Dad And Dad? escrita por MAHximum


Capítulo 22
Capítulo 22: Resolvendo problemas ALHEIOS.


Notas iniciais do capítulo

OOOOOOOI, EU TO DE VOLTA!
Isso é, Lucius e Reinald estão de volta! EEEE o/
Isso é, Elizabeth está de volta, mi
Isso é, os leitores estão de volta! /ou não ç-ç

Bom, eu espero que estejam ç_ç'

Entramos na fase final de DAD... Isso é bom e ao mesmo tempo ruim
Agora é todo aquele lado de resolver conflitos e atiçar mais problemas do passado QQ USDAHUISF E criar um final feliz (ou não) para os perosnagens! :B

Mas para aqueles que não querem deixar de ver o MEU querido Lucius e o Reinald, ainda tenho uma surpresinha depois :x

Por enquanto só!
Boa leitura!

bjs, MAH.



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Eu sempre me meto nas piores e mais inusitadas situações. Sou mestra nisso, sério.
Não, nem preciso me meter, elas me envolvem naturalmente... Quero dizer, tenho que passar por coisas que ninguém passa, como conversar sobre sua primeira menstruação com seu pai gay, ou ser parada no shopping porque alguém achou a roupa da sua amiga hippie legal e queria tirar foto, ou ter que encarar sua mãe, até então desconhecida, na frente da sua porta sem saber se a chama pelo nome verdadeiro ou falso...
Mas aqui estou, olhando para Elizabeth, ou Rose, e me perguntando o que faço agora. Claro que cometer um homicídio não é uma opção, mas suicídio é válido?
Porém antes que eu tivesse a chance de me auto-esganar, meus pais resolveram dar as caras. E quando digo “pais” me refiro a Reinald e Lucius, porque agora que Elizabeth apareceu as coisas ficam meio confusas.
- Achei que só vinha amanhã. – Comentou Reinald.
- É, eu arranjei um tempinho extra para vocês. Sintam-se honrados com a minha presença.
- Não, obrigado. – Lucius respondeu tentando irritá-la, mas não deu certo, como sempre. Elizabeth o ignorou e prosseguiu, dizendo:
- Vejo que facilitaram as coisas para mim. Não preciso mais contar aquela velha história chata, onde vocês acham que eu sou a vilã, para minha filha. – Não tinha um pingo de arrependimento na voz dela, isso me irritou profundamente.

Não, o que me irritou mesmo foi ela ter me chamado de “minha filha”. Eu não era filha dela! Mães de verdade cuidam, se preocupam e acompanham seus filhos! Eu podia ser o resultado de alguma noite de sexo dela, mas não filha.
- Não me chame de filha! Você não pode. Nunca foi minha mãe e não é agora que vai começar a ser!
Rose, ou Elizabeth, sei lá, arregalou os olhos chocada com minha reação. Reinald abafou um riso colocando a mão na frente da boca, mas não me parecia que ele queria mesmo ser discreto. Parecia que ele queria continuar fingindo ser o único inocente da história... Mas a partir do momento em que ele não me contou que era meu pai, ele já passou para o lado negro da força.
Já Lucius não estava muito preocupado de ser tachado de antagonista, tanto que começou a rir meio que diabolicamente. Aqueles três tinham uma briga inacabada e agora estavam me usando para resolver isso.
Ou quem sabe eu era apenas o prêmio...
Mas uma coisa era certa: Naquele momento nenhum deles ia conseguir minha simpatia.
Eu estava de saco cheio daquela infantilidade toda! E brava por eles me tratarem como um objeto! Por isso, quando subi as escadas para me enfiar no meu quarto, fiz questão de parar para dizer:
- Nem vocês dois! Nenhum de vocês tem o direito de me chamar de filha! – E com isso corri em direção ao meu quarto, me trancando em seguida.
Certo, eu estava passando tempo demais no meu quarto, mas não é culpa minha se lá era o único lugar seguro para que eu pudesse me esconder.
Mas de qualquer eu jeito eu teria que ir ao colégio  no dia seguinte. Isso é, em algumas horas!
E pior, lá eu teria que enfrentar outros tipos de problemas: Jake, Sarah, Ryan e Lauren.
Quanto mais eu pensava nisso, com mais insônia eu ficava. Resolvi escrever... Escrever musicas para aliviar a tensão em mim, era isso que eu fazia. Quando tinha problemas, eu escrevia! Expressava dos sentimentos mais profundos e escondidos até as coisas mais obvias e mundanas... E entre toda essa libertação, eu compus uma letra que dizia claramente: “Meus pais são gays!”. Quando a terminei, a insônia havia passado.
Simplesmente, deitei e dormi.


Reinald foi quem me acordou no dia seguinte, ele provavelmente estava mal humorado, mas se esforçava para parecer gentil e carinhoso. Acho que era a culpa fazendo efeito...
Em todo caso, quase não nos falamos e Lucius não foi mencionado. Nem mesmo o porque de ele não ter ido me acordar.
Quando cheguei no colégio, saltei do carro contra minha vontade e rezei para não encontrar Jake antes da aula. Já ia ser difícil ter que assistir a aula ao lado de Sarah, eu não precisava ter que olhar pra cara de pau dele também...
Mas minhas preces foram em vão quando eu o vi perto da entrada, encostado a uma mureta como se esperasse alguém. Provavelmente, eu. Ou mais alguma otária que caiu na lábia dele.
Passei reto por ele, sem nem mesmo olhar em sua direção. Oras, eu tinha que passar por ali mesmo e não queria dificultas ainda mais as coisas dando “oi”. Se ele fosse mesmo esperto, perceberia que eu estava furiosa e me deixaria em paz!
Mas quem disse que Jake é esperto?
- Allinton! – Ele gritou inutilmente. – Allinton! – Dessa vez alám de gritar, ele correu na minha direção e me segurou pelo braço. – Está me ignorando?
- Imagina. – Ironizei.
- Por que está fazendo isso?
- Nada. – Parei de andar bruscamente. – O que você quer?
- Como assim o que eu quero? – ele estranhou a pergunta. – Falar com você!
- Então, fale. – Dei de ombros tentando parecer indiferente.
- O que aconteceu, Allinton?
- Já disse que não é nada, Jake! Que saco! Se não tem nada importante pra falar, vai embora!
- Tem alguma coisa sim, senão você não estaria agindo como uma completa... – Ele parou para pensar em um adjetivo. Tenho quase certeza de que ele ia dizer “louca”, mas se lembrou de que mulheres não reagem bem a essa palavra. – estranha.
Não respondi, só fiquei encarando ele com a melhor cara de desprezo que consegui até que ele desistisse do assunto. E, acreditem ou não, funcionou! Depois de um logo suspiro ele começou a falar de algo totalmente diferente:
- Escrevi outra música.
- Ah é? Não foi o único. – Disse a ele. – Mas a minha não é para você.
- Ah, tudo bem, eu não esperava que fosse mesmo... – Jake sorriu meio sem graça.
- E a sua? É para a Sarah? – Ok, eu podia sentir o veneno escorrendo pela minha boca, mas o gostinho de ter Jake se arrependendo de ter me usado se sobrepõe.
- Claro que não! Eu escrevi para você!
- Já pode parar com isso, ok? Sarah já está com ciúmes o suficiente, pode voltar para ela agora sabendo que estão quites.
- Do que está falando?! Pirou de vez?! – Ele se exaltou. Nunca tinha visto ele se exaltar até então e... Espera aí! Ele me chamou de pirada?!
- Eu fui a sua casa, eu precisava de ajuda e achei que você poderia ser uma mão amiga. Mas sabe quem eu encontrei quando eu cheguei lá? – Claro que ele sabia, mas deixa quieto. – Sarah! Ela sabia! Sabia que eu tinha ficado com você e também sabia sobre os meus pais!
- O que tem seus pais? – Opa, eu tinha deixado essa escapar, mas ainda dava tempo de consertar.
- Nada, não vem ao caso. – Respondi rapidamente sentindo minha mão começar a suar. – Não tem como Sarah ter visto a gente! Só tem um jeito de ela saber... Você contou pra ela!
- É, eu contei. – Vai ser assim mesmo? Na cara de pau?!
- Eu sabia! É claro que eu sabia, era óbvio, Deus! Entendo que você queria se vingar dela, mas eu podia ter fingido, sei lá, não precisava ter me usado assim. Eu fiquei extremamente magoada.
- Pode parar por aí! – Ele gritou quando percebeu onde eu queria chegar. – Não acredito que você acha que eu armei tudo isso para dar o troco na Sarah! Fico até ofendido! Não sou esse tipo de pessoa, Allinton, e achei que você já soubesse... Mas, parece que me enganei, não é mesmo?
- Ah, não, Jake! Você não vai virar o jogo e me fazer perecer a vilã aqui! Eu to confusa!
- Percebi. – Jake voltou a usar o tom calmo de sempre.
- Pode me dizer em que parte eu parei de entender o que está acontecendo?
- Desde o começo. – Ele riu. – Você sabe das inúmeras vezes que a Sarah terminou comigo sem me dizer o por que, né? – Assenti com a cabeça. – Bom, posso definir a sensação em uma palavra: horrível! Você fica pensando no que fez de errado sem chegar a nenhuma conclusão, afinal, muitas vezes nem é culpa sua. Chega a ser frustrante... E se eu sei o quanto é ruim, por que vou fazer isso com a minha própria irmã? Então, eu tive que contar que estava apaixonado por você.
- Repete, vai. – Pedi sorrindo.
- O que? Quer que eu repita tudo?
- Não, só a ultima parte...
- Eu estou apaixonado por você. – Ele sorriu e segurou minha mão. Eu não estava mais brava nem nada do gênero. Tudo que eu sentia agora era um formigamento da cabeça aos pés, um frio delicioso na barriga e a sensação de que os olhos castanhos de Jake estavam penetrando em minha alma.
- Eu também. – Jake se inclinou e beijou meu rosto. Depois só nos abraçamos... Ah, fala sério, estávamos no colégio e lá é proibido beijar. Mas aquele abraço e aquelas palavras meigas já eram o suficiente para quem, minutos atrás, se sentia um objeto.
- Desculpa por ter falado com a Sarah sem te consultar, mas achei que não tinha nada demais.
- Ah, tudo bem. Eu exagerei, Sarah fez tudo parecer um plano maligno.
- Está exagerando de novo. – Jake sorriu como quem já está acostumado com meu comportamento.
- Tem razão. – Eu o beijei no rosto. – Não acha que Sarah ficou chateada?
- Ah, não é com isso. Ela está chateada com Lauren mesmo... – Jake deu de ombros.
- Lauren? O que ela tem a ver? – Perguntei com um belo “WTF?” na cabeça e ele tapou a boca ao perceber que tinha deixado escapar algo que não devia. – Jake, conta essa história direito! – Ordenei.
- Eu pensei que você já soubesse, levando em conta que é melhor amiga das duas.
- Soubesse o que?!
- Não sei se eu devo contar. – Ele resmungou meio arrependido de ter começado o assunto.
- Jake! Agora que começou, termina, né?
- Sarah gosta da Lauren. – Ele tapou a boca novamente em seguida. – Pronto, falei.
- Sério?! E a Lauren sabe?!
- A Sarah se declarou para ela. – Jake se acalmou. – E levou um pé na bunda, obviamente.
- Você só pode estar brincando! Cadê elas? Cadê elas?
- A Lauren deve estar por aí com Ryan e a minha irmã deve estar na sala de aula sozinha, evitando a Lauren.
- Ah, valeu! Eu vou falar com ela! – Disse toda elétrica como se tivessem me ligado na tomada, mais de repente essa energia acabou. Me toquei de que eu ia falar com Sarah poderia piorar a situação. – Acho que não é uma boa idéia.
- É uma ótima idéia. Acredite, você é a única pessoa que ela vai ouvir de verdade...
- Tem certeza?
- Claro que tenho, eu já te falei sobre o quanto você é importante pra ela e bla bla bla. – Jake revirou os olhos. – Se você correr, ainda tem um tempinho antes da aula começar. – Apenas assenti. E segui seu conselho, claro.
Dentro de uns dois minutos eu já estava na sala e, como Jake me disse, Sarah estava lá. Sentada em cima da mesa do professor.
- Oi Sarah.
- Ola. – Respondeu desanimada.
- Você está bem? – Perguntei inutilmente.
- Pareço bem? O que você acha?! – Meio grosseira, mas lembrei que aquela era a Sarah. A mesma Sarah que havia me ameaçado com o segredo sobre meus pais.
- Acho que precisa de um ombro amigo.
- E você está aqui para isso? – Ela perguntou fazendo pouco caso.
- Claro, por que mais eu estaria aqui?
- Talvez para garantir que seu segredo esteja a salvo... – Ela disse como se me desafiasse.
- Eu já tinha até esquecido disso. – Mentira. Juro que vou parar de mentir, só preciso arranjar coragem...
Me sentei ao lado dela na mesa do professor, mas ela nem olhou para mim.
- Mas eu não esqueci. – Concluiu séria. Pensei que ela me chantagearia, ou diria que já contou para alguém. Mas ela se virou de repente para mim com um sorriso consolador e disse: - Não contei para ninguém e nem vou contar.
- Mesmo? Obrigada, Sarah! Obrigada! – Eu a abracei forte. – O que te fez mudar de idéia?
- Mudar de idéia? Eu não mudei de idéia. Eu nunca pensei em contar isso a alguém, só queria jogar na sua cara que eu tinha te desmascarado. E, bom, eu já fiz isso...
- Era só isso? – Meu queixo caiu. – Eu jurava que você ia, não sei, espalhar cartazes pelo colégio com o meu segredo.
- Que isso, Allinton? Eu não sou má. Um pouco desequilibrada talvez, mas não sou má. Por que você sempre pensa o pior das pessoas? – De fato, eu sempre vejo os defeitos sobressaindo às qualidades. Faço isso até comigo mesma. – Além do mais, isso aqui não é um filme americano infantil falando sobre colegiais neuróticos e fúteis. Isso é vida real, Allinton. Veja menos Disney, ok? – Pensei em dizer a ela que eu não vejo Disney, mas não parecia muito relevante.
- É que você parecia tão brava e vingativa quando eu fui na sua casa...
- Tem razão, eu estava furiosa. – Admitiu contra a própria vontade. – Mas foi só por um momento, enquanto eu digeria as informações, sabe? – Ela parou de falar e olhou para o nada, como se estivesse refletindo, o que eu dúvido um pouco. – Logo eu pensei do porque daquele sentimento, o porque de eu estar furiosa... Quero dizer, meu irmão estava feliz e minha melhor amiga também, então, eu não deveria estar feliz também? Foi pensando desse jeito que eu passei a não ligar para o que tinha acontecido. Fico até feliz por vocês, Jake merecia alguém como você.
- Alguém como eu? Como assim?
- Alguém que gosta mesmo dele. Que consegue correspondê-lo sinceramente. – Sarah abaixou o rosto eu percebi que seus olhos estavam repletos de lágrimas reprimidas. – E essa é a parte “triste” da minha história. Eu falhei! Com Jake e comigo mesma! – Ela limpou os olhos com as costas da mão. – Por mais que eu tentasse, eu não conseguia gostar do Jake. Eu via nele o cara perfeito, o príncipe encantado que veio me resgatar, mas eu não conseguia me apaixonar por ele. Eu terminava com ele para que ele viesse me conquistar e ver se meu coração voltava a funcionar corretamente, mas nada! Qual o meu problema? E depois de tudo, ele terminou comigo e eu nem ao menos fiquei triste. Só consegui pensar na... na... – Sarah se conteve para não falar, mas claro que ela não sabia que eu sabia.
- Lauren? – Sugeri com delicadeza.
- Então até você sabe. Legal. – Ironizou. – Quem te contou? Lauren, Jake ou Ryan?
- O Ryan sabe? – Perguntei me sentindo meio excluída. Como Ryan sabia antes de mim?!
- Sei lá, ele deve saber, né? Ele e a Lauren vivem grudados. – Senti uma pontada de inveja e ciúmes na voz dela.
- Ah sim. Eu sinto muito, mesmo. – Desviei um pouco o rumo da conversa, eu não ia dedurar Jake.
- Não sinta. Eu nem estou decepcionada. Desde o começo eu sabia que ia levar um pé na bunda, qualquer um saberia. É a Lauren!
- E daí que é a Lauren? Você fez certo! – Incentivei.
- A Lauren nasceu para o Ryan. – Ah, ok, isso é fato.
- Nesse caso eu não posso discordar. Mesmo que os dois sejam meio lerdinhos, foram feitos um para o outro. Sempre torci por eles. – Tirando a época em que eu achava que isso estragaria nossa amizade ou quando eu estava em duvida se a Emma não seria melhor para ele, mas isso não vem ao caso...
- Eu também torço. – Sarah esboçou um pequeno sorriso. – Quero vê-la feliz. Além do mais, eu simpatizo com o Ryan.
- É assim que se fala, Sarah! E você tem vários pretendentes na lista, bola pra frente! Uma hora a fila tem que andar, né?
- Nem vem, Allinton. Vou dar um tempo nos garotos e... Garotas. Antes quero dar um jeito na minha vida. Ter objetivos e pensar num futuro, cansei de deixar tudo para depois.
- Olha, estou tão orgulhosa de você que sou capaz de chorar!
- Devia estar orgulhosa de si mesma, isso sim. Você mudou bastante, Alli, está menos preocupada consigo mesma. Menos egoísta. – Sorri. Talvez ela estivesse errada, mas fiquei muito feliz de ter ouvido um elogio do tipo. Eu ia responder quando o sinal tocou e algumas pessoas começaram a entrar na sala de aula. Entre elas, Lauren acompanhada de Ryan.
Ele olhou para mim, ela para Sarah, Sarah para o chão e aí eu percebi que o clima estava pesado como uma bigorna. E isso só pioraria se Jake estivesse junto... Como quando ensaiamos com a banda.
- Gente, reunião da AloneWU depois da aula. – Declarei de repente quase que por impulso.
- Hoje é segunda, não podemos usar a sala acústica. – Disse Ryan meio ofendido por eu estar dando ordens a sua banda sem consultá-lo. – O grupo de teatro vai usá-la.
- Não vamos ensaiar, é só uma reunião. – Expliquei. – Pode ser aqui mesmo na sala.
- Falando em sala, eu preciso voltar para a minha. – Ryan comentou. – Mas por mim tudo bem.
- É meio do nada, mas não vejo problema. – Sarah concordou.
- Também não. – Lauren falou baixinho.
- Então está combinado! – Falei. – Aviso o Jake. - Todos assentiram e Ryan foi embora.
As aulas foram bem tensas, pois tanto Sarah quanto Lauren se olhavam e depois olhavam para mim, como se quisessem me chamar. Eu podia sentir aqueles quatro olhinhos me consumindo, mas eu não ia responder ao chamado de nenhum das duas. Nesse caso eu não ia tomar partido.

- Pronto, estamos todos aqui. – Lauren disse impacientemente assim que Jake entrou na sala. – Podemos saber o motivo dessa reunião de última hora?
- Bom, todos nós sabemos que as coisas estão realmente estranhas entre nós... – Comecei.
- Não estou gostando nada disso. – Sarah comentou em voz baixa.
- Eu também não, por isso estou aqui. – Respondi a ela. – Temos um polígono amoroso, algumas rivalidades e rejeições. Isso não é segredo pra ninguém... Já temos que conviver com essa tensão durante o horário escolar, o que me parece uma eternidade, então, depois de pensar muito, achei que a coisa mais sensata que poderíamos fazer é... Hum, acabar com a AloneWU.
As reações já esperadas. Lauren arregalou os olhos e deixou o queixo cair, Jake ficou calado mas mexeu a cabeça negativamente, Sarah abriu e fechou a  boca algumas vezes como se fosse dizer alguma coisa, mas desistisse e Ryan se revoltou.
- O que?! Ficou louca ou o que?! Você não pode fazer isso comigo! Não pode fazer isso com nenhum de nós!
- Ryan, não é questão de fazer isso ou não. Não tem nada a ver com você... Mentira, tem sim, mas é questão de ser o melhor para todos nós!
- Quem disse?!
- Ninguém disse, mas é óbvio!
- Não tem nada de óbvio, Allinton! Podemos conviver com pequenas diferenças!
- Pequenas diferenças? São grandes problemas, isso sim!
- Está fazendo tempestade em copo d’água! Por que tem que ser tão exagerada e egoísta?!
- Eu estou sendo exagerada e egoísta?! Eu estou com Jake, que deu um fora em Sarah, que se declarou para Lauren e levou um fora porque Lauren é a fim de você, que se declarou para mim e também levou um fora porque estou com o Jake! E aí volta toda a história novamente! Entende agora?! É um maldito ciclo vicioso! – Tentei me acalmar depois de ter gritado tanto, mas foi em vão, tudo que eu consegui foi parar de gritar mesmo. – E desculpa aí se sua família não tem problemas, mas a minha tem! E muitos, por sinal! Minha mãe acabou de brotar do nada na minha vida, não reconheço mais meu pai e minha casa está um caos! Aí eu chego com a melhor das intenções para ajudar e sou chamada de exagerada e egoísta? Sabe Ryan, não fui eu quem levei um pé na bunda... – Tá, eu sei que esse final foi bem cruel, mas eu precisava fazer ele se tocar. Jogar um balde de água fria nele! Eu e Jake éramos os menos prejudicados ali e se eu queria o final da banda, não era a meu favor. Fiz isso pensando nele (e em Sarah e Lauren também) e ele agiu como um animal me dando patadas! Ele mereceu aquele balde, vai...
O problema é que depois disso ele simplesmente se levantou e foi embora.
- Eu vou atrás dele. – Lauren se prontificou. – Mas antes quero dizer que concordo com o fim da AloneWU... E Allinton, obrigada por dizer “a fim”. – Ela abriu um leve sorriso e depois saiu correndo porta a fora. Demorei um pouco para entender, mas percebi que ela se referia ao meu discurso em que eu disse que ela era a fim de Ryan ao invés de dizer que era apaixonada. Causava menos impactio, sabe?
- E vocês? O que acham? – Perguntei para os irmãos.
- Achei um belo espetáculo. – Sarah comentou. – Só faltou pipoca para acompanhar.
- Sarah, falando sério. O que acha sobre o fim da banda?
- Ah, eu concordo, mas prefiro que seja algo temporário até as coisas esfriarem...
- E você, Jake?
- Precisa mesmo da minha opinião? A maioria já concordou, não preciso me meter.
- Precisa sim, sua opinião é importante para mim.
- Então ta. Inicialmente eu achava que deveríamos manter a banda e tentar resolver nossos problemas de maneira racional. Porém já percebi que isso não vai rolar, então é melhor acabar com a AloneWU de uma vez. Ou temporariamente como a Sarah disse.
- Com isso, acabou. – Declarei.
- Vou sentir falta dos ensaios. – Sarah lamentou.
- Voce não é a única. Eu decidi finalizar com a banda, mas eu vou sentir saudades.
- Bom, eu estou indo, vocês vem? – Ela disse pegando a mochila.
- Não agora. – Jake respondeu por nós dois. – Quero falar uma coisa com a Allinton em particular.
- Falar, é? Sei. Tudo bem, vou deixar vocês "falarem". – Ela riu e se mandou. 

- O que você quer falar?
- Conhece a música “Secret” do Maroon 5, não é? – Achei aquela pergunta totalmente aleatória, mas assenti com a cabeça. – Lembra de como é o refrão?
- Hum, não no momento. Jake, aonde quer chegar? – Ele não respondeu, só começou a cantar.
- I know I Don’t Know you, but I want you so bad. Everyone has a secret... Oh can they keep? – Ele pausou por uns segundos e me olhou nos olhos. Eu já tinha entendido a mensagem. – Oh, no they can’t.
- Você sabe?
- Que você tem pais gays? Sei.
- Como? Quando? Onde? Por que?! 
- Já faz bastante tempo que eu sei... Acho que antes mesmo de Ryan e Sarah. Quero dizer, eles sabem, né?
- Sabem, mas isso é o de menos. Como? Como você descobriu? – Eu não achava que Lauren teria contado para ele porque isso simplesmente não faz sentido. Se ela fosse falar para alguém, seria para o Ryan.
- Eu ouvi o que não devia, só isso. Naquele dia em que seu pai veio trazer sua guitarra Ryan estava impaciente e me mandou ir atrás de você te chamar. Acabei ouvindo um pedaço da sua conversa com seu pai...  Você estava meio em prantos e nem percebeu que eu estava lá, mas seu pai me viu e fez um sinal de silencio. Eu obedeci. – Fiquei parada. Embasbacada, enquanto eu digeria aquela informação.
Jake já sabia de tudo há muito tempo e mesmo assim nunca tocou no assunto. E mais do que isso: ele quis ficar comigo mesmo assim!
- Meu Deus, por que nunca me disse nada?
- Porque eu não sabia se os outros sabiam, tirando Lauren, claro. Mas hoje ficou claro para mim que só eu não fui informado. Aliás, eu queria ver quando você iria me contar.
- Eu não contei para eles! – Falei instintivamente e depois me corrigi: - Não, eu falei só para o Ryan, mas nossa amizade estava em risco. Sarah descobriu sozinha e Lauren cresceu comigo, ela sabia desde que nasceu! Juro!
- Calma, Allinton! Não estou bravo com você. – Jake disse rindo. – So não entendo o porque de todo esse mistério. Não que você tenha que andar com uma camisa: “Oi, tenho pais gays e você?” por aí, mas podia pelo menos contar para os seus amigos ou... Simplesmente não mentir.
- Não, Jake, você não entende. Ninguém entende porque ninguém tem que viver nessa realidade bizarra em que eu não sei como me sentir. Tenho medo de como as pessoas vão reagir, sabe, há preconceito lá fora.
- Não acha que quem enfrentou mais preconceito não foram seus pais? E eles não parecem estar se escondendo de ninguém... – É, parei para pensar que ser gay deve atrais mais olhares do que ter pais gays. Tecnicamente você não tem culpa dos pais que tem. – Não é uma coisa de outro mundo, Allinton! Voce não é uma anomalia genética e nem uma assassina serial. Acho que as pessoas podem aceitar isso, principalmente nós que somos seus amigos. Aceitaríamos mesmo que o gay em questão fosse você.
- Droga. Por que todo mundo tem que me dizer esse tipo de coisa? Só me faz mais culpada. – Lamentei em voz alta. – Alguém podia ao menos tentar entender meu lado.
- Eu entendo seu lado. Na adolescência nós tentamos nos adaptar aos padrões impostos pelos outros, - São nesses momentos que lembro que Jake é meio nerd, mas whatever... – e algo assim te impede de ser como todo mundo. Mas mentir não é a solução!
- E o que eu deveria fazer?! Me expor e ser exibida como a única garota  com pais gays do mundo em um circo fuleiro no meio do deserto? – Ta, admito que viajei.
- Vou ignorar toda a parte do circo. – Ele disse meio que me estranhando. – Hum, você não é a única pessoa com pais gays no mundo. Apesar de não serem comuns, existem outros casos parecidos com o seu. Existem filmes sobre pessoas com pais gays ou mães lésbicas.
- Mas como você mesmo disse, não é comum. E as pessoas não aceitam bem o que não é comum.
- Gênios como Einsten também não são comuns até hoje e todos não só aceitaram como idolatraram-no. Não estou dizendo que vão te colocar num pedestal por isso, mas vão te aceitar. E tem gente que vai até achar legal, como Lauren.
- Ta, você pode até ter razão.
- Voce sabe que eu tenho razão...
- Quer saber? Já acabou mesmo, meus amigos já sabem.
- Mas esteja disposta a falar a verdade. – Ele me alertou.
- Eu estou. – Ele fez uma cara incrédula. – Eu estou mesmo!
- Tudo bem, acredito em você. – Jake sorriu.
- E o que você acha disso tudo?
- Quando eu descobri, fiquei chocado. Mas consegui disfarçar bem... Agora, que já me acostumei com a idéia, só penso que quando eu estava com Sarah eu não tinha que enfrentar sogro nenhum e com você, tenho que enfrentar dois. – Eu ri. Estava bem feliz e aliviada ao saber que Jake tratava aquilo com humor e não exatamente como um problema. Mas pensando bem, ele não conhecia Lucius e muito menos o lado superprotetor de Reinald.
- Acho que quando eu te apresentar a eles, Reinald vai te matar com os olhos e Lucius vai te comer com os olhos.
- Antes com os olhos do que de outra maneira. – Ele brincou. Cara, Jake era o homem que pedi a Deus! Como um garoto de 15 anos podia ser tão bonito, inteligente, compreensivo e bem humorado e ainda me escolher?! – O que foi, Alllinton? Por que está me encarando desse jeito?
- Eu só estava pensando... No quanto eu gosto de você. – Jake sorriu e se aproximou de mim, me abraçando. – Obrigada. Obrigada por tudo.
Antes que ele pudesse me responder, eu o beijei. Não estou acostumada com esse negócio de tomar iniciativa, mas desconfio que não me sai nada mal... Talvez por isso ficamos um bom tempo no beijando, mais ou menos até que eu me lembrasse que eu tinha pais preocupados me esperando em casa. E digo mais ou menos porque mesmo depois de lembrar, eu continuei lá.
- Jake, - Disse me afastando dele por um momento. – acho melhor eu ir embora.
- Por quê?
- Porque se meu pai souber que eu me atrasei por estar fazendo “isso” com você, ele te mata e me mata em seguida. E se não for o suficiente, ainda se mata.
- Esse daí é qual deles?
- Reinald. O loiro que veio me trazer a guitarra.
- Ah sim, ele me assusta. Foi impressão minha ou ele me olhou estranho quando esteve aqui? Tenho quase certeza que fui fuzilado.
- É o charme dele, eu acho. Ou pelo menos é o que Lucius costuma dizer. – Brinquei. – Mas falando sério, tenho que ir.
- Eu te levo em casa. – Prontificou-se. Me levantei e peguei minha mochila.
- Não precisa. Se fizer isso só vai morrer mais rápido. Vou falar para eles que fiquei conversando com Lauren, sei lá.
- Allinton! – Jake me reprovou.
- Ta ta, não vou mentir! – Ótimo, mais um pessoa pegando no meu pé! – Vou dizer que tive uma reunião da banda de ultima hora. Não é mentir, só omitir.
- Não é o ideal, mas melhorou.
- Até amanhã. – Eu o abracei e dei um beijo em seu rosto rapidamente. Eu teria que correr se quisesse chegar em casa antes da policia (Nessa altura do campeonato Lucius com certeza já tinha acionado a marinha!).
Mas quando cheguei em casa a pessoa que me esperava não se parecia em nada com a policia.
Nem com a minha mãe.


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Notas finais do capítulo

TAM TAM TAAAAAAM! QUEM SERÁ QUE ESTÁ NA PORTA?! /levatiro

Alguem tem alguma suspeita, ein ein? Quem acertar ganha um premio! :B -nn -t

Temos que concordar que depois desse capitulo o Jake subiu de nivel enquanto o Ryan caiu um pouquinho... (pelo menos pra mim qq) *---*

Boom,quanto a surpresinha que eu tinha dito (TAM TAM TAAAM) QQ

É uma nova fic com Lucius e Reinald como protagonistas o/

Então, espero que leiam: http://fanfiction.nyah.com.br/historia/82540/Lucius_E_Reinald_Atraves_Dos_Tempos

bjs, MAH.



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