Finalmente seus lábios tocaram os meus. Minha barriga se encheu de borboletas. Nossos lábios se moviam em perfeita sintonia, e ele pressionava meu corpo cada vez mais contra o seu. Tanto que já não era mais justo chamar-nos de duas pessoas, agora nossos corpos estavam totalmente juntos, fundidos um ao outro. Estávamos em perfeita harmonia, tão próximos que eu sentia quase como se ele pudesse ler todas as minhas emoções e visse versa. Ficamos assim, fundidos um no outro e nos beijando com tamanha intensidade para um "primeiro beijo" até que a porcaria do oxigênio faltasse. Leo ainda segurava-me pelas costas e pela cintura e eu fitava seus olhos azuis e intensos. Lindo.

Ouvi a tranca da porta se abrindo do lado de fora de casa e subi as escadas correndo. Troquei de roupa, colocando a primeira coisa que vi no armário, ainda sentindo a sensação do beijo de Leo.

Coloquei meus fones de ouvido. Meu cabelo estava bagunçado, minhas unhas estavam horríveis, com o esmalte tirado com minhas próprias unhas e um rastro de olheiras ficavam sob meus olhos. Olhei para minha imagem patética no espelho e desci as escadas, encontrando Rosa arrumando a mesa para o almoço.

– Oi Rosa!

– Ah, olá querida. Eu... eu posso te perguntar uma coisa?

– Claro... - Eu respondi, sem prestar muita atenção.

– Aonde você e Leo foram ontem a noite? - Ela disse, e eu senti um choque percorrer todo meu corpo.

– Co-como assim aonde nós fomos? Estamos de castigo, lembra? - Eu disse, escondendo o rosto para que ela não notasse nenhum rastro de mentira.

– Ah, Luana. Por favor não minta para mim. Você sabe o que aconteceu ontem, não sabe?

– Como assim o que aconteceu ontem?

Ela parou de arrumar a mesa e olhou diretamente para mim, com aqueles olhos pretos assustadores, que não combinavam com a "meiguice" de Rosa.

– Luana, por favor, eu tenho certeza que você sabe. Como foi que Leo conseguiu aquele olho roxo? Foi ontem a noite, não foi?

– Por que você não pergunta para ele?

– Eu já perguntei, mas ele se trancou no quarto sem me responder! Céus, Luana, eu sou a mãe dele!

– Nós juramos não falar nunca mais nisso...

– Luana, você pode confiar em mim. Pelo amor de Deus, eu estou preocupada! Eu sou a mãe de Leo, você precisa me contar! - Ela disse, me levando ao sofá e sentando-se de frente para mim.

– Você vai contar para o meu pai? - Perguntei, quase suplicando-lhe com os olhos.

– Bom... Se eu achar que ele realmente precisa saber, eu serei obrigada a contar, querida. Mas... talvez eu possa resolver sozinha. - Ela disse, dando um pequeno sorriso de canto. Minha cabeça estava a mil, pensando nas possibilidades, se eu realmente deveria contar, se seria melhor mentir ou contar a verdade de uma vez, e como ela julgaria. Será que ela contaria ao meu pai?

– É que... sim, realmente foi ontem a noite. Leo me convidou para ir na casa de um amigo, onde teria uma festa. - Eu falei, escolhendo com cuidado as palavras. - Então eu fui... dançar um pouco e, bem, um cara se aproximou. Ele... ele tentou me agarrar. - Eu dizia, segurando uma lágrima. - Aí o Leo viu e foi me defender. Leo deu um soco no cara, mas ele revidou. - Eu completei, enterrando o rosto em minhas mãos. - Me... me desculpe! Foi tudo culpa minha!

– Oh! Querida você não tem culpa, eu... Eu sinto muito. - Rosa finalmente falou, e eu a olhei. Estava com uma expressão de verdadeira preocupação. Ela me abraçou, envolvendo os braços ao meu redor e eu sentia-me como uma criança de cinco anos que acabara de cair de bicicleta e ralado o joelho.

– Você... você vai contar para o meu pai?

– Querida, só... só se você quiser. - Rosa disse, dando um pequeno sorriso de canto. Eu soltei um suspiro de alívio e sorri.

– Eu... eu não quero, obrigada. Então - eu falei, levantando-me do sofá - nada disso aconteceu, certo?

– Ahn, claro! Nada disso aconteceu. - Respondeu Rosa, levantando-se também e piscando para mim. - Só mais uma coisa. Querida, eu confio em você, você pode só cuidar para que Leo não se meta em mais uma confusão?

Eu ri por dentro.

– Ahn, claro!

– Aliás, falando em Leo, você pode chama-lo para almoçar por favor? Eu fiz escondidinho de carne!

Opa, ela disse escondidinho de carne?

– Ok!

Subi as escadas e bati um pouco apreensiva na porta do quarto de Leo, afinal, eu ficara meio (lê-se totalmente) balançada com aquele beijo, mas... Havia sido só um beijo, não? O que será que Leo estava pensando?

– Que merda mãe, me deixa! - Gritou Leo, de dentro do quarto.

Abri uma fresta da porta, apenas o suficiente para que ele visse que era eu. Leo estava deitado na cama, escutando música pelos fones.

– Ah, desculpa Lu, Entra aí.

Eu não entrei, apenas abri o restante da porta.

– Rosa pediu para que eu te chamasse para o almoço. E... bem, ela não vai mais falar nada sobre você-sabe-o-que.

– Como... Como assim? Ela não vai mais perguntar nada? Nem comentar com o Marcos nem nada assim?

Eu fiz que não com a cabeça, sorrindo.

Leo levantou-se da cama, se aproximando de mim com um sorriso malicioso.

– Você tem certeza que precisamos descer? - Ele disse, me beijando e me arrastando para sua cama. Parecia que eu não tinha muito com o que me preocupar. Logo eu estava sobre ele, apoiada na cama pelos cotovelos.

– Sim, eu tenho certeza. - Eu disse, dando um selinho, provocando-o. Desci as escadas correndo, pouco me preocupando se Leo vinha atrás de mim.

Fui até a mesa, onde Rosa servia os copos com um suco do qual eu não conseguia identificar o sabor.

– Espero que gostem! - Disse ela, sorrindo e sentando-se na mesa. Eu sentei-me também e logo Leo sentou-se do meu lado.

Realmente, o escondidinho de carne que Rosa havia feito estava muito, muito bom. Quase tão bom quanto o de minha mãe. Quase.

Terminamos o almoço e eu recolhi os pratos, levando-os para a pia e já lavando-os. Rosa ofereceu-se para lavá-los mas eu recusei. Assim, ela despediu-se de mim e do filho e saiu de casa rumo ao super mercado para fazer as compras do mês.

Leo abraçou-me por trás e eu assustei-me. Virei-me para ele, sujando seu nariz com espuma de detergente.

– Ei! - Leo disse, e me deu um beijo rápido, sujando também o meu nariz, de propósito. Eu sorri e Leo me beijou novamente, dessa vez, mais demoradamente. Eu gostava daquela sensação que preenchia meu corpo, uma de minhas mãos brincava com seus cabelos enquanto a outra repousava em sua nuca. Eu soltei meus lábios dos de Leo, ainda segurando em sua nuca e ele, minha cintura. Eu fitava aqueles seus olhos azuis. Ah, aqueles olhos... pareciam realmente o oceano, com ondas vibrantes que me hipnotizavam. Pisquei algumas vezes, saindo do transe e reparei em uma mão boba que descia de minha cintura. Ainda a tempo, dei um tapinha nela, que foi rapidamente recolhida.

– Tenho que terminar de lavar a louça. - Eu disse, limpando o nariz, dando um selinho em Leo e virando-me novamente para a pia.

– Hm, ok... - Leo respondeu, não muito animado, e pegou um pano de prato sei-lá-de-onde, secando a louça. Limpamos tudo, e Leo jogou-se no sofá, ligando a Tv. Eu estava subindo as escadas, rumo ao meu quarto e meus livros, quando Leo me chamou:

– Ei, aonde você pensa que vai?

– Vou terminar meu dever de Física, ué.

– Ah não! Você pode deixar de ser nerd pelo menos uma vez?

– Eu já matei aula com você hoje, ué. E eu não sou nerd! - Protestei.

– Ah, fala sério, fica aqui comigo um pouco, depois você termina seu dever de Química.

– Física.

– Tanto faz. - Ele revirou os olhos, me puxando para o sofá com ele e me beijando. Ele deitou-se no sofá sobre mim ainda com os lábios nos meus. Suas mãos desciam de minhas costelas e repousavam em meu quadril, enquanto uma de minhas mãos brincava com seus cabelos e a outra segurava sua nuca.

Trimmm!

O telefone tocava. Leo ignorou, mas eu o empurrei para o lado rindo de sua expressão e me encaminhei ao telefone.

– Alô?– Atendi.

– Oi, Lu? É a Nanny!

– Ah, oi Nanny! Tudo bem?

– Sim, eu estou ótima! Mas e você? Reparei que você e o Leo não vieram na aula hoje... - Senti um tom malicioso na última frase dita por Nanny. Revirei os olhos.

– Ah, não vai pensar besteira! Eu to bem, é que perdemos a hora hoje, então eu e Leo só demos uma volta por aí e também demos um pulo lá no hospital para ver o Rafa.

– Ah, então ta né... haha, mas é o seguinte, vai estar todo mundo aqui em casa hoje. O Gabriel, a Mila, o Dudu... e mais alguns aí, queria saber se você e o Leo não queriam vir...

– Vai ser tipo... uma festa ou o que? - Perguntei, sentindo meu estômago se revirando com a lembrança de minha última festa...

– Não, não vai ser bem uma festa, é só uma tarde com os amigos! Nem vai ser tanta gente.

Senti as mãos de Leo na minha cintura e seus lábios em meu ouvido.

– O que foi? - Ele sussurrou e eu me senti arrepiar. Empurrei-o e continuei falando com a Monique.

– Vish, você nem sabe da última! Eu realmente queria ir mas meu pai me deixou de castigo! Pois é, não podemos sair de casa essa semana... - Eu disse, ignorando Leo.

– Ah que pena, então... - Ouvi uma voz, provavelmente a de Gabriel ao fundo– Isso, boa ideia mô! - Espera, mô? A Monique chamava o Gabriel de mô quando não estava com a gente? hahaha, ela que não saiba que eu escutei...– Então Lu, é o seguinte: Se você não pode ir à festa, traga a festa até você! - Concluiu Nanny, animada.

– Mas você disse que não era fes...

– Você entendeu! Estaremos aí 15:30, ok?

– Mas meu pai...

– Podemos levar biquínis?

Suspirei.

– Claro... - Respondi, não muito animada.– Pode pelo menos me dizer quem mais vai vir?

– Ok. Vou eu, o Gabriel é claro, o Dudu e a Mila, um amigo nosso chamado Douglas e mais um casal que também são nossos amigos: a Sarah e o Vinícius. Posso confirmar com a galera que vai ser aí?

– Ok...

– Ótimo! Então, até logo! Beijos, Lu!

– Beijo.

Monique desligou.

– O que foi, Lu?

– Só uma galera aqui em casa daqui a... - Olhei no relógio - Meu Deus! Daqui a uma hora! Eu tenho que me arrumar!

– Ta, só me diz quem vem! - Disse Leo, meio assustado.

– A Nanny, a Mila, o Dudu, o Gabriel, um tal de Douglas, e um casal, se eu não me engano é Sara e... - puxei o nome da cabeça. Céus, esqueço as coisas muito rápido! - Vinícius! É isso!

– Ah, ok, então. Vou tomar um banho.

– Ok, eu também.

Subimos as escadas ambos correndo, quase nos atropelando e eu entrei em meu quarto, já tirando a roupa e entrando no chuveiro. Tomei um banho rápido, me vesti, sequei os cabelos bem rápido e passei um rímel a prova d'água e um gloss. Estava pronta. Olhei no relógio e ainda faltavam 15 minutos para a galera chegar. Uau, eu tinha conseguido.

Desci as escadas e dei de cara com Leo. Ele vestia uma bermuda e uma camisa branca, e seus cabelos molhados estavam bagunçados.

– Hei, não está achando essa saia meio curta não? - Ele falou.

– Cala a boca.

Chequei o estoque de refrigerantes, colocando dois no freezer e o restante na geladeira. Conectei uma playlist do meu celular nas caixas de som, dando um efeito bem legal. Coloquei as músicas um pouco mais calmas e em volume baixo, afinal, aquilo não era para ser uma festa. Quando estava terminando, Leo me puxou me dando um beijo. Fui pega de surpresa e quando nossos lábios se soltaram, reparei um brilho meio rosado nos lábios de Leo. Lembrei de ter passado gloss antes e ri dele.

– O que foi?

– Nada, ué. - Eu continuava rindo.

– Ei, é sério, o que foi?

– Olha isso - eu mostrei para ele a tela do meu celular (como se fosse um espelho) ainda rindo.

– Ah, que droga! - Ele falou, limpando a boca, mas ainda assim ficou meio brilhoso.

Retoquei o gloss e logo a campainha tocou. Fui atender a porta esperando ver Gabriel abraçado com Monique, mas o que vi, bem, era algo totalmente diferente.