For Amelie - 2a Temporada escrita por MyKanon


Capítulo 12
XI - Sogros, a missão


Notas iniciais do capítulo

Beta-reader: Keli-chan
Música: Bu De Bu Ai (Wilber Pan)



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_ Ah, me desculpe por isso Mel... - disse, tirando o objeto da minha mão.

Atirou-o no cesto de lixo ao lado da mesa do computador.

Baixei os olhos para o carpete felpudo. Isso significava que até aquele momento ele mantinha lembranças da ex.

_ Ah, não... Você não tá achando que eu deixei aí não é?

Ele me puxou pela mão até um banco ao pé da cama dele e nos sentamos. Só então notei que era muito grande para ser de solteiro.

_ Foi coisa do monstrinho... Eu já me desfiz de... De tudo que não vou mais precisar.

_ Não, tudo bem.

_ Me desculpa mesmo Mel... Não significa nada. Você sabe como é, não é mesmo?

Estaria ele se referindo ao meu caso com o Thiago? Nunca chegou a ser uma relação que merecesse lembranças.

 

Tian tian dou xuyao ni ai
Eu necessito do seu amor diário
Wo de xinsi you ni cai
Eu o deixarei supor o que estou pensando
I love you wo jiu shi yao ni rang wo mei tian dou jingcai
Eu quero dizer "eu te amo" todos os dias
Tian tian ba ta gua zuibian Daodi shenme shi zhen ai
O que é exatamente o amor verdadeiro?
I love you Daodi you jifen shuo de bi xiangxiang geng kuai
Quanto você me ama realmente? Suas palavras são mais rápidas do que eu posso imaginar

 

_ Sim.

_ Com licença... - pediu uma mulher batendo no batente.

Era um pouco mais baixa que o Aquiles e bem esbelta. Tinha um corte de cabelo no estilo chanel, com delicados cachos dourados.

Não foi dela que o Aquiles herdou os olhos, pois estes eram cor de mel.

_ Oi mãe.

_ Está pronto. Você deve ser a Amélia Cristina. - comentou adentrando o quarto e vindo na minha direção.

Tentei decifrar a expressão dela. Embora estivesse sorridente, seus olhos não acompanhavam o sorriso.

_ Sim, prazer, dona Lívia.

Cumprimentou-me com um beijo no rosto e pediu:

_ Por favor, sem o dona.

_ Hum-hum.

Ela afastou-se e continuou nos observando. Como se checando se combinávamos. A meu ver ela chegou a conclusão que não, mas eu estava muito nervosa, e tudo parecia estar indo contra mim.

_ Bem Aquiles, vamos? O bolo está uma delícia. Espero que goste de bolo de fubá cremoso, Amélia Cristina.

Àquela altura, eu estava gostando de qualquer coisa.

_ Sim. Gosto.

Eu segui o Aquiles até a copa e nos sentamos num balcão que a separava da cozinha. A mãe dele sentou-se do outro lado, e a irmã dele, por sua vez sentou-se ao lado dela.

_ Prefere que eu te sirva? - ela perguntou sem me encarar.

_ Ahn, não, tudo bem. - afinal eu não sabia se ela estava sendo gentil, ou mordaz.

Peguei um pedaço minúsculo apenas para não fazer desfeita, pois meu estômago tinha dado um nó. Cego.

Um silêncio incômodo pairava sobre a mesa e eu não sabia o que fazer. Seria possível que se tratassem assim todos os dias?

_ O Aquiles me contou que está se dedicando à carreira de modelo... - comecei dirigindo-me à irmã dele.

Mas depois achei que fosse melhor tentar a sogra...

_ É. Estava. Afinal, perdi minha madrinha.

“Que tal se formar? Não seria muito melhor?” Mas preferi não ser ousada.

_ Mãe, dá um jeito na sua filha? - pediu o Aquiles.

_ Não comece Íris. Está parecendo uma criança! Você sabe que pode ver a Daphne a hora que quiser.

Pronto. Agora o nó começava a subir.

_ Contanto que seja bem longe daqui. - acrescentou o Aquiles servindo-se de outro pedaço de bolo.

_ Oras filho, isso não quer dizer que você vai cometer os mesmos erros novamente. Você confia nele, não confia Amélia Cristina?

Ela queria dizer que eu era um erro? Ela queria saber se eu confiava que ele não cometeria comigo o erro que cometeu com a Daphne?

 

Shi women ganqing fengfu tai
Nossas emoções são demasiadas e muito ricas?
Kangkai haishi you shangtian anpai
Ou isto é uma pré-acusação de Deus?
Shi women benlai jiushi na yi pai haishi
Nós fomos significativos pra os outros?
Shebude tai guai
Ou nós exatamente não podemos ser bons o suficiente?


Senti meus olhos arderem, mas lutei para manter a voz firme:

_ Confio. Afinal, a lição que aprendemos ao errar é mais eficaz que as teóricas.

_ Nesse caso, eu deveria ser melhor que você em química, não? - brincou o Aquiles.

_ Mas está melhor que antes, não é? - “como quando estava com a Daphne, dona Lívia.”

Ele respondeu com alguma outra brincadeira, mas eu já não estava mais ouvindo. Será que ele não percebeu que eu não estava agradando a nenhuma das duas? E que nenhuma delas estava me agradando?

Eu sorri e concordei vagamente com alguns outros comentários que eram feitos, mas sem participar efetivamente. Só queria ir embora.

 

* * *

 

_ E então, gostou do bolo? - ele perguntou abraçando minha cintura assim que embarcamos no elevador.

Suspirei fundo e quase deixei escapar minhas neuroses.

_ Sim, uma delícia.

_ E de novo eu queria pedir desculpas. Minha irmã e eu não estamos na nossa melhor fase.

_ Notei.

_ Segunda vez que te peço desculpas hoje. Sinal que estou cometendo muitos erros, não é?

Oh, por Deus... Como eu poderia atribuir alguma culpa a ele?

_ Não, claro que não. Foi apenas uma série de... Infortúnios. Pronto. Foi isso.

_ Infortúnios, han... Ah, Mel...

_ Sim?

_ Sabia que você é perfeita?

_ Não, não sabia. E mais: sou obrigada a discordar.

Encarei-o através do espelho. Ele contornou a linha do meu rosto com um dedo, e perguntou:

_ Lembra que você disse que a ideia de juízo perfeito era subjetiva?

_ Ahan. - confirmei apenas me concentrando nas carícias dele.

_ A ideia de perfeição também. Uma vez que essa ideia depende do seu juízo, não concorda?

Soltei uma risada enquanto dizia:

_ E você sabe o que é “subjetivo” também, não sabe? O que é para você, pode não ser para mim.

_ Claro. Portanto, respeite minhas ideias. Você é perfeita, e não se fala mais nisso. Minha musa.

_ Uau... - comentei divertida – Não sabia que era amante das artes.

_ Você não viu nada.

Infelizmente o elevador apitou, informando que chegamos no nosso destino.

Ele me acompanhou até o ponto de trólebus, me fazendo esquecer o fiasco que fora nosso encontro.

 

Bude buai fouze kuaile conghe erlai
Comecei a amá-lo senão, onde posso encontrar minha felicidade?
Bude buai fouze beishang conghe erlai
Comecei a amá-lo senão, onde posso encontrar minha tristeza?
Bude buai fouze wo jiu shiqu weilai
O que procura eu não posso lhe ajudar a achar
Haoxiang bu youyi buneng ziui hen
Eu não posso ser eu mesmo e sentir que sou um perdedor
Shibai keshi mei tian dou guo de jingcai
Mas eu estou tendo um dia esplêndido, todo dia


Depois de entrar no trólebus, repassei mentalmente cada momento, tentando descobrir se eu estava paranoica, ou se realmente ninguém gostara de mim. E torci para estar paranoica.

_ Oi! - cumprimentou minha mãe surpresa quando abri a porta.

_ Oi.

Joguei a bolsa na mesa do telefone e sentei ao lado dela no sofá.

_ E então, como foi?

Cocei a cabeça.

_ Não sei não... Acho que não gostam de mim.

_ Vindo de você, não é surpresa. Acho que vou ligar para o Aquiles a fim de obter uma informação imparcial.

_ Com ele também não seria imparcial.

_ Tem razão. Então que tal eu ligar para a mãe dele?

_ Ótima ideia. Afinal, eu também quero saber.

_ Ora, vamos Mel! Não foi tão ruim assim!

_ Bem... O bolo estava muito gostoso.

_ Você tá merecendo uma palmada.

_ É sério mãe. A irmã dele gosta muito da Daphne, porque ela também quer ser modelo...

_ E com quer você vai namorar? Com o Aquiles, ou com a irmã dele?

_ Ah mãe... Eu queria ao menos me dar bem com a minha cunhada.

_ Não, essa parece não valer a pena. Conte-me dos pais dele.

_ O pai estava trabalhando... E a mãe parece que também não gosta de mim.

_ Ela também quer ser modelo?

_ Por favor mãe... Sei lá. Ela acha que o Aquiles errou em me namorar.

_ Não acredito que ela tenha dito isso.

_ Não disse. Insinuou.

Ela me estudou minuciosamente, coçando o queixo, então disse:

_ Hum... Não. Não confio no seu senso perceptivo, filha.

Ergui os ombros em sinal de desinteresse.

 

Shi na yi ci yuedingle meiyou lai rang
Houve uma vez que você não se mostrou acima
Wo ku de xiang xiaoha
E isso faz-me gritar chorando como um bebê
Shi women jizhe zhengming wo
Nós estamos muito ansiosos para provar que eu existo?
Cunzai haishi bu ai hui fadai baby
Ou é por isso que eu não gosto de olhar fixamente para o vazio?


_ Eu não queria te dizer para não atiçar seus fantasmas Mel... Mas venhamos e convenhamos... Esse relacionamento é mesmo problemático. Desculpa me intrometer filha, mas é fruto de uma infidelidade. Acho que foi a isso que a mãe dele se referiu.

_ Isso quer dizer que estamos errados?

_ Não foi isso que eu disse. Começou sim com um erro. Mas já foi consertado. Os familiares dele só têm que se acostumar. Agora... Me diz a verdade... O bolo da mãe dele é bom mesmo? Melhor que o meu?

Por que eu não podia ser como a minha mãe? A vida seria tão mais bela e fácil...

Pensando bem... Foi pelas minhas neuroses que o Aquiles se apaixonou. Não, estava de bom tamanho assim!

No dia seguinte ele me ligou e me convidou a voltar na casa dele, mas preferi esperar um pouco mais para repetir a dose. Acabamos não nos vendo, mas conversamos a tarde inteira pela internet.

Na segunda-feira entramos mais tarde, pois só fomos pegar as notas de química, e de quebra, assistimos a partida pela medalha de bronze no campeonato interclasses. Felizmente ele fechou o semestre com notas azuis. Raspando, porém conseguiu.

Eu não fechei com meu costumeiro dez, graças à nossa primeira prova onde fiquei com zero para ajudá-lo. Mas estava ótimo, se não fosse por isso, ele teria de frequentar algumas aulas nas férias.

Durante o resto da semana, só fomos à escola para nos ver.

Na sexta-feira teria o último jogo, a final tão esperada.

A Bia não apareceu, o que me deixou muito aliviada. A Thaís e a Camila estavam com seus respectivos namorados. Elas os apresentaram a mim, mas preferi não iniciar uma conversa. Era certo que queriam aproveitar o momento de outra forma.

Tinha muita gente, mais que na semi-final. Foi difícil encontrar um bom lugar para sentar.

Acabei ficando encostada numa mureta vaga e não fiz questão de procurar outro lugar mais confortável.

O jogo parecia acirrado e difícil. No intervalo, ele só me deu um rápido beijo e juntou-se aos colegas de time para discutir algumas táticas.

Torci para que a nossa sala vencesse, não pela turma, mas porque se não vencesse ele ficaria de mal humor, e eu gostava bem mais dele quando estava bem humorado. Observação insensível, essa.

Estava faltando menos de dez minutos para o fim do jogo, e continuava no zero a zero. Pensando por outro lado, um empate não era de todo ruim.

Enquanto me perdia em pensamentos, ouvi a turma começar a gritar, alguns incentivando, outros xingando, porém todos tensos. Também fiquei apreensiva, era um sentimento contagiante.

Faltava pouco para o Aquiles fazer o tão esperado gol. Muitos outros iam correndo atrás dele, alguns do time, outros não. E finalmente só restava ele e o goleiro do time adversário. Eu estava mesmo ficando craque em futebol...

A gritaria já estava me incomodando... Eles não poderiam simplesmente assistir ao que iria acontecer em silêncio?

Foi enquanto eu, irritada, observava a multidão barulhenta que o time da nossa sala sofreu um pênalti. E tinha que ser justamente sobre o Aquiles.

Não cheguei a ver o que aconteceu exatamente, só vi que ele estava caído no chão, reclamando muito com as mãos sobre o tornozelo. Mas ninguém parecia se importar muito, pois o gol tinha saído.

Enfim notaram que meu namorado havia se machucado, e o ajudaram a deixar a quadra entre comemorações, e xingamentos da outra equipe.

Depois de me certificar que era seguro me aproximar, corri até ele que mancava apoiado em um colega.

_ Aquiles! O que houve?

_ Não é nada! Só torci o tornozelo, mas daqui a pouco já está melhor! Você viu só? Eu marquei, Mel!

Pro inferno com o gol! Eu estava era preocupada com o pé dele, mas isso parecia estar em segundo plano. Os colegas o deixaram comigo e voltaram para o jogo.

Depois de muito tumulto para que o time adversário aceitasse a cobrança de pênalti, um dos nossos colegas chutou e acabou marcando outro gol.

As pessoas começaram a gritar e assoviar. Algumas cantavam, outras falavam palavrões. O Aquiles bem que tentou comemorar, mas a dor o estava incomodando.

_ Que droga Aquiles... Você vai ter que ir a um médico. - comentei entre as gritarias.

_ Que nada. Algumas pedrinhas de gelo, e vai ficar melhor que antes!

Preferi não discutir, afinal, ele esperara tanto por essa porcaria de vitória...

A comissão organizadora do campeonato distribuiu as medalhas para todos os integrantes do time, e eu achei engraçado o Aquiles mancando de um lado a outro.

Depois de finalizada toda a algazarra, eu o ajudei a subir as escadas da quadra para irmos embora.

Ele ligou para o pai pedindo que viesse buscá-lo e fiquei lhe fazendo companhia.

_ Está inchado. - informei.

_ Não é nada. Senta aqui comigo vai...

Eu estava realmente preocupada, mas dava para aguentar. Me aconcheguei nos braços dele enquanto esperávamos pelo seu pai.


Hui bu hui you yidian wunai
Será um pouco de tristeza?
Hui bu hui you yidian tai kuai
Isso é um pouco mais rapido?
Keshi ni gei wo de ai
Mas o amor que você me dá
Rang wo yangcheng le yilai
Me deixa desenvolver o habito da dependência
Xinzhong chongman ai jiepai
Encher o coração com o ritmo do amor


Passados alguns minutos, um carro aproximou-se e manobrou perto da portaria. Com uma sala daquelas, não era de se admirar que o pai dele quisesse ostentar um carro elegante também...

Ajudei-o a se levantar e nos aproximamos da porta do passageiro.

_ Oi, não tivemos a oportunidade de nos conhecer antes, não é mesmo?

Acabei me assustando com a aproximação silenciosa do pai dele, me xingando em pensamento por não ter pensado num texto para essa ocasião.

 

Continua


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