranho o intervalo das lutas, poderiam arrumar no intervalo, já que depois da ultima luta, só teriam novos combates depois de nove horas.

- Você que colocou os organizadores lá, você não sabe o que tava fazendo! – Kuwabara conhecia o amigo que tinha, assim como todos seus amigos, e a peça não era muito de ficar pensando quando assunto era política, muito menos fazer politicagem.   

- Sabe como é, né?! –  este apenas riu, na cara lavada, não fazia questão de esconder.

- E o que vai fazer se ganhar de novo? – Koenma apareceu do nada, pois até aquele momento ele não se encontrava.

- De onde você veio? – perguntou Kuwabara.

- Estava aqui o tempo todo. – mentiu Koenma.

- Só que não... – Megume o viu chegando de mansinho, enquanto estavam dando bronca em Yusuke.

-  Megume, depois do jantar gostaria de falar com você. – o ruivo cochichou no ouvido da companheira de equipe, não era pertinente ainda que os outros soubessem sobre ela.  O único que percebeu que a raposa estava falando alguma coisa com a morena foi Hiei, ficou atento; imaginou o que ele poderia ter falado, não era difícil de imaginar.

E assim que terminou o jantar, Megume acompanhou Kurama, foram até uma pequena caverna que ficava em uma floresta ali perto, e lá estava Koenma os esperando.

- Eu não tenho muito tempo, preciso voltar para o mundo espiritual trabalhar, então serei direto. – Koenma pegou uma caixa do bolso. – E antes que me pergunte, ninguém vai nos ouvir aqui, coloquei uma barreira espiritual aqui, só entra aqui quem eu autorizar, é uma magia avançada...

- Você não disse que estava com pressa?! – Megume o interrompeu, já que Koenma não parava de se justificar, e não dizia o que queria de uma vez.

- Mas que coisa, estou falando coisas importantes! – Koenma emburrou, mas de fato não tinha muito tempo para gastar, então retomou a fala. – Sei que quer saber muitas coisas sobre você, creio que Kurama tenha adiantado boa parte. Agora, vou contar outra parte, então senta que lá vem história.