Lucius, apesar de trabalhar com uma loja virtual, as vezes tem que tirar a bunda da cadeira e sair pra trabalhar. Era sexta feira, por volta das dez da noite. Ele voltou pra casa após ir buscar uns produtos que teria que entregar na semana seguinte, as luzes estavam apagadas, menos a da cozinha. Na verdade a luz que vinha da cozinha era estranha... Ou pior: Tudo era estranho! O fato de Reinald não estar trabalhando e Allinton não estar jogada na frente da TV, também as luzes apagadas e o silencio absoluto. Ele jogou as coisas no sofá e foi para a cozinha, o único lugar que parecia habitado. Logo quando entrou silenciosamente, seu olhar focou em seu amado Reinald sentado à mesa parecendo chateado, seu olhar sempre era atraído por ele, mas isso não vem ao caso. Logo em seguida ele começou a analisar o ambiente, não demorou muito para que visse de onde vinha a luz. Velas. Várias espalhadas sobre a mesa que por acaso estava coberta por uma toalha trabalhada e bonita que só era usada de vez em nunca. Tudo realmente bonito, senão fosse pela comida... Digamos que ela parecia ter saído de um incêndio após ser triturada.

- O que é isso? – Lucius perguntou ainda meio chocado com tudo aquilo. Reinald ainda não o tinha visto e meio que se assustou com a pergunta repentina. Ele se levantou meio desajeitado e sorriu meigo.

- Ah, Okaeri! – Reinald tratou de tirar a expressão chateada do rosto, sabia que era péssimo pra cozinhar e sabia também que Lucius gostava dele mesmo assim.

- Eu repito: O que é isso? – Lucius ignorou a recepção de Reinald. Estava realmente surpreso com aquilo. Não que os dois não fizessem jantares românticos, mas normalmente era Lucius que preparava... Os papeis estavam invertidos! Mas o “isso” que Lucius se referia também era a (quase) comida em cima da mesa... Ela era definitivamente um “ISSO”.

- Er, um jantar... – Reinald corou. Ele sabia que não estava lá essas coisas e a reação de Lucius ao entrar não tinha ajudado em nada. – romântico. Eu acho.

- Uma tentativa, só se for! – Como sempre, ele dizia o que vinha na cabeça sem pensar duas vezes. Ele analisou a comida. Sem duvida não era comestível.

- A intenção era boa... – Reinald respondeu ainda corado tentando se safar.

- Não dá pra comer a intenção! – Lucius rebateu. Dizendo novamente palavras sem pensar se estaria sendo grosseiro.

- Eu tentei! – Ele fez uma cara chorosa corando ainda mais. Era tão patético pra ele ter quarenta anos e não saber cozinhar. Mas Lucius nem estava mais pensando nisso, naquele momento, ele só consegui pensar em como Reinald estava extremamente fofo com aquela cara de cachorro sem dono. E isso lhe deu uma idéia...

- A Allinton está em casa? – Ele perguntou tirando o casaco e colocando sobre a cadeira. Tinha quase certeza que não, mas não custava conferir.

- Claro que não, - Lucius estava certo. – eu a despachei pra casa da Lauren...

- Ótimo! – Lucius riu deixando Reinald curioso sobre o que se passava na cabeça dele. – Assim posso descontar esse jantar horrível em você. – Ele se aproximou de Reinald com um sorriso malicioso.

- Falando assim até parece que você vai me castigar... – Por mais incrível que pareça, não havia malicia nem segundas intenções na frase de Reinald. Ele simplesmente estava acostumado com Lucius, mas ainda se surpreendia com as coisas que ele falava e fazia e por isso nunca tinha certeza do que esperar.  

- Um pouco... – Lucius tirou uma tiara com orelhas de gato de não-sei-onde.

- EU NÃO VOU USAR ISSO AÍ! – Reinald gritou ao ver aquilo. Realmente ele tinha um marido imprevisível demais!

- AH, VAI SIM! – Lucius rebateu e tentou por na cabeça de Reinald, mas ele segurou sua mão e o impediu.

- Não mesmo! – Era a coisa mais absurda do mundo Lucius querer que ele usasse aquela... COISA! – Alias, de onde voce tirou isso?

- Isso é o de menos! – Lucius não queria perder tempo respondendo aquilo. – PÕE ISSO AQUI! – Ele ordenou.

- NÃÃÃO! – NÃO, NÃO E NÃO! ELE SE RECUSAVA A PASSAR POR ISSO! – Sou um homem de quarenta anos, não vou por isso!

- Por favoooor! – Ultimo recurso de Lucius era fazer uma cara chorosa que Reinald nunca resistia. Claro que funcionou...

- ARGH! Ta bom. – Ele pegou a tiara e ficou girando em seus dedos até tomar coragem de colocar na cabeça. Não acreditava que estava fazendo isso. Queria que alguém lhe acordasse naquele momento e dissesse que tinha sido um sonho... Ou pior, um pesadelo.

- MEU DEUS, - Lucius deu um berro logo que Reinald colocou as malditas orelhas na cabeça. Ele estava envergonhado, o que o deixava mais perfeito – Você está TÃO fofo! Dá vontade de te morder! – E dava mesmo. Bom, pra Lucius dava...

- Ainda bem que você é um adulto com autocontrole e não vai fazer nada, né?

- Acredita mesmo nisso? – Lucius levantou uma sobrancelha e pôs as mãos na cintura. Tinha tirado as palavras da mente de Reinald. É CLARO QUE NÃO ACREDITAVA! Autocontrole é uma palavra que não consta no dicionário de Lucius.

- Não, só estou tentando criar esperanças. – Ele foi sincero. Lucius sorriu novamente.

- Não faça isso ou só vai se decepcionar! – Lucius LITERALMENTE pulou em cima de Reinald e o derrubou no chão. Ele caiu deitado sobre o loiro com orelhas de gatinho.

- AII! – Reinald reclamou. Não que tivesse se machucado, mas poderia, né? – Você é meu marido ou meu inimigo? Se decida! Maridos não atacam os outros assim, sabia?

- Eu não consigo ser nenhum dos dois enquanto você estiver usando isso! – De fato não dava pra ser inimigo de uma coisa fofa como aquela e pensar em beijar alguém daquele jeito era pervertido demais até pra Lucius. – É tão meigo que simplesmente não dá pra fazer nada!

- Graças a Deus! – Ouvir aquilo tinha sido a melhor coisa até agora. – Eu já ia te chamar de doente!

- Vamos tentar assim! – Lucius é definitivamente insistente. Ele tirou as orelhinhas da cabeça de Reinald e pôs na própria cabeça. – GRAAU! – Claro que aquele (quase) rugido não estaria completo em a imitação de garra com a mão. Lucius fez. Mas a reação não foi a esperada, Reinald simplesmente teve um ataque de risos. Ah, fala sério, ver alguém como Lucius com orelhas de gato falando GRAU não é uma coisa que se vê todo dia.

- Não é pra rir, seu idiota! – Lucius brigou.

- Desculpa. – Reinald parou de rir aos poucos e se sentou com Lucius no seu colo. – Deixe eu me livrar disso. – Ele tirou a tiara da cabeça do moreno e jogou pra trás sem se preocupar onde ia cair. Ele olhou nos olhos azuis dele, aquela noite tinha que valer a pena depois de tudo. Além do mais, Lucius apesar de tudo, era adorável e fofo demais na opinião dele, era difícil resistir a ele. – Tudo que eu preciso agora é de você. – Ele disse fazendo o coração do outro palpitar. Reinald abraçou Lucius e sussurrou em seu ouvido: - Só você.

Ele deitou Lucius cuidadosamente no chão frio da cozinha, não que isso importasse agora, afinal, eles tinham o calor um do outro. Lucius puxou Reinald pra si, queria ficar tão perto dele a ponto de que seus corpos de unissem. Eles se beijaram iniciando mais uma das noites comuns e ao mesmo tempo maravilhosas dos dois.

Sem orelhas de gato. Sem nada.

Somente eles.

Enquanto isso na casa de Lauren...

- Por que sinto que não devo mais posar no chão da minha cozinha? – Super radar da Allinton de detectar momentos “vergonhosos” dos pais.

- Você ta imaginando coisas... – Lauren disse sem dar importância. E talvez fosse verdade...
Ou não.