Alma escrita por OblivionWing


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Para meu Killua :3



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Senti um gosto amargo. Olhei para o horizonte montanhoso e suspirei alto. Havia uma brisa gelada que me fez encolher um pouco. Estava anoitecendo, o sol se punha e pude ver um bando de pássaros voando para suas casas. Era naquele dia que, alguns anos atrás, toda a minha família, meus amigos...foram massacrados.

Fechei as mãos em punho.

As lágrimas já não caíam fazia tempo... Já começava a achar que eu havia secado, que havia algum tipo de crosta em volta de mim. Talvez...Talvez...

Talvez eu não tenha mais alma.

- Kurapika?

Meus pensamentos foram quebrados rapidamente. Procurei por onde vinha a voz e avistei o garoto de cabelos prateados parado ao meu lado. Sorri de leve.

- Killua. Sempre me surpreendendo...Nem vi você chegando.

Ele desviou os olhos.

- É...bem. Estávamos te procurando. Já vai escurecer...

- … Está bem... - olhei vagamente para o horizonte novamente – Mas... acho que ficarei por aqui sozinho hoje.

O menor bufou.

- Você, sozinho? Kurapika, essa região é perigosa e você nem me viu chegar! - senti um tom zombeteiro na sua voz.

Encarei-o.

- Está querendo me fazer companhia? - perguntei.

Killua deu um solavanco para trás, como se tivesse sido pego de surpresa.

- N-não é isso...- Ele começou a gaguejar.

- Pode ficar...- disse, sentando no gramado.

Killua era interessante. Ao mesmo tempo que me sentia bem ao seu lado, ficava relutante. Tinha visto como o pequeno assassino dilacerava seus oponentes e era, no mínimo, assustador. E ainda tinha um rosto adorável.

- Por que quer ficar sozinho...?

Mais uma vez, meus pensamentos cortados.

Observei sua face pálida, ainda mais que eu.

Mas eu não podia dizer. Não podia dizer que doía. Que sentia falta de minha mãe, de meu pai, de Pairo. Não podia dizer que era sufocante nunca mais vê-los, que eu não tinha mais um lar para voltar. Que eu me sentia sozinho e um vazio tão grande...

Aquele vazio...

Foi então que senti algo quente em meu rosto.

Lágrimas.

Lágrimas rolando soltas por minha pele.

- O...o que...? - Tentei dizer.

- K-kurapika?

- … - Não conseguia dizer nada.

E, com o céu já estrelado sobre nós, ouviu-se meu uivo de dor por entre as montanhas.

Mas então, senti braços fortes ao redor de mim.

- K-kil...?

- Chega, Kurapika. - senti sua respiração forte em meus ouvidos – Eu...não sou bom com essas coisas. Eu...não sei o que te dizer...mas...se quiser, eu matarei todos eles...todos. Aqueles que te fizeram mal, eu matarei. Eu não quero te ver chorar eu...

Mais uma vez, fiquei calado. Mas o abracei forte também.

- Eu...não sei como é sentir algo...eu...não sei nada. Mas Kurapika...você...você...

Afastei o rosto para vê-lo melhor, os grandes olhos azuis felinos me olhavam brilhantes em meio a face corada.

Esse sentimento...

Passei a mão por seu rosto, por sua pele macia. Ele corou mais ainda, mas mantinha sua postura rígida, como se quisesse parecer mais forte. Ele começou a aproximar-se, e eu sentia que tremia. Sorri e, depois de muito tempo, senti meu coração aquecido.

Então fui surpreendido – seus dedos tocaram de leve meus lábios, e sua expressão ficou séria. Senti meu rosto esquentar, e ele rapidamente aproximou-se e beijou-me. Apertou forte seus lábios contra os meus, como num ato de desespero. Franzi o rosto, surpreso.

Meu coração acelerou.

Mas logo ele afastou-se, ficando de pé.

- Você...não está sozinho. Baaaka. - Ele disse, virando o rosto, se afastando depressa.

Observei-o desaparecer por entre a floresta.

E, no repentino e breve silêncio, ouvi alguma coisa virar dentro de mim. Talvez, talvez...

Talvez fosse apenas a minha alma.

“...Arigato, Killua...”


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