A Volta da Garota Sobrenatural escrita por Hunter Pri Rosen


Capítulo 7
Capítulo 7 - Pesadelo


Notas iniciais do capítulo

Olá!

Obrigada à todo mundo que está acompanhando e curtindo!

Mais um capítulo instigante para vcs!



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– É tão bom ouvir a sua voz depois de tanto tempo! – ironizou Crowley do outro lado da linha - Ainda mais porque eu pensei que você estava morta...

– O que você quer?! - interrompeu Mia rispidamente.

– Oh! É isso que eu mais gosto em você, Mia. Sempre direto ao ponto. Seus pais ficariam orgulhosos da pessoa que você se tornou. Claro, se eles lembrassem o que é ser uma pessoa. Mas depois de tanto tempo no Inferno, você se esquece desses detalhes... – continou Crowley querendo provocá-la.

Então, Mia sentiu-se culpada por nunca ter pensado em como os seus pais estavam no Inferno desde que descobriu a verdade sobre eles, sobre o pacto. Era como se eles simplesmente tivessem ido... Mas agora via que não era assim. Eles estavam no Inferno há dez anos. Quanto isso significava em séculos? Como eles estavam?

– Mia? Você ainda está aí? - perguntou Crowley.

– Sim, eu estou. - respondeu a garota.

– Ótimo. Mas agora eu quero que você vá para um lugar onde os Winchesters não possam te ouvir. – orientou o demônio - Ah! Sim, eu sei que você está com eles e com o seu anjo favorito. Mas eles não podem ouvir você falando comigo, entendeu? Ou sua amiga Melissa... terá alguns problemas.

Mia começou levantou da escada e subiu para o andar de cima. Ao chegar no quarto fechou a porta. Então perguntou com uma mistura de preocupação e raiva:

– O que você fez com ela?

– Eu? Absolutamente, nada. – garantiu Crowley - Ainda. Não se preocupe, ela só me emprestou o celular por uns instantes. - disse enquanto observava Melissa a distância - A propósito, eu gosto mais da sua nova faculdade. Tudo bem, que você não aproveitou por muito tempo. Nem vai aproveitar, infelizmente. Mas eu não posso negar que eles são muito animados, gentis... Sabia que eles estão organizando uma festa para este sábado? Estou pensando seriamente em ir. Claro, se eu encontrar uma roupa decente no meu guarda-roupa. Ah! Melissa também é bem mais interessante do que o antigo Ric. Claro que isso não me impediria de quebrar o lindo pescocinho dela como eu fiz com o seu velho amigo...

– O que você quer?! - cortou Mia sentindo um ódio profundo pelas coisas que Crowley dizia.

– Ok. Vamos direto ao que interessa. Negócios. Eu tenho uma proposta para te fazer, Mia. - insinuou ele.

– Eu passo. - dispensou a garota.

– Mas você ainda nem ouviu. - protestou o demônio.

– Eu não quero fazer nenhum tipo de acordo com você. - esclareceu Mia.

– Mesmo que isso signifique a vida ou a morte de sua querida amiga? Ou dos seus outros amigos daqui? Eu tenho que confessar que fiquei surpreso quando vi como você é popular nesse lugar. E eles estão tão preocupados com o seu desaparecimento... Sua professora... Kate também. Seria uma pena eles morrerem por você. Como Ric morreu... - prosseguiu Crowley.

– Eu estou ouvindo. - acatou Mia querendo saber qual era o acordo.

Ela faria. Qualquer coisa para que ninguém mais morresse por sua causa.

– Boa menina. - zombou ele e então propôs - Bem, o acordo é o seguinte: você me entrega o Kevin e a outra metade da Palavra de Deus e eu não machuco os seus amigos. E ainda deixo você livre, mesmo depois do que você fez com os meus cães. Aquilo foi muita crueldade...

– Eu não sei onde o Kevin está. - mentiu Mia tentando assimilar a proposta de Crowley.

– Supondo que você esteja falando a verdade, descubra. Convença os Winchesters a te dizerem onde ele está. Minta para eles. E traga o que eu quero. Mas venha sozinha. Com Kevin, é claro. Kevin e a tábua em troca dos seus amigos e da sua vida. Não se atrase. A festa começa às 8. Venha com o seu melhor vestido, querida. - encerrou o demônio.

Crowley desligou, mas Mia ainda ficou com o celular no ouvido por uns instantes até absorver o que ele tinha proposto. Ela não podia fazer aquilo. Mas que outra escolha ela tinha? Sentou na cama. Começou a enxergar uma oportunidade em tudo aquilo. Ela sabia onde Crowley estava. Existia um ritual para exorcizá-lo. Ela não precisava entregar Kevin ou a Palavra de Deus, bastava Crowley acreditar que ela faria. Uma festa. Um ambiente fechado. Com as armadilhas do diabo e sal nas portas e janelas, Crowley e outros demônios não poderiam sair de lá. Tudo o que ela precisava era encontrar o maldito ritual de Samuel Colt e chegar em São Francisco a tempo. Mas aquilo era muito arriscado. Não podia ir sozinha. Mas também não podia levar os Winchesters com ela. Começou a ficar agoniada ao perceber que não sabia o que fazer. Não podia entregar Kevin nem a tábua. Não podia mentir para eles. Para a sua família. Mas também não podia contar a verdade. A vida de muitas pessoas estava correndo perigo. E só ela poderia salvá-los. Ou condená-los. Não. Não deixaria que Crowley fizesse aquilo de novo. Ninguém mais morreria por causa dela. Mas para isso, precisava ser mais esperta do que ele. O que tinha que fazer para resolver aquilo? Não podia fazer aquilo sozinha, precisava de ajuda, mas Crowley foi bem claro ao dizer para ela ir sozinha.

Mia não percebeu, mas tinha anoitecido. Deitou na cama e ficou pensando numa possível solução para tudo aquilo. Não conseguia chegar a nenhuma conclusão. Se pelo menos ela encontrasse o ritual... Levantou. A casa estava silenciosa. Olhou o relógio. Eram duas da madrugada. Provavelmente todos já estavam dormindo. Talvez Castiel não. Não estava certa se anjos dormiam. Aquele não era o momento de pensar nele. Tinha que se concentrar. Tinha que achar uma saída. Saiu do quarto tomando extremo cuidado para não fazer qualquer ruído. Foi até a sala onde as estantes ficavam. Começou a procurar. De repente olhou para cima da mesa e viu a tábua da Palavra de Deus. Kevin devia a ter deixado ali. Afinal quem a roubaria? Se aproximou e a segurou. A colocou na mesa de novo. Voltou a procurar o ritual de Samuel Colt. Olhou para a prateleira mais alta de uma das estantes e teve uma sensação estranha. Pegou uma cadeira e se aproximou. Subiu. Era estranho, mas era como se ela soubesse o que estava fazendo. Como se fosse encontrar o que estava procurando ali. Automaticamente pegou um livro de capa azul. Abriu. Página 237. Era isso. Seu coração acelerou. Tinha encontrado o ritual! Tão fácil. E estranho... Como sabia que ele estava ali?

Mia estava tão eufórica por ter conseguido encontrar o ritual que esqueceu que estava em cima da cadeira e deu um passo para trás. A cadeira balançou um pouco. Mia tentou se segurar, mas não conseguiu. Caiu. E uma água gelada a envolveu. Água? Mas ela estava na sala... Não, definitivamente não estava mais na sala. Estava afundando. Droga! Não sabia nadar. Começou a se debater. Por longos minutos ela lutou, mas quanto mais tentava emergir, mais ela afundava. De repente, não tinha mais forças. Pouco a pouco foi parando de se debater. Não sentia mais o seu corpo. Fechou os olhos. E quando os abriu, acordou tossindo sentindo-se engasgada com a água. Respirou fundo e ficou feliz por perceber que estava no seu quarto. A salvo. Aquele tinha sido o pesadelo mais estranho que ela já havia tido. Não parecia um pesadelo. Olhou para o relógio. Eram duas da madrugada. Ok, aquilo definitivamente não tinha sido um pesadelo.

Levantou, saiu do quarto, foi até a sala e parou diante da mesa. A tábua da Palavra de Deus estava lá. A segurou entre as mãos... E um barulho de uma arma sendo engatilhada a fez parar.

– Se eu fosse você, não faria isso. – aconselhou Dean segurando a arma na direção de Mia.

Ela se virou devagar e perguntou:

– Fazer o quê?

– Eu não sei. Daqui de onde eu estou parece que você levantou de madrugada e está segurando a tábua da Palavra de Deus. - disse ele.

– O quê? Você acha que eu vou roubar isso? - indagou ela.

– O que eu sei é que você recebeu um telefonema e depois se trancou no quarto. Eu aposto que essa ligação era de um certo demônio. O que ele te propôs? - quis saber Dean.

Mia estava zonza. Esse tempo todo ela pensando se deveria ou não contar sobre a ligação e Dean simplesmente tinha percebido tudo? De certa forma, estava aliviada por ele ter descoberto. Não precisaria mentir afinal de contas.

– Não importa o que ele propôs. Eu não roubaria isso de vocês. – afirmou ela enquanto devolvia a tábua de volta ao lugar – Eu não poderia roubar da minha própria... - Dean ficou esperando ela completar a frase e então ela terminou - Família. Eu não poderia mentir para vocês. Roubar de vocês. Portanto, não importa o que o Crowley propôs. Eu não faria um acordo com um demônio.

Dean abaixou a arma e continuou:

– Ótimo. Mas você aqui, de madrugada, ainda parece estranho.

– Eu estou procurando uma coisa. – tentou explicar ela ouvindo passos.

– O que está acontecendo aqui? – perguntou Sam chegando à sala.

– Eu vou mostrar para vocês. – afirmou Mia enquanto se virava em direção a uma das estantes, mas o barulho do gatilho da arma a fez parar. Se virou devagar e viu Dean apontando a arma novamente para ela – Dean, o que você está fazendo?

– Desculpe, Mia. Mas enquanto você não disser o que conversou com o Crowley e o que você está fazendo aqui a essa hora, eu não posso confiar em você. - aviou o Winchester mais velho.

– Dean... – desaprovou Sam achando aquilo um exagero.

– Então por que você não se senta bem devagar naquela cadeira e nos conta toda a verdade. – propôs Dean.

Mia obedeceu. Ouviu o barulho de asas e em seguida Castiel estava com eles. Ao ver Dean apontando a arma para Mia ele indagou preocupado:

– Dean, o que você está fazendo?

– Eu não vou machucá-la, Cas. – garantiu ele – Eu só quero entender algumas coisas.

– Eu também... – admitiu Mia lembrando do pesadelo que havia tido.

– O que o Crowley te propôs? – intimou Dean.

Mia resolveu contar a verdade:

– Ele quer que eu leve o Kevin e a tábua para ele.

– Para ele? Ele te disse onde ele está? – estranhou Sam.

– Em São Francisco. Ele está em São Francisco. – contou ela.

Dean abaixou a arma e perguntou:

– Ele ameaçou os seus amigos, não foi? Se você não entregar o que ele quer...

– Exato. – afirmou ela.

– Filho da mãe... – xingou Dean e depois perguntou um tanto aborrecido – E você ia roubar a tábua esta noite? E entregar para ele?

– Não! – negou ela prontamente – É claro que não! Foi como eu disse, eu não poderia roubar a minha... Quer saber, esquece. – interrompeu ela sentindo um nó na garganta.

Sam se aproximou e pediu:

– Continue. O que você ia dizer?

Mia respirou fundo e tentou ordenar seus pensamentos e o que sentia. Tentou explicar:

– Eu entendo que pra vocês seja difícil confiar nas pessoas. Mas, desde que os meus pais morreram... Vocês são... Eu sinto que... Vocês são o mais próximo que eu tenho de uma família. E se eu não contei o que o Crowley propôs não foi por que eu estava pensando em aceitar a oferta, mas sim porque eu tive medo dele machucar outras pessoas. Pessoas que não tem nada a ver com isso. Pessoas inocentes. Meus amigos. Melissa. Como ele fez com Ric... E ele disse para eu encontrá-lo sozinha...

– Fora de cogitação... – discordou Castiel.

– E eu não estava pensando em roubar a tábua, eu só estava tentando encontrar outra solução. E eu queria fazer isso sozinha. Por minha conta... mas... eu não sei como... - disse ela um pouco confusa.

– Você não precisa fazer isso sozinha, Mia. – disse Dean – Nós estamos aqui e sempre estaremos. Você podia ter nos contado.

– Eu sei... – percebeu ela – Eu sei disso agora e eu sinto muito por não ter contado...

– Mas isso ainda não explica por que você está aqui a essa hora... – lembrou Dean.

– Bem, isso vai soar muito estranho, mas eu tive um pesadelo... – contou ela.

– Um pesadelo? – repetiu Sam. – Que tipo de pesadelo?

– Do tipo bem real, estranho e assustador... - respondeu a garota.

– Mia, o que você queria me mostrar antes... de... antes que eu apontasse a arma para você? – lembrou Dean.

– Eu acho que eu sei onde o ritual de Samuel Colt está. – disse ela. – Eu quero dizer “exatamente” onde está.

– Onde? – quis saber Sam.

– Terceira estante da esquerda para direita, última prateleira superior, esquerda, livro da capa azul, página 237. – respondeu ela automaticamente fazendo com que todos se olhassem confusos.

Sam levantou e seguiu suas orientações. Voltou segurando o livro. Abriu na página que ela mencionou. Depois de uns instantes examinando o escrito, confirmou:

– Definitivamente, este é o ritual.

– Como você sabia que a localização exata? – estranhou Dean – Nós passamos a tarde inteira procurando em milhares de livros, Google...

– Isso vai soar estranho, mas... eu sonhei com isso. – contou Mia. – Assim como eu sonhei com a morte do meu professor, com a placa do Impala, com o fantasma do Ric tentando me matar...

– Espera um pouco, você está querendo dizer que teve uma premonição? – indagou Dean.

– Algo do tipo... – respondeu ela lembrando da outra parte do pesadelo – Será que eu posso ir para o meu quarto? Eu não estou me sentindo muito bem... – disse enquanto se levantava.

– Claro. – concordou Sam.

Quando Mia deixou a sala Dean deduziu preocupado:

– Ela ainda está escondendo alguma coisa... Mas o que o tal ritual diz?

Dean sentou ao lado de Sam e os dois leram o escrito de Samuel Colt. Olharam-se preocupados.

Mia fechou a porta do quarto e tirou a blusa. Precisava tomar um banho. De repente, Castiel estava na sua frente. Rapidamente ela pegou a blusa de volta e a vestiu enquanto resmungava:

– Deus, qual o seu problema em bater na porta? Eu poderia estar... Nua.

– Desculpe. – lamentou ele constrangido e olhando para baixo enquanto ela se vestia – Mas eu fiquei preocupado.

Mia o observou intrigada e se acalmou.

– Por que você se preocupa tanto comigo?

Ele voltou a olhá-la e Mia sentiu que seu coração tinha começado a bater naquele ritmo frenético de novo.

– Você quer ter aquela conversa agora? – propôs ele.

Na verdade, Mia ainda estava com certo receio sobre aquilo. Além disso, estava tarde. Queria tomar um banho e dormir um pouco.

– Não me entenda mal. Eu quero ter essa conversa, eu realmente quero, mas não agora. Amanhã? - sugeriu a garota.

Ele assentiu e ela foi pegar uma toalha no armário. Quando se virou, o quarto estava vazio. Mia sorriu e disse:

– Boa noite para você também, anjo nerd.


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Notas finais do capítulo

Trabalhando no próximo capítulo kkkkkk

Reviews?