Em Minhas Memórias escrita por Mary e Mimym


Capítulo 6
Tentativa de reconciliação ou não.


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo õ/, eu sei que demorei para postar, mas... Estou com criatividade de 0%, então fica complicado... E eu gosto de escrever algo que agrade, não qualquer coisa. Achei-me na obrigação de esperar um pouco de criatividade para escrever u.u, enfim, boa leitura!!



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Pensei em fechar a cortina da janela, voltar para o sofá e me sentir o maior covarde do mundo. Mas eu não fiz isso. Respirei fundo, eu deveria falar com ela, eu vou falar com ela!

Dei mais uma olhadinha na brecha da janela e vi que Elesis ainda estava na porta. A chuva caía como se não houvesse o amanhã. Abri a porta, ela me olhava com esperança em seus orbes vermelhos, não iria desapontá-la agora. Não mais...

As lembranças retornaram a minha mente como uma pancada forte. Não poderia fraquejar, a chuva começou a encharcar-me. Com certeza eu teria consequências por isso, uma gripe no mínimo.

Não me importei, Elesis estava ali me esperando, não tinha imagem mais perfeito, era como se o sol brilhasse depois de uma tempestade. Mas eu senti algo diferente, sei lá, seus olhos estavam misteriosos, indiferentes... Não posso culpa-la, passamos três anos longe depois de nos despedirmos de forma rude, não seria um encontro normal.

Apressei os passos, cheguei a sua frente, o meu coração parecia querer rasgar minha pele e soltar como tivesse sido libertado.

–Vai falar comigo agora? – Ela cruzou os braços.

–Claro, até porque não saí de casa para tomar um banho de chuva. – Brinquei.

Elesis permaneceu séria. Ela não sabia que eu tinha a imunidade baixa, ou seja, poderia ficar doente facilmente, mas também não fiz questão de contar. Tanto tempo sem nos vermos e eu falaria logo que poderia ficar doente se continuasse do lado de fora? Nada disso.

–Então... – Puxei assunto – Eu queria pedir desculpas por tê-la deixado... – Fui interrompido.

–Você só sabe falar isso! Só sabe pedir desculpas! Ronan, faz tanto tempo que não nos falamos, e você... Argh! Por que aconteceu aquilo? Por que você me deixou?

–Ou, ou! Eu venho aqui tentar falar com você e sou o culpado de tudo ter acontecido?

Fiquei intrigado, fala sério! Tomei coragem para conversar com ela e nem um “Oi” eu recebo direito. Tá certo que eu a deixei sozinha quando ela tentou começar uma conversa comigo a um tempinho atrás, mas ficar me culpando e questionando o que ela já sabe é sacanagem.

–Você tem culpa sim! Deixou-me sozinha, não se preocupou comigo, quebrou nossa promessa! E a amizade para sempre? Hein? Não se lembra disso?

A chuva fez com que meu cabelo escorregasse em meu rosto, afastei os fios e a encarei, não estava acreditando naquilo. A culpa parecia ser o único sentimento que eu tinha, mas não era para eu me sentir assim... Não era...

–Elesis, olha o que você está dizendo, eu sempre me preocupei com você, sempre! No dia em que nos despedimos não foi para ser o fim da nossa amizade, moramos na mesma rua, somos vizinhos, praticamente. Eu fiz de tudo para manter nossa amizade, eu ia à sua casa, mas você criou um muro, no qual eu não tinha forças suficientes para destruí-lo. Elesis, não posso concordar com seus questionamentos, eu não a abandonei, mas teve um momento que eu cansei de ser deixado de lado, de ser ignorado. Agora, eu posso falar que você não se preocupou comigo, você fez mesmo que a nossa amizade de infância fosse apagada...

Abaixei o rosto ao terminar, acabei pondo tudo para fora, o nó que estava preso em minha garganta. Senti um alívio e um aperto no coração ao mesmo tempo, fiquei confuso. Será que não era para eu ter dito isso?

Agora já era... A ruiva me olhava incrédula, meu tom de voz estava mais sério, mas tive que me manter firme.

–Você tem razão... Eu também errei. Nossa amizade ficou apenas no passado... E mesmo assim, ele foi apagado como você disse. É como se fossemos completos estranhos. – Elesis abriu a porta da sua casa e entrou.

Eu olhei para frente e só me encontrei com o vazio em meio a chuva, pobre chuva... Que tentava escorrer todo o sentimento de tristeza que eu tinha em mim, mas eu estava inundado pela tristeza, era difícil tira-la toda de mim.

Olhei para cima e senti os pingos grossos da água em seu estado líquido, senti meu corpo pesar, a única coisa que me restava fazer era voltar para casa, eu não poderia chamar a Elesis, chega de ser ignorado.

É como se fossemos completos estranhos.”, essa frase ecoava em minha mente enquanto eu entrava em casa, Fiquei me perguntando se fiz certo em ter ido falar com ela...

–Ronan! – Minha mãe me chamou e eu voltei para a realidade – Não acredito que estava lá fora!

–Desculpa. – Disse, sem me importar muito.

–Você quer voltar ao hospital? É isso? Sabe muito bem que não pode ficar na friagem, meu querido.

Mesmo brigando comigo, minha mãe era carinhosa e tinha toda razão.

–Não farei mais isso, eu só... – Preferi não dizer nada – Eu vou me trocar logo.

–Tá bom... Farei um chocolate quente.

Sorri ao ouvir “chocolate quente”, naquele frio seria perfeito para melhorar meu ânimo. Fui para o meu quarto, peguei outra roupa para vestir. Quando entrei no banheiro, comecei a tossir. Mas não me importei muito. Mais um erro que eu cometi.

Flashback ON

“-Tia. – A chamei.

–Fala, Ronan, o que houve?

–Eu deixei o presente da Elesis na mesinha, o embrulho era vermelho com estrelas, a senhora o viu?

–Sim.

Sorri feito bobo com a resposta dela.

–Obrigado, tia. Pensei que tinha perdido o presente.

–Não, meu anjo, eu coloquei dentro da caixa de presentes.

O desespero me tomou de novo. Eu não tinha posto meu nome no presente, pois planejei de eu mesmo entregar a ela.

–Tia, tem como a senhora dizer a Elesis que aquele presente era... – Fui interrompido por alguém que foi falar com a mãe da ruiva.

–Ronan, depois você fala, tá?

–Ok... – Saí dali e sentei no sofá derrotado. – Agora ela nunca saberá que o presente era meu...

Elesis se aproximou de mim e eu logo desfiz minha tristeza, sorrindo para ela.

–Vem, os meninos estão brincando lá fora, vamos brincar com eles. – Elesis me puxou e eu fui.

A festa foi bem divertida, até esqueci o presente. Um erro grande da minha parte.”

Flashback OFF

Essa lembrança apareceu tão repentinamente que me espantei por recordar desse dia.

Saí do banho, me sentindo bem melhor, nem parecia que havia tido aquela conversa com a Elesis. Terminei de me arrumar e desci para a sala, tive uma grande surpresa.

–Nossa mãe, você caprichou, hein... – Disse admirando a mesinha da sala que tinha uma bandeja em cima com um copo de chocolate quente, sonho e um pedaço de bolo de cenoura.

Sei não... Mas acho que minha mãe quer me engordar. Sentei-me no sofá e, quando fui pegar o copo de chocolate quente, minha mãe deu um tapa na minha mão.

Resmunguei com um pouco de dor, só para dramatizar e a olhei indignado.

–Isso é para o seu pai, não para você. O seu está na cozinha.

Continuei a encarando sem acreditar no que dissera, aquela maravilha de visão de uma bandeja cheia de guloseima era apenas ilusão para mim. Afinal, alegria de adolescente é como de pobre, porque dura fração de segundos. Depois de um tempinho, minha mãe começou a rir de mim.

–O que foi? – Perguntei abismado.

–A sua cara foi ótima, filho. – Ela deu uma pausa – O que eu preparei para você está tão bom quanto do seu pai.

Assim que minha mãe terminou de falar, a porta se abriu e meu pai entrou.

–Não morre tão cedo. – Brinquei, me levantando para ir à cozinha.

–Estavam falando mal de mim, é? – Perguntou ele num tom humorado.

Fiquei, de pé, olhando meu pai e minha mãe, com tantos problemas que eles enfrentaram e podem enfrentar, estão sempre unidos e felizes. Percebi que tinha de fazer algo para mudar minha vida, preciso ser feliz como meus pais são.

–Tudo bem, Ronan? – Indagou meu pai.

Acordei do meu pequeno devaneio.

–Ah! Sim, está tudo bem. – Caminhei até a cozinha e vi em cima da mesa o meu copo de chocolate quente, finalmente pude desfrutar de algo doce nessa vida amarga.

A noite não tardou para chegar, fui dormir, pois senti minha vista pesar; estranhei. Era como se eu estivesse ficando gripado, ou algo assim. O cansaço tomou conta do meu corpo e eu cedi ao sono.

O celular despertou e eu não queria acordar, acho que isso é bem comum, afinal, estou acordando cedo para ir à escola, ninguém merece...

Escola... Possibilidade gigantesca de encontrar com Elesis... Espero ter o prazer de passar um dia sem vê-la. Um dia não, o resto da semana!

Tomei essa decisão recentemente. Já que não conseguimos resolver nossa situação, então que permaneça como está e sem contatos visuais, de preferência.

Eu sei que é errado, mas... O que eu posso fazer? Tentar, tentar, tentar, ser ignorado, tentar de novo, tentar mais uma vez e não ter sucesso em minhas tentativas, é isso? Não! Não se reconstrói uma amizade em que ambos não se deem bem. É complicado e vai se tornando cada vez mais impossível.

Parei de pensar um pouco nisso tudo, nessa confusão toda e olhei para a janela. Ainda chovia, o que me fez querer ficar mais tempo na cama. Mas minha mãe começou a me chamar e eu tive que enfrentar a realidade.

Levantei-me da cama e senti uma leve tontura. Coloquei a mão na cabeça e me sentei na beirada da cama.

–O que foi isso? – Questionei a mim mesmo.

–Vamos, Ronan! Não quero que chegue atrasado à escola! – Gritou minha mãe, fazendo minha cabeça latejar um pouco de dor.

Levantei-me de novo e fui me arrumar, tomei banho e deixei a água quente escorrer bem em minha cabeça, para ver se a dor parava. Não é que deu certo?

Como eu já estava pronto, desci e nem tomei café, estava sem fome. Ouvi minha mãe reclamar que eu não havia comido algo e que estava saindo em jejum de casa. Não liguei, fui andando calmamente para a escola. Minha companheira, a chuva, se misturava com a melodia da música que eu ouvia.

Cheguei à escola e vi Arme conversando com a Lire, não sabia se invadia a conversa delas ou se ficaria em algum canto esperando o sinal bater... Enquanto em pensava, alguém me cutucou.

–Ei, Ronan. – A pessoa me chamou e eu a olhei.

–Bom dia, Ryan, o que foi?

–Nada... Eu só queria te chamar para sentar com a gente.

Olhei para saber quem mais estava com o Ryan. Não gostei muito do que vi. Nem um pouquinho...

–Vamos ou não? – Perguntou ele, impaciente.

–Ér... Eu acho melhor...

–Vamos logo. – Ryan deu as costas e foi se sentar com os garotos.

Senti-me na obrigação de segui-lo. Ainda sou novo na escola, é melhor eu me agrupar, né? Eu acho... Dei mais uma olhada para a Arme, ela me olhou e acenou.

Fiz um jogo de olhares e indiquei que estava indo sentar com o Ryan, minha baixinha entendeu e sorriu, voltando a conversar com Lire.

–Bom dia. – Disse me aproximando de Ryan, mas não fui respondido por nenhum dos meninos. Achei uma falta de educação da parte deles, mas preferi não questionar.

Eles ficaram me encarando, tentei pensar em algum assunto, mas a única coisa que vinha em minha mente era “Tá chovendo muito, né?”, mas achei que era muito idiota eu falar isso, então permaneci calado.

–Ronan, não é? – Perguntou a pessoa que eu pensei que nunca dirigiria a palavra a mim.

–S-sim. E você é o Lass, né?

–Sou.

–Sua namorada ainda não chegou, Lass? – Perguntou Ryan.

Não sei por que, mas o Lass olhou diretamente para mim depois da pergunta, desviei rapidamente meu olhar do dele, aquilo estava ficando tenso.

–Não, ainda não. – Lass se levantou e me encarou – Depois, na hora do intervalo, quero ter uma conversinha com você, combinado?

Ryan fez menção de que iria rir, não entendi, até porque aquele momento não estava nada engraçado.

–Tá... Ér... Tudo bem. - Respondi.

Logo depois, Lass se retirou. O que aquele garoto queria comigo? Olhei para Ryan e o mesmo estava rindo.

–Ficou com medo, cara? – Perguntou ele.

–O que?! Fala sério... Eu só... É que eu não o conheço, fiquei surpreso, só isso.

–Se você diz...

O sinal tocou, eu e Ryan fomos para a sala. Durante o percurso fiquei pensando que era melhor eu não ter vindo para a escola. Bem que meu corpo estava querendo ficar na cama, agora eu vejo que deveria obedecê-lo. “O que o Lass quer comigo?”, essa pergunta não saía da minha cabeça.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Qualquer erro é só avisar XD.



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